Conheço Rui Calafate há muitos anos. Sempre o vi como uma voz livre, na análise e no comentário político. Nos últimos anos, temo-nos encontrado pelos bastidores da CNN Portugal.
terça-feira, abril 16, 2024
Rui Calafate
Conheço Rui Calafate há muitos anos. Sempre o vi como uma voz livre, na análise e no comentário político. Nos últimos anos, temo-nos encontrado pelos bastidores da CNN Portugal.
Regra
A única forma de poder avaliar, com honestidade, as culpas e as razões de cada um dos protagonistas, locais ou externos, do conflito no Médio Oriente é fazê-lo sempre sem ter em conta a simpatia ou a antipatia que as partes nos possam merecer.
Manuel Alegre
Manuel Alegre é, neste ano em que passa meio século depois do 25 de Abril, a figura viva portuguesa que melhor simboliza toda a luta pela nossa liberdade.
Um forte abraço a Manuel Alegre.
segunda-feira, abril 15, 2024
A última vez
domingo, abril 14, 2024
Autoridade e vergonha
Aqueles que condenaram o ataque de Israel às instalações diplomáticas iranianas na Síria, ato de flagrante desrespeito pelo Direito Internacional, têm autoridade moral para pedir contenção a Teerão na sua retaliação face a essa agressão. Os restantes deviam ter alguma vergonha.
sábado, abril 13, 2024
Pardubice
Desconfiança
A confiança é um bem que, quando se perde, é muito difícil de reconquistar. Luís Montenegro, um improvável primeiro-ministro que tem necessidade imperativa de conquistar a confiança dos portugueses, mentiu-lhes de forma grosseira. Se não pedir desculpa já, não vai longe.
E agora que está provado, preto no branco, que a promessa de baixar o IRS era uma rotunda mentirola, e depois das tomadas de posição de João Vieira Pereira e Pedro Santos Guerreiro, aguarda-se, com divertida ansiedade, o comentário dos tradicionais louvaminheiros mediáticos do PSD.
sexta-feira, abril 12, 2024
quinta-feira, abril 11, 2024
"Eu já fui à América Latina"
Foi-me proposto que escolhesse um país da América Latina sobre o qual gostasse de conversar. Sem surpresa, optei pelo Brasil. Falei de diversos aspetos da realidade brasileira e da complexidade daa relações entre Portugal e o Brasil. Deixei também nessa conversa muita da minha genuina afetividade por aquele país.
Aqui fica o link.
quarta-feira, abril 10, 2024
A Europa vai ser arrastada para a guerra ?
Na "Visão" que hoje é posta à venda, respondo à pergunta colocada em título.
A minha resposta estará longe de ser consensual, mas é a minha opinião. E eu só digo o que penso.
Lembrei-me da tia Zé
Cheguei esta tarde a Praga. Numa conversa telefónica com um amigo, há minutos, quando lhe disse onde estava, ele retorquiu-me: "O que é que estás a fazer em Braga?". Tinha ouvido mal. Com a idade, a começar nele e a acabar em mim, todos ouvimos pior.
terça-feira, abril 09, 2024
O Eugénio disse-nos adeus
Chega-me a notícia da morte do Eugénio Lisboa. E fico com imensa pena por estar fora de Portugal, não podendo estar presente na sua despedida.
segunda-feira, abril 08, 2024
Sempre!
Não me reconheço no pensamento conservador. Sinto-me alheio àquilo que os liberais pensam. Estou cada vez mais distante daquilo que os conservadores, liberais e alguns outros qualificam de pensamento "woke". Nem imaginam como é agradável viver assim! Viva o 25 de Abril! Sempre!
Rir
domingo, abril 07, 2024
sábado, abril 06, 2024
Ser do Sporting
Gosto do Sporting quando o Sporting perde. E não gosto mais do Sporting quando o Sporting ganha. Mas gosto muito que o Sporting ganhe. Ponto.
Ou isso!
Em tempos, nas Necessidades, dizia-se que havia sempre duas razões justificativas para colocar um jovem diplomata na embaixada em Londres: ou porque falava muito bem inglês ou porque falava mal inglês e aí podia aprender. Ao olhar para o CV de alguns membros do novo governo...
Mortos e mortos
Em Gaza, as ações israelitas mataram dezenas de funcionários de agências humanitárias. Essas mortes não parece terem escandalizado muita gente. Agora, levantou-se um escarcéu pela morte de sete desses agentes. Porquê? Porque são estrangeiros. Os outros eram "apenas" palestinos...
Acentuar
A falha do acordo entre o PSD e o Chega não terá sido suficiente para ensinar que o plural de "acordo" não é "acórdos", com "o" aberto, mas sim "acordos" com "o" fechado. Veremos se a patetice do símbolo do governo é aproveitado para ensinar que é "logótipo" e não "logotipo".
Basics
Depois do patrioteirismo do logo do governo, aguarda- se uma diretiva para que passe a dizer-se OTAN, em lugar do estrangeirado NATO. "Back to basics".
Sismo
Sete mortos é o balanço do maior sismo que, desde há 25 anos, ocorreu agora em Taiwan, onde estes tipo de eventos são frequentes. É extraordinário o nível de prevenção que deve estar montado para ter havido tão poucas vítimas.
sexta-feira, abril 05, 2024
Assim não dá!
Sou, desde há alguns anos, presidente do Clube de Lisboa / Global Challenges, uma organização sem fins lucrativos, criada em 2016, dedicada à discussão dos grandes temas globais, que organiza as bienais "Conferências de Lisboa", outros encontros temáticos internacionais e cursos universitários anuais, bem como diversos debates presenciais chamados "Lisbon Talks" e, por via digital, as "Lisbon Speed Talks', estas com dezenas de edições.
quinta-feira, abril 04, 2024
quarta-feira, abril 03, 2024
Habituem-se!
O PSD habituou-se, desde 1987, a governar sempre em maioria. Alguém que lembre agora a Luís Montenegro que este seu governo é minoritário. Por isso, do seu programa, só vai poder aprovar aquilo que a oposição deixar. Em democracia não há bloqueios, há oposições. Habituem-se!
Uma pela outra
É discutível a atitude de Pedro Nuno Santos, ao faltar à posse do governo. Mas é igualmente discutível se Luís Montenegro deveria ter feito um discurso com aquele tom comicieiro, várias vezes provocatório para o PS, numa ocasião de Estado. Pedro Nuno Santos terá adivinhado?
terça-feira, abril 02, 2024
É óbvio, não é?
Este governo, qualquer governo, é o governo do nosso país. Desejar-lhe sorte é uma obrigação democrática de todos. Mas não nos peçam para ser hipócritas: não tem a menor lógica que aplaudamos e desejemos sucesso para s implementação de medidas que contrariem aquilo que pensamos.
... ou então o Maigret!
"Cherchez la femme"
"US State Department: We have no information about the target and party responsible for the attack on the Iranian consulate in Syria."
Adensam-se as desconfianças em torno de S. Marino.
Tropa
Serviço militar obrigatório "facultativo"? Faz-me lembrar aquele pai que dizia que, quando crescesse, o filho seria bombeiro voluntário, "quer ele queira quer não".
Um mau símbolo
Um governo que inicia a sua ação cedendo à pressão demagógica em torno de um símbolo gráfico, à luz de um argumentário de nacionalismo bacoco, com pretextos culturalmente retrógrados, não anuncia um bom começo. Mas esperemos que ainda possa haver surpresas positivas.
segunda-feira, abril 01, 2024
Ucrânia (2)
Está a causar alguma perplexidade no mundo que apoia a luta do governo ucraniano o facto do Zelensky estar a levar a cabo mudanças, que são vistas como muito substanciais, no aparelho político-militar e no seu círculo próximo de conselheiros. Aventa-se a possibilidade de que o presidente ucraniano pode estar a defrontar-se com vozes que colocam em causa a sua orientação.
Ucrânia
A vida democrática na Ucrânia desde há muito que não está com grande saúde. E o ocidente tem fechado os olhos a muitas arbitrariedades. Mas parece óbvio que não tem qualquer sentido a ideia de realizar eleições presidenciais em ambiente de guerra, com a lei marcial em vigor.
Dia das mentiras?
Um movimento político disputa eleições prometendo executar determinadas coisas que o governo anterior não teria feito e, em especial, afirmando ter a certeza de que existem meios para as executar. As pessoas acreditam e dão-lhe o poder. Se, lá chegado, as não fizer, isso é burla.
domingo, março 31, 2024
Comissão de censura europeia
"Eu quero continuar a ler a TASS e ouvir as TVs russas. Nós somos maiores e vacinados, nós não somos crianças para ser tutelados por uma espécie de verdade única gerida pela UE", disse há pouco na CNN Portugal. Pode ver aqui.
Israel
Nunca é demais esclarecer que o sentido das fortes manifestações de rua contra Netanyahu, nos últimos meses, é contestar a ineficácia do seu governo em conseguir a libertação dos reféns raptados pelo Hamas, não uma divergência essencial de objetivos de como tratar os palestinos.
Tropa
Tenho a maior das dúvidas de que seja viável reintroduzir o serviço militar obrigatório. Há coisas que, uma vez alteradas, enfrentariam uma imensa resistência passiva para voltar atrás. Só uma invasão espanhola (e não contam as da Páscoa e "vacaciones"...) emocionaria o país.
Lula e os militares
Lula decidiu não explorar a evocação do golpe de Estado militar de 1964, que a direita radical brasileira qualifica eufemisticamente de "revolução".
Já agora, convem precisar que o golpe foi no dia 1° de abril e não em 31 de março, como a ditadura sempre pretendeu, fugindo ao "dia das mentiras".
Pode considerar-se, com alguma legitimidade, que ao não aproveitar esta ocasião para sublinhar historicamente o período sinistro e criminoso da ditadura militar, Lula não faz justiça às respetivas vítimas. É verdade, mas Lula terá ponderado que é mais prudente apostar no futuro.
Lula terá entendido que, tendo já conseguido isolar os "militares de Bolsonaro", com a ajuda da atual hierarquia lealista das forças armadas, seria prudente apostar numa conciliação nacional, 60 anos depois do golpe.
O futuro dirá se esta foi a aposta certa.
sábado, março 30, 2024
Saudades do tio Filipe
sexta-feira, março 29, 2024
quinta-feira, março 28, 2024
Fora da História
Seria melhor um governo constituído por alguns nomes que foram aventados nos últimos dias mas que, afinal, acabaram por não integrar as escolhas de Luís Montenegro? Nunca saberemos. A história contra-factual não fica na História.
Recado da mãe
O tornado há horas avistado no Tejo terá sido a primeira reação da mãe natureza quando soube que ia ter por cá um negacionista climático como ministro.
A natureza, contudo, terá feito mudar de ideias o primeiro-ministro.
Coitados...
Não tendo sido ouvidos nem achados para a conjuntura, ainda assustados com o fantasma do "socialismo", os liberais tentam disfarçar uma realidade: num tempo de onda política de direita, eles estagnaram. Até o CDS "cresceu"... saído do nada em que estava.
Obrigado, António
Notícias da aldeia
Nas aldeias, os cartazes das festas de verão, em honra do santo padroeiro, costumam apodrecer de velhos, chegando até à primavera. O país parece uma imensa aldeia: os cartazes eleitorais, por incúria, descaso e falta de vontade aí continuarão a poluir a paisagem. É a nossa sina.
Só para lembrar
Porque estas coisas têm de ser ditas, irritem quem irritarem, quero destacar a serenidade construtiva demonstrada por Pedro Nuno Santos e pelo Partido Socialista, em face de uma balbúrdia parlamentar em que não tiveram a menor responsabilidade.
Deve ser coincidência...
É minha impressão ou a (bem recente) agressividade de alguma comunicação social contra o Chega só surgiu de forma mais evidente a partir do momento em que que o partido de Ventura entrou em aberto conflito com o PSD? Pode ser coincidência, para quem acredite nela...
quarta-feira, março 27, 2024
A tragédia da imprensa
Comprar tempo
Com o Chega, não pode haver equívocos, subtilezas, jogos discretos de bastidores. O inimigo principal do Chega é o PSD. O Chega quer acabar com o PSD. Montenegro terá aprendido ontem que, com um potencial carrasco, todo o negócio é uma inútil compra de tempo.
Mercado de futuros
Aguiar Branco e Francisco Assis eram nomes fortes para presidente da Assembleia da República. Se ambos saírem de cena, o PSD e o PS podem acabar, com alguma "marchandage" à mistura, por acordar num nome (previsivelmente do PSD) de compromisso. Mas dificilmente será alguém à altura do clima parlamentar que aí vem.
Ventura
André Ventura é, simultaneamente, a força e a fraqueza do Chega. A força porque, indiscutivelmente, é um ator talentoso e, até ver, tem na mão 50 deputados. A fraqueza porque a palavra e a fiabilidade são essenciais para a manobra parlamentar. E Ventura já mostrou não ter ambas.
terça-feira, março 26, 2024
Habituem-se!
Andamos anos a assistir a votos e desvotos nos parlamentos inglês, francês, americano ou espanhol - e achamos sempre que é "a democracia a funcionar". Quando se trata da Assembleia da República, para a nossa comunicação social, é logo o "impasse" e o "bloqueio". Habituem-se!
A nossa vitória
Bolsonaro
Está a apertar-se o cerco em torno de Bolsonaro. A acontecer a sua prisão, mesmo que juridicamente bem fundamentada, o Brasil irá mudar de patamar, em termos político-institucionais. Serão "águas nunca dantes navegadas", como dizia o poeta.
Heranças
O PSD queixava-se do "a culpa é do Passos"? Veremos se agora escapa a usar o argumento da "pesada herança" de António Costa.
Chega!
A esquerda parece ainda não ter percebido que continuar a falar incessantemente sobre o Chega, vilificando-o e denegrindo os seus dirigentes, acaba por funcionar como uma óbvia promoção da extrema-direita. O Chega gosta que se fale dele, mesmo que mal.
Comentário
Em matéria de comentário internacional nas televisões, já se percebeu que às pessoas não interessa ouvir quem os faça pensar, confrontando os seus preconceitos. Os comentadores "bons" são os que confortam as suas ideias feitas. Quem sair desse registo está "a soldo" de alguém.
segunda-feira, março 25, 2024
Momento semântico
Da persistência
Hoje, numa expedição "arqueológica" aos primórdios deste blogue, passei pelos primeiros posts aqui publicados. E vi que, logo nas primeiras semanas de existência deste espaço, tinha agradecido a outros blogues que então saudaram o surgimento do "Duas ou Três Coisas".
Listei esses 52 blogues e tive a curiosidade de ir verificar quantos, dentre eles, ainda publicam com regularidade.
Constatei que apenas cinco: "Causa Nossa" (que começou como blogue coletivo e hoje é apenas alimentado por Vital Moreira), "Delito de Opinião" (blogue coletivo, sob a batuta teimosa de Pedro Correia), "Estado Sentido" (blogue coletivo), "Fio de Prumo" (de Helena Sacadura Cabral) e "Memória Virtual" (que entretanto mudou radicalmente de natureza, passando a um registo desportivo).
Deixo a minha sincera saudação para todos eles, pela sua persistência. Salvo o blogue coletivo "Delito de Opinião", noto, não sem algum orgulho, que nenhum manteve a regularidade diária com que aqui venho desde 2 de fevereiro de 2009.
Dizer que os blogues já tiveram melhores dias (ou noites, porque, no meu caso, quase sempre aqui escrevo à noite) é uma obviedade. O seu auge, em Portugal, parece ter sido a primeira década deste século. Muita gente migrou entretanto para o Facebook, depois para o Twitter (agora X), mais tarde para o Instagram. O Mastodon não parece promissor. A gente mais nova (e outra a fingir que o é) anda pelo TikTok e pelo Tinder.
Apesar de tudo, vivam os blogues!
domingo, março 24, 2024
Pollini
sábado, março 23, 2024
... e depois há os factos
O atentado de Moscovo, como é da regra destas coisas, leva a que quem já tem as ideias feitas, à luz dos seus desejos e ideologia, corra a adaptar os factos a elas. Isto é tão válido para as acusações à Ucrânia como para as imputações aos serviços secretos russos. É a vida!
"... pero que las hay!"
Feitas as apresentações e as primeiras conversas, passou-se à mesa. Naquela em que fiquei estava sentado um engenheiro que trabalhava, há já muitos anos, em Brasília, na área científica. Perguntei-lhe onde tinha concluído o curso de Engenharia. No Porto, onde tinha nascido, disse-me. Para aligeirar a conversa, contei que, também eu, tinha iniciado o curso de Engenharia Eletrotécnica na universidade do Porto. Sem grande sucesso: tinha feito apenas duas cadeiras. Rimo-nos da coincidência. E passámos adiante.
A conversa lá andou e, aí pela sobremesa, o engenheiro, a propósito de eu ter referido que era de Vila Real, disse-me que, no seu primeiro ano do curso, tinha tido como colega um tipo de Vila Real, com quem chegara a estudar no café Bela Cruz, à chegada ao Castelo do Queijo. Já não se lembrava do nome dele. Tem graça, comentei, por esse tempo eu costumava ir namorar aos fins de semana para o Bela Cruz, com a minha mulher, que ali estava também na mesa, e, curiosamente, eu também por lá tinha estudado com um amigo, cujo nome me tinha passado, que sabia que morava ali perto, na Foz. "Eu morava na Foz", referiu o engenheiro.
Afinámos datas: ambos tínhamos entrado no mesmo ano, para a mesma faculdade. Os nossos professores? Os mesmos: Vasco Teixeira, Arala Chaves, etc. Num instante, por outros pormenores cruzados, concluímos: ele era o meu amigo da Foz, eu era o amigo de Vila Real com quem ele chegara a estudar. Ele estudara um pouco mais do que eu, bem entendido! Exatamente 40 anos depois, tinhamo-nos reencontrado, nessa noite de Brasilia. E, desde essa hora, reatámos uma magnífica amizade, até hoje.
Há dias, na data das eleições, numa aparição no Facebook, lá o descortinei, civicamente ativo, barba branca à maneira, com o sorriso bom de sempre, na mesa de voto de Brasília, ao lado de outros amigos. Mas toma atenção, Manel, tens de fazer uma dietazita! Um imenso e transatlântico abraço para ti.
quinta-feira, março 21, 2024
Foi assim
Nas hostes socialistas, o ambiente era de alguma desilusão. Depois de uma década de "cavaquismo", em que a esquerda penara a bom penar, refugiada em Macau e em algumas autarquias, já a escassa vitória de Guterres, em minoria, em 1995, se bem que muito saborosa, tinha obrigado a recolher as ambições de moldar algumas políticas públicas ao programa do PS. Esse esforço de contenção de despesas, para conseguir atingir as metas para a entrada no euro, tinha desagradado a muita gente do PS. O resultado da eleição de 1999 ameaçava agora prolongar o "aperto do cinto".
Naquela noite de 1999, o João Paulo Bessa, um arquiteto (ele gosta de "arquitecto", com "c") que vive para o rugby e para as coisas desportivas em geral, entrou, façanhudo, no "Procópio".
Na "mesa dois", o Nuno Brederode dos Santos filosofava cenários, em frente ao whisky. Recém-reconduzido como secretário de Estado, eu ia alimentando, em voz alta, a narrativa oficial de que, infelizmente, haveria que evitar aumentar o défice, controlando, por essa via, a forte dívida pública. Havia, por isso, a necessidade de continuar a limitar despesas, em algumas áreas, mesmo que incumprindo, aqui ou ali, com algumas promessas eleitorais.
Foi então que a voz do João Paulo, sentado num daqueles bancos aveludados a vermelho, recostado no varandim de madeira, de costas para o bar, explodiu, julgo que desta forma: "Porra, pá! Estivémos dez anos a sofrer as políticas 'dos gajos', sem nada poder fazer. Em 95, lá saiu o Cavaco mas vocês disseram logo: 'Ah! Pois é! Mas não se pode fazer nem isto nem aquilo'. E nós, durante estes quatro anos, a ver o tempo a passar e as coisas a não se fazerem. Agora, o PS continua a governar, mas volta a não ter maioria e, mais uma vez, o teu governo vem dizer que continua a não se poder fazer o que foi prometido. Eh, pá! Explica lá quando é se pode fazer alguma coisa! Primeiro era o Cavaco com as políticas do "Pê-pê-dê", agora é o Guterres com os cuidados para o euro. Porra, pá! Mas, afinal, quando é que se cumpre o programa do PS?"
Não sei o que respondi ao João Paulo Bessa, comigo feito "situacionista", eu que até nem era do partido, nessa noite de 1999. A minha memória não cobre as conclusões desse debate, tido num lugar onde, como alguns diziam, alguns aculturavam "a via alcoólica para o socialismo". Só sei que, na noite de ontem, na mesma "mesa dois", já com o Nuno ali só em saudade, recordei ao João Paulo aquele episódio. E rimos todos um pouco, embora, para os ocupantes da "dois", o tempo esteja, por estes dias e noites, mais para sorrisos amarelos.
Estranho?
Sou só eu que acho normal que o Presidente da República indigite Luís Montenegro a tempo de ele poder estar presente, usufruindo já dessa qualidade, na reunião do Partido Popular Europeu, que, tal como o homólogo grupo socialista, reune sempre antes dos Conselhos Europeus?
quarta-feira, março 20, 2024
O desastre, visto da Suíça
Foi há já uns bons anos. Lembro-me como se fosse hoje. Noé Monteiro, correspondente da RTP na Suíça, entrevistava um casal de portugueses ali residentes. O tema eram as preferências na programação da própria estação. A certa altura, o jornalista perguntou à filha do casal, uma criança que, recordo, teria menos de 10 anos: "E tu, o que é que gostas mais de ver na televisão?". A miúda não hesitou: "Os desastres".
Ao ver o resultado da votação dos nossos emigrantes na extrema-direita, na Suíça, lembrei-me que, se calhar, essa (hoje) senhora pode ter votado por lá e deve agora apreciar o desastre a que ajudou por cá.
terça-feira, março 19, 2024
"Duas ou três coisas..."
Guilherme Oliveira Martins publica, na edição de hoje do "Diário de Notícias", o seguinte artigo, com o título de "Duas ou três coisas..."
Os bezerros
Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional francesa, foi presidente do respetivo Grupo de Amizade com o nosso país. A sua disponibilidade para tudo quanto fosse do interesse português era permanente e algumas vezes abusei dela para superar alguns obtáculos. Ficámos bastante amigos e muitas vezes almoçámos em Paris. Morreu em 2019, com 77 anos.
segunda-feira, março 18, 2024
Ainda Caminha
Saudade das laranjas
domingo, março 17, 2024
Nuno Júdice (1949-2024)
Poema
pava da Vida e do movimento inumerável dos objectos batidos
pelo vento, afirmei que a Poesia me acompanhava.
Como se a Poesia fosse algo que eu nomeasse fisicamente… que tocasse…
E ao constatar uma impossibilidade objectiva, fiz uma experiên-
cia que a confirmou definitivamente: li tudo o que tinha escrito.
Foi como se não tivesse lido nada. Sem me dar conta sequer
de um estilo, de uma gramática, da própria língua… Foi
como se não soubesse ler.
Ao apresentar a narrativa exacta do que aconteceu, descubro
que também aqui não tenho nenhum objectivo, nenhum
pretexto, nenhum facto que justifique o poema. Mas ele
existe apesar disso. E é por isso mesmo que, sem arte
poética e sem argumentos, o apresento e mantenho.
sábado, março 16, 2024
"Potências"
Queixamo-nos com razão dos americanos e do seu paternalismo sobre a Europa mas, em termos de conflitos existenciais, eles sempre foram e continuam a ser, no ocidente, os adultos na sala. A bravata e o jingoísmo das "potências" que só existem "by default" chega a ser patético.
Caminha
Bebinca
Há já um tempo que não comia bebinca. Imagino que tenha sido por me ouvirem dizer que tinha saudades desse doce goês que tive o privilégio d...