Tenho muita pena pelo facto de não ter podido estar ontem presente no lançamento do livro de memórias de Manuel Alegre.
Manuel Alegre é, neste ano em que passa meio século depois do 25 de Abril, a figura viva portuguesa que melhor simboliza toda a luta pela nossa liberdade.
Um forte abraço a Manuel Alegre.
2 comentários:
Eu já quase aposentado (questão de dias) ao ler o post do Sr Embaixador vem-me à memória lembranças da minha infância e adolescência. Por detrás da porta ouvia a voz forte de Manuel Alegre nas emissões da Rádio Portugal Livre a partir de Argel onde a oposição lançava a voz da resistência ao arbítrio e à repressão da ditadura. Os meus pais nem imaginavam que à sua eu partilhava com eles a audição destas emissões clandestinas
Duas notas que ressaltam das minhas longínquas lembranças desses tempos: os separadores entre as várias intervenções que eram preenchidos com canções de protesto. Tenho uma vaga memória de sons que mais tarde identifiquei como as Heróicas de Lopes Graça (seria talvez a Jornada e os versos cantados das "vozes ao alto") e alguns poemas da Praça da Canção onde ressaltavam os versos "mesmo na noite mais triste / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não"
Talvez por isso o meu pai não conseguiu esconder a sua surpresa quando um dia ao jantar, enquanto escutávamos as notícias do "Telejornal" em que se falava vagamente das eleições num qualquer país do mundo, eu me viro para ele e pergunto candidamente: "mas porque é que em Portugal nunca há eleições?". A partir daqui tive direito a um relambório de recomendações sempre que saía de casa em vésperas de datas sensíveis. Nada de me meter em "confusões", de dizer o que quer que fosse que pudesse atraír a curiosidade alheia.
Sr Embaixador, desculpe ocupar o seu blogue com este testemunho biográfico mas vivemos tempos de falta de memória ...
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