segunda-feira, março 25, 2024

Da persistência

Hoje, numa expedição "arqueológica" aos primórdios deste blogue, passei pelos primeiros posts aqui publicados. E vi que, logo nas primeiras semanas de existência deste espaço, tinha agradecido a outros blogues que então saudaram o surgimento do "Duas ou Três Coisas". 

Listei esses 52 blogues e tive a curiosidade de ir verificar quantos, dentre eles, ainda publicam com regularidade. 

Constatei que apenas cinco: "Causa Nossa" (que começou como blogue coletivo e hoje é apenas alimentado por Vital Moreira), "Delito de Opinião" (blogue coletivo, sob a batuta teimosa de Pedro Correia), "Estado Sentido" (blogue coletivo), "Fio de Prumo" (de Helena Sacadura Cabral) e "Memória Virtual" (que entretanto mudou radicalmente de natureza, passando a um registo desportivo). 

Deixo a minha sincera saudação para todos eles, pela sua persistência. Salvo o blogue coletivo "Delito de Opinião", noto, não sem algum orgulho, que nenhum manteve a regularidade diária com que aqui venho desde 2 de fevereiro de 2009.

Dizer que os blogues já tiveram melhores dias (ou noites, porque, no meu caso, quase sempre aqui escrevo à noite) é uma obviedade. O seu auge, em Portugal, parece ter sido a primeira década deste século. Muita gente migrou entretanto para o Facebook, depois para o Twitter (agora X), mais tarde para o Instagram. O Mastodon não parece promissor. A gente mais nova (e outra a fingir que o é) anda pelo TikTok e pelo Tinder.

Apesar de tudo, vivam os blogues! 

13 comentários:

AV disse...

Continuo a preferir blogues. Propiciam intervenções mais reflectidas. À sua lista acrescentaria o Arpose que publica sem interrupção, penso, e de forma muito interessante desde 2009.

Muitos parabéns pela consistência na substância e na longevidade.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Melhores dias ou não da blogosfera, o Duas ou Três Coisas está sempre em alta.
Eu cá em termos de Redes Sociais é Facebook forever, não acho a mínima graça ao interface do Instagram, por isso tenho lá nada, apenas conta para a bisbilhotice. O X, ex-bitaitwitter, nunca foi praia que frequentasse muito

APS disse...

Muito obrigado, AV, pela referência.
Confirmo ser desde 2009, Novembro.

Francisco Seixas da Costa disse...

AV. Eu apenas assinalei blogues que, em fevereiro e março de 2009, tinham referido o surgimento do "Duas ou Três Coisas"

Carlos Antunes disse...

Senhor Embaixador
Não sei os “blogues” passaram de moda.
No meu modesto olhar, prefiro-os às redes sociais (que assumo não ter) pois na maioria dos casos, os blogues assumem-se como espaços de cidadania e participação cívica, difíceis de alcançar por qualquer outro meio (como bem afirma o AV “propiciam intervenções mais reflectidas”).
“O Duas ou Três Coisas” com as análises do Embaixador (que é alguém que sabe do que fala, o que é cada vez mais raro no comentário político), os seus link´s para o “Arte da Guerra” e outros espaços da sua intervenção (até com a possibilidade dos comentários de partilha de aqueles que o frequentam) é um bom exemplo daquilo que, pelo menos no que me diz respeito, me falta e não me sinto representado nos media tradicionais.
Uma longa vida ao “Duas ou Três Coisas” (acredito que não será fácil alimentar quase diariamente o blogue) e alguns outros que não me dispenso de frequentar (se me permite uma menção especial ao “Causa Nossa” do Prof. Vital Moreira).
Cordiais saudações


Flor disse...

Eu mesma de vez em quando dou uma volta pelos posts mais antigos. E até deixei a minha "huella".

Anónimo disse...


Os blogues tinham inevitavelmente que sofrer com a expansão das redes sociais, os blogues são de um modo geral espaços de reflexão, as redes são de um modo geral espaços de bitaites.
Não estou nem nunca estive em nenhuma rede social, o que não quer dizer que, em adiantado estado de decomposição mental, não venha a estar (claro que já esteve mais longe, a decomposição).

Há muitos mitos à volta dos “nativos digitais”, aqueles que nasceram e cresceram com as tecnologias digitais sempre presentes na sua vida.
Mas de facto e salvo raríssimas e honrosas excepções, são gerações do zapping e da impaciência, do resultado imediato, do avanço através de tentativas e erros facilitado por não terem que ter uma biblioteca à mão e terem que se levantar de 5 em 5 minutos para ir buscar outro livro, do não tomarem notas nem no Word, a ponto de a certa altura já não saberem muito bem qual era a dúvida inicial.
Se eu também faço isto? Pois faço, é o meu lado adolescente inconsequente, mas eu posso dar-me hoje ao luxo de ser um diletante.

Daí em grande parte, penso eu, o desfasamento entre uma escola ainda em grande medida regida pelo necessário estudo, pela análise e pela síntese e a abordagem “natural” ao estudo dos alunos de hoje que não consegue ser acompanhada por uma reestruturação do ensino e do modo de ensinar que a acompanhe, há aí uma inércia também ela “natural” e que não é assim culpa de ninguém, os tempos são estes.
Tudo foi evoluindo a uma velocidade que ninguém consegue acompanhar.
Não é por acaso que alguém disse (não me lembro quem) algo do género “Entreguem os vossos filhos aos ecrãs, os fabricantes dos ecrãs continuarão a entregar os filhos deles aos livros” (e Steve Jobs é um deles).

Quanto ao “Duas ou três coisas”, para além da qualidade e diversidade dos temas (com algumas “provocaçõezitas” à mistura), o facto de ser “unipessoal” e o autor não intervir na discussão ou só o fazer para pequenas e úteis observações ou suaves e justificadas reprimendas é logo em si uma enorme mais valia.
De um modo geral os blogues colectivos sofrem (por assim dizer, sem ofensa) das idiossincrasias de cada um dos seus autores, o que os torna muitas vezes menos apelativos do ponto de vista dos comentadores, por mais interessantes que sejam os temas, sempre foi evidente para mim que se me pusesse a escrever nas caixas de comentários de alguns deles, estaria sempre disponível para discutir ideias com outros comentadores (como aqui o faço) mas nada disponível para ser ridicularizado por alguns autores dos textos, do alto dos pequenos poderes que lhes advêm de nos poderem “correr dali” sem nos concederem o direito de resposta.
Sei de quem intervém em blogues colectivos mas nunca nos textos de A ou B, ciente que está de que se arrisca a ler o que não gostaria e a afastar-se dali para não voltar, todos os comentadores são parte integrante dos blogues e todos eles os enriquecem, escrevam o que escrevam e como o escrevam.

Portanto junto a minha voz à sua: vivam os blogues!


David Caldeira disse...

Frequento este blog desde o seu início. Muito bem escrito. Deliciosas histórias, opiniões livres e sem concessão ao politicamente correto. Prefiro os blogues às redes sociais da moda porque muito mal frequentadas. São muitos javardos à solta. Dos restantes blogues indicados, não prescindo do Causa Nossa, onde o Prof Vital Moreira, num serviço público, que deveria ser de leitura obrigatória, nomeadamente para jornalistas ignorantes, tem posto a nu, melhor que ninguém, por exemplo, a atuação do presidente da república e do ministério público. Vida longa!

David Caldeira disse...

Frequento este blog desde o seu início. Muito bem escrito. Deliciosas histórias, opiniões livres e sem concessão ao politicamente correto. Prefiro os blogues às redes sociais da moda porque muito mal frequentadas. São muitos javardos à solta. Dos restantes blogues indicados, não prescindo do Causa Nossa, onde o Prof Vital Moreira, num serviço público, que deveria ser de leitura obrigatória, nomeadamente para jornalistas ignorantes, tem posto a nu, melhor que ninguém, por exemplo, a atuação do presidente da república e do ministério público. Vida longa!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Errata: "por isso tenho lá nada"->"por isso não tenho lá nada".

AV disse...

Tem razão, Francisco Seixas da Costa. As minhas desculpas pela falta de atenção a esse detalhe.

manuel campos disse...


O comentário das 19.01 é meu.

Talvez alguém o tenha reconhecido pela costumeira extensão, inimitável estilo e brilhante nível intelectual.
Ou talvez não.
Uma coisa é certa, parece que o estava a adivinhar quando falei nos avanços do meu estado de decomposição mental, até já um simples clique falho.

PS- Faltou-me dizer que "... nos poderem “correr dali” sem nos concederem o direito de resposta." não aparece do nada, aconteceu-me a mim há mais de 12 anos, num blogue "morto" há muito e onde se tratava na altura de questões puramente científicas e, portanto, não estavam em causa opiniões mas só interpretações diferentes.



afcm disse...

Sou assídua leitora deste blogue desde 2012.
Faz-me muita companhia e aprendo muito.
Há algum (menos) tempo a esta parte criei coragem para ir comentando.

Obrigada e Parabéns,Sr. Embaixador.

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