sábado, novembro 30, 2024
António Costa
Elisa Ferreira
Comentários
Em termos de comentários, o proprietário de um blogue pode assumir vários tipos de atitude: ou publica tudo aquilo que os comentadores lhe enviam, ou exige uma espécie de certificação de identidade de quem pretende publicar algo, ou faz uma seleção - isso mesmo, uma censura prévia - daquilo que é publicado ou, finalmente, não admite nenhuns comentários. Na sua existência diária, desde 2 de fevereiro de 2009, este blogue já passou pelas quatro fases, estando agora na última. Porquê?
Quem por aqui vem, nos muitos anos da existência deste espaço, sabe que convivo muito bem com o contraditório, às vezes com o quase insulto, frequentemente com expressões limite de radicalismos. Lembro-me bem de interrogações deixadas por leitores, surpreendidos com a minha permissividade.
O que é que se passou agora? Cansei-me do tom insistentemente confrontacional de alguns comentadores. Mas não podia, pura e simplesmente, optar por eliminar esses comentários? Claro que sim. Mas achei melhor pôr todos os comentários "em pousio", até para perceber como é que o blogue "sobrevive", em termos de leitores, sem admitir quaisquer comentários.
Quem tiver curiosidade pelo tema dos comentários nos blogues, que é muito antigo na blogosfera, pode ler aqui.
E sobre o assunto, voltaremos a falar em janeiro.
sexta-feira, novembro 29, 2024
As contas da União
Já chega!
A utilização pelo Chega do edifício da AR para ações de chicana política levanta uma séria questão sobre a compatibilidade desse partido com a ordem democrática. Os partidos fazem parte do sistema constitucional. Quando se colocam à margem deste, há que tirar consequências.
Eh toiro!
A cavernícola decisão de reduzir o IVA das touradas é uma triste revelação do recuo civilizacional a que esta conjuntural maioria, acolitada por alguns peões de brega de outras áreas políticas, condena o nosso país, perante o olhar apiedado do mundo.
Médio Oriente
A convite do Observatório do Mundo Islâmico, fiz ontem a palestra de encerramento do seminário "O Grande Médio Oriente e a nova configuração geopolítica regional e global", que teve lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
quinta-feira, novembro 28, 2024
Um voto a mais
Nas eleições, por um voto se ganha, por um voto se perde. Na Moldova, os pró-europeus ganharam e o país irá agora nesse caminho. Na Geórgia, os pró-europeus perderam e essa vontade deve ser respeitada. Um resultado não deixa de ser válido só porque não é aquele de que gostamos.
"Há lobo!..."
O Dr. Luís Montenegro tem suficiente experiência política para saber que convocar o país para ouvir uma comunicação, a uma hora nobre, teria um custo de credibilidade, se acaso isso fosse visto como uma operação de mera propaganda politiqueira. Foi o caso.
"Antes que me esqueça"
quarta-feira, novembro 27, 2024
terça-feira, novembro 26, 2024
Os amigos maluquinhos da Ucrânia
Antes
Seriedade
Há uns anos, a Guiné Equatorial, antes de introduzir uma moratória sobre a pena de morte, terá "despachado" uns casos que tinha pendentes. Agora, Israel, antes de implementar um cessar-fogo no Líbano, faz um forte bombardeamento sobre Beirute. Estados sérios são "priceless"!
segunda-feira, novembro 25, 2024
Outros blogues
Imagino que deva haver por aí blogues onde a data de hoje esteja a ser celebrada. Eles são o lugar adequado para os adoradores da data inserirem os seus comentários. Não aqui.
Viva o 25 de Abril!
Viva o 25 de Abril!
domingo, novembro 24, 2024
Os ácidos
Nos anos 60, a expressão que vai em título tinha outro significado. Nos tempos que correm, pode aplicar-se a quem se dedica, por vício ou embirração, a contrariar tudo o que por aqui se escreve. Será da idade dos comentadores? Os ácidos, sofredores de vesícula mental e chatos por natureza, à falta de palco próprio, penduram o seu mau feitio em quem possa ser lido. Se os deixarem, claro. Que tenham muito boas festas, porque desejar-lhes alguma coisa de bom deve irritá-los supinamente.
Romário
"Solar dos Pintor" (Santo Antão do Tojal)
sábado, novembro 23, 2024
Liberdade
Já faltou menos para surgir por aí alguém a propor a Ordem da Liberdade para os fundadores do ELP e do MDLP. E também já faltou menos para lha darem.
Senado
Dois terços dos senadores do Partido Republicano americano não foram eleitos no dia 5 de fevereiro, isto é, na onda política Trump II. É de entre estes senadores, alguns dos quais são figuras referenciais dos seus Estados, que podem vir a surgir algumas surpresas.
Convite da SIC Notícias
"Visão"
RTP
sexta-feira, novembro 22, 2024
Lembrar
Todos quantos acham que Mário Soares, se fosse vivo, se associaria a uma celebração do 25 de novembro fingem esquecer que o próprio Mário Soares, como primeiro-ministro ou presidente da República, nunca demonstrou o menor interesse em organizar ou participar numa evocação da data.
Parabéns, CNN Portugal
Parabéns à CNN Portugal no dia em que comemora três anos de emissões.
Tive o privilégio de fazer parte dessa magnífica equipa, chefiada por Nuno Santos, em grande parte desse percurso.
É uma bela história de profissionalismo e de liberdade opinativa.
Poder é isto...
Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António Freitas de Sousa, estranhei o facto do TPI ainda não ter indiciado Netanyahu. Horas depois, o procurador deduziu a acusação. Poder é isto, aprendam...
Ucrânia
A utilização pela Rússia de um novo míssil hipersónico só foi uma surpresa porque tinha sido criada a ideia de que o passo seguinte, depois dos meios convencionais usados, seria o nuclear tático. Ora era muito duvidoso que Moscovo se arriscasse a ir por aí, antes de testar Trump.
Brasil
Segunda feira
Em face da instrumentalização que a direita e a extrema-direita pretendem fazer na próxima segunda-feira na Assembleia da República, que distorce o significado histórico da data, o Partido Socialista há muito que deveria ter informado o Presidente da República e o Presidente da Assembleia da República de que iria manter apenas uma representação simbólica no plenário.
A lei da bomba
Acho de uma naïveté simplória os raciocínios que levam a sério a letra da doutrina nuclear russa. Como se a Rússia, no dia em que lhe der na gana bombardear alguém, vá consultar a "doutrina": "Ora deixa-me lá ver se, ao carregar no botão, não estou a infringir alguma alínea"...
Netanyahu
Tal como vários dos seus contrapartes já fizeram, seria interessante que Luís Montenegro anunciasse que, se Benjamin Netanyahu puser um pé em Portugal, será imediatamente detido. E pode também pôr Putin no "pacote", para se sentir mais à vontade.
TPI
Quem por aqui tanto se tem congratulado com o cerco feito a Putin pelo Tribunal Penal Internacional estará, com certeza, ao lado desse mesmo tribunal na luta pelo cumprimento do mandado idêntico agora emitido para a detenção de Netanyahu. Ou não?
quinta-feira, novembro 21, 2024
Seguro
António José Seguro anuncia-se para Belém. Fá-lo no tempo certo, oferecendo ao espaço socialista um nome com uma seriedade indisputável, alguém que, depois da sua saída de cena da política partidária, soube usar a palavra com uma inteligente parcimónia.
Sócrates
Por que será que, neste dia que assinalam os dez anos sobre a noite em que José Sócrates foi preso à chegada ao aeroporto de Lisboa, hesitei em escrever sobre o assunto? Por que motivo, ao ensaiar o início de um simples post, dou por mim a escolher cuidadosamente as palavras, como se estivesse a pisar um terreno imensamente delicado?
Naquela noite de 2014, ao saber da prisão de José Sócrates, isso perturbou-me. E, no entanto, a minha relação com ele nunca havia sido íntima.
Tínhamos estado juntos nos dois governos de António Guterres. Partilhámos muitas reuniões de secretários de Estado, vi com naturalidade a sua chegada a ministro. Era uma estrela ascendente dentro do executivo, tinha claramente a confiança de Guterres, assisti a excelentes prestações suas em conselhos de ministros. Aqui entre nós, tinha um estilo de expressão às vezes um tanto irritante, algo auto-convencido, mas a qualidade da sua ação como que absolvia esses vícios de forma. Em todas as poucas interações diretas que, nesse tempo de governo, tive com ele, foi sempre de uma extrema gentileza e atenção. Éramos amigos? Tínhamos uma relação super-cordial, o que, nesses meios políticos, se pode identificar à amizade.
Quando saí do governo e regressei à minha carreira profissional, deixámos de nos ver. Só nos reencontrámos no Brasil, em 2005, já ele era primeiro-ministro. Nesse intervalo de cinco anos, Sócrates tinha feito o percurso que o levou a S. Bento. Constatei que era muito eficaz na defesa dos dossiês de Estado, senti-o atento àquilo que o embaixador de Portugal, que eu então era por ali, lhe assinalava como prioritário. Estabeleceu uma relação pessoal imediata com Lula, de que a ação da embaixada bastante beneficiou. Lembro-me da sua obstinação em trazer a Embraer para Portugal e o empenho que colocou na concretização desse objetivo.
Um dia, sem que alguma vez entre nós disso tivéssemos falado, fui transferido de Brasília para Paris, o meu último posto diplomático. Notei, desde a minha chegada. a forte simpatia que Sarkozy dedicava a Sócrates. Passava, entre os dois, uma corrente de energia, como pude constatar em reuniões em "petit comité", durante as suas visitas de trabalho a Paris.
Por esses tempos, em 2009 e 2010, José Sócrates fez-me vários e honrosos convites, que consegui recusar. Já no Brasil, no início do seu primeiro governo, me transmitira um desafio. Persisti sempre na minha carreira e não estou arrependido.
Depois, veio a crise. Sócrates caiu, em eleições. Alguém me preveniu que ele tencionava ir viver para Paris, pelo que não fiquei surpreendido quando um dia me telefonou. Embora o seu afirmado objetivo fosse proporcionar um melhor tempo académico a um filho, disse-me que tinha intenção de aproveitar o tempo em Paris para estudar "filosofia política". Perguntou-me se eu sabia de algum curso que ele pudesse seguir. Disse-lhe: "Só se eu procurar no Google!". E, brincando: "O teu governo tirou-me a conselheira cultural, que era a única pessoa na embaixada que sabia dessas coisas..." Apresentei-lhe um amigo pessoal, o professor luso-francês Pierre Léglise-Costa, pensando que talvez ele o pudesse informar. No dia seguinte a esse encontro, parti para Portugal, para um mês de férias. Dias depois do meu regresso, Sócrates telefonou-me: "Entrei em Sciences-Po". Felicitei-o e senti-o feliz.
No ano e meio que se seguiu, encontrámo-nos, por Paris, uma meia dúzia de vezes, duas delas com um Mário Soares de passagem e que por ele manifestava um grande apreço. José Sócrates, por qualquer razão, nunca aceitou os vários convites que lhe formulei para ir a eventos na embaixada, onde eu teria tido muito gosto em acolhê-lo. Nem pôde ir à minha festa de despedida, mas telefonou depois a dar-me um abraço.
Depois do meu regresso a Portugal, em 2013, estivemos juntos no lançamento de um seu livro, em Vila Real. Creio que foi a última vez que nos cruzámos. Mas, claro, tenho sabido de José Sócrates e acompanhado as suas atribulações, tal como acontece com os leitores deste texto, o qual, afinal, não foi assim tão dificil de escrever.
Já chegámos à Madeira?
Primeiro revés
O afastamento de um dos nomes indicados por Trump para o seu governo é um revés importante, para a imagem de alguém que se pré-anunciava como um hiper-presidente, com as mãos completamente livres. A ver vamos se Trump não se "vinga", nomeando um "hardliner" ainda mais radical.
Um texto sobre a Rússia, já com 20 anos
Publiquei este texto, em agosto de 2004, há mais de 20 anos, em "O Mundo em Português", uma publicação do saudoso IEEI (Instituto de Estudos Estratégicos Internacionais), dirigido por Álvaro Vasconcelos, com quem continuo nos dias de hoje a cooperar no Forum Demos. Não retiro uma linha ao que escrevi, tendo muitas a acrescentar, em especial sobre a Ucrânia, que não estava ainda no radar de prioridades. É um texto relativamente longo. Se não tiverem paciência, passem à frente. Não levarei a mal...
Migrantes digitais
Brasil
O Brasil vive um momento de verdade. Se o "complot" criminoso para impedir o regresso democrático ao poder de Lula vier a confirmar-se, com implicação provada de militares, vai ser precisa grande sabedoria para reconstruir a confiança entre estes e o poder civil.
França
Preço
A Ucrânia terá usado, na noite de 19 para 20 de novembro, 12 mísseis britânicos Storm Shadow, para uma única operação, apenas no "oblast" de Kursk, que ocupa. Cada míssil custa dois milhões de euros: assim, €24 milhões. É uma guerra muito cara. E um belo negócio. Resta saber o preço da paz.
Mistério
O mundo de Trump tem diversos mistérios. Um deles é a racionalidade subjacente à indigitação para o governo de várias figuras com "telhados de vidro" bem conhecidos. Trump sabia que isso viria à tona. Por que arriscou? Para testar cedo a lealdade da sua base no Congresso?
Médio Oriente
Numa iniciativa do Observatório do Mundo Islâmico e do Núcleo de Estudantes de Estudos Europeus da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, terá lugar no próximo dia 28 de novembro (quinta-feira), na Faculdade de Letras, um Seminário intitulado "O Grande Médio Oriente e a nova configuração geopolítica regional e global"
quarta-feira, novembro 20, 2024
Já não me conheço!
Ucrânia
Dia 25 deste mês
Já agora: à atenção do PS, que parece andar estranhamente distraído quanto à gravidade disto.
José Mário Branco
terça-feira, novembro 19, 2024
Ainda a Ucrânia
Pode ver, depois do minuto 20, neste link.
Jogos de guerra ou brincar com o fogo
segunda-feira, novembro 18, 2024
Olhar os dias em quinze notas
Gastronomia
O que é a Academia Portuguesa de Gastronomia? É uma associação privada, com estatuto de "utilidade pública", composta por um núcleo de 30 pessoas - um imutável "numerus clausus", que o tempo vai renovando.
domingo, novembro 17, 2024
A lei da bala
Mistério
É para mim incompreensível que continue a ser dado destaque aos bitaites políticos dos cônjuges - mulheres ou homens - de figuras eleitas. Essas pessoas não têm qualquer mandato democrático, sem prejuízo do pleno direito a terem as suas opiniões, mas só para uso privado.
sábado, novembro 16, 2024
Queijos
Parabéns ao nosso excelente queijo!
Confesso que estou muito curioso sobre o que dirá a imprensa francesa nos próximos dias.
Novembro
Rodrigo de Sousa e Castro, subscritor do Documento dos Nove, foi um dos "vencedores" do 25 de novembro, tal como Vasco Lourenço, presidente da "Associação 25 de Abril", organização que não vai estar presente na cerimónia que a Assembleia da República vai fazer no próximo dia 25.
Com a indiscutível autoridade que a sua posição em 1975 lhe concede, escreveu no Twitter esta síntese brilhante, que vale a pena ler :
"O VI governo, que vigorou antes (desde setembro de 1975) e após o 25 de novembro até ao I governo constitucional (julho de 1976), tinha elementos do PS, PPD/PSD e PCP e ainda militares e independentes.
A Constituinte manteve-se exactamente na mesma, antes e depois do 25N.
O Conselho da Revolução assistiu à saída do Otelo do Conselho da Revolução e do COPCON, e do Fabião do Estado Maior do Exército, mas basicamente manteve a mesma composição
As regiões militares continuaram comandadas pelo Pires Veloso, Vasco Lourenço, Pezarat Correia e Franco Charais. Ramalho Eanes foi escolhido pelo "Grupo dos Nove" para Chefe do Estado-Maior do Exército;
Os órgãos judiciais permaneceram intocáveis.
A mudança efectiva de Poder tinha-se verificado no Pronunciamento de Tancos, em Setembro de 1975, com o fim do V governo provisório e o afastamento de Vasco Gonçalves e de membros do Conselho da Revolução "próximos" do PCP.
O Presidente da República, general Costa Gomes, permaneceu no cargo de 1974 a 1976.
Não há, a 25 de novembro, nem mudança de Poder nem de Regime. Houve sim, após o 25 de novembro, um saneamento extensivo dos OCS com uma espécie de caça aos jornalistas e comentadores comunistas e, claro, tinha havida um recontro entre forças militares após a insubordinação dos páras de Tancos. que o grupo dos Nove, e o seus apoiantes militares, aproveitou para mudar comandos de alguns regimentos do Exército.
Todos, incluindo os palermas e ignorantes, têm direito a comemorar o "seu" 25 de Novembro. Foi para isso que se fez o 25 de Abril."
Vale tudo?
O "whataboutism" no seu melhor: perante a evidência da onda de execuções levada a cabo pelos novos senhores da Síria, as redes soc...