Todas as manhãs, de há uns anos para cá, um dos meus gestos de rotina, é olhar a evolução do valor dos Bonds (dívida pública) portugueses no mercado internacional, verificando o "spread" face aos que são emitidos por Berlim. Começo sempre a leitura do "Financial Times" por aí. Os Bonds são um bom indicador da forma como os mercados olham para a economia portuguesa, o que é importante, em especial agora, nestes tempos de "troika".
Ontem, porém, o valor relativo de outros Bonds chamou a minha atenção. Foi Roger Moore, o ator que protagonizou mais filmes de James Bond, que apareceu citado na imprensa como tendo dito que Daniel Craig, o último ator a interpretar a personagem, era o melhor James Bond de sempre.
Roger Moore é um senhor respeitável, que protagonizou alguns desses filmes com um misto de humor e charme machista, que sempre saía das cenas mais violentas com a poupa intocada, com aquele sorriso de marca, que, aliás, conserva na velhice, como pude comprovar há meses, quando o cruzei num evento por aqui. Como ator, desempenhava um Bond divertido, ao mesmo nível, comparadas as épocas, com que já fizera para a televisão as séries Ivanhoe ou O Santo. Mas, sejamos honestos, foi sempre um ator "13 valores", para usar a classificação que o meu pai costumava dar às prestações "assim-assim". Sempre pressenti que, no seu íntimo, vivia com um fantasma que se chama Sean Connery - o "verdadeiro" Bond. Isso mesmo fica confirmado nestas declarações de Moore que, enfim, estão ao nível daquilo a que sempre nos habituou como ator: "13 valores".