segunda-feira, julho 31, 2023

Seu Cabral


Em tempo de leituras estivais, delicio-me com um colunista do "Observador", que assina com o nome de Manuel Vilaverde Cabral. Em outros tempos, conheci um seu homónimo, quiçá um seu primo, que tinha ideias bem opostas. Que será feito dele?

Vae mortuis!

Não sabemos quem vai ganhar esta guerra. Mas sabemos quem já a perdeu: os que nela morreram.

domingo, julho 30, 2023

Olá, ERC!

Abre-se um "newsmagazine" de grande expansão e lá estão elas, as páginas de publicidade paga, em forma de texto informativo, apresentadas de forma a iludir o leitor. É uma vigarice quase perfeita. A ERC não existe?

Gare

Uma fórmula curiosa, num texto de Artur Portela: "... nessa espécie de Gare do Oriente sem Calatrava que é, lá em baixo, o átrio da Fundação Gulbenkian". Bem visto!

sábado, julho 29, 2023

26

São exatamente 26 livros. O mais grosso com 924 páginas, o mais fino é um "Que sais-je?", logo, tem 128 páginas. São os livros que trouxe para duas semanas de férias. Pela experiência de anos passados, conseguirei ler quatro ou cinco, no máximo. Mas a sensação de poder escolher é um prazer que nunca dispenso.

Notícias do azedume

É minha impressão ou anda por aí um desejo, mais ou menos escondido, de que o encontro religioso de Lisboa corra mal? Se, para azar deles, correr bem, já têm um "plano B": denunciar que está tudo cheio de vigarices, ajustes diretos e coisas assim. Não seria mesmo de abrir já uma CPI?

"L' autoroute des vacances"

 


Havia um conto do Cortázar sobre isto...

João Pereira Neto


No dia 29 de abril de 1974, segunda-feira, entrei fardado no Palácio Burnay, onde funcionava o Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina.

Nesse dia, entrei com todo o à-vontade, coisa que não acontecera nos dois anos anteriores, durante os quais a portaria tinha ordens expressas para impedir o meu acesso.

Eu tinha uma "história" a resolver por ali, depois desses anos muitos complicados, que tinham mudado toda a minha vida. Nesse dia, eu ia falar com o que restava da anterior direção do Instituto, então em muito precário exercício.

Quem me recebeu foi o professor João Pereira Neto. Deu-me um abraço e disse-me uma frase que gravei: "Você tem muitas e justas razões de queixa da nossa Escola". Era verdade, toda a gente o sabia. Mas, dentro do conceito plural de "Escola", eu tinha razões concretas de queixa de muita gente, por ação ou omissão. Contudo, por esses dias, eu andava muito feliz e a última coisa que pensava era tirar qualquer desforço. Nunca o procurei, nem nunca o fiz. O meu "caso" com o ISCSPU, que haveria de perder o "U" com mais rapidez do que o país deixou se ter "possessões ultramarinas", resolver-se-ia pouco depois.

Nestes quase 50 anos, em diversos contextos, fui cruzando o professor João Pereira Neto. A nossa relação tinha sido, desde sempre e sem nenhuma exceção, marcada por uma grande cordialidade, mesmo em momentos em que, claramente, não estivemos do mesmo lado. Tive sempre Pereira Neto como uma pessoa cordata, educada e dialogante.

João Pereira Neto era visto por nós, creio que com razão, como um dos "homens do Adriano", um grupo de pessoas que acompanhou de perto aquele procurou induzir à casa um sentido de escola de Ciências Sociais. Terá sido pela mão de Adriano Moreira que Pereira Neto integrou o CDS, onde chegou a secretário-geral.

A última vez que o encontrei foi, há não muito tempo, na Sociedade de Geografia, onde tinha um lugar destacado de direção. Quis ter a amabilidade de ir ouvir-me, já não sei bem sobre quê. No final, exprimi-lhe que ficava muito grato por isso.

Não tive então o ensejo de lembrar com ele, como gostaria de ter feito, algo que me ficou na memória: as suas provas de agregação, em finais de 1968, uma discussão num júri conduzido pela figura mítica da Etnologia em Portugal, o professor Jorge Dias. Eu desconhecia, até esse dia, a "animação" que podia ser um diálogo tenso, num júri, em ambiente universitário. Pereira Neto seria, pouco tempo depois, professor catedrático.

Acabo de saber que morreu, com 88 anos.

quinta-feira, julho 27, 2023

Traduttore, traditori

Que diabo de empresas de tradução são estas que continuam a empregar tipos que traduzem, nas legendas dos filmes, "eventually" por "eventualmente", "actually" por "atualmente" e "speaker" ("of the house") por "porta-voz"? Não lhes podem dar uma aula prévia sobre "falsos amigos"?

"A Arte da Guerra"


"A Arte da Guerra", o podcast que, desde fevereiro de 2021, semanalmente faço para o "Jornal Económico", ums conversa com o jornalista António Freitas de Sousa sobre temas internacionais, vai tirar umas férias, a partir desta semana.

quarta-feira, julho 26, 2023

A honra perdida de Kevin Spacey


Foi em setembro de 2016, em Kiev, na Ucrânia. Eu estava por lá num encontro sobre relações internacionais. Foi anunciado que, durante o jantar de encerramento, haveria um convidado surpresa.

Estava-se a poucos dias das eleições americanas. No écran da sala surgiu a fotografia de Hillary Clinton. A sala rejubilou. Ela era a candidata que, à época, dava mais garantias de conduzir os EUA, e com eles o mundo ocidental, numa atitude anti-Moscovo - ideia que mobilizava por ali muita gente. Mas Hillary, naturalmente, não se deslocara à Ucrânia.

Surgiu então a foto de Donald Trump. Embora entre os convidados americanos naquele jantar se contassem figuras conservadoras como Robert Gates, John Bolton, Karl Rove ou Newt Gingrich, a sala foi bem menos efusiva, “to say the least”. Aquele era já o tempo do “namoro” entre Trump e Putin e os ucranianos temiam que a sua eventual eleição redundasse num imenso desastre para os seus interesses.

O organizador do encontro, um milionário ucraniano (ou oligarca, como quiserem), disse-nos que, infelizmente, não pudera garantir a presença na conferência de nenhum dos candidatos às eleições americanas. Mas anunciou que tinha um “presidente” substituto à altura. E entrou na sala Kevin Spacey.

Foi uma bela surpresa. O “presidente” da famosa série televisiva “House of Cards”, “Frank Underwood”, fez uma intervenção magnífica, inteligente e informada, sobre relação entre a ficção e a política, dando-nos, com eloquência, a sua visão desse mundo e conseguindo transmitir àquele momento de encerramento uma dignidade e uma qualidade muito elevada. Spacey não era um ator normal; era um intelectual culto e muito elaborado, bem acima da média.

Lembrei-me muito desse jantar, nos anos seguintes, quando vi o nome de Spacey mergulhado, de forma degradante, numa vaga de acusações sobre atos de assédio sexual. Nestes sete anos, Spacey teve a sua honra manchada, a sua carreira arruinada, a sua imagem pública pela lama. 

Entretanto, a justiça americana, e agora a britânica, concluíram pela sua completa inocência e pela falta de fundamento das acusações que sobre ele impendiam. Imagino que possa mesmo vir a ser ressarcido, mas nada apagará o que se passou, tanto mais que, para sempre, haverá uns palermas que dirão, entre dentes, "não há fumo sem fogo..."

terça-feira, julho 25, 2023

Males que não se confundem


Após a queda das ditaduras ibéricas, gerou-se a ideia de que Espanha e Portugal estavam imunes ao surgimento de partidos de extrema-direita, graças à vacina do autoritarismo vivido. Pensava-se que os partidos da direita democrática seria capazes de seduzir, ainda que "by default", os votantes mais propensos a soluções radicais do extremo político discriminatório - fossem elas securitárias, xenófobas ou racistas, anti-identitárias ou de moralismo saloio-machista. Quem assim pensou enganou-se.

Costuma dizer-se que a extrema-direita propõe respostas erradas para problemas reais. Nem sempre é assim, nem sempre os problemas existem realmente. Muitas vezes eles são meras caricaturas, trajadas de mal-estar e de um discurso javardo, sobre temáticas defensivas de certos grupos.

No Vox e no Chega encontramos tudo isso, mas também encontramos diferenças que derivam de especificidades próprias.

Sendo a Espanha um país onde as tensões regionalistas há muito colocam riscos para a unidade do país, o Vox soube cavalgar a nostalgia unitarista, a que somou a bandeira de defesa do país retrógrado, aturdido pelos avanços das agendas identitárias.

O reaccionarismo do Vox, com laivos fascistóides iniludíveis, tem assim raízes muito próprias, que o diferenciam do Chega. Contudo, um bom resultado do Vox nestas eleições será naturalmente um alento para o Chega, sendo embora males que não se confundem.

(Texto publicado no semanário Novo, escrito em meados da semana passada, como resposta à pergunta sobre se um bom resultado para o Vox espanhol teria consequências favoráveis para o seu congénere português).

segunda-feira, julho 24, 2023

Jogos de cintura


Sinto por aí uma quase paranóia com o próximo encontro religioso. Ouço que há pessoas que temem passar "perto de Lisboa", com medo à confusão que supostamente se irá instalar. Valha-lhes deus! 

Ao observar este ambiente, não pude deixar de lembrar uma historieta, num Verão também quente, embora por virtude de outras temperaturas, em 1975.

Era agosto e eu andava por Vila Real, meio de férias em família, meio feito militante político-militar. Na esplanada da Gomes ("where else?"), cruzei-me com o meu velho amigo José Araújo, também conhecido como Zé Foquita, negociante de velharias, proprietário da "Galeria d'Artes".

O Zé era conservador, eu estava muito longe disso, mas nunca, até ao final da sua vida, essa diferença de perspetivas projetou a menor sombra sobre a nossa forte amizade. 

Na conversa, o Zé contou-me que tinha ido na sua carrinha a Beja, para comprar um piano que ali estava à venda. Lembro-me sempre de que não acompanhou a minha ironia: "A música no Alentejo agora é outra, não é?". 

Perguntei-lhe por que razão, na ida, não me tinha ido visitar a Lisboa. Podia ter ficado em minha casa, eu ter-lhe-ia mostrado coisas da cidade que ele conhecia mal. 

O Zé foi perentório (na altura, escrevia-se peremptório): "Estás doido! Então tu achas que eu me arriscava a passar pela 'cintura industrial' !"

O meu amigo Zé Foquita, que era mais um assustado desses tempos, pelos vistos achava que, em torno de Lisboa, as estradas eram patrulhadas, durante toda a "saison", por figuras de fato-macaco operário, com ar patibular, de barras de ferro na mão, controlando os movimentos e olhando com suspeição todos os forasteiros. Afinal, era isso, para ele, a tal "cintura industrial".

Para a semana, começa a "cintura celestial". Vai correr tudo bem, vão ver!

Depois, queixem-se!

A TVE deu ontem uma lição de como se constrói um painel plural de comentadores. Em Portugal, já quase não se estranha que, na maioria dos debates, cada vez haja menos contraditório ou que ele seja caricatural ou de falsa representatividade. Depois, queixem-se das audiências!

... e há a Europa!

A circunstância do poder político em Madrid vir a manter-se à esquerda ou poder passar para a direita não é indiferente aos equilíbrios nas instituições comunitárias que se desenharão depois das eleições europeias em 2024.

PP

Quer o Cuidadanos quer o Vox foram partidos criados pela desafetação de parte do eleitorado do PP. Com o fim do primeiro, por falta de objeto, e a diabolização do segundo (também graças à esquerda), a bipolarização e o voto útil fizeram-no recuperar parte desses votos.

Democracia

A democracia espanhola revelou, ao longo de décadas, uma capacidade notável de enfrentar crises graves, desde atos de terrorismo a um golpe de estado e a uma tentativa secessionista. É ridículo dizer-se que pode estar em risco só porque há a hipótese de um novo modelo de governo.

Expresso

O que o "Expresso" fez no caso da médica do Algarve é de extrema gravidade, sob o ponto de vista deontológico. Mas é também autoflagelatório sobre o património de memória daquele que um dia foi um órgão de comunicação social com papel central na democracia portuguesa.

Majestad

Daqui a horas, pode surgir um telefonema da Zarzuela: "Presidente Cavaco. Como sabe, tendré que avalar la creación de una "geringonça". Me gustaría que tuviera tanto éxito como la que usted bendijo en Portugal. Cuál fue su secreto?"

Lição ibérica

Depois do que se passou ontem em Espanha, onde o PP acabou por ser vítima da sua ambiguidade face ao Vox, talvez valesse a pena, do lado de cá do Caia, o partido irmão do PP mostrar que aprendeu a lição e dizer, alto e bom som, o que (não) fará com a extrema-direita da paróquia.

sábado, julho 22, 2023

Abertura


Roubo da página de António Guterres no LinkedIn esta sua fotografia de infância, a jogar xadrez. 

Olhando o tabuleiro, sou de opinião de que tem ainda muito jogo pela frente...

Cada terra...

Em França, vozes distantes da esquerda questionam o facto do novo ministro da Educação ter feito o seu percurso académico no ensino privado. E é lembrado que Mitterrand obrigou um ministro a transferir o filho para o ensino público, antes de lhe dar posse. Cada terra com seus usos. 

Já agora...

As denúncias sobre casos de pedofilia na igreja católica encheram a comunicação social, durante semanas. Mas, afinal, na sequência disso, já há alguém detido, constatou-se algum caso de acusação falsa? Dada o alarme público criado, não seria de haver alguma informação?

Ucrânia - o novo tempo na guerra.

 


Ver aqui.

La France

Macron fez uma "reformette" ministerial, com fechamento da sua minoria sobre si mesma. Não premiou os deputados da direita que mais o têm apoiado, chamando-os para o governo, porque não tinha a garantia que os suplentes continuassem a votar da mesma maneira. Cruel é a política!

sexta-feira, julho 21, 2023

Era, nâo era?

Então era assim: o governo ia grelhar em lume brando, cada vez mais "passado", na CPI da TAP, e, no final de julho, de um Conselho de Estado que seria a cereja no bolo, saía a dissolução. O Pontal, com a malta bronzeada, era já o pré-S. Bento. E depois? Depois? Veio a realidade!

O meu quintal

No Facebook, escrevi hoje sobre o Kim Philby e quase ninguém deu sinal de si. Amanhã vou experimentar fazer uma referência a outro Qin, o MNE chinês que anda desaparecido há semanas, a ver se tenho mais sorte. Se assim não for, em desespero, vou acabar a falar do Quim Barreiros.

A sombra de Philby


Ao ouvir o chefe do serviço britânico de espionagem a fazer um apelo público a que cidadãos russos se voluntariem para ser seus informadores contra o regime do Kremlin, não pude deixar de lembrar-me de Kim Philby (e também de Burgess, Maclean, Blunt e Craincross...).

Tendo o MI6 sido o involuntário fornecedor da maior fornada de espiões soviéticos de qualidade de que a história da "intelligence" tem memória, este apelo parece acarretar um curioso sentido de vingança. 

A ver vamos se o "appeal" que o comunismo tinha naquele tempo do pós-segunda guerra conseguirá ser emulado pela sedução que a filosofia do mundo capitalista hoje pode exercer sobre as gentes lá por Moscovo. 

Josef Stalin vs Boris Johnson?

quinta-feira, julho 20, 2023

Pascal Lamy


Nos dias de hoje, a globalização parece estar, se não sob fogo, pelo menos sob forte suspeita. Não era esse o ambiente nos anos 90. Por essa altura, o credo liberal imperava pelo mundo. Na União Europeia, que vivia sob a obsessão do estabelecimento de acordos de livre comércio com todas as regiões do planeta, estava a ser cada vez mais difícil a um país como Portugal evitar que setores relevantes da sua produção industrial, alguns de baixa tecnologia e de natureza similar aos de alguns Estados que pretendiam livre acesso ao mercado europeu, fossem oferecidos como moeda de troca para as aberturas, noutros setores bem mais rentáveis, que as grandes economias europeias pretendiam obter em geografias economicamente muito promissoras. Quem tem alguma memória das "guerras" para a defesa dos nossos têxteis percebe melhor do que estou a falar. 

Quando, em 1995, cheguei à chefia da secretaria de Estado dos Assuntos Europeus, sabia bem que tinha pela frente, nesse domínio comercial multilateral, uma tarefa muito difícil. E, tal como tinha ocorrido ao meu antecessor na pasta, Vitor Martins, durante toda a década anterior, não podia fazer muito mais do que tentar ir ganhando tempo, enquanto os setores sobreviventes do nosso tecido industrial se fossem preparando para o embate pleno.

Na Comissão Europeia, a pasta do comércio internacional estava, por esses dias, entregue ao britânico Leon Brittan, que olhava para os nossos problemas com uma imensa sobranceria, deduzindo que facilmente prescindiríamos das nossas salvaguardas em troco de cheques. Tive com ele e contra o seu cinismo, "accrochages" como nunca tive com nenhum outro membro da Comissão Europeia, nesses cinco anos e meio de funções. Até cheguei a sair a meio de uma reunião no seu gabinete...

Confirmei a insensibilidade de Brittan, logo em 1996, em Singapura, na primeira reunião ministerial da então nova Organização Mundial de Comércio (OMC). Da conversa tensa que ali tivemos, quando se preparava a "oferta" da parte europeia, deduzi que o jogo ia ser muito duro. E foi-o, durante os dois anos seguintes, embora o tivéssemos conseguido empatar, em temas vitais, até à segunda reunião ministerial, realizada em Genebra, em 1998.

No ano seguinte, com a mudança da Comissão, Brittan saiu do cargo. Foi substituído por Pascal Lamy, um antigo chefe de gabinete de Jacques Delors. Em Portugal, houve quem embandeirasse em arco: era um socialista, de uma nacionalidade à partida mais sensível à defesa dos interesses nacionais. Lembro-me que estive sempre mais cético do que todos quantos trabalhavam comigo. Um Comissário, naquela área, é apenas um representante de interesses e esses não mudavam, no essencial, com a alteração da Comissão.

Fui recebido por Pascal Lamy, em Bruxelas, logo após a sua posse. Dessa primeira conversa deduzi que estava comprado irremediavelmente pela agenda liberal, seguramente induzida pela continuidade da máquina da Comissão. Ao contrário de Brittan, Lamy era uma figura simpática. Mas foi-me logo pedindo "compreensão" para a necessidade da nova Comissão poder ter "mãos livres", com um mandato "aberto" para negociar uma posição forte na terceira reunião ministerial da OMC em Seattle, que teria lugar em dezembro desse ano. Essa "compreensão" era, claro!, a redução da nossa "lista negativa", isto é, dos nossos produtos mais sensíveis, que pretendíamos excluir das concessões.

Uma semana depois, ainda em Bruxelas, na estreia de Lamy como comissário na reunião com os representantes dos governos, decidi fazer um "número", atrasando, face a uma furiosa presidência finlandesa, a aprovação do mandato para Seattle, até que algumas das nossas pretensões fossem atendidas. Era um óbvio "bluff": o nosso país não podia comprometer a posição europeia numa negociação daquela magnitude, apenas por virtude de uns atoalhados, cordas e coisas congéneres. Mas quis sublinhar a continuada delicadeza política que o dossiê têxtil continuava a ter para nós, no plano interno. Lembro-me de ter ficado praticamente sozinho, de ter sofrido algumas pressões, mas lá conseguimos, em jeito de compensação, alguma derradeira concessão. No final, Lamy, perante todos os meus colegas, foi-me avisando: em Seattle, durante a reunião ministerial da OMC, em que a maioria de nós iria estar presente, não era de excluir que aquele mandato, tido como "pouco ambicioso" (para acomodar as preocupações dos "nossos amigos portugueses", como fez questão de sublinhar), tivesse de "evoluir". E contava que eu aí pudesse "estar mandatado" para ser mais "flexível".

Seattle acabou por ser o que foi. A cidade transformou-se rapidamente num caos, as ruas encheram-se de manifestantes, muitos pacíficos outros bem violentos, a polícia não tinha mãos a medir, as reuniões da OMC foram suspensas, não houve hipótese de ali se firmar o menor acordo. Numa improvisada reunião de coordenação comunitária, a nível de membros do governo, realizada num hotel próximo de um teatro sitiado onde tinha sido boicotada, por manifestantes, a sessão inaugural, devo confessar que me deu algum gozo ver o ar de desespero de Pascal Lamy, ao não ter espaço político para exercer o seu magistério liberal no seio da União Europeia, naquele que ele desejaria que viesse a ser o primeiro êxito nas suas novas funções. Com um ar falsamente compungido, lembro-me de ter pedido a palavra para dizer que, pelo menos, a União Europeia saía dali com a consciência tranquila de que não seria por virtude do caráter "pouco ambicioso" da sua "oferta" que a OMC não iria ter um qualquer acordo. Acho que Lamy percebeu o gozo com que eu dizia aquilo.

Seattle falhou, clamorosamente, lançando, por muito tempo, uma pausa na negociação comercial multilateral à escala global. Pascal Lamy, anos depois, viria a chefiar a OMC, por um período de oito anos. O saldo desse período não terá sido brilhante, mas não fiquei com a ideia de lhe caberem culpas negociais no cartório.

Ontem, na Culturgest, estive a ouvir Pascal Lamy a falar da Europa, num dueto com Vitor Bento. Já o tinha cruzado em outras duas ocasiões, uma em Paris, outra em Roma, desde esses dias tensos de 1999, passados entre Bruxelas e Seattle. 

Senti-o agora um homem muito bem preparado, conhecedor e bastante realista. E, sempre, um europeísta convicto, na senda da figura que tem como seu referente, o notável Jacques Delors. Curiosamente, ontem, depois de todos estes anos, vi-me a concordar com a grande maioria daquilo que Lamy disse. Talvez porque, agora, estivesse a abordar coisas verdadeiramente essenciais para todos nós.

quarta-feira, julho 19, 2023

Um amigo por medida


Há uns meses, tive de mandar ajustar uns fatos. Socorri-me de um alfaiate de Vila Real, meu velho colega de escola primária, já afastado das lides diárias mas disponível para a tarefa que lhe pedi - e que não foi tão pequena como isso. Quando fui à prova da primeira empreitada, dei com ele abismado: "Nunca tinha visto um fato tão bem feito, tão bem construído, tão perfeito! Dá gosto trabalhar um fato destes".

O fato - esse e muitos outros - era da autoria do mestre Noronha Pinto, um alfaiate lisboeta de que comecei a ser cliente em meados dos anos 80. Alguém me indicou o seu nome e, até há cerca de uma década, continuei a ser seu regular frequentador. E, como é da regra destas coisas, fui-o recomendando a amigos. Que nunca se queixaram, antes pelo contrário.

Não era um alfaiate barato, longe disso!, mas era um extraordinário alfaiate. E era, além disso, uma figura de uma simpatia ímpar, no que era acompanhado pela sua mulher, presença habitual naquele primeiro andar das Avenidas que já foram Novas. Passar pelo seu ateliê era a garantia de uma conversa serena, educada, agradável. Sabia aconselhar, conhecia as minhas manias, antecipava os meus desejos.

Com o regresso a Lisboa, as mudanças na minha vida e o consequente declínio na exigência de novos trajes, espacei bastante as idas por lá. Falávamos pelo telefone nos Natais, mantínhamo-nos atentos a episódios de vida de cada um e de familiares. A saúde do casal, entretanto, deteriorara-se. A última conversa que tive foi já com uma filha. Um dia, vi a alfaiataria desaparecer do local, com o prédio em obras. O único telefone que dele tinha não atendia.

Passou mais de um ano. Estávamos a jantar a casa de um casal brasileiro, que se tinha mudado para Lisboa. À conversa, falaram-nos de uns vizinhos excecionais, do andar de cima, que os tinham recebido muito bem. O senhor morrera dias antes, a senhora estava muito doente. Ele tinha sido um alfaiate conhecido, com ateliê ali perto. Era o meu amigo Noronha Pinto. E assim acabam histórias que já foram felizes.

terça-feira, julho 18, 2023

Histórias


Compramos um livro com a intenção de o ler, se não de imediato, pelo menos num prazo razoável. Em regra, ninguém guarda um livro cinquenta e tal anos sem lhe tocar. Pois foi isso que me aconteceu com estas "Histórias à Margem de um Século de História", de Francisco Keil do Amaral, editado pela Seara Nova, em 1970. Mas como é que posso ter a certeza de que nunca abri o livro? Muito simples. Porque tinha todas as suas páginas "fechadas", necessitando de ser aberto com uma faca. Já não me acontecia fazer isto a um livro há uns tempos! Pois aconteceu ontem.

O livro integra uma coleção que começa com o " 'O Mundo' de 5 de Outubro de 1910 - Um Jornal na Revolução", de Jacinto Baptista, segue com três volumes de estudos económicos (um de Armando de Castro e outros de dois pseudónimos, "Eduardo Guerra" e "Álvaro Neto") e com o clássico de Victor de Sá "A Crise do Liberalismo e as Primeiras Manifestações das Ideias Socialistas em Portugal (1820-1852)". 

Dou conta de que sou proprietário de um exemplar de cada um desses livros. Li com atenção, e tive o privilégio de o comentar, à época, com o seu autor, numa noitada em casa de Carlos Eurico da Costa, o livro de Jacinto Baptista. Estudei com cuidado, lembro-me bem, o volume de Victor de Sá, que marcou muita gente da minha geração. Terei folheado, não mais, os restantes.

O grafismo de todas as capas é do meu velho amigo e artista plástico Guilherme Lopes Alves, com quem ando, há tempos, para ir beber um copo a Almoçageme.

Estou a deliciar-me com estas notas de Keil do Amaral, que começam nas lutas entre os liberais e absolutistas e terminam no meio da I República. O livro era para chamar-se "Papéis de Família", o que espelhava melhor a sua natureza, mas o editor teve outra ideia. 

Este é um livro sem tempo. Podia ter sido lido em 1970, quando eu andava nas "guerras" associativas e me preparava para entrar no meu primeiro emprego. Leio-o agora, com mais calma, com mais tempo, talvez com um pouco mais de sabedoria para o poder apreciar. Cheguei a tempo.

As preocupações de Zelensky

 


Ver aqui.

segunda-feira, julho 17, 2023

"Afonso" (Mora)


Mora fica próximo do "vermelho" Couço, nome que ainda faz sonhar os "ontens que cantaram" dos meus amigos comunistas. Também se lá chega ido de Avis, de Montargil ou de Pavia. O "Afonso" é uma casa com bem mais de meio século, no centro da vila. A lista é farta, com os clássicos da culinária alentejana. Por ser fim de semana, estava à pinha. Por isso, as vitualhas essenciais tardaram um pouco mais do que a minha paciência. Fui sustentando esta a queijo (um esplêndido curado, talvez de Nisa), pão, azeitonas e vinho (razoável, de Estremoz). Foi pena terem-se esgotado as sobremesas que escolhemos, talvez porque fossem as escolhas mais certas. Acabou por ser um almoço simpático, idêntico à memória de outros que por ali tive, agora a um preço já um tanto puxadote. É a vida! 

Jane Birkin


Era (ainda) longilínea, embora longe do seu esplendoroso tempo "modiglianico". Não parecia tão bonita como a imagem que dela guardava. Mas seria mesmo ela? Tentei olhá-la de frente, junto a um balcão do Conran, em Londres. Abriu a boca para dizer qualquer coisa e - pronto! - lá estava o famoso espaço entre dois dentes da frente ("les dents du bonheur"), que tanto animava os seus fãs (tal como os de Vanessa Paradis ou Léa Seydoux). Era ela! Era Jane Birkin. Nunca achei que fosse grande cantora, nem grande atriz. Mas, como mulher, teve imensa graça. Bastante mais do que a filha, Charlotte, saída do casal que fez com Serge Gainsbourg, o qual, por acaso, tinha morrido pouco tempo antes desse meu "encontro" com Birkin, em South Kensigton, na cidade onde ela tinha nascido e onde deu belo sinal de si no "Blow up". Jane Birkin morreu agora. Era uma rapariga da minha idade.

sábado, julho 15, 2023

A Turquia e o ocidente

 


Ver aqui.

"Bonne adresse"


Nesses idos de 80 do século que há muito se foi, estando de passagem pela cidade onde ele estava colocado, bastante longe de Portugal, passei a visitá-lo, para lhe dar um abraço. Não era um amigo íntimo, mas tínhamos construído um cordial entendimento pessoal. Tratávamo-nos por "você", talvez fruto da diferença de idades ou daquelas irrecuperáveis casualidades que fazem com que, no primeiro contacto, não tivéssemos desformalizado totalmente o relacionamento.

Era um homem simpático, disponível, embora um pouco "afetado" e - mesmo muito! - preocupado com aquilo que se costuma qualificar como os "sinais exteriores da carreira".

Essa é a auto-caricatura em que alguns profissionais da "casa" se deixam cair: uma certa forma de vestir, o desenho de uma rede de conhecimentos "certos", convites a quem mais convém, carro adequado ao seu estatuto, férias com grupos selecionados, opção por desportos típicos das elites com que se querem identificar, um discurso sempre cuidadoso, na política como no resto, para não criar arestas nem suscitar rejeições, etc.

Só não casou "bem", para completar aquele perfil, porque é dos que não estão para aí virados. E, verdade seja, depois de todo esse esforço, mas também fruto de alguns erros próprios, a sorte profissional acabou por lhe não sorrir. Mas, sempre que o encontrei, não me parecia infeliz. Parecia-me viver bem acomodado àquilo que tinha conseguido. 

A certa altura daquelo nosso encontro, a conversa derivou, já nem sei bem porquê, para a zona onde, quando em Lisboa, cada um de nós vivia.

Disse-me que necessitava de trocar urgentemente de casa. Estava insatisfeito com o lugar apartamento que então possuía. "Imagine você que moro numa rua Capitão Félix, em Benfica! Acha que posso dizer isso a um colega estrangeiro?"

Dei uma gargalhada. E, sem a menor relutância, expliquei que vivia em Santo António dos Cavaleiros, num andar barato, alugado desde os meus tempos de tropa.

Olhou-me com uma espécie de horror social! "Mas isso é quase em Loures! Não é "bonne adresse"!

Não levei a mal. Achei mesmo delicioso o francófono comentário, que me ficou para sempre na memória e que muitas vezes tenho citado, sempre sem o nomear.

Anos mais tarde, vi-o sair de carro de uma agradável moradia, numa zona socialmente prestigiada de Lisboa. Já reformado, tinha, finalmente, "une bonne adresse", concluí.

Soube que morreu. Será o seu último "adresse".

sexta-feira, julho 14, 2023

Repito, as vezes que for necessário


Cada vez valorizo mais o contraste de perspetivas sobre a guerra na Ucrânia que a CNN Portugal cuida em manter. Como dizia o genial Nelson Rodrigues, "toda a unanimidade é burra".

A democracia é isto mesmo: poder ouvir todas as vozes. Eu defenderei sempre que possam ser escutadas as opiniões com que não concordo. Para pensar como eu... basto eu!

Esperança

Pedi uma tosta mista e uma cerveja. Entrei à conversa com o rapaz ao balcão e comentei que, com a chegada do pessoal para as jornadas católicas, o negócio iria ser muito bom. Respondeu-me: "Estamos mesmo a pensar vender tostas místicas..." Não perco a esperança nesta juventude.

quinta-feira, julho 13, 2023

Os não-deputados


Creio ter sido no ano de 1996. Eu era secretário de Estado dos Assuntos Europeus e, num qualquer dia, estava na bancada do governo, na Assembleia da República, a responder aos deputados. Ao meu lado, tinha, como única companhia, o meu colega secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Chamava-se António Costa.

Entre os deputados da oposição que me colocaram questões, um deles, Luís Marques Mendes, abandonou o plenário antes de eu ter tido oportunidade de responder à pergunta que me colocara. Irritei-me. Quando passei pela resposta que lhe era devida, fiz uma ironia algo "grossa" e desajeitada. 

O PSD entrou em ebulição, os deputados do PS ficaram encavacados com a minha ousadia, ao provocar alguém que, daí a dias, ia passar a líder parlamentar dos social-democratas. 

Ao meu lado, António Costa, em voz baixa, reagiu: "O que você foi fazer, Francisco! Agora, vai ser o bom e o bonito!".

E foi. A honra da bancada do PSD foi invocada por alguém exaltado, que desancou a minha ousadia, ninguém do PS saltou em minha defesa, eu decidi, erradamente, não me retratar e António Costa lá teve de defender-me, "tant bien que mal". Foram uns minutos menos agradáveis.

Nesse dia, aprendi que o meu estatuto de membro (júnior) do governo não me permitia colocar-me ao nível dos deputados. É que eu não tinha sido deputado, não era "um deles", pelo que eles não aceitavam (PS incluído) que eu atirasse graças e ironias sobre uma figura grada do estrelato oposicionista (na ocorrência, o hoje meu amigo Luís Marques Mendes). Ah! E ser independente também não ajudava nada.

Medidas todas as distâncias, lembrei-me disto ao ver a sarilhada em que Pedro Adão e Silva se meteu, ao criticar os deputados da comissão parlamentar de inquérito à TAP, dizendo, aliás, algumas coisas certas e óbvias. Mas o Pedro também nunca foi deputado...

quarta-feira, julho 12, 2023

Hoje

Hoje é o dia da insustentável leveza das redes sociais.

Ucrânia

Blinken à NBC: "Ultimately, Ukrainians have to decide when to put an end to this, because this is their country. This is their land. This is their future. These are their decisions."

Media

Anda aí um rebuliço (gosto destas palavras com sonoridade quase gráfica) na comunicação social, com mudanças da titularidade da propriedade e com novas chefias a despontar. Se disto resultar uma melhor informação, tudo bem!

Rio

Não tenho a menor intimidade com Rui Rio, mas ando na vida há tempo suficiente para, há muito, ter concluído que é uma pessoa a quem a palavra honestidade se cola à pele.

Guerra no écran

No acompanhamento televisivo que tenho feito da guerra na Ucrânia, na CNN Portugal, dei-me conta que me enganei algumas vezes e admito ter medido menos bem algumas situações. Mas nunca encontrei razões para alterar a firme opinião que tenho, desde o início do conflito, sobre os principais atores e as suas motivações. Bem pelo contrário.

terça-feira, julho 11, 2023

O esgar de Sunak

É chocante observar o esgar usado por Rishi Sunak, num video, ao falar, com alguma crueldade, das medidas anti-imigração. Vou dizer algo que sei politicamente incorreto: a origem étnica de Sunak agrava esse choque.

A Ucrânia e a NATO

Em Vilnius, ficou claro o óbvio: a Ucrânia será membro da NATO se "prevalecer" na guerra contra a Rússia. O contrário também é verdade: se a Rússia vier a "prevalecer", a adesão não será possível.

EUA bem

O objetivo da NATO é procurar criar, no limite através de medidas de defesa comum, segurança aos Estados que já são membros da organização. A extensão dessas medidas a Estados terceiros tem de fazer-se sem aumento de riscos de segurança para a organização. Os EUA decidiram bem.

Os erros da Rússia

Se, em fevereiro do ano passado, a Rússia tivesse conseguido colocar a Ucrânia "de joelhos", como ficou evidente ser a sua intenção no frustrado movimento de tropas para Kiev e Kharkiv, teria ficado dona do jogo e podia estar numa outra posição para negociar com os EUA. Ao ter falhado clamorosamente no plano militar, provocou exatamente o contrário: ressuscitou os seus piores demónios e está agora a pagar um elevado preço, nomeadamente no reforço conjuntural da NATO. No fim de contas, há que convir que Prigozhin tinha alguma razão: alguém levou Putin a cometer aquele imenso erro, avaliando mal a relação de forças no terreno. Terão sido Shoigu ou Gerasimov, como ele também diz? Como exercício político-militar, a Rússia é hoje um "case study" fascinante.

O que aí vem

Todo este afã de Zelensky para garantir um calendário garantido para entrada na NATO, não se destina apenas a tentar evitar a repetição de Bucareste, em 2008. Tem como objetivo (um tanto ingénuo) condicionar a flutuação dos atuais aliados e um possível presidente Trump, em 2025.

Fronteira do Caia

O pragmatismo e o bom-senso fazem com que, no histórico das relações Portugal-Espanha, o equilíbrio de interesses prevaleça sempre sobre a tentação de cumplicidades ideológicas. Cavaco deu-se lindamente com González, tal como Guterres com Aznar. Se Feijóo vier a sair na rifa eleitoral, Costa saberá encontrar o tom certo.

Espanha

No único frente-a-frente das eleições espanholas, o líder do PP espanhol, Núñez Feijóo, revelou-se um melhor "performer", embora com uma cara "expressionless". Foi a grande novidade, face a um Sánchez defensivo e nervoso. Tudo indica que deve ganhar.

Vale tudo, não é?

Pelos vistos, ainda bem que os EUA tinham, à mão, bombas de fragmentação, para acorrerem à necessidade de munições da Ucrânia. É que, se não fosse esse o caso, talvez arriscassem oferecer armas químicas ou biológicas. Afinal, se já vale tudo...

RTP

Ao protestar, junto da administração da RTP, sobre os desenhos visando a polícia, o governo revela que não interiorizou que, estatutariamente, aquela entidade não tem hoje a menor interferência na direção de informação e que a tutela da empresa é o Conselho Geral Independente.

segunda-feira, julho 10, 2023

Jornada Mundial da Juventude

Jornada Mundial da Juventude: rezem para que corra bem!

Isto está bonito...

O que levou à completa desaparição de agentes da polícia das ruas da Baixa lisbieta? Os carros já passam no vermelho dos semáforos com toda a "lata", ninguém respeita passadeiras e, aparentemente, já ninguém se importa com nada. 

Longe dali, perto da minha casa, a acompanhar funcionários da MEO, dois agentes da PSP (sem boné, nova moda), olham o telemóvel.

Isto está bonito, está!

Biden

Há um trágico dilema nos e com os EUA. Biden é, a longa distância, a pessoa mais bem preparada em termos de política externa e de segurança. Por outro lado, dá mostras de extrema fragilidade física e de expressão. Ter o mundo dependente deste dilema é trágico.

BRICS

Brasil e China vão situar-se em campos opostos no momento de decidir sobre o alargamento dos BRICS. A China quer usar essa plataforma como eixo para o seu futuro poder global, pelo que deseja abrir o grupo. O Brasil percebe que a sua força relativa se diluirá com esse alargamento.

Manda quem pode

Se Van der Leyen tiver uma resposta acomodatícia ou equívoca a uma eventual pressão dos EUA para a retoma das negociações da entrada da Turquia na UE, ficamos a conhecer o nome da próxima SG da NATO. Chama-se a isso "the powers that be".

Wagner

Putin "proposed further employment options and further combat options" em conversa com Prigozhin, dias depois do Wagner ter liquidado 13 militares da força aérea, na marcha sobre Moscovo. Isto revela a força do Wagner e a sua indispensabilidade na ação externa russa.

O dito do primeiro-ministro

O que deveria António Costa ter dito, depois do problema com o SE da Defesa? Simples: que lamenta o que aconteceu, que espera que a justiça faça o seu trabalho com serenidade e rapidez e que a democracia tem sempre, como se vê, mecanismos para superar acidentes de percurso.

O dito do ministro

Tenho dúvidas sobre se um ministro (que já não é comentador) deveria dizer o que disse sobre a CPI da TAP. Mas só disse uma evidência.

Tapetes

Erdogan joga com o seu peso geoestratégico. Diz que sim à Ucrânia na NATO enquanto (até ver) diz que não à Suécia. No final, os EUA acabarão por lhe vender os F16 e, para fechar, como compensação, fará um qualquer gesto favorável à Rússia. Vende-se tapetes na Turquia.

Os britânicos estão arrependidos do Brexit?

 


Ver aqui.

domingo, julho 09, 2023

Vasco


Num álbum qualquer, lá por Vila Real, existe uma fotografia, tirada na sala da nossa casa em Luanda, há quase 40 anos, em que se vê o Vasco, sentado no chão, debruçado sobre um imenso e excelente mapa de África, que eu tinha comprado em Londres. Nele, o Vasco ia antecipando a fantástica viagem de jeep que, tempos depois, iria fazer, entre Angola e Portugal. Ele estava tão fascinado pela qualidade do mapa, que a mim quase de nada servia, a não ser para o exercício da minha curiosidade geográfica, que, no final da noite, lho ofereci.

Ontem, ensombrou-nos uma bela festa a notícia de que o Vasco Corrêa Mendes tinha morrido nessa manhã. Tinha 88 anos. Mas o Vasco era daquele género de amigos que "adolescem" com o tempo, de tal maneira a juventude do seu espírito se sobrepunha sempre ao calendário.

Conhecemos o Vasco nessa Luanda difícil dos anos 80, com a guerra por todo o lado, com o recolher obrigatório a azucrinar-nos as noites. A casa do Vasco e dos seus primos Sérgio Guedes de Sousa e Zé Tó Arantes Pedroso - que se revezavam em Angola para tratar do negócio familiar da Guedal - foi o porto seguro de tantas e tantas jantaradas divertidas. 

A "casa dos Guedais", como lhe chamávamos, era uma espécie de ilha de boa disposição permanente, um "acelerador de trigliceridos", como eu a qualificava, à vista dos efeitos dos excessos de consumos líquidos sobre o meu fígado. Naquela cidade de Luanda, com uma vida então muito difícil, nós tivemos o inestimável privilégio de ser cooptados para esse grupo extraordinário, de sermos os parceiros constantes de uma mescla que ia variando à medida que os primos rodavam na sua tarefa de gestão. Quanta gente interessante - os chatos eram sempre dispensados! - por ali conhecemos! 

O Vasco era o mais aventureiro dos três primos. Era com ele que se montavam as melhores expedições à Quiçama, às lagostas do Mário, em Cabo Ledo, os pôr-do-sol no Morro da Lua. Um dia, conseguimos mesmo fazer uma improvável ida de Jeep à ilha do Mussulo, aproveitando uma conjuntural baixa-mar. Também guardo algures uma cobertura fotográfica desse feito, então raro.

Lá se foi o Vasco! Se calhar, ele gostaria que dispensássemos as nostalgias e bebêssemos um copo à sua memória. Foi o que ontem fiz, com a maior cumplicidade, com a Ana Poppe, alegre comparsa desses tempos de Luanda. Na festa de ontem, marcaram presença outros amigos do Vasco: a Graça e o Fernando Andresen Guimarães, a Papucha e o Fernando Neves, a Bá Burnay, o António Vallera. E, pela mesma razão que ali levou à ausência do Vasco, marcámos falta triste a alguns mais. "Cheers", Vasco! À amizade! 

(Um perfil do Vasco aqui.)

França: o saldo

 


Ver aqui.

sexta-feira, julho 07, 2023

Não, não vale tudo

A questão das armas de fragmentação estabelece uma fronteira moral entre os aliados. E isto nada tem a ver com a Ucrânia. Tem a ver com a decência.

Nunca mais é sábado!

O secretário de Estado demitiu-se na sexta-feira. Quem mandou o "Expresso" deixar de sair aos sábados?

Ah! Pois é!

O PS concordou com o regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro. Sem querer ser desagradável para ninguém, não se está mesmo a ver que quem ganha com esta decisão é António Costa? Ou já viram o primeiro-ministro perder um desses debates? Costa sabe-a toda...

quinta-feira, julho 06, 2023

O café da Caravela e o bilhete do comboio


Até há alguns anos, havia na Praça da República, em Viana do Castelo, junto ao chafariz, a esplanada da Caravela. Quando passava pela cidade, gostava de me sentar por ali a digerir, com um café, a pilha de jornais e revistas que sempre comprava (hoje compro cada vez menos imprensa em papel) na excelente, e felizmente eterna, tabacaria situada da esquina da praça com a rua Manuel Espregueira.

Nessas ocasiões, a minha mulher, com quem eu entrava numa intravável meia hora de conjuntural incomunicabilidade, atravessava a praça e entrava na Adolfo Dominguez. Vinte minutos depois, surgia com uns sacos de roupa. Feitas as contas, a paragem para um café na praça tinha saído "uma nota". Entre nós, passou, para sempre, a dizer-se que o café na Caravela era o mais caro do mundo! 

A que propósito vem isto? 

Desde há uns anos, descobri que, em três estações de comboio, em Lisboa e no Porto, existem umas lojas de venda de restos de edições de livros, a preços magníficos. São coisas que as livrarias normais já não devem aceitar. Há por ali de tudo, maioritariamente monos ilegíveis, lado a lado com livros bem curiosos para gente curiosa sobre quase tudo, como ainda é o meu caso. E como faço parte daqueles que vão para os comboios (para os aviões também) com imenso tempo de antecedência, já incluí na minha rotina passar uns minutos naquelas lojas.

Hoje, tendo chegado à estação bem antes da hora do comboio, lá fui direito ao meu novo vício. A imagem mostra aquilo que dali trouxe: um pequeno estudo de Vasco Pulido Valente que não recordo ter lido, o primeiro volume de uma conhecida crónica satírica sobre a presidência de Nicolas Sarkozy, um livro de conversas conduzidas por Artur Portela e um outro de ensaios do "Otavinho" Frias, diretor da Folha de São Paulo, que conheci no Brasil e que morreu há cinco anos. Tudo isto por pouco mais de 10 euros! 

O preço dos bilhetes de comboio têm um desconto para seniores, modo elegante de designar os velhos que somos, mas, pelo menos no meu caso, passaram a ter o que podemos qualificar como uma sobretaxa para curiosos obsessivos, como também me orgulho de ser. 

quarta-feira, julho 05, 2023

"O Marcelo"

"O Marcelo" é isto e aquilo, "já não se pode ouvir" e coisas assim. Mas, se adoece, parte do país é atravessada por uma pré-orfandade, o que prova que, na realidade, os portugueses gostam dele, se sentiriam inseguros sem ele e sem a sua ubiquidade. As melhoras, caro presidente!

Tape

Tenho a sensação de que o relatório da comissão parlamentar à TAP interessa muito pouco. A obsessiva transmissão televisiva das sessões da comissão fez com que cada português tivesse entretanto criado a sua verdade. Se coincidir com o que o relatório diz, ele é bom. Se não...

E cá?

É muito sintomática a atitude da direita espanhola ao dizer que, se vier a ser mais votada, espera que a esquerda a ajude a dispensar a necessidade da extrema-direita para governar. Portanto, a direita não rejeita em absoluto a extrema-direita, apenas "passa a bola" à esquerda.

terça-feira, julho 04, 2023

Empregos

Em Portugal, há negócios que remuneram mal os seus trabalhadores, embora sejam muito lucrativos. Não é desses que vou falar.

Falo da imensidão de pequenos negócios, em geral no comércio e serviços, que geram lucros ínfimos e que, naturalmente, oferecem salários muito baixos. São tarefas que há cada vez menos portugueses a quererem aceitar, muitas das quais por serem penosas, em outros casos, por estarem socialmente desqualificadas. Os negócios pouco lucrativos oferecerão sempre, necessariamente, baixos salários. Ou isto não é uma evidência?

Não será por acaso que, para a execução dessas tarefas, apenas se oferecem estrangeiros oriundos de sociedades mais pobres, para quem o pouco que lhes pagam em Portugal acaba, não obstante, por ser interessante. Quem se lembra das tarefas executada pela emigração portuguesa que ia para a Europa dos anos 70 percebe do que falo.

Por isso, querer dificultar o acesso desses estrangeiros - "já há estrangeiros a mais!" - ao nosso imenso mercado de tarefas pouco qualificadas e de baixos salários, onde se verifica uma crescente escassez de mão-de-obra nacional, é uma atitude sem o menor sentido, economicamente estúpida e, no fundo, se bem pensarmos, desumana.

Repito que este post não trata do caso de negócios rentáveis, que empregam muitos estrangeiros, e que, não obstante isso, pagam mal. Essa é outra conversa.

Em que ficamos?

Andamos, há muito, a gastar balúrdios a promover pelo mundo a imagem de Portugal: praias, verde, gastronomia, segurança, bom acolhimento, local para investir. Os estrangeiros acreditaram e vieram, para ficar ou visitar. Agora: aqui d'el rei que há gente a mais! Em que ficamos?

SNS (4)

Já não percebo nada! Sou eu quem está a ler mal ou a dedicação exclusiva dos médicos é, afinal, compatível com trabalho fora do SNS ?

Turistas

Se se vier a considerar que a pressão turística, em certas cidades, ameaça atingir níveis preocupantes, não teria maior objeção a que houvesse um aumento sensato da taxa turística, com bem publicitada alocação das verbas a obras feitas em benefício dos "nativos".

"Small print"

Terei estado desatento, mas não notei que a ERC tentasse pôr termo ao escândalo que é certas publicações, cada vez mais, procurarem diluir a separação entre os conteúdos jornalísticos e as páginas de publicidade paga. A identificação desta última é feita quase em "small print".

SNS (3)

E se nos deixássemos de ilusões e aceitássemos que, face aos constrangimentos financeiros, à incapacidade de atração de recursos humanos e à pressão dos números, um SNS, num país com a riqueza de Portugal, pode sofrer melhorias mas nunca deixará de ter grandes deficiências?

SNS (2)

Posso estar enganado, mas começa a criar-se um caldo de cultura político-jornalística que, não tarda muito, levará ao pedido de demissão do ministro da Saúde e do CEO (que raio de nome!) do SNS. Como se isso resolvesse alguma coisa!

SNS (1)

Tenho suficiente consideração pelos médicos do SNS para admitir que, seguramente, não se demitem de funções de chefia por dá-cá-aquela-palha. Mas é estranho ouvir isso anunciado, com uma frequência impressionante. Será que, depois, regressam aos cargos?

segunda-feira, julho 03, 2023

OKimby

Um político socialista acaba de criar um imaginativo émulo para o clássico NIMBY (not in my back yard). Trata-se do OKIMBY (OK in my back yard). O PS pode ser muito divertido.

domingo, julho 02, 2023

Mateus


Ao final da tarde de hoje, ir à Casa de Mateus para um espetáculo de dança - nos pátios, escadarias, jardins, capela e eira - foi um privilégio para quem, um tanto por acaso, estava por Vila Real.

O futuro da democracia em Israel

 


Ver aqui.

Papa

Afeta a imagem de um Estado laico esta coisa dos perdões de penas, por ocasião das visitas de papas a Portugal. Além de que, sem a menor justificação, a decisão beneficia os infratores e desvaloriza o comportamento de quem cumpre a lei.

Ironia


A vingança serve-se quente: os iranianos pedem que a França trate bem os seus cidadãos. Para quem tem uma grande autoridade moral em matéria de respeito pelos direitos cívicos, só pode ser uma ironia. De todo o modo, não deixa de ter graça!

Twitter


Desde há algumas horas, o Twitter anda em rebuliço. O novo proprietário, Elon Musk, resolveu limitar as visitas diárias à plataforma, que já tinha vindo a sofrer outras restrições, e isso está a provocar uma visível angústia em quem passava por ali os dias e fazia daquilo a sua vida. Chega a ser patética a orfandade destilada pela perda do brinquedo. Se os gestores de outras redes sociais fizessem o mesmo, o mundo seria muito mais saudável. E, de caminho, eles também podiam acabar com o flagelo do anonimato, obrigando toda a gente a ter a coragem de assinar o que escreve com o seu próprio nome.

Bistrô da Quinta do Tedo



Habituou-se a ir ao DOC, do Rui Paula, na Folgosa, na famosa estrada 222, que liga a Régua ao Pinhão? Então experimente, sem remorsos, andar um par de quilómetros mais, no lugar onde o rio Tedo encontra o Douro, suba o monte umas escassas centenas de metros e lá vai encontrar a Quinta do Tedo. Reserve pelo 910832707, sempre! (Estou certo que o Rui Paula, distraído na Casa de Chá da Boa Nova, me vai perdoar esta pontual "traição".)

O Bistrô (o nome completo é Quinta do Tedo Família Geadas Bistro Terrace) é a mais recente obra dos irmãos Óscar e Tó Luís, a dupla de sucesso que transformou o restaurante da Pousada de Bragança numa Estrela do Michelin. E que, no castelo da cidade, criou entretanto o Contradição. Verdade seja que tinham a quem sair: à mãe Iracema, que oficia com uma imensa qualidade no Geadas, e ao pai Adérito, ali a tomar conta da cena. 

O Bistrô não é muito grande, não é deslumbrante como espaço interior (e têm de cuidar da acústica), mas tem a vista deliciosa que a imagem mostra e, no jantar de ontem, tinha o serviço solto e bem disposto da Cíntia, que me tratava por "cavalheiro" - a última vez que me haviam chamado assim foi numa tasca de polvo, em Orense. 

A lista, desenhada pelo Óscar, não é imensa: creio que uma meia dúzia de entradas, outra tanta de peixes, idem de carnes e outra de sobremesas. A carta de vinhos tem o dedo inconfundível do Tó Luís, com um excelente equilíbrio na oferta. Fomos para dois vinhos da Quinta do Tedo: um belo rosé, mais poderoso e seco do que o habitual, e um reserva tinto, robusto, com o clássico trio de castas dos T (touriga nacional, touriga franca e tinta roriz).

Não vou recomendar o que o leitor deve comer: cada um sabe de si. Apenas posso dizer que, dos quatro ocupantes da nossa mesa, ninguém se queixou: magnífica apresentação dos pratos, qualidade excecional dos produtos, sabor magnífico em tudo, do pão da casa às belas sobremesas, completado por um Porto, a fechar as hostilidades.

Falemos então de preços: não foi uma refeição barata. Mas, caramba, come-se muito bem, a paisagem é soberba e uma vez não são vezes!

"Allons, enfants..."


"Allons, enfants de la Patrie
Le jour de gloire est arrivé 
Contre nous, de la tyrannie 
L'étendard sanglant est levé"

Era a isto que Rouget de Lisle se referia em "La Marseillaise"? Ao pé do que se tem passado nestes dias, o Maio de 1968 foi uma doce brincadeira...

sábado, julho 01, 2023

Lavrov e Nogueira


Ao ouvir Sergei Lavrov, na entrevista à RTP, veio-me à memória Franco Nogueira. Com as óbvias diferenças de cada caso, bem entendido - para os mais puristas, que sempre saltam a terreiro fácil.

Em ambos, encontramos uma diplomacia de altíssima craveira, posta ao serviço de uma linha política acossada, sob forte pressão externa, com guerra pelo meio. Em ambos, é patente uma laboriosa criatividade no argumentário utilizado, tentando vender coisas que, intimamente, sabem serem de impossível aceitação por imensa gente. Em ambos, encontramos excelentes diplomatas "doublés" de políticos, ao serviço de poderes autoritários, para quem a "accountability" democrática é um empecilho à afirmação de uma megalomania nacionalista. Em ambos, os fins justificam amplamente os meios a utilizar.

Não conheci pessoalmente Franco Nogueira, embora tenha lido tudo o que escreveu. Conheci razoavelmente bem Sergei Lavrov, de quem fui colega, há mais de 20 anos.

A figura com quem, ontem, Evgueni Mouravitch falou para a RTP, num interessante "furo" jornalístico, embora pouco conseguido como entrevista política, é um homem muito mais tenso e crispado do que o diplomata com quem trabalhei em Nova Iorque. O Sergei Lavrov desses tempos era um homem de sorriso pronto, com humor e grande cordialidade.

A verdade é que, quer Lavrov quer Franco Nogueira, poderiam repetir Ortega y Gasset: "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim".

A extrema-direita alemã


Ver aqui: https://youtu.be/TtaN0d--KsM

Temido temida?

A urticária criada pelo anúncio de uma possível candidatura de Marta Temido à Câmara de Lisboa, já muito evidente nas redes sociais, revela que ela pode ser uma excelente escolha por parte do PS. O meu amigo Carlos Moedas que se cuide!

Lavrov

Esteve bem a RTP na sua decisão de entrevistar Sergei Lavrov. Contudo, Evgueni Mouravitch, um excelente jornalista, com um histórico de coragem e grande equilíbrio, não deveria ter deixado Lavrov prolongar as suas arengas e podia tê-lo confrontado com algumas questões incómodas.

A revolta da Wagner (antes de Surovikin)

 

Pode ver aqui.

Está frio...

... mas está um belo dia!