"ser arrastada para a guerra" é uma péssima expressão. Dá uma ideia de passividade: a Europa não entra na guerra por sua livre vontade, é apenas "arrastada" por outrém para ela. O facto é que, se a Europa entrar na guerra, fá-lo-á exclusivamente por sua própria vontade. Ninguém a obrigará a entrar na guerra.
Pois logo de manhã (que para mim é aí para o meio-dia), já estava a comprar a Visão na papelaria do Corte Ingles, com o carro já enfiado no estacionamento, como todas as 5ªas feiras, são os dias de ir para os lados da Avenida A3 (António Augusto Aguiar).
O texto que subscreve é o que eu esperava que subscrevesse, andamos aqui há suficiente tempo a lê-lo e a ouvi-lo para não termos surpresas, escrito da forma simples que todos entendem, da mesma forma que fala. Escrever como se fala ou falar como se escreve são bênçãos raras.
Consensual não será e ainda bem, o que é consensual não interessa grande coisa, ninguém progride embrulhado em consensos, ainda que façam as alegrias dos que vivem comodamente sentados neles e não gostam da saudável e educativa luta de argumentos e opiniões. Mas aponta a saída possível e está explicado o porquê no último parágrafo. É que voltamos sempre ao mesmo: quantos estão disponíveis para correr riscos pessoais efectivos, mesmo que esses riscos se reduzam a uns bons aumentos de impostos para financiar esforços de guerra (já que contam que sejam outros a arriscar a vida?). Pois muito pouca gente de livre e expontânea vontade, as excepções só confirmam a regra.
Estamos num mundo em que 90% das pessoas se mostram muito preocupadas com tudo à sua volta, da guerra ao ambiente e, no entanto, este ano são esperados recordes de viagens de férias no Verão (segundo todos os operadores turísticos). Como eu costumo dizer fica sempre bem uma frase bonita, mesmo que não se sinta uma palavra do que se disse.
PS- Alguns dos outros textos mereceriam comentário, mas obviamente que não são para aqui chamados.
O anonimo das 14:37 tem razao! A Europa, e os EUA, já estão em guerra.
Mas hà quem esqueça frequentemente, quando dizem que tivemos 75 anos de paz, na Europa, graças à UE . A União Europeia, com a NATO, destruiu a ferro e fogo a Jugoslávia, um país europeu pacífico do qual fez confetes bélicos: Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Macedónia do Norte, Kosovo.
A NATO é um exército sob comando americano que, depois de decepar a cabeça do patinho feio comunista europeu, foi destruir os países árabes.
Em suma, há décadas que os países da União Europeia travam guerras sob o comando dos EUA.
Se a França já não é atacada é porque possui armas atómicas. Não precisa da União Europeia para garantir a sua segurança. Sem a NATO, à qual está militarmente sujeita, não travaria qualquer guerra em nome dos EUA. Ela não brincaria de ameaçar a Rússia.
A opinião está condicionada a um “maniqueísmo” tão caricaturado quanto odioso que pretende manipulá-la para aceitar sem pestanejar decisões que, noutros tempos, dificilmente teriam sido toleradas.
Os “bons” revolucionários ucranianos de Kiev brandindo a bandeira da União Europeia contra os “maus” russos que querem esmagar a infeliz Ucrânia. E não temos direito a nuances, porque arriscamos a ira dos “formadores de opinião”!
Sem falar no inefável BHL que foi tirar uma foto nas barricadas da Praça Maidan, em Kiev...
De qualquer maneira, a Ucrânia é o fracasso da UE.
Talvez devido à complexidade do problema ! A realidade, é que a Ucrânia está dividida entre uma parte ocidental católica, de tendência europeia e amiga da Polónia, e uma parte oriental de língua russa. Quanto à Crimeia, a sua população é essencialmente constituída por russos de religião ortodoxa.
Não sou grande entusiasta do “The Guardian” nos tempos que correm. Aquilo que já foi um jornal de referência para todos (que são muitos) passou a ser um jornal de referência para alguns (que são poucos), tal a natureza específica das posições que toma em todo o tipo de assuntos. Para quem vive fora dessas “bolhas”, mas tem os conhecimentos suficientes para saber o que se passa dentro das mesmas “bolhas”, é por vezes difícil de acompanhar, tal as doses de “wishful thinking” que por ali se encontram, acompanhadas de propostas de futuro que “para salvar 100 pessoas matam 1000”.
Não digo que não se deva e seja essencial dar atenção às visões do mundo e das coisas que nos chegam por aquelas vias (temos por cá também algo do estilo, ainda que não tão exagerado, por assim dizer). Mas não TODA a atenção, à força de ser doutrinados a toda a hora já ninguém dá o devido valor à doutrinação, é contraproducente, os entusiastas das “causas fracturantes” lá vão vivendo daquilo, uns porque é só o que lhes interessa, outros porque é assim que ganham a vida.
No entanto e a propósito do que diz o Sr. Joaquim de Freitas, fui repescar um título e um subtítulo do “The Guardian” de 12 de abril de 2016.
Aqui vai, no original:
“Barack Obama says Libya was 'worst mistake' of his presidency” “Failing to plan’ for the aftermath of Muammar Gaddafi’s downfall is the US president’s biggest regret from his time in office”
Não vou entrar nos pormenores do que se passou na Líbia, outros o poderão fazer muito melhor que eu, do que aquilo era e do que é, algo para mim óbvio porque as pontas “tribais” que estavam seguras com mão-de-ferro por quem se sabe ficaram todas soltas de repente (para simplificar). É este “aftermath” no que concerne à Rússia (por um lado ) e à Ucrânia (pelo outro), que admito que alguém já tenha pensado nele mas que esse alguém não tenha sido ouvido por muita gente, ainda estamos na fase do “não há-de ser nada e agora vou de férias” para uns e do “depois logo se vê e agora vou de férias” para outros.
A UE parece assim estar a comportar-se como o “herói”, naquela acepção da palavra que por vezes é a única: o herói é o que foge para a frente.
Os EUA, com Biden ou com Trump irão pelo mesmo caminho, pode demorar um pouco mais com um do que com o outro, mas o Pacífico é a “guerra deles" desde o 1º mandato de Obama. Israel já é diferente, mas não é disso que falamos aqui.
5 comentários:
"ser arrastada para a guerra" é uma péssima expressão. Dá uma ideia de passividade: a Europa não entra na guerra por sua livre vontade, é apenas "arrastada" por outrém para ela.
O facto é que, se a Europa entrar na guerra, fá-lo-á exclusivamente por sua própria vontade. Ninguém a obrigará a entrar na guerra.
A Europa, e os EUA, já estão em guerra.
Pois logo de manhã (que para mim é aí para o meio-dia), já estava a comprar a Visão na papelaria do Corte Ingles, com o carro já enfiado no estacionamento, como todas as 5ªas feiras, são os dias de ir para os lados da Avenida A3 (António Augusto Aguiar).
O texto que subscreve é o que eu esperava que subscrevesse, andamos aqui há suficiente tempo a lê-lo e a ouvi-lo para não termos surpresas, escrito da forma simples que todos entendem, da mesma forma que fala.
Escrever como se fala ou falar como se escreve são bênçãos raras.
Consensual não será e ainda bem, o que é consensual não interessa grande coisa, ninguém progride embrulhado em consensos, ainda que façam as alegrias dos que vivem comodamente sentados neles e não gostam da saudável e educativa luta de argumentos e opiniões.
Mas aponta a saída possível e está explicado o porquê no último parágrafo.
É que voltamos sempre ao mesmo: quantos estão disponíveis para correr riscos pessoais efectivos, mesmo que esses riscos se reduzam a uns bons aumentos de impostos para financiar esforços de guerra (já que contam que sejam outros a arriscar a vida?).
Pois muito pouca gente de livre e expontânea vontade, as excepções só confirmam a regra.
Estamos num mundo em que 90% das pessoas se mostram muito preocupadas com tudo à sua volta, da guerra ao ambiente e, no entanto, este ano são esperados recordes de viagens de férias no Verão (segundo todos os operadores turísticos).
Como eu costumo dizer fica sempre bem uma frase bonita, mesmo que não se sinta uma palavra do que se disse.
PS- Alguns dos outros textos mereceriam comentário, mas obviamente que não são para aqui chamados.
O anonimo das 14:37 tem razao! A Europa, e os EUA, já estão em guerra.
Mas hà quem esqueça frequentemente, quando dizem que tivemos 75 anos de paz, na Europa, graças à UE . A União Europeia, com a NATO, destruiu a ferro e fogo a Jugoslávia, um país europeu pacífico do qual fez confetes bélicos: Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Sérvia, Macedónia do Norte, Kosovo.
A NATO é um exército sob comando americano que, depois de decepar a cabeça do patinho feio comunista europeu, foi destruir os países árabes.
Em suma, há décadas que os países da União Europeia travam guerras sob o comando dos EUA.
Se a França já não é atacada é porque possui armas atómicas. Não precisa da União Europeia para garantir a sua segurança. Sem a NATO, à qual está militarmente sujeita, não travaria qualquer guerra em nome dos EUA. Ela não brincaria de ameaçar a Rússia.
A opinião está condicionada a um “maniqueísmo” tão caricaturado quanto odioso que pretende manipulá-la para aceitar sem pestanejar decisões que, noutros tempos, dificilmente teriam sido toleradas.
Os “bons” revolucionários ucranianos de Kiev brandindo a bandeira da União Europeia contra os “maus” russos que querem esmagar a infeliz Ucrânia. E não temos direito a nuances, porque arriscamos a ira dos “formadores de opinião”!
Sem falar no inefável BHL que foi tirar uma foto nas barricadas da Praça Maidan, em Kiev...
De qualquer maneira, a Ucrânia é o fracasso da UE.
Talvez devido à complexidade do problema ! A realidade, é que a Ucrânia está dividida entre uma parte ocidental católica, de tendência europeia e amiga da Polónia, e uma parte oriental de língua russa. Quanto à Crimeia, a sua população é essencialmente constituída por russos de religião ortodoxa.
Não sou grande entusiasta do “The Guardian” nos tempos que correm.
Aquilo que já foi um jornal de referência para todos (que são muitos) passou a ser um jornal de referência para alguns (que são poucos), tal a natureza específica das posições que toma em todo o tipo de assuntos.
Para quem vive fora dessas “bolhas”, mas tem os conhecimentos suficientes para saber o que se passa dentro das mesmas “bolhas”, é por vezes difícil de acompanhar, tal as doses de “wishful thinking” que por ali se encontram, acompanhadas de propostas de futuro que “para salvar 100 pessoas matam 1000”.
Não digo que não se deva e seja essencial dar atenção às visões do mundo e das coisas que nos chegam por aquelas vias (temos por cá também algo do estilo, ainda que não tão exagerado, por assim dizer).
Mas não TODA a atenção, à força de ser doutrinados a toda a hora já ninguém dá o devido valor à doutrinação, é contraproducente, os entusiastas das “causas fracturantes” lá vão vivendo daquilo, uns porque é só o que lhes interessa, outros porque é assim que ganham a vida.
No entanto e a propósito do que diz o Sr. Joaquim de Freitas, fui repescar um título e um subtítulo do “The Guardian” de 12 de abril de 2016.
Aqui vai, no original:
“Barack Obama says Libya was 'worst mistake' of his presidency”
“Failing to plan’ for the aftermath of Muammar Gaddafi’s downfall is the US president’s biggest regret from his time in office”
Não vou entrar nos pormenores do que se passou na Líbia, outros o poderão fazer muito melhor que eu, do que aquilo era e do que é, algo para mim óbvio porque as pontas “tribais” que estavam seguras com mão-de-ferro por quem se sabe ficaram todas soltas de repente (para simplificar).
É este “aftermath” no que concerne à Rússia (por um lado ) e à Ucrânia (pelo outro), que admito que alguém já tenha pensado nele mas que esse alguém não tenha sido ouvido por muita gente, ainda estamos na fase do “não há-de ser nada e agora vou de férias” para uns e do “depois logo se vê e agora vou de férias” para outros.
A UE parece assim estar a comportar-se como o “herói”, naquela acepção da palavra que por vezes é a única: o herói é o que foge para a frente.
Os EUA, com Biden ou com Trump irão pelo mesmo caminho, pode demorar um pouco mais com um do que com o outro, mas o Pacífico é a “guerra deles" desde o 1º mandato de Obama.
Israel já é diferente, mas não é disso que falamos aqui.
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