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quarta-feira, junho 27, 2012

Júlio Montalvão Machado

Júlio Montalvão Machado, de cuja morte me avisaram há pouco, era um homem amável e sereno, sempre com um sorriso de pessoa com quem a vida estava bem. O seu compromisso com a liberdade tornou-o um perseguido durante o Estado Novo, período em que foi impedido de exercer, como médico, quaisquer funções públicas. Conhecemo-nos em 1969, nas lutas oposicionistas contra o Estado Novo, na campanha para as "eleições" para a Assembleia Nacional. Recordo-me bem de me ter dito, quando lhe fui apresentado: "Tenho grande gosto em conhecê-lo. O seu avô foi um dos maiores amigos do meu pai". Curiosamente, nessa campanha, acabámos por ter algumas divergências doutrinárias, por diferentes perspetivas sobre a questão colonial. Onde isso tudo vai... 

Depois do 25 de abril, cruzámo-nos muitas vezes e sempre pude apreciar nele o homem de diálogo e o espírito culto que o transformava numa das grandes e respeitadas figuras de Chaves e em todo o distrito de Vila Real - cidade onde, aliás, tal como eu, nascera.

Há algum tempo, os amigos comuns António Ramos e Alexandre Chaves organizaram com ele um agradável jantar no Forte de S. Francisco, onde trocámos histórias, nesse jeito tão transmontano de perder as horas da noite, ganhando-as na conversa amena. Foi a última vez que conversámos. E é com muita pena que agora o vejo desaparecer. 

Entrevista à revista "Must"

Aque horas se costuma levantar?  Em regra, tarde. Desde que saí da função pública, recusei todos os convites para atividades “from-nine-to-f...