segunda-feira, abril 01, 2024

Ucrânia (2)

Está a causar alguma perplexidade no mundo que apoia a luta do governo ucraniano o facto do Zelensky estar a levar a cabo mudanças, que são vistas como muito substanciais, no aparelho político-militar e no seu círculo próximo de conselheiros. Aventa-se a possibilidade de que o presidente ucraniano pode estar a defrontar-se com vozes que colocam em causa a sua orientação.

5 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Por muito grande seja que o sentimento contra o invasor, haverá decerto quem considere a necessidade de outra orientação, quer nas esferas militares, quer na opinião pública. O "queremos que isto acabe" vai começando a ganhar força.

manuel campos disse...


"Aventa-se a possibilidade..." é uma expressão própria de um muito experiente diplomata.
Não sendo eu um diplomata diria que está mesmo "a defrontar-se com vozes que colocam em causa a sua orientação" e que essas vozes se vão tornando mais audíveis à medida que vão percebendo que a política actual, não tendo tudo para acabar mal, tem muito para não correr bem em face das mudanças de "visão dos acontecimentos" que vão surgindo entre os aliados, forçadas a maior parte das vezes pelas suas condições e dificuldades internas.

Por força de alguma crescente incapacidade (por razões de ordem prática e não só) para satisfazer as necessidades em armamento da Ucrânia, a ideia de que a Rússia se reconverteu em parte numa "economia de guerra" e da noção, por enquanto vaga, de que muitas opiniões públicas pelo mundo fora balançam entre o que consideram moralmente correcto mas na prática cada vez mais inexequível, estará a acontecer aquilo a que o Francisco de Sousa Rodrigues diz e com que concordo plenamente.

Só quem tem uma vidinha descansada é que pode continuar a achar que é só mandar para lá armas e munições, que o povo ucraniano não quer outra vida.

Como todos sabemos não basta ter toda a razão do nosso lado se não conseguirmos resolver os problemas sózinhos, convém também que aqueles que nos ajudam ou podem ajudar o queiram continuar a fazer (pelo menos) nos moldes em que o vêm fazendo.
Se isto é válido para os indivíduos (cada um de nós), quanto mais será para um país devastado e em guerra há mais de 2 anos, que terá que ser reconstruído e não só do ponto de vista da construção civil, essa até é a mais fácil de todas (até porque candidatos não faltam, já fazem fila).
É que para “reconstruir” as pessoas que perderam a família, os bens e cuja vida perdeu todo o sentido não vejo, não ouço nem leio ninguém a falar disso e, sem essa preocupação à cabeça, privo-me de dizer o que penso dos que a esquecem por sistema.

Esta notícia aqui “aventada”, a estar a acontecer assim, é um mau sinal, não é esta a altura para mudar a equipa toda ou pelo menos substituir muitas peças-chave.
Os "adversários" querem-se perto em determinadas alturas, controlam-se melhor.
Há quem lhe chame “chicotada psicológica” mas não sei até que ponto não será uma “chicotada de autoflagelação”.

Joaquim de Freitas disse...

Com a eclosão da guerra em Israel, já simplesmente manter a atenção do mundo na Ucrânia tornou-se um grande desafio! E quanto a dar mais dinheiro…quando temos tanta falta dele!

Ler o testemunho dum soldado que luta na frente entre Robotyne e Verbove, que diz que as baixas ucranianas atingiram níveis alarmantes, em parte graças aos drones. As planícies de Zaporozhye viraram as costas à vida, diz ele ao “The Economist”, Cadáveres, cheiro de cadáveres, morte, sangue e medo. Nem um grama de vida, apenas o fedor da morte.” Membros de unidades como a dele tinham maior probabilidade de morrer do que de sobreviver. “70% – 30%. Alguns nem sobrevivem até a primeira batalha.”

No entanto, Zelensky incentiva-os a continuar.

A Ucrânia está a perder a guerra porque houve uma percepção inadequada à situação real.

No início da guerra, dizer que lutavam contra os sem-abrigo, que o exército russo não sabia lutar, que em princípio a vitória seria alcançada numa ou duas semanas, um mês no máximo…
Que primeiro na primavera, depois no verão, depois no Outono, depois no inverno, mas qual ?, iriam recuperar a Crimeia…

Como a lista das doenças de Putin, que os “jornalixeiros”alongavam todos os dias, e Putin nunca mais morria…

Os russos, ao contrário,começaram a perceber que a guerra não seria fácil para eles. Eles entenderam que teriam que lutar por muito tempo.

Se a Ucrânia tivesse realmente lutado contra os “degenerados”, já os teria derrotado há muito tempo. A Rússia tem recursos, que uma vez postos em “marcha”, acabam por esmagar os adversários.

Napoleão, Hitler e muitos outros que procuraram a guerra contra a Rússia tiveram de aprender a nunca subestimar a profundidade dos seus recursos. Hoje, a NATO, os Estados Unidos e os seus vassalos europeus estão a aprender esta lição.

Anónimo disse...

Não me admiraria que Zelensky e o seu regime caíssem (de podre) por dentro. Aguardemos com curiosidade.
a) P.Rufino

Anónimo disse...

É claro que a Ucrânia nunca conseguirá derrotar a Rússia. Europeus e Americanos, sabendo isso, gostam de entusiasmar os ucranianos a morrerem mas nenhum quereria ir para lá dar o corpo ao manifesto. A Ucrânia vai ter de negociar em condições muito menos favoráveis do que se o tivesse feito há mais tempo.
Há quem espere que um golpe de Estado deponha Putin. Mas é altamente provável que isso aconteça na Ucrânia, fartos de perder filhos, maridos, irmãos, amigos, acabem correndo com Zelensky.
É terrível ver jovens ucranianos e russos morrerem aos milhares. Esta ideia é insuportável para quem andou na nossa guerra colonial. São camiões e camiões a transportarem corpos de jovens mortos.
Zeca

Terras baixas