domingo, junho 30, 2024

Os eufemismos

Teve imensa graça ouvir há pouco Alain Duhamel, velha raposa do jornalismo francês, que sempre tratou o Rassemblement National como um grupo de extrema direita, usar o qualificativo de "nacional-populismo, saído da extrema-direita". A aproximação de um partido ao poder acaba por trazer estes efeitos.

Dois irresponsáveis da política contemporânea

 


Eleições em França


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Agora

A esquerda francesa devia apresentar, desde hoje, um nome para chefe do governo que, simultaneamente, pudesse federar as suas fações e surgir como aceitável por quantos, no centro e na direita, se disponham a usar o seu voto, na segunda volta, para derrotar a extrema-direita.

Tentação da prosa


Recordo-me que, quando Luís Castro Mendes iniciou as suas crónicas semanais no "Diário de Notícias", fiquei com alguma curiosidade em perceber o tom que ele iria escolher no fixar dessa sua nova aventura na escrita. Conhecia-lhe já a prosa, a sua limpidez, a riqueza vocabular, o fluir fácil e elegante do estilo, saído de alguém para quem a produção de textos constitui um óbvio ato de prazer. Logo ficou claro que, por opção própria, iam ser crónicas abertas, sem tema fixo, no pleno exercício da liberdade do autor, ao sabor dos estímulos da conjuntura e dos humores do dia. Enfim, no verdadeiro espírito das crónicas num jornal. Desde muito cedo, dei por mim a pensar: isto, daqui a uns tempos, pode vir a resultar num livro muito interessante. Não me enganei, ele aí está. 

Diplomata por profissão e por vocação, o Luís manteve sempre uma segunda vida, que o acompanhou e que ele soube bem harmonizar com a primeira: a poesia. A regular produção poética, que já vinha da juventude, foi-o seguindo nas suas andanças pelo mundo, garantindo-lhe uma espécie de pouso de recuo lúdico que, para além de dever ser profundamente enriquecedor, é visivelmente fautora da sua realização pessoal. Digo isto porque nunca pressenti que o Luís fosse um poeta cuja pena se arrastasse por angústias e pela sofrida descoberta alambicada das palavras, tiradas estas a ferros, em horas penosas, olhando a folha branca. A sensação que tenho, até porque ele o confessa, é que o nosso autor adora cultivar a escrita poética e retira dela um prazer saudavelmente egoísta - e isto é dito no bom sentido -, antes de altruisticamente a fazer partilhar. E já lá vão muitos livros! 

Por tudo isso, o Luís não necessitava de uma experiência na prosa para se realizar na escrita. Mas este seu tempo na crónica, ao que sei sem minimamente lhe ter atenuado a vocação poética essencial, abriu-lhe um espaço complementar de intervenção pública. Para quem o conhecia menos bem, estas crónicas vêm revelar algumas facetas interessantes da sua forma de olhar a vida. Para quem o conhece melhor, estes textos ajudam a perceber o modo como ele vai encarando o mundo que evolui à sua volta. E não deixam de ser uma revelação. 

Habituado a uma infância e juventude itinerantes, por virtude da profissão do seu pai, o nosso autor veio também a escolher como destino uma atividade onde mudar de casa, de quando em vez, é uma das regras do jogo. Daí que as referências às viagens, às cidades, aos lugares, ao sentido saltitante de vida surjam, com frequência, em muitos dos seus textos. Se já na sua poesia isso era visível, as crónicas vieram a dar mais expressão a esse seu deslumbre pelos encontros com novas realidades, com contrastes e experiências. Dito isto, ao reler estas crónicas, constato que o Luís, embora sensível aos ambientes onde o percurso profissional o conduziu, preserva-se sempre bastante e opta por não "go native", fugindo ao tropismo dos que vivem a carreira diplomática deslumbrados com as cores da "National Geographic". 

Uma das curiosidades que eu tinha, na observação do início destas crónicas, era perceber o modo como o Luís iria passar a trabalhar, nos textos, a sua faceta de cidadão politicamente empenhado. Uma passagem breve pelo governo havia culminado, em termos institucionais, uma vida em que o posicionamento ideológico, se bem que nunca escondido, esteve sensatamente atenuado, por muitos anos, por óbvio dever de ofício. As crónicas permitiram fazer vir ao de cima alguém que se confessa ser na razão um radical, embora no temperamento seja um moderado. A esquerda corre-lhe nas veias, uma constante indignação com as quebras na decência cívica é visível na rejeição de um certo mundo que vive nos antípodas daquilo que ele sente como desejável para o Portugal de Abril, que desde há muito o orienta e o faz combater a indiferença. Com elegância mas com firmeza, as crónicas de Luís Castro Mendes zurzem, quando oportuno, quem ele acha que merece ser zurzido. E acha bem, digo eu. 

Dos textos, das citações e dos nomes, resulta uma saudável obsessão do autor em torno dos livros. Na vida do Luís, os livros, os livros lidos, estão um pouco por todo o lado: ocupam muitas horas e muitas estantes, fruto de uma desesperada e infrutífera tentativa, quase renascentista, de conseguir acompanhar o que de bom é publicado, aqui e lá fora, com a França bastante nesse horizonte. Devo dizer que, não estando próximo de muitas das suas opções temáticas, tenho uma infinita compreensão e solidariedade por esta angústia, que conheço bem, que arruina a bolsa mas ilumina os dias. Como fruto dessas suas experiências, o autor revela-se atento, cuidadoso e escrupuloso nas referências que partilha, dessa forma enriquecendo as crónicas e partilhando generosamente as suas leituras. 

Acabado o livro, fico com a sensação de que Luís Castro Mendes se assume, por inteiro, nestes seus textos. Quero com isto dizer, por exemplo, que ele não hesita em carrear para as suas crónicas a alegria da vida familiar, gozada neste seu novo tempo. Aqui ou ali, pode não disfarçar alguma melancolia que o avançar do calendário lhe traz. Mas, do que deixa escrito, resulta o retrato claro de quem se sente de bem com o que a vida lhe trouxe, ou melhor, com aquilo que nela soube e pôde construir. As crónicas de Luís Castro Mendes espelham alguém que olha os dias que aí vêm, para todos nós, já sem algumas das ilusões geracionais, mas com notas permanentes de esperança e de otimismo. E delas transparece uma imensa e invejável felicidade no usufruto daquilo que o presente lhe proporciona. 

(Texto do prefácio que fiz para "Tentação da Prosa", livro de crónicas de Luís Filipe Castro Mendes)

sábado, junho 29, 2024

Too late?


Clinton e Obama saíram em defesa de Biden, depois da desastrosa prestação deste, no debate com Trump. Para além da consideração pessoal e política pelo esforço do presidente, quererão dar nota de que já é tarde para encontrar um nome capaz de derrotar Trump. Se calhar, têm razão.

Baryshnikov


Desde há muitos anos, e até há minutos, vivia na convicção de que Mikhail Baryshnikov, o famoso bailarino com nacionalidade americana e letã, tinha nascido no mesmo dia que eu. Ele em Riga, eu em Vila Real.

Depois de ler a entrevista que hoje dá ao New York Times, constatei que, na realidade, ele é um dia mais velho do que eu. 

Olhei entretanto a fotografia com que o jornal ilustra a peça e concluí que essa diferença no calendário é uma evidência, tão óbvia, afinal, como são todas as evidências que nos confortam o ego.

(E houve quem levasse este post à letra! A ironia não tem vida fácil!)

Novas da guerra


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Eleições em França


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sexta-feira, junho 28, 2024

Costa no triângulo europeu


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A França e os judeus

Um dos fenómenos mais marcantes na atual política interna francesa está a ser a transição da clássica questão do anti-semitismo da extrema-direita para a esquerda radical. O tema, que foi sempre uma nuvem negra sobre Le Pen e os herdeiros do colaboracionismo, passou agora a manchar os setores da esquerda que criticam fortemente Israel e mantêm uma linguagem que alguns consideram equívoca sobre o Hamas. É muito curioso ver o Rassemblement National conseguir escapar ao tema e observar a atrapalhação de setores do La France Insoumise, perante o embaraço dos seus parceiros do Nouveau Front Populaire. A questão judaica é um dos temas mais penosos na sociedade francesa.

Costa em Bruxelas


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Carmo Afonso

A alegria com que, em alguns meios, foi recebida a notícia da suspensão da coluna que Carmo Afonso mantinha no "Público" só demonstra o saudável incómodo que os seus textos provocavam na direita da paróquia. E ainda torna mais suspeita a decisão do jornal.

Alexandra Leitão

Alexandra Leitão é uma figura socialista assertiva, cujo sucesso causa engulhos a muita gente. A descontextualização de uma sua frase, com um sentido perfeitamente óbvio, está a ser explorada de forma desonesta pelos seus inimigos. A política é também saber resistir à má fé.

Teoria

Há a tese de que a CNN, uma estação claramente democrata, estimulou a realização deste debate antecipado, que não tem precedente na memória eleitoral americana, para provocar um sobressalto nas hostes democráticas, como derradeira pressão para forçar a desistência de Biden.

Um sorriso no Kremlin

É muito tarde em Moscovo, mas acho que Putin não deu por mal empregado o serão.

Mentiras

O que é extraordinário na vida política americana é que um mentiroso compulsivo e despudorado como Donald Trump tenha conseguido, em horário mais do que nobre, engatilhar uma imensidão de falsidades e de exageros, sem ter sido minimamente "fact-checked" e denunciado. 

Surpresa

Não consigo perceber por que houve pessoas surpreendidas com a prestação de Biden. Terei sido só eu quem, ao longo dos últimos anos, sempre viu Biden com esta mesma postura, estas mesmas hesitações e lapsos, ilustrando à perfeição a palavra inglesa "frail"?

Bye, bye, Biden


Alan Katz, antigo embaixador americano em Portugal, escreveu, há precisamente dois anos, um corajoso artigo na "Newsweek", apelando a que Joe Biden se afastasse, dando espaço a um novo candidato democrático.

O debate de ontem provou que Alan Katz tinha toda a razão.

Trump


É importante ouvir o que Trump disse sobre a Ucrânia e a Rússia, tal como é muito significativo o facto de ele ter iludido a questão sobre o modo como a guerra pode terminar. Não fica a menor dúvida de que, se for eleito, proporá a Putin um acordo em termos favoráveis à Rússia.

Biden


Já me enganei algumas vezes, no passado, na política americana. Mas hoje reforcei a minha perceção de que Biden não conseguirá ser reeleito no dia 5 de novembro.

Depois do sono

Daqui a pouco, vou assistir ao debate Biden-Trump. Depois (espero que não seja durante...), vou dormir umas boas horas. Quando acordar e tiver almoçado, direi que penso.

Ganda capa. Grande verdade

 



Procurem...

Continuo a achar que não se deve pedir à senhora procuradora-geral da República para se demitir. A senhora dever ser demitida e já. A decência e a autoridade do Estado já deviam ter conduzido o primeiro-ministro e o presidente da República a esse gesto. Por que não o fazem?

Justiça

Devem ser lidas com atenção as declarações da ministra da Justiça sobre a intervenção que anuncia pretender fazer no Ministério Público. A sua importância será sempre proporcional ao desagrado que as medidas vierem a provocar, em especial nos usufrutuários mediáticos do costume. 

To Renew an opinion...

O mundo é muito engraçado. O Renew, o partido liberal europeu, votou favoravelmente o nome de António Costa para presidente do Conselho Europeu. Quem é vice-presidente do Renew? : Cotrim de Figueiredo, da IL. Sim, esse mesmo, que disse que nunca votaria a favor de António Costa. 

quinta-feira, junho 27, 2024

Manuel Fernandes


Tinha uma voz rouca, inconfundível. E tinha, entranhado, um imenso e saudável sportinguismo. Um dia, numa sala de espera da SIC, disse-lhe do gosto que tinha em conhecê-lo pessoalmente, a ele que quase não fazia ideia de quem eu era, mas a quem eu devia alegrias que não esquecia. Falámos uns minutos, já nem sei bem de quê. Morreu agora, com 72 anos.

Estranho

Há coisas estranhas. Consegui não ver um único debate nas eleições europeias em Portugal. Esta semana, já vi dois debates eleitorais em França, esta noite vou ver o Biden-Trump e ainda tenho que assistir ao Sunak-Starmer. 

António Costa


Escrevi isto aqui há exatamente cinco anos:

"Nos últimos três dias, passados com colegas de um projeto que envolve todos os Estados membros e instituições da União Europeia, recebi imensas perguntas sobre o “futuro europeu” de António Costa. 

Espontaneamente, várias foram as pessoas que me disseram que o primeiro-ministro português é, nos dias de hoje, uma personalidade muito respeitada na União, com o seu nome a ser crescentemente mencionado para um cargo dirigente na próxima repartição de posições cimeiras. A função de presidente do Conselho Europeu foi a mais referida."

Pelos vistos, era verdade.

A bem dizer...

Estejam atentos: daqui a dias, quando o Rassemblement National francês ganhar as eleições legislativas, o jornalismo "fofo" e algum comentariado "facho-friendly" vai deixar de usar o qualificativo de "extrema-direita" para o designar. Já o fazem, desde há uns tempos, com Meloni, notem bem.

quarta-feira, junho 26, 2024

Geórgia


Comprei este óleo na Geórgia, em Tblissi, há 20 anos. (Os picuínhas de serviço escusam de dizer que se escreve Tiblissi ou Tblisi ou coisas assim. Aqui é Tblissi). Nunca fez a unanimidade cá em casa. Sei lá bem porquê, lembrei-me hoje dele.

2 - 0


Eu continuo a gostar muito do António Silva.

Comuns


Que me recorde, o "The Economist" tem um histórico muito positivo, em termos de acerto nas projeções eleitorais na política interna britânica. Daí que seja muito significativo o que acaba de publicar.

Nesta previsão, os conservadores cairiam para cerca de metade ou mesmo um terço dos seus atuais deputados e os trabalhistas mais do que duplicariam a sua representação (com maioria absoluta folgada). Liberal-democratas e escoceses do SNP não contariam minimamente para o equilíbrio final. A única verdadeira curiosidade parece ser o resultado dos ultra-conservadores e populistas do Reform. O regresso de Nigel Farage à sua liderança trouxe um sopro de entusiasmo - e de desgaste correlativo dos conservadores -, mas a peculiaridade do sistema eleitoral britânico pode não recompensá-los em termos de mandatos.

Hollande


François Hollande, numa entrevista à BFMTV, apresentou aquela que, a meu ver, foi, até ao momento, a mais eficaz defesa da lógica do "Nouveau Front Populaire", de que é candidato a deputado.

Afinal...


Com o comportamento selvagem do "povo" pelas estradas da "Volta à França", quase atropelando os ciclistas e frequentemente obrigando-os a desvios, fica absolvido o nosso pessoal na Torre e na Senhora da Graça.

Os liberais no Mundo

Cotrim Figueiredo "constatant qu’il n’avait pas les soutiens requis, a finalement abandonné. Valérie Hayer a su convaincre certaines délégations de rester à ses côtés. D’autres jugeaient son concurrent potentiel trop à droite." - no "Le Monde", hoje.

... e há as exceções, claro!

 


The Tories Saga


Começou na liderança trapalhona de Cameron, que levou ao Brexit, no nem-carne-nem-peixe de May, na arrogância ofensiva de Johnson, na incompetência obscena de Truss, no chico-espertismo sem rasgo de Sunak. Acabou assim. 

A carta forte dos socialistas

 


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Ainda a tempo...

 


As Europas


A propósito do destino próximo de António Costa, deu-me para repetir um post que aqui publiquei em 15 de fevereiro de 2013:

"Hoje, ao estacionar o meu carro na área da rua de S. Caetano reservada a algumas viaturas de quem trabalha no Centro-Norte Sul do Conselho da Europa, que atualmente dirijo, uma senhora parou em frente a mim e disse: "Eu conheço-o de qualquer sítio! É isso, vi-o na televisão! Trabalha 'na Europa', não é?".

Desvanecido com o reconhecimento, porque o nosso ego é afagado com maior facilidade à medida que avançamos (ou recuamos) na vida, disse que sim, e que agora trabalhava ali, numa estrutura do Conselho da Europa, como se podia ler na placa de estacionamento colocada na rua.

Sempre amável, a senhora inquiriu: "Essa coisa do Conselho da Europa é onde também trabalha o dr. Durão Barroso, não é?".

Desta vez com uma paciência cuja dimensão a senhora não era obrigada a adivinhar, expliquei-lhe que não, que o dr. Barroso não mandava nada por ali. E, para sua aparente surpresa, disse-lhe que o Conselho da Europa é a mais antiga instituição europeia, criada em 1949, muito antes daquilo a que hoje se chama União Europeia, que é "onde trabalha o dr. Durão Barroso".

A senhora agradeceu e disse que se lembrava de ouvir dizer, há dias, que o primeiro-ministro português estivera no Conselho da Europa.

Aí voltei a esclarecer: o dr. Passos Coelho nunca esteve no Conselho da Europa, que tem sede em Estrasburgo, ao lado do Parlamento Europeu, mas sim no Conselho Europeu, que é a instituição onde se reúnem os chefes de governo da União Europeia, geralmente em Bruxelas.

"Mas o Parlamento Europeu não é em Bruxelas? Tenho uma amiga que trabalha lá".

Aí, críptico, expliquei: "Tem razão, o Parlamento é em Bruxelas mas também é em Estrasburgo. Reune lá uma semana por mês..."

"Há-de concordar que isto é tudo uma grande confusão!", disse-me a senhora, sorridente.

Aí retorqui: "Ó minha senhora! Concordo em absoluto! Nem a senhora sabe da missa a metade..." "

António Costa


António Costa vai ser o próximo presidente do Conselho Europeu. Afinal, ainda há boas notícias!

terça-feira, junho 25, 2024

A liberdade de ser diferente

A Rússia revela a sua natureza repressiva ao proibir o acesso da imprensa ocidental. Confirma ter medo que uma "outra leitura" dos factos. E nós? Ao aceitarmos bovinamente a decisão da União Europeia de proibir o acesso aos canais russos, tivemos medo de quê? Os cidadãos são adultos e livres.

Queima

O ALDE, a ala mais à direita dentro do grupo liberal europeu, procurou explorar o mau resultado do partido de Macron e tentou contestar a atual presidência francesa do "Renew". O neófito líder dos liberais portugueses foi utilizado, como se diz em futebol, para "ir à queima". Viu-se já o resultado. Começa "bem" a IL no seu grupo europeu.

segunda-feira, junho 24, 2024

António


Há gente excelente e há gente genial. 

Um forte abraço, António! 

Carpe Diem


Ele, do norte, ao telefone, há pouco: "Já viste como o tempo anda depressa? Daqui a pouco, estamos na praia. Logo depois, "rentra" setembro e é um saltinho até ao Natal. Passa o ano e, num instante, mete-se o Carnaval, salta a Páscoa e já estamos a alinhavar o próximo IRS! E ainda não paguei este! Ufa!

Anne Lauvergeon


Há cerca de duas semanas, na excelente livraria "Passages", em Lyon, deparei-me com um livro sobre o qual tinha lido uma recensão elogiosa. Chama-se "La Promesse" e é assinado por Anne Lauvergeon.

Anne Lauvergeon é um nome muito conhecido e prestigiado no meio empresarial francês, com uma longa estada à frente da Areva, a grande empresa da energia nuclear. Recordava, ao tempo em que fui embaixador em França, que o seu nome tinha sido citado para cargos ministeriais no consulado de François Hollande. Dizia-se também que, ainda antes disso, Nicolas Sarkozy tentara recrutá-la, num dos seus movimentos de "abertura" governativa à esquerda.

Também sabia, vagamente, que Lauvergnon tinha trabalhado na presidência de François Mitterrand. O que eu desconhecia é que, no Eliseu, onde tinha entrado com 31 anos, havia sido "sherpa" para o G8 (sucedendo a Jacques Attali), chegando a secretária-geral adjunta. (Um outro secretário-geral adjunto do Eliseu "mora" agora por lá. Chama-se Emmanuel Macron). 

Também não tinha a menor noção de que, durante esses anos, ela tinha criado uma relação de grande intimidade com François Mitterrand, até à morte deste. É essa ligação, de amizade e grande dedicação pessoal, aparentemente sem dimensão carnal, que terá levado o antigo presidente a pedir-lhe que escrevesse este livro. E daí o seu título.

Trata-se de uma memória sentimental, mas é igualmente um retrato muito interessante do estranho e complexo mundo que Mitterrand foi criando à sua volta, desde a infância e os tempos políticos muito diversos em que se envolveu, com as suas redes de amigos e conhecidos, com as duas famílias paralelas que mantinha, com a gestão hábil, cínica, mas eficaz, dos seus 14 anos na chefia do Estado - tempo de mandatos imbatível O texto guia-nos também, como agilidade de escrita mas também com delicadeza, pelos dramáticos tempos de doença de Mitterand.

O livro está bem construído, o que é uma agradável surpresa. Lê-se com prazer e aprendem-se algumas coisas mais sobre a V República, tempo político francês de que há muito me tornei um viciado.

Tinha deixado o livro na minha pasta, no regresso de Lyon, onde lhe tinha ligeiramente "pegado". Ontem, agarrei as suas quase 400 páginas de um fôlego, com intervalo para o Alemanha-Suíça. Ah! E deixei outros livros que estavam no "pipeline" para trás, claro.

domingo, junho 23, 2024

Ucrânia


Se se sentisse alguma hesitação da parte de Paris, isso seria altamente significativo no equilíbrio do apoio europeu.

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Exemplo


Exemplo de afixação de propaganda eleitoral em escassos locais próprios, desmontáveis no termo das campanhas, em países onde prevalecem leis que proibem a poluição visual dos espaços públicos, onde os cidadãos não têm de ser agredidos com propaganda política no seu quotidiano.

Ronaldo (2)

Não me tinha apercebido de que abordar, com distanciação emocional e de forma crítica, a atual fase desportiva de Cristiano Ronaldo constitui um crime de lesa-pátria. Pois parece que é.

sábado, junho 22, 2024

Verdades

Hoje, as conversas oscilavam entre saber se a senhora tinha mentido ou se tinha sido miserável sujá-la àquele martírio. As duas coisas não se excluem: a senhora pode estar a mentir, mas não sei mesmo se será legítimo obter toda a verdade de uma mãe que está a passar por aquilo.

Dilema


Na TV Cine, está a dar o "Apocalypse Now - Final Cut". Nunca vi esta versão. São três horas. Tenho de optar: vê-la ou avançar em três livros que ando a ler. Eu digo quais são: o diário "Desoras" de Marcello Mathias, o "A Vida por escrito", de Ruy Castro, e  o "Hell and Other Destinations", de Madeleine Albright. 

O que é que eu posso ganhar em rever este filme, que já não conheça? Devo tê-lo visto aí umas cinco vezes, a primeira quando vivia na Noruega, duas outras em Luanda, poucos anos depois, num cinema ao ar livre junto à estação ferroviária, não longe do Hotel Presidente. A cópia era má, o som ainda era pior e o muito tempo que eu por ali tinha fez-me voltar ao cinema duas noites seguidas. É que ver um filme de guerra num país em guerra é mesmo outra coisa.

É isso! Já não vou ver o "Final Cut" do "Apocalypse Now". Há coisas a que, com a idade, sei que não voltarei. Há dias, numa paisagem deslumbrante da ilha Terceira, dei comigo a pensar: com toda a certeza, já não regresso aqui. Não senti a menor pena, ainda tenho tanta coisa para ver. Mas não será aquela vista ou este filme.

Facciosismo

Havia um conhecido dirigente um clube com nome de bairro lisboeta, juíz de profissão, que apregoava, sem vergonha: "quero que o meu clube ganhe com um golo depois da hora, em "off-side" (dizia-se assim), marcado com a mão". Estou certo que ele gostaria deste golo à (da) Turquia.

Ronaldo

Cristiano Ronaldo habituou-nos a criar uma sensação iminente de perigo quando a bola lhe andava por perto. Agora, em idênticas circunstâncias, dou comigo a conjeturar de que forma ele vai falhar o lance. Tenho muita pena, mas é o que sinto.

Real Gabinete


Portador amigo trouxe-me um exemplar do magnífico livro recém-publicado sobre o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, que a respetiva direção teve a gentileza de me oferecer. O antigo embaixador português no Brasil agradece muito a atenção.

Recordo, nesta ocasião, o que, há poucos meses, escrevi para o "Jornal de Letras ", a convite de José Carlos de Vasconcelos, um artigo a que dei o título "O Real Gabinete no tempo". Ele aqui fica:

"Quando a vida profissional me proporcionou alguns anos como embaixador no Brasil, levava comigo a curiosidade de tentar perceber um pouco melhor aquela que havia sido a mais histórica e duradoura aventura migratória portuguesa pelo mundo.

Já conhecia, embora muito ao de leve, aquele país onde iria representar Portugal, mas sabia, como todos fomos educados a saber, que essa experiência fora única e deixara uma marca singular, em todas as dimensões, desde logo na língua.

A França, a América, a África do Sul ou a Venezuela, com a África colonial pelo meio, haviam sido algumas das paragens de destino de muitos e muitos milhares de compatriotas saídos do retângulo europeu, o mais das vezes pela pior das razões: pela necessidade.

Mas o Brasil era manifestamente um caso diferente e, fazendo parte integrante dessa experiência ímpar, havia uma obra - cultural e assistencial - de que havia ficado uma muito interessante marca edificada, em várias cidades do país. É que a comunidade portuguesa no Brasil, desde tempos idos, tinha cuidado em criar uma rede de acolhimento e acompanhamento das sucessivas levas dos portugueses que ali aportavam, que acabava por funcionar como uma imagem de prestígio para a própria presença dos que os tinham antecedido.

De toda esse património de memória, que consegui conhecer em toda a sua extensão, de Belém a Salvador, do Recife a São Paulo, com outras marcas menos significativas e algumas outras já desaparecidas ou em acentuado declínio, o Real Gabinete do Rio é um caso sem par.

Num edifício de desenho eclético, onde prevalece um neomanuelino com distorção transatlântica, que recorda um pouco a estação do Rossio ou o hotel do Buçaco, aí repousam centenas de milhares de livros em língua portuguesa, de que o Gabinete é hoje, a uma grande distância, o maior repositório existente fora de Portugal.

Infelizmente, o Real Gabinete não é muito conhecido dos brasileiros, nem sequer dos muitos turistas portugueses que, no Rio, lhe preferem o Calçadão, Ipanema ou o Leblon. Situado numa zona que veio a tornar-se algo periférica, só lentamente começa agora a surgir nos itinerários turísticos e culturais.

Em tempos idos, para os portugueses desafetos ao regime ditatorial que vigorou no seu país até 1974, o Real Gabinete representava também uma certa "colónia" de matriz saudosista, que tendia a confundir o respeito pelo nosso passado com a adesão a quantos utilizavam esse mesmo passado como arma de arremesso contra os que pretendiam forçar os caminhos do futuro.

Com o passar do tempo, as clivagens atenuaram-se. Foi com gosto que, quando vivi no Brasil, constatei ter-se criado uma relativa consensualização em torno do Real Gabinete, erigido em marca comum da presença portuguesa. O retrato de Salazar ainda anda por lá, mas é agora um fantasma que já não assusta ninguém. E caras bem democráticas da nossa colónia passeiam-se hoje por lá e frequentam-lhe as cada vez mais abertas atividades.

Em 2008, aquando das comemorações dos 200 da chegada da Corte ao Brasil, tomei a iniciativa de propor a realização de uma cerimónia no Real Gabinete, na presença dos então chefes de Estado dos dois países. Não foi fácil ver isso aceite pela parte brasileira, mas levei a minha teimosia até ao fim.

Recordo para sempre o olhar espantado de Lula da Silva, a observar, com visível deslumbre, aquele bizarro mas magnífico espaço, recheado de um património cultural cujo impacto no seu país ele seguramente não tinha experimentado até então. Nesses breves instantes, o antigo operário nordestino Lula da Silva, mas também o líder de um PT que sempre alimentou nichos de endémica lusofobia, bem como o presidente que sempre se mostrou simpático para com Portugal, todos eles, os três, se terão reconciliado um pouco com essa coisa sempre polémica mas incontornável que é o peso da História. A qual, goste-se ou não, foi comum."

sexta-feira, junho 21, 2024

O destino de Israel


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As hipóteses de António Costa



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Os amigos de Putin


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... e os factos!

Na guerra da Ucrânia, temos para todos os gostos. Uns: "A Rússia está a avançar, dia após dia, e a Ucrânia, não tarda, vai claudicar". Outros: "O vento mudou a favor da Ucrânia e, com o novo apoio ocidental, a guerra já inverteu o curso". E há também um pormenor chamado factos.

Onde isto chegou!

A miserável exploração do sofrimento de uma mãe para chicana politica transforma o parlamento num circo.

Fascismo nunca mais! (2)

No fascismo, a Emissora Nacional criou um programa que tinha por lema: "A verdade é só uma e Rádio Moscovo não fala verdade". Nos dias de hoje, emergem por aí opiniões censórias que parece quererem emular o fascismo. Ora cada um deve poder dizer o que quiser. É isso a liberdade.

Fascismo nunca mais! (1)

Que fique bem claro que, picardias aparte e preservado que seja o respeito pessoal mútuo, aprecio imenso a diversidade de opiniões no programa que, às 5ªs feiras, faço com Diana Soller e Agostinho Costa na CNN Portugal. Sem essa pluralidade, o programa não teria o menor sentido.

Um sincero obrigado, Sô Francisco


Numa noite de 1966, no programa de rádio escolhido pelo motorista, no percurso entre o Porto e o pavilhão dos Carvalhos, dentro de autocarro que levava a equipa de andebol da Faculdade de Ciências, em que eu era um esforçado guarda-redes, ouvi, pela primeira vez, "A Banda". Fixei bem a ocasião, sei lá bem porquê.

À época, eu não fazia ideia de quem cantava aquilo. O som era diferente daquilo que eu conhecia da música do Brasil - e, verdade seja, conhecia muito pouco. Nesse tempo, era aquilo que vinha do mundo anglo-saxónico que mais me interessava, à mistura com alguma música francesa e até italiana. O Brasil que estava na moda, por cá, era o primeiro Roberto Carlos, do "Calhambeque" à "Namoradinha de um Amigo Meu". Na nossa (única) televisão, passavam outros sons do Brasil, da importada Mara Abrantes aos dramas vocalizados roucamente pela Maysa Matarazzo. A Bossa Nova, que vinha já dos anos 50, só nos iria conquistar mais tarde.

A simplicidade de "A Banda" era magnífica. "A moça feia debruçou na janela, pensando que a banda tocava pra ela" era uma bela imagem. Começou aí, para mim, Chico Buarque de Hollanda que, nesse ano de 1966, tinha 22 anos e que agora tem 80. Deixo meu sincero agradecimento ao meu homónimo, pelo tanto que, desde então, nos deu. Eu sou, agora, como ele, "o velho fraco (que) se esqueceu do cansaço e pensou que ainda era moço pra sair no terraço e dançou".

Ouçamos uma vez mais "A Banda" aqui.

A Rússia, a Coreia do Norte e o Vietnam


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quinta-feira, junho 20, 2024

M*A*S*H e depois


Morreu Donald Sutherland, um magnífico ator. Praticamente, começou no inesquecível M*A*S*H e, depois, foi o que se viu.

Passou bem?

Eu sou tão mas tão antigo que ainda sou do tempo em que os jogadores de futebol, no início dos jogos, cumprimentavam decentemente, com um aperto de mão, os seus adversários. Quem terá iniciado aquela bizarra prática das palmadas na mão?

quarta-feira, junho 19, 2024

Decência

O manifesto pela decência na justiça, que tive o prazer de subscrever, está a criar imensos engulhos em alguns setores dependentes dos "leaks" da máquina judicial, em especial nos seus avençados mediáticos, o que só prova que se tocou na ferida. Não podemos parar.

terça-feira, junho 18, 2024

Que Praga!

Ainda bem que o jogo acabou. Estava farto de ouvir chamar Chéquia à República Checa.

O jogo

Então é assim. Em "jogo jogado", demos cartas. Os outros tipos não jogavam peva. Há falhas clamorosas na nossa defesa (com adversários a sério, vai ser o bom e o bonito). Com os jogadores que tem, o señor Martinez tinha obrigação de fazer bem melhor. Pronto, acho que é isto.

Inveja

A notícia do dia é o salário (mais "alcavalas") que António Costa pode vir a receber se acaso vier a ser escolhido para presidente do Conselho Europeu. O número, redondo e rechonchudo, é mostrado para provocar choque, para motivar o tão lusitano "lá estão eles a alambazar-se!".

O cidadão que espuma de raiva ao olhar aqueles títulos de tablóide tem todo o direito de se preocupar com o salário que a si próprio lhe pagam, a interrogar-se sobre se está a ser adequadamente recompensado, em face daquilo que produz e das qualificações e da experiência que possui, da dedicação que oferece ao seu empregador. Isso sim, são questões legítimas, que o devem mobilizar, quiçá a reivindicar, da luta sindical à greve. Mas não: esse tipo de cidadão adora passar o tempo a olhar para "o lado", para o "quintal do vizinho", vivendo indignado com a sorte dos outros, com as pessoas que ganham mais do que ele ou que tiveram um destino melhor do que o seu.

A inveja é, dos sentimentos humanos, um dos mais mesquinhos e baixos. E, afinal, dos mais comuns.

Anouk Aimée


É talvez um pouco injusto que o nome de uma grande atriz como Anouk Aimée, que agora desapareceu aos 94 anos, tenha ficado, na memória de muita gente, ligado ao filme "Un homme et une femme", que está muito longe de ser o seu filme mais significativo. Já Jean-Louis Trintignant, que também já desapareceu, conseguiu "libertar-se" mais facilmente do filme. Coisas...

Ainda o "Antes que me esqueça"


Correspondendo a um simpático convite de Teresa Albuquerque, presidente da Fundação Casa de Mateus, teve ali ontem lugar uma apresentação do livro "Antes que me esqueça". 

Introduziu a sessão o professor Emídio Gomes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Seguiu-se um belo e animado debate. 

Apesar da forte chuva (em todas as quatro apresentações do livro, por qualquer razão, choveu sempre...), muita gente esteve presente na sessão. 

(Quando não chove, Mateus é assim...)

segunda-feira, junho 17, 2024

Apresentação na Casa de Mateus


Apresentação do meu livro "Antes que me esqueça", feita pelo professor Emídio Gomes, reitor da UTAD,  no dia 17 de junho de 2023, na Casa de Mateus, em Vila Real.

A ver se ainda cola...

Mas acreditavam mesmo que a rapaziada desistia de, a horas da decisão europeia sobre António Costa, poder criar alguns engulhos ao processo?! Eles são profissionais...

Daqui a pouco...


... no Palácio de Mateus, em Vila Real.

domingo, junho 16, 2024

A Ucrânia entre a guerra e a guerra

 


Ver aqui.

Lixo político

Atravessa-se o país e é um mar de cartazes de propaganda política, remanescente das eleições europeias. Constata-se existir um triste conluio entre todas as forças políticas, vergonhosamente irmanadas no descaso face à poluição visual da paisagem do país. 

Trump e Zelensky

Donald Trump disse que, se for eleito presidente, e ainda antes de tomar posse, acabará com a concessão regular de ajudas financeiras à Ucrânia. Qualificou Zelensky como um grande "vendedor": de cada vez que visita os EUA, regressa com 60 milhões de dólares. E, logo que chegado a casa, pede outro tanto...

O dinheiro

Quando se vê os líderes internacionais anunciar ajudas financeiras para apoio à luta da Ucrânia, seria importante que a comunicação social esclarecesse que a esmagadora maioria desse dinheiro são "ajudas de Estado" às indústrias desses países, de onde o dinheiro não chega a sair.

Suíça

O encontro na Suíça mostrou que um conjunto importante de países continua a apoiar a Ucrânia para que esta venha a obter, no termo da guerra, um resultado favorável àquilo que definiu serem os seus objetivos - recuperação das fronteiras que o Direito Internacional lhe reconhece.

A reunião também revelou que um número significativo de Estados pretende manter-se afastado da postura daquele grupo, titulado pela América e seus parceiros, que parte da assunção de que, neste conflito, a razão está toda do lado da Ucrânia e que só resta à Rússia recuar.

A Rússia deixou entretanto claro que não pretende abandonar os territórios ucranianos que ocupou, que aliás considera já constitucionalmente seus e que ainda pretende vir a completar. Moscovo quer também neutralizar a Ucrânia, impedindo a sua entrada para a NATO.

Não parece haver o menor ponto comum entre estas duas agendas. Tudo indica que apenas uma evolução da situação militar, em favor de qualquer dos lados, pode vir a mudar os termos de referência deste conflito de interesses bem desiguais.

Este não é, assim, um tempo para a paz, é essencialmente um tempo para a guerra, para o seu prosseguimento. Se, um dia, a balança militar se desequilibrar em desfavor da Rússia, alguém, em seu nome, surgirá a aventar alguma modulação dos termos do "diktat" que Putin tem mantido.

E se a Ucrânia perceber que não pode ganhar a guerra, ou que não poderá contar com apoios para a prosseguir indefinidamente, é quase inevitável que venha a ser revisitada a filosofia de compromisso subjacente ao Acordo de Minsk II e ao projeto mediado pela Turquia em 2022.

"Agora é que é!"

A conferência de imprensa de Macron foi patética, com uma listagem de políticas a concretizar, uma espécie de "agora é que vai ser". Os dirigentes políticos que estão há algum tempo no poder roçam o ridículo quando apresentam agendas de medidas que são ... aquilo que não fizeram! 

Estabilidade legislativa

Há uma regular confusão entre governar e legislar. Governar não significa, necessariamente, enveredar por uma intensa produção legislativa. Atuar com o quadro normativo existente, sem uma obsessão de mudança, é mostrar responsabilidade e respeito pela estabilidade. 

Enhorabuena!

O "El País" refere a provável designação de António Costa para presidente do Conselho Europeu. Todos os comentários ao artigo são positivos para a figura do antigo primeiro-ministro português. O primeiro é elucidativo: "De nuevo un portugues al mando. Enhorabuena!"

sábado, junho 15, 2024

A verdade

A atitude tradicional de um primeiro-ministro - seja de que partido for - que vê um seu ministro contestado é preservá-lo no lugar, mesmo que o reconheça incompetente e desgastado. A triste lógica da política manda que não se demita um governante sob fogo. Ainda um dia ainda há-de aparecer um PM corajoso, que opte pela verdade e menos pela solidariedade tática politiqueira.

Feira do Livro


Este ano, foram apenas nove livros. Mesmo assim, não me poupei de ouvir: "Já cá havia poucos!"

sexta-feira, junho 14, 2024

Israel - o estado da arte


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Os amigos da Ucrânia


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António Costa na Europa?


Ouvir aqui.

Escolhas

Os governantes medíocres ou "assim-assim" passam desapercebidos em tempos calmos. Quando "elas apertam" é que se revela a qualidade das pessoas. O espetáculo triste que está a ser protagonizado pela senhora que titula a pasta da Saúde mostra-nos a sorte que foi, para o nosso país, ter Marta Temido naquele lugar durante o covid.

A arriscada aposta de Macron


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Ucrânia


Em 2010, nas eleições presidenciais na Ucrânia, o vencedor foi Yanukovich, candidato pró-russo, derrubado em 2014 no golpe de Estado da Maiden. Comparar as zonas em que ele então teve maioria com aquelas que as tropas russas agora ocupam na Ucrânia ajuda a explicar muita coisa, nomedamente a revindicação hoje feita por Putin do abandono total, por parte da Ucrânia, dos quatro "oblasts" que a Rússia só parcialmente ocupa.

Está frio...

... mas está um belo dia!