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domingo, março 31, 2013

Águas e espuma

Ontem, ao passar pelas Pedras Salgadas acordei para uma realidade que pode explicar muita coisa: um "quarto" de Água das Pedras já é hoje mais caro do que uma garrafa de cerveja. 

A água pode ter menos espuma, mas, pelos vistos, o seu litro aduba mais os cofres da UNICER do que a Super Bock. O que se passa hoje nas Pedras Salgadas deve ser lido à luz desta realidade. 

quarta-feira, agosto 03, 2011

Pedras sem rugas

Ao ler que a l'Oréal tinha sido proibida de publicar fotos publicitárias de Julia Roberts, das quais, com "photoshop", haviam sido eliminadas as rugas, não pude deixar de lembrar a similitude desse caso com o que se passa no parque (dito) termal das Pedras Salgadas: uma montagem retocada, pintada nas fachadas, a fingir que está tudo a funcionar, sem "rugas"...

Está mais do que feita a triste história da intervenção da empresa Unicer nas Pedras Salgadas, onde já sobrevivem saudades dos tempos das gestões Cintra e Jerónimo Martins. Ou mesmo da "outra" Unicer, da era Ferreira de Oliveira.

Este blogue deu oportunamente a conhecer (consulte o marcador "Pedras Salgadas"), de forma incontestável, as flagrantes faltas da empresa face aos compromissos que tinha assumido, em especial no tocante à construção de uma unidade hoteleira, que historicamente sempre se revelou a única forma de viabilizar economicamente uma vila que nasceu em torno do seu parque termal.

Pergunte-se ao arquiteto Siza Vieira, de quem a Unicer anunciou, com espavento, que encomendaria o projeto para um hotel, que levaria o seu nome, "o que é feito" dessa mirífica obra. E talvez não fosse desinteressante alguém inquirir também sobre o que aconteceu aos "termos de responsabilidade" desse prestigiado arquiteto, face ao pouco que foi feito nas Pedras Salgadas e ao modo como outras coisas acabaram por ser concluídas na vizinhança. Mas essa é uma história para ser contada um dia...

Vale também a pena registar as omissões cúmplices de poderes públicos centrais, o "assobiar para o ar" e as tergiversações de alguns eleitos (a nível nacional e local) ou nomeados, os tristes silêncios da AICEP e do Turismo de Portugal. Com maior ou menor responsabilidade, fazem todos parte do elenco desta grande farsa.

A população das Pedras Salgadas, cuja economia está a ser estrangulada, já teve ocasião de, sobre o assunto, se expressar de forma muito clara e pública, por diversas ocasiões. Fê-lo com civismo, sem partidarismos, com dignidade, demonstrativos de quem não se sente não é filho de boa gente. E de que não tem medo, claro. Como o irá provar, futuramente, em novas ações, por forma a alertar poderes públicos, desmascar poderes privados e testar a coerência dos eleitos.

Hoje, o que é que se passa por lá, conforme pude observar, há dias? Na prática, e apenas para a minúscula "saison", está aberta a pequena piscina com um bar, a clássica "Casa de chá" foi concessionada a uns inexperientes profissionais, que servem uma gastronomia atroz, e, numa das nascentes, aparece, em certas horas, uma menina de bata branca que oferece "água das Pedras", em pequenos e finitos copos de plástico. E dizem-me que há por lá um spa, com frequência quase clandestina. São rebuscados artifícios para iludir quem passa e dar ares de se estarem a cumprir "mínimos", em matéria de responsabilidade social. Depois, virá o outono, o parque fechará e o "circo" será arquivado até ao ano. Na vila, com o comércio a estiolar e o desemprego a aumentar, as pessoas tenderão a sair, como já o estão a fazer. Só a "água das Pedras" é que não deixará, nesse entretanto, de humedecer os bolsos dos acionistas na Unicer. 

Este é o Parque "devolvido" às Pedras Salgadas: um cenário de fachada, um monumental "trompe-l'oeil", que não faz esquecer os compromissos não cumpridos, não obstante os lucros fabulosos que a empresa exploradora continua a apresentar, muito por obra e graça da água que extrai daquela terra.

Numa recente passagem pela localidade, senti que começam a esgotar-se o tempo e a paciência nas Pedras Salgadas, a menos que surja no horizonte alguma mostra de "uniceriedade".

terça-feira, outubro 12, 2010

Pedras em lata

Depois da fantástica declaração da Unicer, colocando no "colo" do governo a responsabilidade pela criação de condições que agora reclama para a construção do hotel das Pedras Salgadas, pode perguntar-se se as águas vão agora passar a ser vendidas em "lata" - a mesma "lata" que os responsáveis da empresa tiveram para, publicamente, fazerem depender a concretização de um projeto a que se tinham comprometido das facilidades e flexibilidades que agora exigem.

A Unicer segue agora uma linha de novo oportunismo - luta contra alegados "citérios formalistas e burocracia"  do Estado - a qual, no entanto, só pode surpreender quem não apreciou todo o seu anterior percurso de incumprimento de prazos a que se havia ligado. Quiçá contando com as loas propagandísticas e com o silêncio cúmplice de alguma imprensa, dependente do peso constrangente da sua publicidade, a Unicer prossegue, assim, com a sua política de triste diversão, que mostra como uma empresa de dimensão nacional consegue, em alguns anos, desbaratar o seu prestígio e credibilidade, por  infelizes flutuações nos seus corpos de gestão. Não nos devemos, assim, admirar se, dentro em breve, o Estado vier, pela Unicer, a ser apontado como o "culpado" por novos atrasos na construção do hotel das Pedras Salgadas. É que, com este novo  expediente, a Unicer ganha tempo e alibis que lhe permitem não cumprir, uma vez mais, os prazos.

Percebe-se bem que a população das Pedras Salgadas já tenha perdido a paciência com "esta" Unicer!

Leia mais sobre esta "saga", consultando o marcador "Pedras Salgadas", no fundo deste post

terça-feira, setembro 28, 2010

Pedras Salgadas

Temos feito eco neste blogue da luta da população das Pedras Salgadas pela recuperação do seu parque termal e pela necessidade da empresa Unicer cumprir com aquilo a que se comprometeu. 

Depois da manifestação popular de 23 de Setembro, corre agora uma petição para a qual são pedidas adesões. Quem a quiser subscrever pode fazê-lo aqui.

Se estiver interessado noutros textos aqui publicados sobre este tema, clique em "Pedras Salgadas" no marcador deste post. 

quinta-feira, setembro 23, 2010

Pedras Frustradas

Sob o título deste post, publiquei ontem no "Jornal de Notícias" o seguinte artigo:  

"Durante muitos anos, Pedras Salgadas foi do que havia de melhor em matéria de parques termais portugueses. Entretanto, os tempos mudaram, o “charme” termal entrou num certo declínio e, apenas nos últimos anos, se registou, um pouco por todo o país, a recuperação de alguma da antiga vitalidade do sector.

Nem todas as estâncias termais tiveram, contudo, a mesma sorte. As Pedras Salgadas arrastaram-se, por algumas décadas, num processo de mera sustentação, a qual, no entanto, dava alento económico à vila e conforto sazonal ao seu comércio. A empresa das “Águas das Pedras”, nas gestões de Souza Cintra e Jerónimo Martins, mantiveram um mínimo de capacidade hoteleira local – que é a condição absolutamente essencial para a sobrevivência desse parque termal.

Uma luz emergiu ao fundo do túnel com o projecto, anunciado pelos novos proprietários das “Águas das Pedras”, a UNICER, da recuperação do balneário e do parque, assente na construção de um novo hotel, que iria ser uma obra de Álvaro Siza Vieira – e cuja designação teria, aliás, o próprio nome do arquitecto. A obra enquadrava-se no projecto Aquanattur e surgia como a contrapartida pelas vantagens da exploração do rentável negócio das águas. Os autarcas locais e, inicialmente, grande parte da população, logo se entusiasmaram com as perspectivas de desenvolvimento que daí poderiam advir, que a propaganda da UNICER espalhava aos quatro ventos.

Depois, veio uma nova administração da UNICER, logo seguida de uma dura realidade: a empresa não apenas encerrou o único hotel então existente como passou, de forma escandalosa, a violar todos os prazos de execução de obras a que, sucessivamente, se ia comprometendo, sob uma inexplicada complacência da AICEP – à qual, em princípio, competiria exigir tal cumprimento e a denúncia dessas violações temporais.  

Há cerca de um ano, sob pressão de um movimento cívico local, que reclamava desses recorrentes atrasos, a actual administração da UNICER anunciou, em comunicado, que, até ao fim de Maio de 2010, iria apresentar o projecto do tal novo hotel, desenhado por Siza Vieira, cuja construção se iniciaria (finalmente!) em 2011. Maio já lá vai há muito, nenhum projecto surgiu e – posso garanti-lo! – é completamente falso que Álvaro Siza Vieira tenha entre mãos qualquer projecto encomendado pela UNICER.

Cansada de esperar, a população das Pedras Salgadas vai sair para a rua, no dia 23 de Setembro. A UNICER – cuja excepcional saúde financeira não lhe permite utilizar o argumento da “crise” – será agora obrigada a explicar o verdadeiro logro em que tem mantido a população das Pedras Salgadas." 

Se estiver interessado noutros textos aqui publicados sobre este tema, clique, abaixo, em "Pedras Salgadas" no Marcador deste post. 

quinta-feira, setembro 02, 2010

Pedras Salgadas

Acaba de me chegar uma nota positiva: parece ter-se estabelecido nas Pedras Salgadas, entre todos os interessados no processo de recuperação daquela estância termal, um entendimento no sentido de fazer uma frente comum contra a UNICER - entidade que, lamentavelmente, não tem cumprido aquilo a que se comprometeu perante a localidade e a sua população.

Evitadas as divisões partidárias e as clivagens entre personalidades, este parece ser o início de um tempo novo naquela que é uma luta muito justa, a que, por razões afetivas próprias, tenho vindo a dar saliência neste blogue - porque, como um dia aqui escrevi, os diplomatas também têm direito à indignação.

Sobre o passado desta questão, pode ler-se : aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Pedras Salgadas - Siza Vieira e a Unicer

Julgo que não necessita de quaisquer comentários a importante carta que o arquiteto Álvaro Siza Vieira faz publicar na última "Visão", sobre o projeto do hotel de Vidago, no quadro das suas relações com a Unicer. 

Comentando um anterior texto da revista, Siza Vieira refere que no texto publicado "não fica claro o que é e o que não é da minha autoria no projeto de Vidago", referindo ser abusivo dizer-se que o hotel "reabriu as suas portas após um restauro de quatro anos dirigido por Siza Vieira". O consagrado arquiteto informa ter comunicado à Câmara Municipal de Chaves a retirada da sua responsabilidade quanto a trabalhos executados.

O texto da "Visão", no quadro da promoção mediática que a Unicer tem feito das suas "obras" em Vidago e nas Pedras Salgadas, não refere o caso desta última estância balnear. 

Mas creio que seria importante que se soubesse que Siza Vieira retirou igualmente a sua responsabilidade quanto a obras executadas nas Pedras Salgadas. E - mais importante de tudo - Siza Vieira não tem atualmente em mãos nenhum projeto para um hotel nas Pedras Salgadas

Se a Unicer conseguir desmentir isto, que o faça.

sábado, dezembro 26, 2009

O caminho das Pedras


Lá estive, em frente ao portão, fechado com cadeado, a mostrar-nos uma entrada com o chão revolto. Obras ou simples desmazelo? Nem me passa pela cabeça que não se trate das primeiras. De dentro - basta olhar! - transpira um ambiente de estarem a decorrer, com entusiasmo e empenhamento, trabalhos magníficos, para cumprir, com o máximo rigor, o calendário anunciado. Sob o olhar atento dos poderes públicos, locais e nacionais, quero também crer. Enfim, um mundo ideal!

É que, como já se percebeu, com a Unicer no comando, e a julgar pelo passado, haverá, com certeza, Pedras Salgadas... em ponto!

Em tempo: soube que alguns leitores do blogue, menos dados às subtilezas da ironia e mais propensos a exegeses lineares dos textos, terão lido este post como significando a minha súbita crença na bondade e no entusiasmo da Unicer. Por favor!!!

domingo, outubro 25, 2009

Pedras ainda virtuais

"Vidago e Pedras Salgadas abrem em 2010", titulou na passada semana o "Expresso", com base em declarações da direcção da UNICER. O calendário é "definitivo".

O caso de Vidago não é para aqui chamado, embora só nos possamos felicitar pelo êxito daquela bela estância termal. Mas, por razões que já deixei explicadas, o que nos interessa é o caso da Pedras Salgadas (e os leitores deste blogue atentos a esta "novela" podem visitar os anteriores posts - aqui, aqui, aqui e aqui), uma vila em progressiva decadência, muito em especial devido ao fecho do respectivo parque termal, numa decisão unilateral da UNICER, em aberto incumprimento com o calendário a que se tinha comprometido.

Note-se então no que se diz no artigo do "Expresso", pela pena da jornalista Conceição Antunes, sobre as Pedras Salgadas:

- "Em Pedras Salgadas abriu este mês o Spa termal já renovado, mas só por um período experimental. A abertura oficial está agendada para Maio de 2010, altura em que será anunciado o projecto definitivo para o hotel de Pedras Salgadas, cujas obras irão arrancar em 2011".

- "Há muito que se anunciava a reabertura dos parques de Vidago e das Pedras Salgadas, cujos atrasos têm dado origem a protestos das populações".

- Presidente da UNICER em discurso directo: "Houve atrasos, porque o calendário inicial era impossível de cumprir. Obrigava a fazer a reconstrução dos parques em ano e meio" (Confesso que estranho, mas registo, esta confissão de irresponsabilidade por parte da empresa. Se era impossível de cumprir, por que razão a empresa assinou o contrato?).

- Presidente da UNICER: "Esta administração da UNICER teve de refazer não só o calendário mas toda a orçamentação, e para um investimento muitíssimo superior" (Trata-se de uma acusação pública de incompetência à anterior administração, presidida pelo Engº Ferreira de Oliveira. Teria talvez sido interessante o jornal ouvi-lo a este propósito).

- Presidente da UNICER: "Compreendo a impaciência da população, sobretudo de Pedras Salgadas, que há três anos não pode utilizar o parque termal. E posso garantir que o hotel vai ser uma realidade".

Basta cotejar a primeira nota e estas últimas palavras do presidente da empresa com o que ficou registado em anteriores declarações da UNICER para ter bem claro que muita coisa mudou, no prazo de pouco mais de um mês, no discurso da empresa. Terá isso alguma coisa a ver com a movimentação entretanto feita pela população das Pedras Salgadas? Cada um que tire as conclusões que bem entender.

Já agora, uma nota de apoio cultural ao presidente da UNICER: Vidago é, de facto, um parque romântico, mas não é "ligado ao surrealismo"! Surrealista é a situação que as populações das Pedras Salgadas têm vivido nos últimos anos, graças ao inacreditável comportamento da UNICER. Será talvez esse embaraço a razão do artístico lapso...

Ponderado tudo isto, pode-se concluir que a população das Pedras Salgadas continua a ter no horizonte, por ora, apenas um "hotel virtual", cujas obras a UNICER promete que irão arrancar em 2011 (para terminarem quando?) e cujo projecto definitivo será anunciado em Maio de 2010.

Atento o cadastro de promessas não cumpridas por parte da UNICER, todas as dúvidas sobre o seu comportamento futuro são, no mínimo, legítimas. Mas cá estaremos para ver se "esta administração" da UNICER cumpre, com rigor, o calendário que anunciou e a que agora se comprometeu publicamente.

Até lá, porém, urge saber se todo este imenso atraso é, ou não, compatível com os anteriores compromissos assumidos e se a AICEP considera que este flagrante incumprimento não obriga à assunção de compensações financeiras. É o que vai ser perguntado formalmente à AICEP, esperando poder contar com uma atenção do "Expresso" para as cenas dos próximos capítulos. É que estamos certos que o facto de não sermos fortes anunciantes nas páginas do jornal, como é o caso da UNICER, não limitará o seu interesse na auscultação de quem se contrapõe à posição da empresa incumpridora.

Estou também certo que estas questões serão acompanhadas com a maior atenção, agora sem dimensões de luta interpartidária a poluir a sua indiscutível dimensão cívica, pelos responsáveis eleitos, a nível local e distrital. E também pelos sectores relevantes do novo Governo, em cujo âmbito de competências o dossiê evoluirá.

Este é um tempo novo nesta questão, que agora vai começar. A seu tempo, haverá novidades...

Termino este post com uma saudação muito sincera de admiração pelo empenhamento do "movimento cívico" que, nas Pedras Salgadas, tem cuidado em manter esta questão viva, para evitar que a vila morra.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Mais Pedras

Na espécie de espaço privado que as Pedras Salgadas têm ocupado neste blogue, em particular na zona de comentários aos posts anteriores sobre o tema, têm vindo a ser colocados textos de várias origens, com perspectivas cruzadas sobre a questão da urgente recuperação do respectivo Parque Termal.

O período pré-eleitoral que se vive acabou, inevitavelmente, por "poluir" politicamente este debate. Foi algo que não se pôde evitar, mas que, apesar de tudo, se conteve num apreciável registo de serenidade e respeito. Espero, com sinceridade, que resolvida que esteja a competição partidária local, e eleitos que sejam os novos órgãos autárquicos, uma linha comum de actuação possa vir a gizar-se entre todos os que se interessam pelo futuro das Pedras Salgadas.

Muito há a fazer e isso vai passar pelo estímulo à mobilização de todos os órgãos políticos que vierem a ser eleitos (deputados, autarquias), bem como pela necessária clarificação, por parte dos departamentos técnicos co-responsáveis pelo contrato com a Unicer, do modo como interpretam o ritmo de cumprimento que por esta está a ser imprimido aos trabalhos. E o que tencionam fazer, na hipótese de o considerarem não conforme com o que está acordado.

E, muito em especial, insistiremos na questão central à qual a Unicer até agora se furtou a responder: quando vai concluir o hotel a cuja construção se comprometeu, com tanta pompa e circunstância.

Comentários podem e devem continuar a ser colocados neste espaço e prometo que, a seu tempo, irá haver por aqui novidades sobre várias iniciativas que vão ser levadas a cabo.

É que esta é uma "guerra" que só agora está a começar!

quinta-feira, setembro 03, 2009

Pedras ainda Salgadas

A senhora directora de Pessoas e Comunicação da Unicer teve a amabilidade de deixar um comentário no meu anterior post, sobre a questão do Parque Termal das Pedras Salgadas. Fico grato por essa gentileza e estimulo sinceramente os leitores deste blogue a que leiam tal texto, até porque ele é auto-explicativo.

Sobre esta questão, que espero deixará de mobilizar este blogue, mas que cuidarei que não abandone, no próximo futuro, outras áreas da comunicação social e da mobilização cívica em Portugal, gostava de deixar ainda alguns pontos.

O primeiro, e óbvio, é que nada me move, em particular, contra a empresa Unicer, de que sou regular cliente, tal como muito portugueses. Tenho pela Unicer o respeito que me merece qualquer outro investidor, em especial os que se disponham a criar riqueza de que possa usufruir a minha terra natal - Trás-os-Montes. E não deixo de ficar satisfeito pelas notícias que a comunicação da Unicer me trouxe sobre Vidago. Mas a minha questão não tem a ver com Vidago, tem a ver com as Pedras Salgadas. Percebo que, para a lógica da Unicer, essas possam ser duas realidade numa só. Mas as pessoas que vivem nas Pedras Salgadas... não vivem em Vidago!

O segundo ponto, para que não subsista a mínima dúvida, é que recuso ver esta questão instrumentalizada politicamente e que me são alheios quaisquer litígios paroquiais de natureza partidária, nomeadamente os que possam resultar de comentários desse teor colocados neste blogue. A política não é chamada para aqui!

O terceiro é para afirmar que me preocupa, essencialmente, o futuro, económico e social, da vila das Pedras Salgadas, terra onde a minha família tem raízes há já alguns séculos, como quem de lá é bem sabe.

Num quarto ponto, quero dizer que, embora lamentando muito, a comunicação da Unicer não me convence em nada e só confirma as minhas anteriores perplexidades. E quero constatar o que me parece evidente: fazer sobreviver o Parque, com duas ou três fontes, alguns pavões e uns equipamentos esparsos é um "tapar de olhos" e não é sinónimo de devolver às Pedras Salgadas o que a Unicer lhe retirou.

A sustentabilidade do Parque como espaço de usufruto não é independente da existência nele, ou não, de uma unidade hoteleira que garanta a regular movimentação anual de pessoas por aquela terra. Quem quiser fazer uma cura de semanas de águas termais, frequentar durante dias o tal futuro spa e usufruir por um período razoável do Parque - onde dorme? Acampa? Quando a Unicer tomou conta do empreendimento, o Parque tinha um hotel, o Hotel Avelames, (de que mostro uma imagem bem antiga) onde, num passado não muito longínquo, eu próprio fiquei alojado, por mais de uma vez. Não era de alta qualidade? Pelo menos, as gestões Sousa Cintra e Jerónimo Martins mantiveram um hotel razoável. A gestão Unicer acabou com qualquer hotel.

A quinta e nota final é a constatação da realidade insofismável que é o facto da Unicer continuar a recusar-se a responder à simples pergunta: vai ou não construir-se o "Hotel Siza Vieira" nas Pedras Salgadas, como se comprometeu e como a sua direcção anunciou publicamente? Se sim, quando começam as obras e quando se prevê que essa unidade hoteleira esteja em funcionamento? Essa é a única questão que, ao que julgo saber, os habitantes e os comerciantes das Pedras Salgadas gostariam de ver respondida. E eu também.

Ora a Unicer parece continuar a "assobiar para o lado" e a carta da senhora directora enreda-se (e procura enredar-nos) num linguarejar de matiz economicista, com toques de "responsabilidade social" que podem ir com o ar empresarial "modernaço" dos tempos, mas que não vão com a cara que a Unicer tem hoje perante as Pedras Salgadas.

E, já agora, é quase de gargalhada e ofensiva a ideia de irem "reabrir" o parque em Outubro. Em Outubro? No fim da época termal? Só se alugarem clientes... Depois, claro, quando se constatar o deserto de visitantes, mais fácil será argumentar que não há sustentabilidade para a existência de um hotel. Perguntem aos pobres proprietários dos restaurantes das Pedras Salgadas a sua opinião sobre esta "oportuna" abertura!

Quanto ao convite pessoal que a Unicer simpaticamente me faz para visitar os Parques, agradeço-o, mas não o aceito. O que eu pretenderia, como muita e muita gente que conheço, era que me fosse dado um endereço de e-mail ou um telefone que me permitisse marcar as minhas férias no "Hotel Siza Vieira", que a Unicer anunciou, com todas as parangonas, que ia construir no Parque Termal das Pedras Salgadas. Posso tê-los? Quando puder, eu acredito na boa-fé da Unicer.

Até lá, fico também à espera, com imensa curiosidade, das explicações da AICEP e da CCDRN relativas aos fundos de natureza pública de que a Unicer possa ter beneficiado para o projecto do Parque Termal das Pedras Salgadas e do modo como essas entidades apreciam o atraso na conclusão do que com elas terá sido acordado. Só assim terminará o "desconhecimento da situação" de que a Unicer me acusa mas que, pelos vistos, é partilhado por muito mais gente.

Adeus, Pedras

Raras vezes na vida me tem acontecido acabar por ter mais razão do que aquela que julgava ter.

Quando suscitei a questão do atraso dos projectos da Unicer para o Parque Termal das Pedras Salgadas (ver o texto aqui), parti de informação esparsa, que havia recolhido localmente. Daí a minha "extrema ignorância", como bem referem as declarações da Unicer, a qual, aliás, é comum à da generalidade da população das Pedras Salgadas, como então pude constatar. Coisa que se teria resolvido se a Unicer tivesse explicado publicamente, e de forma muito clara, o estado das coisas. Mas, pelo que agora disse, fica melhor a perceber-se o seu anterior embaraçado silêncio.

Os esclarecimentos que o jornal "i" agora trazem por parte da Unicer - finalmente! - falam por si e dão bem a medida do que, afinal, as Pedras Salgadas (não) podem esperar da Unicer.

Nas declarações prestadas ao jornal pela Unicer há uma sequencial e reveladora evolução nos termos utilizados quanto ao agora já apenas hipotético "hotel" nas Pedras Salgadas. Senão, vejamos.

Inicia-se com um imperativo "o hotel vai ser construído". Excelente, ficamos assegurados!

Segue-se, porém, um mais dubitativo: "É necessário rentabilizar a operação de Vidago para saber que projecto será viável para Pedras Salgadas". Mau! E quanto tempo vai isso demorar? Anos, com certeza!

Um pouco a seguir, o jornal adianta que a Unicer resolveu "suspender" a construção da unidade hoteleira, que está a ser "redesenhada". Prazos para isso? Nem vê-los!

A pedrada final nas Pedras vem a seguir, nas próprias palavras da Unicer: "Trata-se de um investimento de rentabilidade muito limitada. Diria mesmo que questionável".

E, finalmente, linhas adiante, fica a saber-se, pela boca da Unicer, que o hotel das Pedras Salgadas "está em reavaliação".

O leitores julgarão a extrema coerência evolutiva (a expressão "economia com a verdade" seria talvez um melhor eufemismo) que ressalta destas declarações, que são bem o espelho do que as Pedras Salgadas podem (não) esperar por parte da Unicer.

Restará agora ouvir vozes autorizadas da AICEP e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, para que possamos ver definitivamente mais claro neste assunto e saber se estes atrasos (confessados!) pela Unicer têm ou não cobertura oficial. E, mais do que isso, se são conformes aos seus compromissos, à luz dos quais receberam ajudas financeiras para estes projectos.

Os "projectos tartaruga" da Unicer para os parques termais, como bem os qualifica o "i", seguem, assim, o seu pachorrento ritmo. Mas no que toca à exploração dos lucros das águas, a Unicer sabe poder contar com Pedras Salgadas... em ponto!

terça-feira, setembro 01, 2009

Pedras Salgadas

Acaba de ser anunciado que a Unicer decidiu fazer entrega do Hotel Palace de Vidago ("do" Vidago, como dizem as gentes de lá) a um grupo hoteleiro de luxo francês, depois da intervenção feita por Siza Vieira naquele belo edifício - e cujo resultado arquitectónico ainda não tive o gosto de conhecer.

Mas o que eu já conheço - e bem! - é o impressionante atraso em que a Unicer está a arrastar as obras a que se comprometeu no Parque Termal das Pedras Salgadas, onde concentra todo o seu sistema industrial de engarrafamento de águas minerais, essa mina de ouro líquido que se esvai daquela terra, sem que para ela redunde um mínimo de contrapartidas. O já considerável atraso de tais obras está a criar uma situação angustiante para o comércio local, cujos últimos anos foram altamente penosos, precisamente devido ao encerramento do Parque e à perca progressiva da habituação da frequência do complexo termal.

Que fique claro: esta não é uma questão de natureza política, como alguns, de ambos os lados do espectro partidário, no calor das eleições que aí vêm, querem fazer crer e pretendem instrumentalizar, cada um à sua maneira. Trata-se apenas de um simples teste de honorabilidade da palavra de uma empresa que, perante as instituições oficiais do país, se comprometeu, para além de um conjunto de outras medidas, a abrir o Parque Termal das Pedras Salgadas e a construir, num prazo contratualmente bem determinado, um novo hotel - e não a estimular o surgimento de quaisquer sucedâneos, como já consta como pode vir a ser a alternativa.

A realidade é muito clara: o parque esteve e permanece fechado, as obras do hotel ainda não se iniciaram. Ora tudo isto contraria, em absoluto, aquilo a que a Unicer se comprometeu. Já corre que, como um também atrasado paliativo, a Unicer terá feito saber que o parque poderá abrir em 2010. Logo veremos, mas a grande questão, para a população local, aquilo que seria essencial a que a Unicer respondesse com clareza e precisão, seria dar a conhecer a data exacta do início e termo das obras do hotel - a única estrutura que tem verdadeiras condições para poder alavancar o renascimento das Pedras Salgadas como destino termal. Ou será que, afinal, já não haverá nenhum hotel, como muitos suspeitam? O grande teste para a boa fé da Unicer, em toda esta questão, seria ela responder - sim ou não - a esta simples pergunta. Terá frontalidade para isso?

Se a Unicer quer continuar a ser vista no país como uma entidade económica de bem, prolongando a relação de confiança que havia construído inicialmente com as Pedras Salgadas, e também para justificar os fundos públicos que entretanto já recebeu, tem de devolver todo o conjunto termal das Pedras Salgadas... em ponto!

Se o fizer, exactamente nos termos que subscreveu, sem recuos nem revisões de projecto, efectuados com o acordo ou não de complacentes entidades públicas sensíveis aos seus argumentos dilatórios, serei o primeiro a reconhecer que estive enganado e pedirei desculpas à Unicer por esta minha tomada de posição.

Se não o fizer, estarei entre os primeiros a ajudar a denunciar publicamente, por todos os meios que forem possíveis e necessários, que a empresa está a enganar as Pedras Salgadas e, em geral, a enganar o país, cujos fundos públicos lhe serviram para subsidiar esta sua operação de exploração económica, efectuada sob a condição de contrapartidas em matéria de melhoramentos turísticos, que até agora continuam a ser apenas uma miragem. A escolha é da Unicer, claro.

Este post foge um pouco do tom normal deste blogue, mas até um embaixador tem o direito à indignação. E eu estou sinceramente indignado com esta situação, que diz bastante a uma terra a que estou muito ligado.

Confesso os figos

Ontem, uma prima ofereceu-me duas sacas de figos secos. Não lhes digo quantos já comi. Há poucas coisas no mundo gustativo de que eu goste m...