sábado, março 23, 2024

"... pero que las hay!"


Fevereiro de 2005. Brasília. Eu tinha chegado, semanas antes, como novo embaixador de Portugal. O conselheiro social da embaixada, Joaquim do Rosário, tinha-nos convidado para jantar, em sua casa, com alguns membros mais representativos da comunidade portuguesa local. 

Feitas as apresentações e as primeiras conversas, passou-se à mesa. Naquela em que fiquei estava sentado um engenheiro que trabalhava, há já muitos anos, em Brasília, na área científica. Perguntei-lhe onde tinha concluído o curso de Engenharia. No Porto, onde tinha nascido, disse-me. Para aligeirar a conversa, contei que, também eu, tinha iniciado o curso de Engenharia Eletrotécnica na universidade do Porto. Sem grande sucesso: tinha feito apenas duas cadeiras. Rimo-nos da coincidência. E passámos adiante.

A conversa lá andou e, aí pela sobremesa, o engenheiro, a propósito de eu ter referido que era de Vila Real, disse-me que, no seu primeiro ano do curso, tinha tido como colega um tipo de Vila Real, com quem chegara a estudar no café Bela Cruz, à chegada ao Castelo do Queijo. Já não se lembrava do nome dele. Tem graça, comentei, por esse tempo eu costumava ir namorar aos fins de semana para o Bela Cruz, com a minha mulher, que ali estava também na mesa, e, curiosamente, eu também por lá tinha estudado com um amigo, cujo nome me tinha passado, que sabia que morava ali perto, na Foz. "Eu morava na Foz", referiu o engenheiro.

Afinámos datas: ambos tínhamos entrado no mesmo ano, para a mesma faculdade. Os nossos professores? Os mesmos: Vasco Teixeira, Arala Chaves, etc. Num instante, por outros pormenores cruzados, concluímos: ele era o meu amigo da Foz, eu era o amigo de Vila Real com quem ele chegara a estudar. Ele estudara um pouco mais do que eu, bem entendido! Exatamente 40 anos depois, tinhamo-nos reencontrado, nessa noite de Brasilia. E, desde essa hora, reatámos uma magnífica amizade, até hoje.

Há dias, na data das eleições, numa aparição no Facebook, lá o descortinei, civicamente ativo, barba branca à maneira, com o sorriso bom de sempre, na mesa de voto de Brasília, ao lado de outros amigos. Mas toma atenção, Manel, tens de fazer uma dietazita! Um imenso e transatlântico abraço para ti.

10 comentários:

Flor disse...

Pero que las hay, las hay!!

Anónimo disse...

Matemáticas Gerais - Arala Chaves
Química Geral - Vasco Teixeira
Geometria Descritiva - Jaime Rios de Sousa
Física Atómica - Pires de Carvalho
Desenho I - Ricca

Um gajo tinha que aturar cada um!

Francisco Seixas da Costa disse...

Nunca tive aulas com o "Jaiminho", não sei bem porquê. Pires de Carvalho - já não me recordava, salvo que era bastante novo.

manuel campos disse...


Têm todos ar de boa gente, a começar pelo seu amigo Manel.

Claro que aquela barriguita era dispensável, mas está bem longe de um conhecido meu que deixou de jogar futsal (e só lhe fazia bem) quando entrou em campo e ouviu vindo das bancadas "aquele gajo traz a bola debaixo da camisola!".

Anónimo disse...

Estes eram os de "Civil".
Talvez "Eletrotecnia" não tivesse Geometria Descritiva.

Francisco Seixas da Costa disse...

Anónimo das 18:25. Os "preparatórios" eram comuns a Civil e Eletrotecnia. E, creio, pelo menos, a Mecânica.

AV disse...

Lá vem o irritante hábito português das pessoas se imiscuirem nas dietas dos outros …

manuel campos disse...


O AV não leia isto, mas eu acho que as pessoas se imiscuem nas dietas dos outros quando gostam delas e as querem por cá muito mais tempo.
Que os ditos outros não queiram saber disso para nada é a opção deles, como em tudo o resto na vida cada um faz o que muito bem lhe apetece, uns dão-se bem com isso, outros não se dão bem, faz parte e não se podem tirar ilações de situações pontuais.

Por acaso ontem tinha acrescentado ao texto em que falo da barriguita dispensável uma outra informação, nem toda a gente o sabe e pouca gente o quer saber, grassa uma ignorância assustadora sobre questões de saúde por aí, ignorância "assumida" na minha opinião, tal é o receio de saberem mais.
Ora saber mais evita, ao contrário do que se julga, que se viva no pânico do que não se tem, acaba-se a recorrer ao Dr. Google, não se conhecem os sítios certos para estudar o assunto, lê-se o que calha, não se faz cruzamento de informações, deixa-se de dormir e cada vez mais se agrava o medo de ir ao médico, um circulo vicioso que tem tudo para não acabar bem.

A barriga de cada um não é só um problema estético, portanto aqui vai (quem tem receio de saber demais, abstenha-se, como a mim a vida me obrigou e continua a obrigar a saber demais, nunca me abstenho).

É só googlar "fundação portuguesa de cardiologia perimetro abdominal"

Como já disse, a caminho dos 78 anos não tenho nada de nada e até o meu médico me mandou bugiar por mais um ano, quando em Janeiro lhe fui pedir as análises periódicas anuais.
Sendo um médico privado num hospital privado e tendo eu seguro de saúde não se trata de certeza de "poupanças do SNS".
Mas isso não impede que se tomem precauções, basta ter um daquelas fitas métricas de sempre em casa.

PS- Como algumas pessoas que vêm aqui bem sabem, esta minha conversa não é bazófia nenhuma.
Antes fosse.


AV disse...

Será com boa intenção, Manuel Campos, mas de boas intenções está o Inferno cheio.
Referia-me à confusão entre estética e saúde que muitas vezes se faz e não é saudável. Os factores de risco são mais complexos do que isso.
Não nego o factor a que se refere em relação a doenças cardíacas, mas há mais a contribuir para isso.
Gosto sempre de o ler. Cumprimentos.

manuel campos disse...


AV

Claro que desse ponto de vista tem toda a razão, é uma confusão muitas vezes doentia (é a palavra certa).
Os factores de risco são muitíssimo mais complexos, como bem diz, apenas foquei este a propósito de barriguitas, cada vez vejo mais e mais cedo na vida das pessoas e todos sabemos porquê.

O que eu não percebo bem é o teor das conclusões oficiais apresentadas que se podem ver procurando aqui “Obesidade atingirá 39% dos portugueses adultos em 2035” (há vários artigos, no fundo todos o mesmo).
Estamos bem preparados?
Pelos vistos no papel estamos, no papel estamos sempre, basta pôr as cruzinhas nos sítios certos.

Mas não é o que vejo nas minhas 3 horas de caminhadas quase diárias por esta "Lisboa que eu amo" ou lá por outros sítios.
Assim limitei-me a tecer as considerações acima na esperança que a alguém sirvam, como é muitas vezes o meu hábito aqui, aquela introdução a “meter-me consigo” era isso mesmo, uma introdução bem disposta como se deu conta.

De resto o tal perímetro abdominal pode servir de aviso, ao que creio, no aparecimento precoce de algumas maleitas e, a partir de certa idade, já não será decerto um risco evidente (se estiver errado agradeço que me emendem).

Muito agradeço as suas palavras finais.
Os meus cumprimentos

Hoje, aqui na Haia

Uma conversa em público com o antigo ministro Jan Pronk, uma grande figura da vida política holandesa, recordando o Portugal de Abril e os a...