quarta-feira, maio 31, 2023
"Crónicas de Lisboa"
terça-feira, maio 30, 2023
O patife
O autor serviu no Exército que estava em Goa, foi preso durante seis meses pelas forças indianas e, como muitos outros militares portugueses, foi menos bem tratado pelo regime, depois do seu regresso a Portugal. A sua magnífica carreira militar posterior terá compensado o tempo traumático em Goa, que, com grande rigor, deixou por escrito.
Na apresentação que fiz, procurei contextualizar a invasão indiana de Goa nesse "annus horribilis" que 1961 foi para a ditadura portuguesa, quer no plano interno, quer no quadro internacional.
Destaquei, em particular, o cinismo do ditador, o qual, não obstante ter a plena consciência de que os meios militares ao dispor das Forças Armadas portuguesas que estavam em Goa eram, em absoluto, insuficientes para deter um qualquer ataque, não hesitou em enviar ao governador instruções que incluiam esta sinistra frase: "Não prevejo possibilidades de tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos".
Na resposta, o governador e comandante-chefe destacou "a desproporção das forças em presença, a fragilidade do dispositivo de defesa e a exiguidade dos meios em pessoal e material postos á nossa disposição".
Francisco Cabral Couto destacou, na ocasião, alguns aspetos do seu texto e, hesitando na escolha do vocábulo, com a contenção própria do militar de honra que sempre foi, concluiu a sua curta intervenção dizendo: "Salazar foi um patife!" E foi mesmo.
segunda-feira, maio 29, 2023
O impedimento
Hoje, estive na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, a apresentar uma comunicação num congresso sobre Ciência Política e Relações Internacionais. E recordei a primeira vez que lá não fui. Eu explico.
domingo, maio 28, 2023
"O que os portugueses querem..."
Palavra
O partido das maiorias
No 28 de Maio
Há um mito, na política portuguesa contemporânea, de que uma determinada pessoa foi convidada por engano para um cargo ministerial, por ter um nome idêntico ao de alguém que era o verdadeiro destinatário do convite. Já está mais do que provado que essa historieta não tem pés para andar, mas, no entanto, tenho-a visto repetida como se fosse verdadeira. Talvez por ter graça...
A propósito da data de hoje, 28 de Maio, dia do funesto golpe militar, em 1926, conta-se que o general Gomes da Costa, depois de se ter desembaraçado dos seus colegas de conspiração, e pouco tempo antes de, ele próprio, ser posto com dono, recebeu os seus novos ministros. Ao cumprimentar aquele que ia ser o primeiro ministro da Saúde da ditadura militar, ter-lhe-á dito: "Tinha ideia de si como uma pessoa mais velha". O novo governante terá respondido: "Deve estar a confundir-me com o meu pai". E lá foi ele tratar da Saúde aos portugueses...
Os velhos turcos
Com a cabeça na lua
sábado, maio 27, 2023
Multilateralismo
Na passada quarta-feira, na Universidade Autónoma de Lisboa, dei uma aula sobre Multilateralismo. Foi mais de uma hora e meia, com um grupo de alunos interessados e interventivos. Se a professora Sónia Sénica não tivesse colocado um ponto final ao debate, aquilo tinha-se prolongado sabe-se lá até quando!
sexta-feira, maio 26, 2023
De Polichinelo
Vou contar um segredo de Polichinelo, que muito jornalista e político sabe, mas que a generalidade do público desconhece. Tem a ver com cerimónias, comícios ou discursos públicos, quando cobertos, em direto, pelas televisões.
Haver, há!
Ferro Rodrigues no "Público"
quinta-feira, maio 25, 2023
quarta-feira, maio 24, 2023
Outra coisa
A pessoa que, lá ao fundo, falava, dizia coisas sobre Natália Correia. Estranhei, mas só um bocadinho. Por entre as cabeças, tentei descortinar o inconfundível cabelo da Catarina Carvalho, que me convidara para a sessão. Sem êxito. De um dos autores do livro cujo lançamento ali me levava, o José Ferreira Fernandes, nem rasto. Quase não parecia ali haver nenhum homem! Era um mar de mulheres! Atentei então melhor no que era dito pela senhora que usava da palavra: falava sobre os motivos da sua decisão de escrever uma biografia sobre Natália Correia!
Ó diabo! Agarrei no iPad, escrevi no tio Google "Ferreira Fernandes" e "Brasileira", na última semana, e lá estava, claro como a água: o lançamento do livro era na Brasileira, às seis e meia da tarde, na quarta-feira... dia 31 de maio, daqui a uma semana!
Acabei a cerveja e o "éclair", pedi a conta à empregada e desculpa à senhora do lado, e saí de fininho. Não é que me não interesse uma biografia da Natália Correia! Antes pelo contrário! Mas, hoje, eu ia ali por outra coisa. E uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
ps - a Catarina e o Zé que me desculpem se, lá para o fim do mês, não estiver na Brasileira. Já estive!
Depois, queixem-se!
terça-feira, maio 23, 2023
Reverar?
segunda-feira, maio 22, 2023
Os 25 anos da Expo
Ora eu, na realidade, só fui à Expo, como visitante, um único dia. Estas 10 vezes que vêm hoje referidas nas notícias representaram o acolhimento que me coube fazer a 10 ministros ou dignitários de outros tantos países, no respetivo dia nacional, com a cena dos hinos e do hastear das bandeiras, passagem ao filme de apresentação (que já sabia de cor) no Pavilhão de Portugal, com a Simoneta da Luz Afonso a ter de repetir a sua explicação, subida ao primeiro andar, um Porto ou um Madeira branco (eu pedia sempre um Douro tinto), ida para a mesa, débito de um discurso inventado sobre o país em causa e sobre a conhecida "excelência" das nossas relações bilaterais, seguido do ritual almoço "ex officio". Depois, ala que se faz tarde para o trabalho, porque ninguém o fazia por mim.
Foi uma belíssima realização, saída da genialidade de António Mega Ferreira e Vasco Graça Moura, com o apoio de Cavaco Silva e o empenhamento de António Guterres. O país gostou, os estrangeiros também, os erros de Sevilha foram evitados e lá está hoje o Parque das Nações, nome saído de um conselho de ministros, já no final da Expo, a que, por acaso, estive presente e no qual tive a ousadia de propor, com o resultado que se viu, o nome de "Parque do Oriente", por algumas razões que então adiantei, quando mais não fosse, para homenagear o estimável Clube Oriental de Lisboa...
Ainda Cavaco
domingo, maio 21, 2023
Estaline
A Oeste algo de novo
O Oeste recomenda-se!
Brasil
Cavaco
sábado, maio 20, 2023
Confissões de viajante
sexta-feira, maio 19, 2023
Expressamente
Leon, mostra a tua raça
Um escândalo, é o que é!
Belém
Vadim
Ao final da tarde de quarta-feira, na Gulbenkian, ouvi o escritor Giuliano de Empoli fazer uma apresentação do seu badalado livro "O Mago do Kremlin" (já agora, vale bem a pena lê-lo!). Dá pelo nome de Vadim a personagem ficcional que, na trama, surge como o conselheiro de Putin.
Transparência
quinta-feira, maio 18, 2023
"A Arte da Guerra"
As eleições presidenciais na Turquia, as próximas eleições legislativas na Grécia e o novo périplo diplomático de Zelensky são os três temas do "A Arte da Guerra" desta semana, a conversa com o jornalista António Freitas de Sousa, no podcast internacional para o "Jornal Económico', que pode ver aqui.
quarta-feira, maio 17, 2023
"Guetto" de Varsóvia
Nas instalações da Casa da Imprensa (o edifício está "um brinco"!), ao final da manhã de hoje, participei numa conversa sobre o octogésimo aniversário da revolta no "guetto" de Varsóvia, tema de uma exposição exibida no local, organizada por um coletivo integrado por João Soares, Manuela Rego e José Manuel Saraiva, entre outros.
Bar aberto
terça-feira, maio 16, 2023
Lições do Sul
Eutanásia
Curiosidade
Não é mau de todo...
O trigo e o joio autárquico
segunda-feira, maio 15, 2023
Jornalismo adversativo
Nunca é demais lembrar, para que ninguém se esqueça: muita da nossa comunicação social não consegue dar uma boa notícia para o país, saudar o que de positivo possa surgir, sem o fazer seguir de um "mas", de um "contudo", de um "porém", que atenue o menor surto de otimismo e de bem-estar. O que importa é garantir que o ambiente catastrofista se instale e permaneça. Até que os seus sonhos se concretizem. Ou não.
Que chatice, não é?
Dilema
Fernanda Gabriel
Não me recordo quando conheci a Fernanda Gabriel, uma cara da RTP que os portugueses se habituaram, desde há muito, a ver moderar debates com os nossos eurodeputados.
domingo, maio 14, 2023
Turquia
A sede do partido dominante da vida política turca, o AKP, é o imenso edifício que a imagem mostra. Há precisamente uma década, entrei ali, acompanhado pelo nosso embaixador em Ancara, para ser recebido pelo vice-presidente do partido. Eu já estava reformado, dirigia o Centro Norte-Sul do Conselho da Europa e tinha ido à Turquia, a convite do nosso MNE, então dirigido por Rui Machete, para representar Portugal numa conferência e, de caminho, efetuar uma determinada diligência.
O Estado do Mundo
sábado, maio 13, 2023
Milagres
sexta-feira, maio 12, 2023
Capicuas
Os miúdos de hoje saberão o que é uma capicua? Se não sabem, vão ao Google, não é? Alguns talvez saibam, mas imagino que muito poucos, nos tempos que correm, acharão a menor graça ao surgimento, num bilhete qualquer, de um número que se pode ler, identicamente, da frente para trás ou vice-versa. Há prazeres inocentes que o tempo fez desaparecer. Isso não é bom nem é mau, apenas revela que vivemos um tempo diferente de outros tempos.
quinta-feira, maio 11, 2023
"A Arte da Guerra"
O discurso de Putin no 9 de Maio, a China e os novos equilíbrios no Médio Oriente e o crescimento da extrema-direita no Chile são os três temas na conversa com o jornalista António Freitas de Sousa, no "A Arte da Guerra", o podcast internacional do "Jornal Económico", que pode ver aqui.
Clube de Lisboa
Trump
TAP
quarta-feira, maio 10, 2023
O outro 10 de maio
"Então tu estragas a memória do 10 de maio, essa data de felicidade, em 1981, da chegada da esquerda ao poder em França, com a evocação da canalha nazi?!"
Fogueiras
Hoje, 10 de maio, faz precisamente 90 anos que, na Alemanha nazi, se iniciaram as fogueiras onde se queimaram livros "inconvenientes".
La Lys
Sensatez e coragem
terça-feira, maio 09, 2023
Rita Lee
Um dia, na Noruega, um amigo brasileiro, o Pedro Avelino, "apresentou-me" a Rita Lee. Era, disse-me, uma antiga rockeira convertida às baladas. A mulher do Pedro, a Mônica, derretia-se com essa música. O som que ele trazia num LP, comprado no Rio, era o do "Lança Perfume". De facto, era diferente. Convenceu-me. Fiquei fã. Depois, em férias em Portugal, consegui o álbum com o "Mania de Você". Mais tarde, fui comprando outras peças da minha avantajada coleção da Rita Lee, da qual consta também o excelente "Baila Comigo". Levei tudo para Angola, em 1982, com dezenas de outros discos (os CDs estavam então a começar) mas, a pouco e pouco, com o aparecimento de outras novidades, fui esquecendo a cantora.
segunda-feira, maio 08, 2023
Eduardo Paz Ferreira
A descrição que nos fez do modo como, estudante, ficou impressionado, na primeira vez que entrou na imensa sala onde estávamos, foi magnífica. Entre outras considerações, na hora e meia da sua levíssima conversa, o Eduardo brindou-nos com uma interessante análise, para mim muito pedagógica, sobre a relação do Direito com os temas económicos e o modo como a universidade, em Coimbra como em Lisboa, foi abordando esse tema. Um insigne professor da casa, hoje em comissão de serviço em Belém, também comentou isso em vídeo. Mas o Eduardo também nos falou dos pides, dos gorilas, do capitão Maltez, dando os nomes aos bois sobre quem esteve por detrás desse tempo de repressão académica.
O Eduardo Paz Ferreira é um jovem. Tem 70 anos, data que comemorámos numa bela festa no passado sábado, que a Francisca organizou para 70 dos seus imensos amigos. Num livro que agora publicou, com o sugestivo título de "Devo fechar a porta?", ele deixa claro que o seu inquieto espírito cívico não vai ficar parado. Desde sempre, lado a lado com as suas atividades docentes, o Eduardo manteve uma incessante produção de debates e publicações. Lembro-me de ter apresentado, pelo menos, dois livros seus e de ter participado em bem mais de uma dezena das suas iniciativas, nomeadamente sobre temas europeus, área em que desenvolveu uma reflexão aprofundada e de imensa utilidade, questionando construtivamente o posicionamento do país nesse domínio. E até o fenómeno Trump nos juntou, com balanços críticos anuais, enquanto durou (esperamos não ter de reunir de novo sobre o assunto!) O Eduardo é um militante da liberdade e da justiça social e nesse domínio, como hoje uma vez mais provou, tem o papa Francisco como grande referente.
Conheci o Eduardo como jovem estudante universitário recém-arribado a Lisboa, creio que logo em 1970, nas tertúlias da Granfina, num grupo de açoreanos que por ali parava (Jaime Gama, Horácio César), junto com alguns algarvios (Nuno Júdice, Madeira Bárbara), beirões (como o António Massano), alentejanos (como o Diogo Pires Aurélio), transmontanos como eu (Belém Lima, António Leite) e muita, mesmo muita outra gente, em mesas que se juntavam à medida de quem chegava e onde pontuava, entre outros, o brilho do Eduardo Prado Coelho.
Em 1976, o Eduardo apareceu a chefiar o gabinete de José Medeiros Ferreira, como ministro dos Negócios Estrangeiros, e muito nos cruzámos nos claustros das Necessidades, com ele então a queixar-se do meu radicalismo político. Um dia, num corredor da Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, onde eu não sabia que ele vivia enquanto por lá estudava, caímos nos braços um do outro. Recordo o jantar em que ele nos apresentou a Francisca, que ficaria para a vida nossa amiga. Os nossos encontros à mesa, por cá e lá fora, a quatro ou em divertidos e às vezes musicados aniversários, foram sempre muitos. E vão continuar a ser!
Um forte abraço, Eduardo. Não, não vais fechar a porta! Nem a Francisca te deixaria! E ainda bem! Nunca te perdoaríamos!
Está frio...
... mas está um belo dia!