domingo, maio 22, 2022

A Delícia do dia


Neste domingo de clima “ranhoso” (era a minha mãe quem assim qualificava este tipo de dias sem sol, em que, às vezes, até caem uns pingos de chuva, o que se torna mais pesado por ser domingo), antes de passar pela avenida D. Carlos (como republicano, nunca escrevo “D. Carlos I”, porque não vai haver “segundo”…), para ir ver os jacarandás (contudo, os do Rato estão mais bonitos, e isto não é viés político), decidi ir almoçar a Moscavide.

A Moscavide? Já estou a imaginar alguns leitores finaços a estranharem este arroubo de amesendação suburbana. Isso mesmo! A Moscavide, onde, com amigos, fui almoçar à Delícia, uma marisqueira “sem efes e erres”, nada “cheia de nove horas”, onde nunca comi mal. Como hoje, uma vez mais, aconteceu.

Estava a meio da faena gastronómica quando um simpático cliente se aproximou da mesa e me disse que, embora situado em outro quadrante ideológico, lia com regularidade e gosto este espaço mas, o que é mais “grave”, que também seguia com atenção as sugestões que, por vezes, vou dando sobre restaurantes, num meu outro blogue, o “Ponto Come”.

Ora isso é tema que fia mais fino! Mandar um bitaite sobre a Ucrânia ou sobre a Europa, vá que não vá. Uma opinião política vale o que vale, isto é, vale o que quem a lê entende que ela vale. Nem mais nem menos! Mas aconselhar alguém a ir fazer uma refeição ao restaurante “Zé dos Anzóis” (não existe, que eu saiba! É apenas um exemplo!) é um ato que se resveste de alguma responsabilidade.

Devo dizer que, cada vez mais, tenho alguma preocupação quando destaco por escrito um restaurante. É que, de um dia para outro, com a crise da pandemia, com a falta de pessoal ou com a mudança de dono, uma casa que no passado se nos ofereceu como simpática, passa a ser um sítio “inível”, isto é, que deixou de ser “ível” (onde se pode ir). Ou pode ter disparado muito nos preços, que é uma pandemia por aí muito comum (em especial nos vinhos).

Por agora, fiquem descansados. Podem ir à vontade à “Delícia”! Preços decentes. Ah! Mas não esperem luxos: a sala tem um ambiente solto, de famílias (em especial aos fins de semana), barulho qb, porque uma marisqueira popular lisboeta é isso mesmo. Por ali terão, garantidas, simpatia, comida honestíssima e uma boa carta de vinhos (desta vez, optámos por um agradável tinto de jarro da casa). Se lá forem, pela certa que sairão satisfeitos. Ah! Mas reservem sempre! Porque há mais gente que já descobriu este sítio bem comer…

3 comentários:

João Cabral disse...

O senhor embaixador anda a deixar os hábitos nocturnos? Até já combina almoços...

Nuno Nazaré disse...

Estimado Sr. Embaixador Seixas da Costa,

Sou o dito cliente que lhe dirigiu umas palavras ao almoço. Da extrema qualidade do seu conhecimento, cultura e escrita, não tinha dúvidas. Pude igualmente testemunhar o que já suspeitava: a sua bonomia e extrema simpatia. E como lhe referi, tento ser um seguidor das suas excelentes propostas gastronómicas!

Um bem haja para si.

Nuno Nazaré



Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Nuno Nazaré. Foi um gosto conhecê-lo. Um abraço grato

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