terça-feira, maio 10, 2022

Rainha de Inglaterra


Acumulam-se sinais no sentido da rainha Isabel II estar a iniciar a sua saída da cena oficial, com a próxima abdicação em favor do seu filho. Se isso for feito de forma serena e adequada, a monarquia britânica pode ter ganho uns bons anos mais. Para tal, também é necessário que o novo rei tenha bom senso e, em especial, extrema contenção opinativa, limitando-se, publicamente, a mostrar sorrisos e dizer platitudes - isto é, a ser, constitucionalmente, uma verdadeira “rainha de Inglaterra”. Uma outra variável é, contudo, menos controlável, mas não menos importante para a sobrevivência do sistema: que a restante família se não envolva em mais escândalos e polémicas, que possam dar ao cidadão comum a ideia de que o erário público britânico contribui para alimentar uma cada vez menos aceitável excecionalidade social, num tempo em que as aristocracias e as elites só ganham em não se expor demasiado. O tempo do “glamour” e da atração fascinada pela vidas das princesas e coisas do género, muito reluzente nas revistas do género, parece que já lá vai.

3 comentários:

Luís Lavoura disse...

Ontem vi na televisão um pedacinho da inauguração oficial do Parlamento britânico. Aquilo é de um ridículo a toda a prova. Aquelas cabeleiras, aquele trono, o rei a falar de um "Governo de Sua Majestade", aqueles fatos de gala. Será que a Grã-Bretanha não se enxerga?

Jaime Santos disse...

Luís Lavoura, a Monarquia Britânica é a instituição secular mais parecida com a Igreja Católica que existe por boas razões históricas, daí a preservação de tradições como a da abertura do Parlamento.

Na minha modesta opinião, os principais problemas da Constituição Britânica são a manutenção de certas prerrogativas reais pelo Governo do Dia (elective dictatorship) e o seu sistema eleitoral que permite maiorias absolutas a um Partido com 1/3 dos votos. Mas trata-se de problemas políticos que serão resolvidos por atos do Parlamento Britânico, se os britânicos o quiserem, não do carácter supostamente ridículo de tradições de que eles se orgulham.

Não serão arrivistas como nós que darão lições de democracia aos britânicos que têm longas tradições nessa matéria aliás, é justamente a antiguidade das instituições britânicas que torna a mudança difícil (não se muda o que funciona), mas isso é um problema deles...

Nuno Figueiredo disse...

Olhe que não...

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