terça-feira, maio 10, 2022

A Ucrânia que aí vem (em mil carateres)


Nenhum cenário aponta para que a Ucrânia, no termo da guerra, venha a recuperar a geografia que tinha antes de 2014. A Rússia nunca desocupará a Crimeia. Além disso, vai, com toda a certeza, manter, sob o seu controlo, as áreas separatistas do Donbass. Pode mesmo vir a integrá-las na Federação Russa, o que, formalmente, as protegeria mais. Nessa região, contudo, pelo modo com conduz a guerra, a Rússia mostra que pretende ir mais longe, por forma a criar uma “buffer zone” permanente bastante mais alargada do que a que existia a 24 de fevereiro. Outros ganhos que a Rússia alvejará estão a sul, na tentativa de criar um corredor que impeça o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, tornando-o num país “encravado”, que dessa forma ficaria sufocado economicamente. A Ucrânia, que, a cada dia, recebe mais ajuda militar ocidental, o que lhe está a permitir “empatar” o conflito, terá como objetivo existencial quebrar esse corredor russo pelo sul. Ambos vão perder a guerra. Só falta saber “por quantos”.

7 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Correndo o risco de repetir palavras que escrevi ontem noutro forum, devo dizer que perdi e que perdemos aqui. Perdi porque fui ao supermercado e já não ia há uma semana, quando tomei as primeiras medidas anti-crise (já reparou que as mercearias de bairro, no engarrado e nos enlatados, enquanto não esgotarem os stocks, estão mais baratas do que as grandes superfícies?). Mas o pior é o sacana do gasóleo, o gasóleo está a sufocar-me e a trazer danos diretos à minha atividade principal, o turismo. Era preciso era pessoas a falarem de fazer a paz, mas ninguém a não ser o cidadão comum quer.

João Cabral disse...

Já está a ser uma derrota para a Rússia. O objectivo está cada vez mais longe. Até um empate será uma vitória para a Ucrânia.

Luís Lavoura disse...

Lúcio Ferro, e espere por mais países europeus a boicotarem o petróleo russo, o que fará o petróleo encarecer em todo o mundo. A Rússia ganhará, pois ganha-se mais em vender um pouco menos mas muito mais caro, e o Lúcio Ferro e todos os outros consumidores de petróleo - e o pior nem são as atividades turísticas do Lúcio, o pior são os países do Terceiro Mundo, em muitos dos quais o gasóleo não somente é caro como muitas vezes já nem está disponível - perderão. Gravemente.
Não há palavras para descrever a estupidez dos líderes europeus atuais. Com o seu expoente em Ursula von der Leyen - a estupidez personificada.

Luís Lavoura disse...

Exatamente, ambos vão perder.
A Rússia, claramente, mesmo focando-se somente no Donbass, não está a conseguir fazer progressos. A ideia de conquistar Odessa é uma total miragem - pois se nem Kharkiv, que fica mesmo ali ao pé da fronteira, consegue conquistar! A Rússia está a perder militarmente mas, pelo menos, com a sua autarcia económica, vai sobreviver economicamente. Já a Ucrânia, pode vencer militarmente, mas vai ficar transformada numa ruína e totalmente dependente do apoio externo.

Jbraga disse...

Realmente a contrastar com a estupidez europeia personificada em Ursula von der Leyen, so a “inteligência” dos líderes russos 😩. Realmente não há maior cego do que aquele que não quer ver!!!

Jaime Santos disse...

Coitadinhos dos consumidores ocidentais que têm que pagar o gasóleo mais caro. Já pensaram em conduzir mais devagar? Uma redução de velocidade de 20% na autoestrada pode trazer poupanças consideráveis...

Nos anos 70, foi preciso limitar a circulação automóvel numa época em que os automóveis eram bem menos eficientes e fomos capazes de viver com isso e agora não somos? Que bando de comodistas nos tornámos!

O problema principal será a exportação de cereais ucranianos para os países mais pobres, agradeçam a Putin pelo bloqueio naval.

A Ucrânia já perdeu a guerra, Sr. Embaixador, face ao grau de destruição infligido pela Rússia. Quanto a esta, que parta bem os dentes na Ucrânia e pelo menos será incapaz de ameaçar outros tão cedo. Ninguém os mandou meterem-se com cossacos!

E quanto à ameaça nuclear, a que só a Rússia se refere, alguém acredita que a oligarquia que governa a Rússia vai prescindir das suas mansões, iates e amantes para acabar os seus dias a sufocar ou a morrer de envenenamento radioactivo num bunker (nós seríamos afortunados por comparação)?

Aliás, é possível travar uma guerra nuclear de modo a que nada vivo de tamanho significativo permaneça, o planeta poderá talvez recomeçar com as baratas.

Não sobrevivem nem Putin no seu avião do apocalipse, nem a editora da RT, nem coisa alguma e era bom que alguém lembrasse os russos disso de forma discreta para não andarem para aí a arrotar postas de pescada, porque senão isto ainda acaba mal...

josé ricardo disse...

Não só ambos, mas também a União Europeia (coletiva e individualmente). Esta, quando despertar deste sono letárgico (paradoxalmente bélico), tricotado com maestria pelos Estados Unidos da América, acompanhado acefalamente pelos líderes do Reino Unido e Canadá, encontrar-se-á mais errante e mais dependente do que até agora se encontrava.
Com toda a sinceridade, jamais pensei que estes líderes conseguissem chegar a um ponto de tamanha insensatez e ignorância. O que está a acontecer na Ucrânia é um exemplo perfeito de como uma guerra mundial pode ser desencadeada. E a culpa não será, com toda a certeza, só da Rússia (ou do Putin, como Biden e Úrsula gostam de notificar).
Vale a pena ler jornais e visionar os telejornais? Não.

Olhar os dias em quinze notas

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