sexta-feira, maio 13, 2022

“A Arte da Guerra”


Desde há bem mais de um ano, o jornalista António Freitas de Sousa e eu mantemos, com uma regularidade semanal, o podcast “A Arte da Guerra”. De que se trata? De uma conversa de cerca de meia hora (verdade seja que costumamos ultrapassar esse tempo) sobre três temas da vida internacional.

Esta semana, o programa, que pode ser visto clicando no link abaixo, trata (como não podia deixar de ser, não é?) a situação na Ucrânia, a crise e as eleições no Líbano, bem como a inquietação na Austrália e nos EUA pelo facto das Ilhas Salomão (um arquipélago no Pacífico) terem decidido fazer um acordo militar com a China.

6 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Ainda não ouvi mas lá irei. No entanto, sobre as Ilhas Salomão, não posso deixar de assinalar a brutal hipocrisia do chamado Ocidente: a Ucrânia, com dezenas de milhões de cidadãos e um exército muito bem compostinho até março do corrente, tinha todo o direito em aderir à OTAN e quem dissesse o contrário era putinista, autocrata e negava direitos e liberdades aos povos. Já as Ilhas Salomão, com uma população de 700 mil almas e com um "exército" praticamente inxistente, faz um acordo de assistência militar com outro país e cai o carmo e a trindade: Aqui Del Rei que não, isso não pode ser, ingerência chinesa, ameaça ao Ocidente, etc e tal e só não vão mais longe porque de momento têm as mãos atadas na Ucrânia. E pensar que o principal casus belLis da presente guerra, que corre cada vez mais o risco de ser a última, foi mesmo o direito (ou não) da Ucrânia em aderir à OTAN. É, assim cai a máscara aos pulhas, era ouvi-los ainda há dois meses e picos: "A Ucrânia tem todo o direito em juntar-se às alianças que muito bem entender, quem negar isso é contra a liberdade e a democracia".

Francisco Seixas da Costa disse...

Lúcio Ferro. Talvez valha a pena ouvir o que digo sobre as Ilhas Salomão…

Lúcio Ferro disse...

Senhor Embaixador, ouvi o programa do princípio ao fim, não ouvi qualquer referência às Ilhas Salomão... Terá falado noutro fórum?
De qualquer forma, deixo aqui uma nota que me parece importante referir e que é a do alegado isolamento internacional da Rússia. Como vários autores, diplomatas e economistas fora da órbita ocidental têm dito, até ver esse isolamento é muito relativo, e está centrado nas sanções impostas pelo Ocidente à Rússia; ora, não é esse o posicionamento de atores de grande peso no panorama internacional, como sejam a China, a Índia, o Brasil, países da OPEC e quase todos os países do continente africano. Também está em curso um reposicionamento russo e bem rápido com a construção de pipelines e outras estruturas financeiras viradas para leste e para sul, nomeadamente em relação àquilo que mais lhes interessa: a quem exportar as suas matérias primas (pois para a Europa eles que comprem a peso de ouro a Americanos e outros) e como ser paga por essas exportações. É por isso que, quando ouço as lideranças europeias com a história de que vão deixar de comprar petróleo, gás natural e outros recursos à Rússia, fico a pensar se essas medidas (para além do terrível efeito bumerangue) vão realmente amputar a economia russa de forma decisiva. Aliás, até ver, quem tem embargado essas exportações têm sido os russos: Bulgária e Polónia primeiro (algo que os tontos de Bruxelas qualificaram de "chantagem") e parece que a Finlândia também está na calha. Estes dados deveriam fazer-nos pensar. Porque motivos tantas nações não embarcam no delírio ocidental das sanções e porque motivo Moscovo não se coíbe de cortar (até ver seletivamente) os abastecimentos à Europa?

Francisco Seixas da Costa disse...

Lúcio Ferro. Tinha mamdadi o link errado. O último terço do programa é sobre as Ilhas Salomão.

Lúcio Ferro disse...

Exatamente senhor Embaxador, discordando de si em muitas matérias, nesta história estamos em sintonia, mas as opiniões públicas europeias não sabem destas políticas de double-standards, só lhes é impingido que havia uns coitadinhos, uns miseráveis que queriam aderir à OTAN, organização meramente "defensiva" e que, vá-se lá porquê, o vizinho demoníaco do lado não gostou. E não estamos a falhar dumas ilhazecas lá onde o diabo (e os japoneses) perderam as botas, onde irão ancorar uns poucos de navios chineses, eventualmente meia dúzia de caças e de aviões de reconhecimento; estamos a falar de um país onde já estavam inúmeros conselheiros militares, que tinha um exército bem jeitoso e numeroso, que já recebia toneladas de armamento americano, que se recusava a cumprir os acordos de Minsk, que tinha ilegalizado partidos políticos, banido o emprego da língua russa no seu próprio território, usado e abusado de práticas xenófobas face às suas proprias populações de origem russa, etc. Enfim, ironias.

Luís Lavoura disse...

Lúcio Ferro

está em curso um reposicionamento russo com a construção de pipelines viradas para leste e para sul

É verdade, mas a construção de pipelines é uma coisa muito cara e muito demorada. Não é coisa que se faça de um ano para outro. E o terreno siberiano, com o atravessamento de grandes cadeias montanhosas (Altai) e de vastos rios, não é nada fácil.

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