quarta-feira, maio 11, 2022

Os novos federalistas

Há por aí alguma inocência, uma súbita “descoberta da pólvora”, na ideia salvífica do fim da unanimidade em certas decisões dentro da União Europeia. É fácil dizer isso a quem está protegido pelo padrão médio de interesses que se projeta em Bruxelas. Mas há quem esteja fora dele.

Com a recusa da Hungria em se juntar ao consenso sobre o petróleo, o tema passou a “sexy”. Ora não é por mero acaso ou por teimosia soberanista que umas decisões são tomadas por maioria (e noto que, nesse voto, uns têm mais peso do que os outros) e outras requerem a unanimidade.

Quando se é alemão, francês ou italiano, ou se vive no mundo do Benelux ou no conforto nórdico, com interesses similares, pode-se aceitar com facilidade o voto por maioria qualificada. Mas experimentem defender legítimas posições marginais sem a unanimidade! E esqueçam a Hungria!

Lembro apenas que, se a unanimidade não tivesse sido obrigatória para certas decisões europeias em matéria de política externa, Portugal não teria conseguido evitar concessões em favor da Indonésia, promovidas por “amigos de Peniche”, que protegeram os direitos do povo de Timor.

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