sexta-feira, maio 13, 2022

Turquia

Ontem na CNN Portugal, referi que a cultura de segurança e de valores que hoje prevalece em países como a Finlândia e da Suécia, dada a sua aculturação no seio da União Europeia, estavam mais próximas da NATO do que da de alguns dos atuais membros da organização. E, de passagem, mencionei a Turquia e a Hungria. 

Hoje, Erdogan, não desiludiu. Com o sentido de “solidariedade” de que já tinha dado mostras aquando da crise dos refugiados, anunciou a sua oposição a este alargamento da NATO. E, claro, deixou um cheiro a chantagem no ar, revelando que o tema do “separatismo violento” (uso aqui uma expressão que é conhecida de quem conhece aquilo de que ele pretende falar), que lhe é tão caro, é uma excelente arma. 

A polémica transferiu-se assim, para o seio da NATO. E Putin vai-se rindo.

5 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Do mal o menos, sendo Erdogan o crápula que é, ao menos tem bom senso, coisa que o governo finlandês não tem: viveram mais de 70 anos em paz, depois de terem levado uma tareia fenomenal por parte da URSS. No decorrer desses 70 anos, durante mais de 50 não tinham a Rússia à porta, tinham a superpotência que dominava metade da Europa, incluindo metade de Berlim. Serviu-lhes muito bem e há tratados internacionais que só foram possíveis graças à postura de Helsínquia. E agora querem renegar tudo isso e porem-se a jeito. Burros sem memória, é o que são.

Lúcio Ferro disse...

Já agora, como utilizou esse termo que anda muito em voga, o de "chantagem", não resisto a questioná-lo sobre outras chantagens:

Há cerca de 15 dias, a Rússia decidiu cortar o abastecimento de gás à Polónia e à Bulgária, porque estes países não o queriam pagar em rublos, o que na prática significaria que continuavam a receber gás - sem o pagar. Na altura, a senhora Von der Leyen (a mesma pessoa que decide o que podemos ou não ver na televisão e na internet, porque ela sabe muito melhor do que nós o que podemos ou não ver), disse que isso era uma "chantagem" ignóbil por parte da Rússia. Agora, sem consultar ninguém, o governo ucraniano decidiu exatamente o mesmo que os russos; não deixar passar gás pelo seu território, assim cortando unilateralmente abastecimento à Europa. O primeiro resultado é que os preços voltaram a disparar (deixo link abaixo). Ora, nós na Europa temos andado com os ucranianos ao colo, os tipos até se permitem insultar-nos e apelar à ilegalização de partidos políticos e nós continuamos a tratá-los como se fossem nossos heróis, nossos abnegados irmãos. Mas não são; não é isto uma chantagem muito pior do que a dos russos, dado todo o apoio, as paletes de armas, tudo e mais um par de botas que lhes temos dado, governo português incluido?

https://www.cnbc.com/2022/05/11/natural-gas-prices-in-europe-jump-after-ukraine-blocks-russian-flows.html

Luís Lavoura disse...

Fez Erdogan muitíssimo bem. Aplauso da minha parte.

A Turquia posiciona-se como um membro da NATO que não é contra a Rússia, pelo contrário, que deseja manter boas relações com a Rússia. Oxalá outros membros da NATO - Portugal, por exemplo - também assim fossem. Não sendo contra a Rússia, a Turquia decide - e muitíssimo bem - recusar algo que sabe que é muito mal visto pela Rússia.

A NATO precisa de países-membros com tomates, como a Turquia. Não de carneirinhos pastoreados pelos EUA.

Anónimo disse...


Ao menos dá para gargalhar um pouco.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Com todo o respeito, não concordo minimamente com a sua opinião de que “Putin se esteja a rir”. Como alguém já afirmou esta adesão da Finlândia e Suécia à NATO vai ficar na História como “o alargamento de Putin”.
Além do mais, os recentes desenvolvimentos da guerra na Ucrânia, já terão feito sentir a Putin que a guerra fria do séc. XX entre o Kremlin e a Casa Branca deixou de existir, e que a nova guerra fria do séc. XXI se desenrolará entre os Estados Unidos com o peso de seus 75 anos como superpotência e a nova potência em ascensão, a China.
A Rússia deixou de contar na competição pela influência geoestratégica mundial que se centrará agora na vasta região do Indo-Pacífico, que une os oceanos Índico e Pacífico, e emergiu como o centro económico e geopolítico do mundo.
Mas trata-se da minha modesta opinião.
Cordiais saudações

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