O PSD tem quatro anos para se preparar para governar. Liderar, nesta altura, não será tarefa fácil para ninguém. Teve a hipótese de escolher alguém que ia saber ler futuro. Votou em alguém que lembra demasiado o passado. Vamos ter mais “bota-abaixo” do que novas ideias.
3 comentários:
O problema principal de Luís Montenegro é que é talvez o maior dos ressabiados da era passista (Cavaco estende-se a outras eras e está fora da política, limitando-se a dar uns latidos extemporâneos de quando em quando).
Continua a considerar que o que Costa fez em 2015 foi oportunista (sem dúvida, mas no melhor sentido da palavra) e injusto (em política, desde que se cumpram as regras mínimas da decência e se cumpram as Leis, vale tudo, até tirar olhos).
Mais, para ele, os Portugueses foram ingratos, recusando-se a reconhecer os erros daqueles 4 anos e 6 meses da era passista, a começar desde logo pela crueldade e leninismo com que se foi além troika.
Por isso, é de esperar que regresse o estilo trauliteiro à liderança do PSD. Quem deve estar a esfregar as mãos de contente é Ventura. Entre o original e a cópia (e ele é agora o produto genuíno, passe embora o facto de ter sido uma criação de Passos Coelho) as pessoas vão preferir o original.
Jorge Moreira da Silva vai ter que continuar a dormir no casulo do futuro, porque o PSD e o País merecem melhor do que Montenegro. O problema é saber se este último não se arrisca a minguar o PSD a um ponto em que seja irrecuperável como Partido de Poder...
Com eleições internas a 28 de Maio, só se poderia esperar a eleição de um trauliteiro.
Não se trata do regresso do estilo trauliteiro à liderança do PSD, mas, aparentemente, da chegada de uma autêntica política trauliteira, que não é só um estilo. Até agora só tinha havido alguns esboços, meros tiques de trauliteirismo na direcção do partido (não falo da bancada parlamentar nem do resto do partido). Com Montenegro no comando, abre-se em teoria uma nova era no PSD. Embora o país já tenha o Ventura, que é o precursor, o Baptista do Montenegro.
Daqui para a frente, vamos ter um país entretido a comparar todos os dias o que diz o Montenegro com o que diz o Ventura, seu gémeo desbocado e assumidamente incorrecto. E todos os dias vamos ver um Montenegro a rejeitar falar do Chega, que para ele é assunto tabu, mas ao qual, infelizmente para ele, não poderá esquivar-se.
Sem as 400.000 ovelhas que fugiram para o rebanho do Ventura, Montenegro sabe muito bem que o PSD tão cedo não governará. Das duas, uma: ou o PSD tenta recuperar essas ovelhas, implicando uma estratégia de conflito com o Ventura, ou de alguma forma se alia a ele, rezando para que o tipo seja menos desbocado, menos trauliteiro (!) e menos incorrecto. Porque aliando-se ao Ventura, mesmo que o faça apenas tacitamente, o PSD de Montenegro será sempre afectado pelo que o Chega fizer ou disser. Cruel dilema para um trauliteiro, obrigado a demarcar-se de outro trauliteiro e, por outro lado, a tentar domesticá-lo
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