sexta-feira, maio 20, 2022

O culto do voto

É “comovente” a fé russa na via referendária. Depois de 2014, um rápido referendo na Crimeia legitimou a invasão. Em Donetsk e Luhansk foram pela mesma via. Agora, em Kherson, pode vir a surgir uma nova “república” pelo mesmo método. Imagina-se o rigor dos cadernos eleitorais!

9 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Bem, melhor isso do que nada, sempre se emprestará alguma legitimidade e se a Rússia vem para ficar, obviamente vai ter de atrair populações, tratando-as bem. Outra coisa que o senhor embaixador mistura com um gesto meramente propagandístico, é o referendo de 2014 na Crimeia; não se pode dizer que, na sua larga maioria, a população da Crimeia se opôs então à reunificação. Aliás, parece-me totalmente irrelevante estar a falar agora em atos democráticos, quem quer que os promova, Moscovo ou Kiev, mente, porque a guerra não terminou, não há condições. A batalha pelo leste está ao rubro e provavelmente as armas americanas podem chegam tarde demais ao Donbass e podemos vir a ter um azvostal multiplicado por 3 ou 4. Por outro lado, o pacote de 40 biliões em armas (mais de metade do que foi o nosso resgate pela troika para termos perspetiva) aprovado pelos EUA, pode nivelar o prato da balança e até reverter os sucessos russos. É uma tempestade perfeita, e seria a guerra por anos, na melhor das hipóteses sempre por procuração como até agora, porque nada garante que apesar desta provável grande vitória tática russa no Donbass, o peão das nicas aceite negociar, com as costas quentes que tem do arsenal prometido.

Erk disse...

Obviamente que é de criticar que o peão tenha as costas quentes.

Porreiro era ter sido deixado isolado pelo mundo inteiro perante a invasão nazi russa.

Tenho a certeza que aí o PCP não teria crítica nenhuma a apontar.

Luís Lavoura disse...

É um método deficiente, mas sempre é melhor do que o utilizado pelos EUA, que criam ou deixam de criar países de forma completamente independente da vontade dos seus povos.

Lúcio Ferro disse...

O amigo que assina Alce em estrangeiro faz parte daquele grupo de comentadores que, quando não sabe o que dizer, inventa. Em primeiro lugar, em que é que a constatação de que o pião das nicas tem as costas quentes pelo seu mandante é uma crítica a esse facto? É uma constatação, ou é mentira que o indivíduo só continua impante à medida que o seu país é totalmente destruído porque tem o chefe máximo a dizer-lhe que vem aí um carrego de armas nunca visto? Em segundo, o que é que escrevi que tenha algo a ver com o PCP? Absolutamente nada, o que disse é que neste momento é a Rússia quem dita o que se passa no terreno, mas que isso pode e é até provável que mude e que esta guerra por procuração se pode arrastar por anos (e que se mantenha por procuração nesse caso). Portanto, PCP? Não, Alce, tsc, tsc, não leu bem a coisa.

Joaquim de Freitas disse...

Erk disse: "Porreiro era ter sido deixado isolado pelo mundo inteiro perante a invasão nazi russa."

"invasão nazi russa" ...Quando um povo perde o equivalente de três vezes a população de Portugal, nume luta heróica contra o nazismo, que provocou 60 milhões de mortos na Europa, vir aqui insultar a memória de tantos milhões de combatentes e resistentes e de vitimas das câmaras de gás, e de toda a espécie de sofrimentos infligidos pelos assassinos , é preciso, repito, muita ignorância e facciosismo para confundir os borregos com as vitimas. A besta imunda levantou a cabeça, mesmo nos blogues democràticos .

Joaquim de Freitas disse...

Luis Lavoura: Gostaria de ter escrito as mesmas palavras. Cumprimentos.

Jaime Santos disse...

Não, Luís Lavoura, não é deficiente, é cínico e propagandístico. E também eficaz. Tem é legitimidade zero, porque se me apontarem uma arma à cabeça, eu pelo menos voto em qualquer opção em que me mandarem votar...

Aliás, o Hitler também se fartou de fazer referendos e esta é dirigida ao coletivo imperialista Joaquim de Freitas, que acha que só porque os povos da URSS se sacrificaram a combater os nazis (isto depois de Estaline ter feito um acordo com eles para partilhar os estados limítrofes, a começar pela Polónia), não se pode julgar o Sr. Putin como outra coisa que não um democrata sem mácula, Gerhard Schroeder dixit.

Eu também me lembro de um embaixador dos EUA, creio, ter despachado as críticas de fascismo de Freitas do Amaral, aquando da invasão do Iraque, dizendo que os EUA não podiam ser fascistas, porque tinham combatido a Alemanha nazi no passado.

When fascism comes to America, it will be called anti-fascism. Pois, na Rússia também...

Os nossos pró-russos são todos um bando de imperialistas hipócritas, é o que é. E isto é gente que se reclama de Esquerda... Pois, pois...

Vão morrer longe de morte eleitoral súbita, sim?

joão pedro disse...



O que dói ao Jaime & Ciª. é o semear de bandeiras vermelhas soviéticas pelo Donbass, Khersoen, em breve Odessa, e, a seguir, todo o território a Leste de Dniepre, ou seja, a Nova Rússia. Aceite, Jaime, custa menos...Ah, quando aquela bandeira começou a tremular sob o ponto mais alto de Azovstal percorreu-me uma sensação de bem estar . Uma sensação de desnazificação... Não percebo por que é um democrata como Jaime não sente o mesmo...Ele há cada mistério...

Joaquim de Freitas disse...

Jaime Santos escreve bem… » Não, Luís Lavoura, não é deficiente, é cínico e propagandístico. E também eficaz. Tem é legitimidade zero, porque se me apontarem uma arma à cabeça, eu pelo menos voto em qualquer opção em que me mandarem votar...”

Quando escreve enormidades destas, não tem um só pensamento para todos aqueles regimes democráticos que os seus mestres a pensar de Washington derrubaram sem alma nem piedade, fazendo “gritar a economia” como dizia Nixon a Kissinger para o Chile, e para tantos outros.

Porque “fazer gritar a economia”dum país soberano é uma especialidade made in USA, arma “eficaz” para impor a “democracia” americana…Nem é preciso a arma militar…porque pode haver percalços na utilização desta arma: Vietname, Iraque, Afganistao, Síria, etc.

Embargo, embargo, embargo, a arma do império contra o resto do mundo. Resto do mundo que é obrigado a levar a sério esta ditadura, tanto que a política agressiva do Departamento de Estado ameaça aqueles recalcitrantes ao conceito de extraterritorialidade da lei americana, que deveria elevar-se acima de toda a legislação internacional, multas monetárias severas.

Em Junho de 2014, François Hollande tentou em vão chamar "a atenção do presidente Obama para a natureza desproporcional das sanções previstas" contra o BNP Paribas, acusado de ter violado sanções decretadas contra países do "eixo do mal", incluindo o Irão e o Sudão. O banco francês será condenado a pagar cerca de US $ 10 bilhões ao Tesouro dos EUA. Eficaz? Certamente. Como o roubo dos 300 bilhões do ouro russo, os 7 bilhões da Venezuela e os 15 bilhões do Afganistao… Eficaz, como os fora da lei do Far West…

Alors, quando vem com os seus argumentos de “ coletivo imperialista Joaquim de Freitas, que acha que só porque os povos da URSS se sacrificaram a combater os nazis”, direi, mais uma vez que a palavra “só” no seu texto é insultante para a memoria daqueles que se sacrificaram sem contar…

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