Com o embargo ao petróleo russo, a União Europeia dará um rude golpe num regime que, mantendo formalmente uma estrutura democrática, é já, na prática, uma ditadura. A grande ironia é que, para substituir a Rússia, a Europa vai passar a reforçar importações de outras autocracias.
4 comentários:
bau.
Oh Senhor Embaixador : A Europa e em particular os EUA, gostam do « perfume » do petróleo e do dinheiro…venha donde vier, e de que forma for..
Já imaginou, Senhor Embaixador, o que se teria dito no Ocidente, através da mais poderosa máquina de propaganda de todos os tempos, montada pelos americanos na Europa e no mundo, para fazer dum comediante robot nazi um herói, que assassina o seu povo, repito se fosse a Rússia que tivesse organizado a Copa do Mundo, com a mortandade que houve no Catar, nos trabalhos de construção?
Segundo o Guardian, pelo menos 6.500 trabalhadores estrangeiros morreram no Catar desde a atribuiçao da Copa do Mundo… aos democratas cataris…
Além dessa grande ironia, a Europa vai fazer o petróleo mais caro não somente para os seus habitantes (entre os quais nós), como também para os habitantes de todo o resto do mundo.
Que a Europa goste de dar tiros nos pés, já é suficientemente mau, agora que dê também tiros nos pés dos outros, é muito pior.
"...regime que, mantendo formalmente uma estrutura democrática, é já, na prática, uma ditadura", embaixador Seixas da Costa dixit.
Alguém, que não parece que seja putinista, disse (Mark Schrad, in Politico, 04/04/2022)que a queda de Putin "Reflecte um mal-entendido fundamental da dinâmica política russa, influenciada pelo que o Presidente Joe Biden chamou num discurso recente a nossa crença de que existe "uma grande batalha pela liberdade: uma batalha entre democracia e autocracia, entre liberdade e repressão, entre uma ordem baseada em regras e uma governada pela força bruta".
Traçar as linhas entre nós contra eles, bom contra mau, o Ocidente contra a Rússia e liberdade contra a repressão, cria uma visão binária do mundo que coloca a Rússia no que acreditamos ser o lado errado da história. A autocracia, escusado será dizer, falhará a longo prazo.
Mas é importante que compreendamos que a Rússia de Putin não é um regime totalmente autocrático: Não é uma monarquia personalista como o império Romanov, nem é uma ditadura totalitária como a União Soviética de José Estaline, apesar das frequentes analogias ocidentais. De facto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, estava correcto ao desmascarar a improvisação de Biden que Putin "não pode permanecer no poder", ao dizer "Isso não cabe a Biden decidir. O presidente da Rússia é eleito pelos russos". (...) as instituições do Putinismo foram construídas pelo seu predecessor democrático, Boris Ieltsin, consagrado na sua constituição de 1993. Com falhas e imperfeições na prática durante os tumultuosos anos 90, estas fundações eram, em princípio, democráticas: A sociedade civil de base floresceu a par de um ambiente animado nos meios de comunicação social, uma vez que os legisladores e líderes foram escolhidos de entre uma variedade de concorrentes. Mesmo quando essas liberdades foram subsequentemente corroídas e os meios de comunicação independentes restringidos, as instituições continuam a especificar que os líderes da Rússia servem à vontade do povo. (...) a soberania política de Putin, em última análise, reside no povo russo, por muito manipulado ou mal informado que este possa estar."
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