quarta-feira, janeiro 11, 2023

Ucrânia

Debate com o major-general Agostinho Costa, na CNN Portugal, moderado por Ana Sofia Cardoso.

Pode ver clicando aqui.

segunda-feira, janeiro 09, 2023

Brasil (14)

Como agora se constata no Brasil, as redes sociais são uma faca de dois gumes: tanto servem para montar correntes de violência como permitem, pelo obsessivo “voyeurisme” através dos telefones portáteis, identificar mais facilmente responsáveis por atos ilegais.

Brasil (13)

A arrogante transparência com que, nos últimos tempos, se tinha desenvolvido a organização da contestação de rua ao resultado eleitoral no Brasil pode voltar-se contra os manifestantes, agora que eles passaram a linha vermelha que separa o direito de manifestação da violência.

Bola

Pode perceber-se a perplexidade de alguns: se Portugal é um país que “produz” tantos e tão bem sucedidos treinadores de futebol, por que razão o novo selecionador é estrangeiro? Mas também entendo a Federação: trazer alguém reputado, de fora, pode “neutralizar“ mais a sua ação.

O populismo por cá

Os acontecimentos de Brasília têm de ser lembrados, alto e bom som, a quem, por cá, equiparou levianamente Lula a Bolsonaro, a quem, também por cá, se mostra tolerante perante o radicalismo incendiário, populista e alarmista de direita, dos discursos aos cartazes de rua.

Brasil (12)

O ministro da Defesa, José Múcio, determinou às Forças Armadas a desmobilização imediata de todos os acampamentos em frente aos quartéis, em todo o Brasil. Pelo modo como esta determinação for cumprida, perceber-se-á a força política do governo Lula.

Brasil (11)

Ao identificar alguns setores do agro-negócio como financiadores das movimentações de rua que resultaram na insurreição de domingo, Lula pôs o dedo na ferida: a saudável radicalidade da sua política anti-desmatamento tornou-o num inimigo jurado dessa gente.

Brasil (10)

Pelo tom que utilizou na sua (tardia) intervenção de hoje, Lula perdeu uma boa oportunidade de dividir os brasileiros que não votaram nele, deixando claro que nem todos são "fascistas" e que muitos haverá que não se identificam com os insurretos e se revêem na ordem democrática.

Brasil (9)

Uma divulgação maciça das imagens de destruição provocadas, nos edifícios do poder, pelo insurretos de Brasília pode vir a ter extraordinárias potencialidades pedagógicas. O brasileiro comum perceberá que vai ter de pagar os estragos provocados por esses energúmenos.

domingo, janeiro 08, 2023

Brasil (8)

O facto de, pouco tempo após o início dos acontecimentos em Brasília, vários notórios bolsonaristas terem corrido a demarcar-se dos atos violentos que estavam a ser praticados, foi um sinal claro de que o movimento golpista estava condenado ao fracasso.

Brasil (7)

As tentativas de subversão da ordem democrática, quando não têm êxito e são levadas a cabo de uma forma que debilita as forças políticas legais que são mais próximas dos seus objetivos, normalmente acabam por redundar num reforço do poder que tentaram afetar.

Brasil (6)

As forças armadas brasileiras, que, nas eleições presidenciais, difundiram posições redigidas num tom ambíguo, assumindo-se subliminarmente como tutela das instituições políticas, mantêm um estranho silêncio perante este grave atentado à autoridade democrática do Estado.

Brasil (5)

O principal efeito dos acontecimentos de hoje será nos partidos da direita brasileira, que deixam de ter legitimidade democrática para continuar a apoiar a contestação de rua face à eleição de Lula. Se o fizerem, serão inevitavelmente acusados de cumplicidade com a violência.

Brasil (4)

Será muito importante que a sociedade internacional deixe muito claro o apoio à ordem democrática no Brasil, o seu repúdio por todos os atos golpistas e, em especial, deixando intuir o isolamento a que estaria condenado um Brasil que viesse a seguir um caminho anti-democrático. Os militares brasileiros necessitam de ouvir isso.

Brasil (3)

Muito bem a posição tempestiva do Estado português sobre a situação no Brasil.

Brasil (2)

Os sinais equívocos dados pelo poder militar no Brasil, nunca atuando nem se distanciando face às manifestações junto dos seus quarteis, foram o principal alimento moral desta insurreição.

Brasil (1)

Os militares brasileiros anseiam que o poder político civil, numa manifestação da sua impotência para repor a ordem, requeira a sua intervenção. Nesse momento, os militares, sem derrubarem o poder democrático, irão colocar as suas condições.

sábado, janeiro 07, 2023

Alfredo Campos Matos


Recebi a notícia de que, com 94 anos, morreu Alfredo Campos Matos. Trata-se de um arquiteto que dedicou toda a sua vida ao estudo da figura e da obra de Eça de Queiroz, tendo ampla e valiosa bibliografia publicada sobre o escritor. 

O seu primeiro trabalho surgiu há quase cinco décadas. Chamava-se “Imagens do Portugal Queiroziano” e juntava fotografias de vários locais do país, em especial de Lisboa, referidos nas obras de Eça de Queiroz, cujos trechos eram mencionados. Porque eu próprio era um curioso dessa geografia queirosiana, recordo ter completado esse seu percurso, embora nem sempre consensual, de identificação dos locais. 

Campos Matos veio a publicar depois vários livros, de que cumpre destacar o monumental “Dicionário de Eça de Queiroz”, uma obra insubstituível, com valiosíssimas colaborações de muitos especialistas, que vai na sua terceira e muito desenvolvida edição.

Há uns anos, com José Sarmento de Matos, participei num debate em que o tema era a Lisboa dos cafés desaparecidos. Nesse jantar, num restaurante que o tempo também já levou, estava sentado um senhor idoso, que esteve silencioso até ao final da nossa charla. No final, apresentou-se-nos: era Alfredo Campos Matos. Quis simplesmente dizer-nos que tinha gostado muito de nos ouvir.

A partir de então, Campos Matos e eu trocámos alguns emails e chegámos a planear um almoço com outro distinto queiroziano, Luís Santos Ferro. O Luís morreu e acabámos por nunca concretizar esse encontro. O nosso último contacto foi a oferta que me fez da sua biografia de Eça de Queiroz, um trabalho onde procurou colocar todo o conhecimento que, ao longo de uma vida de investigação, adquiriu sobre o escritor.

Estou certo que o Círculo Eça de Queiroz e o Grémio Literário não deixarão de prestar a homenagem que a figura de Alfredo Campos Matos bem merece.

sexta-feira, janeiro 06, 2023

‘A Arte da Guerra”


A edição desta semana de “A Arte da Guerra”, o podcast sobre temas internacionais do “Jornal Económico”, uma conversa minha com o jornalista António Freitas de Sousa, faz uma abordagem prospetiva sobre o ano de 2023, iniciada naturalmente pela guerra na Ucrânia, seguida do Médio Oriente e terminando na América do Sul.

Pode ver e ouvir aqui.

Cada um é para o que nasce

Há jornais para tudo: o Diário da República nomeia; o Correio da Manhã demite...

Expresso - 50 anos


Nesse mês de janeiro de 1973, a notícia de que vinha aí um novo jornal estava a abalar a modorra dos dias lisboetas e fazia parte das nossas conversas, ao final da tarde e à noite, pelas mesas do Montecarlo. Todos tínhamos a noção de que o tal “Expresso” resultava, em linha quase direta, de setores da Ala Liberal que, dois anos antes, se afastara de Marcelo Caetano. Presumia-se, assim, ser uma dissidência morna do regime, meramente reformista, palavra com conotação pouco prestigiante, à luz do nosso radicalismo de então. 

Dávamo-lo como titulado por um certo “social set” lisboeta, gente “bem”, advogados e outros quadros liberais, com alguns nomes de família sonantes, em quem o regime não ousava tocar. Dizia-se pretenderem desencadear, por cá, uma onda económica modernizante, idêntica à que, em Espanha, Franco deixara surgir e prosperar sob a bênção da Opus Dei. A Sedes, que animava a reflexão de muita dessa gente, parte dela de extração católica, era a expressão organizada dessas ideias e eu, que em algumas noites tinha passado por lá, com discreta curiosidade, como “voyeur” de alguns dos seus debates, olhava para tudo aquilo com uma displicente sobranceria ideológica.

O jornal que então lia era o “Diário de Lisboa”, mas, todos os dias, na Tabacaria Martins, no Calhariz, ao sair do meu emprego na Caixa Geral de Depósitos, comprava também “A Capital”. Só muito raramente o “República”. Chegado a casa de familiares onde vivia, e onde jantava, ainda passava os olhos pelo “Diário de Notícias” dessa manhã e pelo vespertino “Diário Popular”, jornais que o meu tio preferia. Semanalmente, adquiria também a “Vida Mundial” e assinava o róseo “Comércio do Funchal”. De quando em quando, saíam “O Tempo e o Modo” e a “Seara Nova”. Lá de fora, reinava o “Nouvel Observateur”, comprado na Brasileira, que eu passara a preferir ao “L’Express”. Por essa altura, a imprensa anglo-saxónica não era, de todo, a minha praia.

O “Expresso”, surgido nesse mês de janeiro de 1973, não sendo um deslumbre, foi uma bela lufada de ar fresco. Abordava, com prudência mas numa linguagem nova, a política caseira, ousava alguma opinião que se sentia heterodoxa, até no estilo, abria-nos uma janela diferente para a leitura do regime. A forma como tratava a economia era, em absoluto, inédita entre nós, alguns temas sociais eram ali abordados com inegável coragem. Desde cedo, soube-se que a Censura atacava o jornal - e isso só o dignificava mais aos nossos olhos. 

Poucos meses passados, em março de 1973, fui para a tropa. Um ano e tal depois, comigo fardado, aconteceu um certo dia do mês de abril. Nunca deixei de comprar o “Expresso”, tenho quase a certeza de que não perdi um único dos seus número, dos 2619 que foram publicados até hoje, onde quer que eu estivesse a viver. O “Expresso” dos dias que correm promove uma orientação da qual, frequentemente, me sinto - aliás, cada vez mais - distante. Mas, por muito paradoxal que isso possa parecer, o "Expresso" não deixa de ser um dos meus jornais de vida.

Parabéns ao “Expresso” por este seu meio século. E um abraço, de gratidão cívica, a Francisco Pinto Balsemão.

quinta-feira, janeiro 05, 2023

De leitura obrigatória nos dias que correm (rápido)

 


Digo eu...

Pode não ser a única maneira de resolver esta endemia de casos, mas lá que ter menos membros no governo reduziria estatisticamente as hipóteses de bronca, lá isso não me oferece dúvidas.

Nota necrológica

Marcelo fez muito bem em ir ao funeral do papa Bento XVI. O chefe de um Estado com uma população esmagadoramente católica não podia estar ausente desta cerimónia. Escrevo isto, claro, como ateu que sou.

A ser verdade…

Uma das mais preocupantes notícias que ontem li foi a de que os candidatos portugueses aos concursos de entrada nas instituições europeias têm uma elevada taxa de insucesso, por inadequada formação académica, que lhes não permite estar à altura das qualificações requeridas. É muito triste.

Calendários de vida


É uma saudável e antiga tradição. A cada ano, as embaixadas do Japão pelo mundo distribuem lindíssimos calendários, sempre com fotografias artísticas, este ano de fantásticas flores. Na profusão das prendas natalícias, habituei-me, por todos os lugares por onde andei, à expetativa da chegada do sereno calendário japonês. Felizmente, aqui por Lisboa, ainda sou feliz usufrutuário desse amável gesto.

Os calendários estarão a acabar? Antigamente, na parede das casas comerciais ou dos escritórios, era de regra a existência desses referenciais cíclicos da vida, a que mensalmente era arrancada uma folha, representando a renovação do mês. Eram uns blocos retangulares, com letras garrafais, para serem lidas à distância, encimados por uma imagem, quase sempre uma paisagem, com publicidade destacada. No topo, uma argola para pendurar num prego de parede. Era uma coisa simples, mas quantas “pontes” ou férias, quantos “artigos quarto” (quem se lembra disto?) a “meter”, se planeavam, ajudados por aquele ano de vida em papel!

Nas garagens e nos quartéis de bombeiros, quem tem idade para isso lembrar-se-á que os pneus de marca Pirelli mostravam toda a sua raça através da oferta de icónicos calendários, neste caso agregando, a cada mês, figuras femininas que, mesmo nos meses de invernia, destapavam uma fogosa resistência às intempéries, já para não falar dos espartanos trajes em tempos cálidos. À medida que se folheava o ano, íamos descobrindo sempre novas e apreciáveis personagens, com cada mês a rivalizar com o outro. Dizem-me que essa contribuição pneumática para animar a alma de camionista que vive no íntimo de muitos já deixou de publicar-se naqueles apelativos moldes.

Este mundo já não é o que era, é o que é!

quarta-feira, janeiro 04, 2023

Importam-se?

Os repórteres televisivos não se dão conta de que os telespetadores ouviram bem as intervenções na AR que acabam de ser proferidas, pelo que se devem abster de no-las “resumir”, em especial quando o fazem impedindo-nos de ouvir o início dos discursos do interventor seguinte?

Mau ambiente

A política ambiental é a principal carta de apresentação internacional de Lula. Mas não está isenta de riscos: algumas áreas do agro-negócio, com forte expressão parlamentar, vão ser afetadas e há setores da comunidade indígena da Amazónia favoráveis ao desmatamento.

Trapalhadas

Como se viu nos últimos dias, na história política portuguesa o famigerado (gerado pela fama, etimologicamente) governo Santana Lopes passou a funcionar como uma espécie de “benchmark” ao contrário, em face de “trapalhadas” (termo também aí crismado) que envolvam qualquer governo.

Diversidade

Bem mais do que nos mandatos anteriores, as nomeações feitas pelo governo Lula 3 representam um imenso salto em frente no acolhimento de figuras representativas da diversidade do país. É um sopro de legitimidade a que vai ter de ser dada sequência, com políticas correspondentes.

10 teses de Ano Novo


1. A abstenção do PSD na moção de censura da IL agrava o afastamento entre os dois partidos e reduz as hipóteses do PSD poder vir a recuperar o eleitorado perdido para os liberais durante o consulado de Rio. Internamente, isso não deixará de potenciar um mal-estar face a Montenegro.

2. A menos que consiga um bom resultado nas europeias, a liderança de Montenegro ficará comprometida. O PSD é um partido de poder, que não se esgota no mundo autárquico. Perde cada vez mais quadros urbanos e, mais do que acontece com o PS, sempre sobreviveu mal a jejuns na oposição.

3. Com a crescente sangria que sofre à sua direita, o PSD tenderá a ser, no futuro, um partido de tamanho médio, com uma ideologia difusa, onde convive uma tendência social-democrata em diluição com setores populistas e de direita radical para os quais já há outros destinos de voto.

4. O espaço à direita do PS acabará por converter-se num conjunto de pequenos e médios partidos, federados apenas pela oposição aos socialistas. Sendo o PSD o maior deles, e sempre o único com hipóteses de liderar a sua coligação, não terá força para impor uma matriz ideológica.

5. No futuro, fruto de fragilidade do partido, qualquer líder do PSD, para chegar a S. Bento, terá de fazer fortes concessões à direita. O populismo do Chega e matriz a-social da IL descaraterizarão irremediavelmente o PSD numa eventual coligação. O CDS, se existir, será irrelevante.

6. Por muito que as “contas certas” e o saldo das tensões sociais nas ruas, em 23/24, venham a afastar os partidos à sua esquerda, para o PS a possibilidade futura uma nova Geringonça mantem-se aberta e será tanto mais forte quanto a hipótese de uma coligação de direita vier a desenhar-se.

7. O presidente da República sabe que uma dissolução da AR que pudesse vir a provocar uma nova Geringonça seria fatal à sua autoridade para o resto do mandato. Costa sabe que Marcelo sabe isto e a sua evidente displicência nesta remodelação também deve partir desta assunção.

8. Costa não corre o menor risco ao reforçar setores próximos de PNS no governo. Pelo contrário, isso limita mesmo o espaço para o antigo ministro das Infraestruturas vir a ser um “trouble-maker”, num partido que veria com maus olhos algo que ameaçasse a estabilidade do seu poder.

9. Medina é o único verdadeiro “fusível” de Costa. Se falhar nas Finanças, Costa falhará no governo. Se, como tudo o indica, sair incólume da questão TAP, em que a direita e algum “unfriendly fire” da máquina socialista o tentam envolver, Medina amealhará poder para o futuro.

10. O país está muito longe de estar tão mal como a direita mediática obsessivamente o pinta. Basta olhar mais os índices económicos e menos as televisões e o catastrofismo endémico que por aí anda. Mas Costa sabe que, às vezes, em política, o que parece é que leva ao voto.

terça-feira, janeiro 03, 2023

A urgência


Acontece, às vezes. Na complexidade administrativa do Ministério dos Negócios Estrangeiros, é tomada a decisão de enviar um funcionário para um determinado posto no estrangeiro, mas, por atrasos imputáveis ao próprio ou aos serviços, o fulano demora eternidades a assumir funções. Se essa colocação havia sido motivada por razões urgentes, fica frustrada a rapidez que se pretendia imprimir ao ato.

Ao que consta, nesse final da década de 50 do século passado, o secretário-geral do MNE tinha-se empenhado em que um certo diplomata fosse colocado, com caráter de extrema urgência, num determinado posto, que era necessário reforçar. Tomada que havia sido a decisão, esqueceu o assunto, na suposição de que a sua determinação fora cumprida.

Eis senão quando, um dia, ao voltar de uma esquina dos claustros das Necessidades, o secretário-geral dá de caras com o homem (nessa altura, só havia diplomatas homens) que ele pensava, há já bastante tempo, a trabalhar algures. Sobreveio-lhe uma imensa fúria: “O que é que você está aqui a fazer?! Ainda não foi para o posto?”

O homem desfez-se em desculpas, arguindo imprudentemente com motivos pessoais imperativos que tinham atrasado a sua ida, o que irritou ainda mais o chefe da carreira, figura conhecida pelo seu feitio impaciente, que, por um instante, tinha suspeitado que tivessem sido os serviços - o “quarto andar”, como se diz no jargão da casa - a atrasar burocraticamente a partida do funcionário. Afinal, a culpa era do homem, só dele. Era imperdoável!

Com o dedo espetado e ar ameaçador, o secretário-geral intimou-o então, em voz alta e imperativa: “Ó homem, você vai JÁ, para o posto! Não quero vê-lo mais por aqui. Parta de imediato!”, e apontou para a porta do pátio, como que a querer vê-lo sair a correr.

Na memória do ministério ficou famosa a resposta do diplomata, que a doutrina se divide entre se foi dada em tom aturdido ou irónico: “Posso ainda ir almoçar a casa?”

segunda-feira, janeiro 02, 2023

Comentário

Nos comentários sobre questões internacionais que faço em televisão, procuro, tanto quanto possível, evitar que o meu sentimento pessoal sobre as questões polua as minhas análises. 

Tenho sido várias vezes criticado nas redes sociais por não dar ar de estar com “l’air du temps”, com as tendências predominantes dos dias que correm, até por deliberadamente não usar vocabulário ou adjetivação que anda em voga. 

Cada um é como é e eu respeito o modo como cada qual é. Eu sou assim e não mudo. Quem não gostar, pode mudar de canal. Se o canal não gostar, pode sempre mudar de comentador, claro. Todos somos livres.

Entendo que não me pagam para que eu vá para ali expor as minhas preferências ideológicas ou as minhas simpatias políticas ou mesmo geopolíticas. Sou contratado para, através da minha opinião, tentar explicar as situações, não para fazer proselitismo, para diabolizar ou endeusar. 

Tento tratar equitativamente os diversos lados das questões, explicando, com o máximo rigor e o melhor que sei, a perspectiva de cada um, não escamoteando ou dando ênfase, positivo ou negativo, a certos factos ou figuras. Mas sempre chamando “os bois pelos nomes”.

Em artigos ou nas redes sociais o caso muda de figura: quando me apetece, posso tomar partido. Num comentário profissional, tento, o máximo possível, evitar que isso aconteça.

É verdade que estas regras de que sou tão cioso, às vezes, acabam por ter exceções. Tal como já tinha sucedido aquando da saída de Trump, ontem, na intervenção que fiz na CNN Portugal sobre o Brasil, não consegui deixar de transparecer um sentimento de agrado pela saída de Bolsonaro. São as fraquezas humanas…

Já?

E agora, já se pode saber quem mandou matar Marielle?

Dois Brasis



Belém bem

Parece que há quem não tenha gostado da mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Eu gostei.

Lula cá


A presença de Lula em Portugal no próximo 25 de Abril é uma excelente notícia dada por Marcelo Rebelo de Sousa.

O suicídio político de Bolsonaro


Ao ter-se "suicidado" democraticamente, recusando-se a passar o poder institucional para Lula, Bolsonaro abriu espaço a esta habilíssima consagração popular.

Alegres trópicos


Um menu apresentado num jantar oficial, de natureza internacional, ajuda muito a perceber a imagem que um país deseja projetar de si próprio, à luz dos olhos estrangeiros. 

A gastronomia francesa foi, por muitos anos, o paradigma que a generalidade dos poderes nacionais europeus seguiu nas suas escolhas para a mesa. Diz-se que, em grande parte, isso se ficou a dever ao facto de ter havido uma “colonização” do gosto pelos sofisticados padrões da faustosa monarquia e da aristocracia gaulesas, facilitada pelo espalhar, pelas cortes europeias, dos cozinheiros fugidos à Revolução Francesa. Como é sabido, não apenas a gastronomia sofreu essa influência. Várias outras áreas da cultura da França, nomeadamente nas artes, se espalharam então pelo mundo - inclusivamente pelo Brasil, neste caso levadas pela corte portuguesa em fuga.

Os próprios menus eram, por muito tempo, escritos exclusivamente em francês, língua oficial de algumas cortes, numa prática que também era seguida, no plano interno, quando eram convidadas figuras da realeza doméstica. 

O surgimento de pratos nacionais nos menus oficiais, já dentro do século XX, representou, assim, como que o orgulho na afirmação de elementos da cultura gastronómica própria dos vários países, os quais, progressivamente, iam ousando competir com a gastronomia francesa.

Este menu da receção oferecida por Lula da Silva aos dignitários estrangeiros é, a meu ver, digno de uma tese de Claude Lévy-Strauss.

O último bolo-rei


Há minutos, numa das minhas tradicionais incursões noturnas pela cozinha, à cata de vitualhas sobejantes, feita pé-ante-pé, para não ser objeto de remoques matrimoniais, deparei com duas fatias de bolo-rei. Marcharam de imediato, como é óbvio. Fiz desaparecer o celofane em que estavam envolvidas, lavei o prato e acho que eliminei os vestígios do “crime”. (Em regra, não consigo. A empregada, no dia seguinte a estas expedições aos hidratos de carbono no andar de cima, denuncia-me, com um sorriso: “Deixou muitas migalhas na ida às bolachas e ao pão…” Até hoje, arrependo-me de ter acedido a que o chão da cozinha fosse em cerâmica preta).

Há muito que tenho a imagem do bolo-rei ligada à ideia de culpa. Sempre que olho para aquela bomba calórica, lembro-me de ouvir dizer: “Faz mal”. Um dia, era muito miúdo, perguntei ao meu pai: “Se faz mal, por que é que deixam vender?” Tenho na memória que me respondeu que se pode comer bolo-rei, mas não demasiado. Mas qual é a grossura da fatia que a faz cair no conceito culposo de demasiado? Insondável mistério.

Em criança, era vidrado nas frutas cristalizadas que ornamentam os bolos-rei. As cascas de laranja e de limão eram a minha perdição, tendo sido algumas vezes apanhado a deixar “carecas” alguns bolos-rei, por ir sacando discretamente, uma a uma, essas frutas coloridas, sempre hiper-doces. Em Viana, em casa da minha avó, fazia isso aos bolos-rei que vinham do Dantas. Em Vila Real, aos da Gomes. Ainda hoje resisto dificilmente a essa tentação. Quando resisto.

Com o Natal, este ano, passado em Lisboa, tomei a iniciativa, há semanas, de comprar um bolo-rei, numa ida à Versailles. (Chegado a casa, ouvi: “É muito cedo, vai secar”. Não secou, comi-o em poucos dias, com vinho do Porto a acompanhar). Não era mau, mas o que foi depois comprado no “senhor José”, na rua da Lapa, não lhe ficava atrás. Acabei há minutos de reconstatar isso. Ah! Noto que nunca comi o histórico bolo-rei da Nacional, que parece ser um “benchmark” da cidade. Mas, sempre que calha lá passar, nunca é Natal. Verdade seja que, como diz o outro, “Natal é quando um homem quiser”. Vou pensar nisso.

Uma última palavra para uma questão magna. Metade da graça em torno da coreografia do corte de fatias do bolo-rei, noutros anos, tinha a ver com o “suspense” da descoberta da fava e da prenda. Esta última era a que, em miúdo, verdadeiramente me interessava. E ainda sou do tempo em que a prenda era um artefacto metálico, de pôr ao peito, com uma agulha soldada. Vinha embrulhada em papel e detetávamo-lo ao mastigar. (“Horror dos horrores”, devem pensar os paizinhos contemporâneos, à luz dos hipercuidados de hoje!) Nunca ouvi dizer que alguém tivesse morrido por ter “engolido a prenda”, mas a ASAE já se encarregou, há muito, de nos proteger do arriscado prazer de nos “sair a prenda”.

Sem fava nem prenda, os bolos-rei, cá por casa, este ano, acabaram. Se se cumprirem os calendários, só lá para dezembro é que regressarão. E aí voltarei a sentir-me alegremente culpado.

domingo, janeiro 01, 2023

Lula


Boa sorte, presidente! 

Ano novo


“Agora é que é!” No início de cada calendário, no íntimo de nós, mesmo que o não confessemos, sente-se um tropismo de mudança: coisas a fazer, comportamentos a não repetir, erros a corrigir. E também amigos que a troca de mensagens nas Festas nos lembrou que há que rever, logo que possível. E livros a ler, viagens a fazer, restaurantes a experimentar, arrumações que tardam. E aquele “gadget” tecnológico que nos ficou debaixo de olho, na FNAC. E, para os hipocondríacos, “especialistas” a consultar, para tirar umas dúvidas. Há mesmo quem faça listas! Depois, na maior parte dos casos, só uma parte ínfima de tudo isso acaba por suceder (“tudo pode acontecer, até nada”, dizia alguém). Mas que imensa maçada seria uma vida sem estas cíclicas ilusões!

sábado, dezembro 31, 2022

Um Sporting é sempre um Sporting…

 


Afinal, tudo é possível!


Há uma tese clássica segundo a qual a verdadeira igualdade entre homens e mulheres só será atingida quando mulheres incompetentes conseguirem chegar a cargos de topo, aos lugares onde frequentemente chegam homens incompetentes. O Reino Unido deve estar feliz por ter cumprido esse desiderato. 

O facto de ter confundido o Mar Negro com o Mar Báltico não impediu esta senhora de ser ministra dos Negócios Estrangeiros de uma potência nuclear, com um dos maiores exércitos do mundo, membro permanente do Conselho de Segurança e do G7. E, como cereja no topo do bolo, de ser nomeada primeira-ministra, onde tirou da cartola propostas liberais de um radicalismo tal que fez com que o ridículo e os mercados a tivessem empurrado para o caixote do lixo da história. O nome? Nem interessa lembrar!

O irrelevante


Esta figura chega ao final de 2023 como o principal (ir)responsável pela irrelevância do Conselho de Ministros na posição da União Europeia na crise ucraniana.

sexta-feira, dezembro 30, 2022

Ninguém fala disto!

Se pensarmos bem, António Costa não está isento de culpas pelo facto da oposição não estar ainda preparada para substituir o PS, em termos de governo. Curiosamente, não vejo ninguém agarrar o assunto por esta perspetiva. Está tudo “feito” com o PS, é o que é!

Netanyahu

Há mais de sete anos, escrevi aqui isto. Repito o texto hoje :

“Em meados de 1996, recebi no meu gabinete o embaixador de Israel em Portugal. Meses antes, em Jerusalém, ambos havíamos almoçado em casa de Itzahk Rabin, horas antes deste ser assassinado. A partilha desse momento criara entre nós uma relação especial. 

Israel tinha ido a votos, semanas antes. Netanyahu acabava de ser nomeado primeiro-ministro. O embaixador cessava as suas funções, por ter atingido a idade da reforma. Ia regressar a Israel. Era uma figura muito simpática, popular em Lisboa, onde ia deixar grandes amigos. Ofereceu-me um livro de Amos Oz, que tinha acabado de ser publicado em português. Trocámos algumas palavras amáveis, como é uso nas despedidas, desejei-lhe felicidades pessoais e fui levá-lo ao pátio do Palácio da Cova da Moura, onde estava o seu carro. Lá chegados, perguntei-lhe se achava que a vitória do Likud ia induzir mudanças drásticas no processo de paz que, pelo menos no papel, parecia ainda poder subsistir. Otimista por dever de ofício, disse-lhe que não esquecia que o mais corajoso passo político que testemunhara por parte de um governo israelita - o tratado de paz com o Egito - fora dado precisamente por um governo Likud. Seria este novo governo Likud capaz de uma "paz dos bravos"?

O embaixador olhou para mim de um modo estranho. Fez um ricto facial que não me pareceu dever-se ao sol que lhe banhava a cara. Notei lágrimas a surgirem-lhe nos olhos. Agarrou-me o braço com força e, com visível dificuldade para dizer o que diria de seguida, ousou expressar: "Meu querido amigo. Provavelmente, eu não deveria estar a dizer-lhe isto, mas digo-o: com a eleição de Netanyahu, o meu país entrou no caminho da tragédia. Qualquer paz é impossível com ele. Não o conhecem!". E entrou no carro. Nunca mais o vi. Não sei se, quase duas décadas passadas sobre aquele momento, ainda será vivo. Espero bem que sim.

Lembrei-me dele há minutos. Os israelitas voltaram a escolher Netanyahu.”

Lápis azul

Vivemos, há quase meio século, em democracia. Portugal é tido, pelo mundo, como um país respeitador da liberdade de expressão. Não obstante isso, em 2022, continuamos a ler, nas redes sociais, pessoas a reclamar que se cale a voz de quem não pensa como elas. Viva a Comissão de Censura?

Ponto final

Marcelo Rebelo de Sousa, antes de partir para o Brasil, disse o que tinha de ser dito. E deixou os catastrofistas a falar sozinhos.

quinta-feira, dezembro 29, 2022

Muito obrigado, Dra. Graça Freitas

 


O governo do Brasil . Dez notas

1. O futuro governo brasileiro vai ter 37 ministros. Convém notar que no Brasil não há Secretários de Estado ou vice-ministros, dependentes dos ministros. Justifica-se, assim, uma maior subdivisão temática pelas várias pastas.

2. A profusão de pastas deriva da necessidade de acomodar personalidades oriundas das diversas forças políticas que integram a base de apoio do governo. É aceite que os partidos que dispõem de uma única pasta, utilizem essa plataforma para promoverem os seus interesses próprios.

3. Aos partidos políticos mais fortes é dada a possibilidade de preencherem, com pessoal da sua confiança, todos os cargos importantes nos seus ministérios, bem como das empresas estatais deles dependentes. São os chamados ministérios “de portada fechada”.

4. Partidos menos importantes são obrigados a ceder lugares nos ministérios que tutelam a personalidades de outros partidos. Esses ministérios são chamados “de portada aberta”. Na cultura política brasileira, a “partidarização” dos ministérios é comum e considerada aceitável.

5. Cada ministério tem um secretário-executivo, uma figura da Administração Pública, em regra politicamente próxima do ministro, que substitui o titular da pasta nas suas saídas para o exterior e a quem, de imediato, é atribuído o título de ministro interino.

6. No Ministério das Relações Exteriores (vulgarmente chamado Itamaraty), o secretário-executivo é o respetivo secretário-geral, sempre um diplomata de carreira. No Brasil, é muito vulgar o ministro das Relações Exteriores também ser um diplomata, como agora de novo vai acontecer.

7. No sistema político brasileiro, o conceito de “gabinete”, como órgão de decisão política coletiva, não existe. Raras são as reuniões da totalidade dos ministros. A coordenação dos integrantes do governo é feita pelo próprio presidente, auxiliado pelo ministro Chefe da Casa Civil.

8. O Chefe da Casa Civil não é, contudo, um “chefe do governo” e só responde perante o presidente. Depende dos poderes que lhe forem conferida pelo presidente a sua autoridade em face dos ministros. No passado, Lula delegou muito em José Dirceu e em Dilma Rousseff.

9. O futuro ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, era governador da Bahia, é militante do PT e tem um perfil técnico que parece longe de lhe conferir um peso idêntico àquele que tiveram os seus antecessores. A coordenação do governo assentará assim muito mais em Lula.

10. Lugar importante na hierarquia é também o do responsável pelas Relações Institucionais, que trata da articulação com o Congresso. Alexandre Padilha, do PT, que já o ocupou esse lugar com Lula, volta a este cargo, para o qual se exige ”bom trânsito” parlamentar.

Marcelo e o futebol

Em 9 de março de 1975, a nossa seleção foi derrotada em Goiás, no Brasil. Presidia à nossa delegação o vogal da direção da Federação Portuguesa de Futebol. O seu nome? Marcelo Rebelo de Sousa. Que ajudou a resolver uma grande encrenca que sucedeu em campo. Não, Pelé não jogou!

Pelé


Quando fui trabalhar para o Brasil, em 2005, levava comigo o projeto de conhecer três figuras - Pelé, Niemeyer e Chico Buarque. Também queria conhecer Lula, mas isso viria “with the job".

Conheci e conversei com Oscar Niemeyer. Não conheci Chico Buarque, embora, de facto, nunca me tivesse esforçado muito para isso. Mas vim a conhecer Pelé, uma das figuras que, desde sempre, mais me fascinaram no mundo do futebol.

Falei com ele pouco tempo, a poucos dias antes de deixar de ser embaixador no país, no intervalo de um famigerado Brasil-Portugal, onde a nossa seleção foi batida por uns humilhantes 6-2.

Semanas mais tarde, num restaurante de Nova Iorque, o meu futuro sucessor em Brasília, João Salgueiro, viu Pelé e decidiu apresentar-se, revelando que seria o nosso novo embaixador no Brasil, para onde partiria dentro em pouco.

Pelé perguntou-lhe: "Vai substituir aquele embaixador de cabelos brancos, que eu conheci, muito triste!, em Brasília, na noite em que Portugal perdeu connosco?". O meu colega confirmou.

Eu estava, de facto, bastante triste e isso não deve ter escapado a Pelé. O que ele não sabia é que tê-lo conhecido terá sido a minha única alegria daquela noite.

Hoje, voltamos ao registo triste. Morreu Edson Arantes do Nascimento, o imenso Pelé.

Ir para fora cá dentro

Com a frente de combate a deslocar-se, nas últimas horas, de Bakhmut para S. Bento, não devo fazer hoje comentário televisivo internacional…

A colina de Santana

As televisões, num dia como o de hoje, não vão esquecer-se de passar pela Figueira da Foz. Santana Lopes irá explicar que, se a sua demissão e a dissolução de 2003 foram injustas, não sendo ele então eleito, por maioria de razão Costa não poderá sofrer idêntico destino.

“Não é por acaso que…”

Admiro-me que aqueles maluquinhos das teorias da conspiração, os do “não é por acaso que…”, não se tenham ainda lembrado da existência de uma pérfida aliança entre os políticos e os canais televisivos de informação, que conduziria à criação artificial de crises políticas cíclicas, redundando em horas de especulação por comentadores e com simpáticos efeitos correlativos nas audiências.

A santificação dos Santos

O mais curioso desta crisezeca é que os que se mostraram mais indignados com a trapalhada da secretária-de-Estado-que-afinal-tinha-empochado-uma-indemnização-choruda-vírgula-legal-vírgula-mas-imoral parece serem aqueles que acarinham e adubam o futuro do ministro “sortant”, o tal que esteve no centro da história e que, pelos vistos, lhes alimenta os amanhãs que assobiam para o lado. Vá-se lá perceber esta gente!

“A Arte da Guerra”


“A Arte da Guerra”, o podcast sobre política internacional que semanalmente faço com o jornalista António Freitas de Sousa, para o “Jornal Económico”, leva a cabo, nesta sua última edição em 2022, um balanço do ano, que tem a invasão russa da Ucrânia como natural centro da análise. 

As figuras mundiais destacadas são, como não podia deixar de ser, os líderes russo, ucraniano, chinês e americano. 

O programa termina com referências aos processos eleitorais em França, no Reino Unido e no Brasil, bem como a observação do recrudescimento das tensões no Médio Oriente, pelas evoluções mais recentes no Irão e em Israel. Pode ver e ouvir aqui clicando aqui.

Notícias do golpe

É minha impressão ou muitas pessoas que qualificaram de “golpe” a dissolução da Assembleia da República provocada por Jorge Sampaio, que deitou abaixo o governo de Santana Lopes, estão agora a pedir que Marcelo Rebelo de Sousa faça o mesmo? Era “golpe” na altura e agora já não seria?

Diversão

Os meus amigos nunca me perdoarão o que vou dizer: estas crises políticas divertem-me mais do que me preocupam. Talvez porque tenha um sentido lúdico intravável, ou pela plena consciência de que não será a minha preocupação que pode contribuir para mudar a história pátria, olho para tudo isto com um sorriso. Amarelo, mas, ainda assim, sorriso.

Oposições

A oposição tem muito a aprender com os comentadores. E deve agradecer-lhes, claro.

Peixe fresco

Ninguém me consegue convencer de que estas demissões ao fim da noite não fazem parte de uma hábil campanha para dar cabo dos títulos da imprensa em papel, que daqui a horas acordará com o seu histórico destino de “embrulhar peixe” bem antecipado.

Diário da crise

A lógica das coisas aponta para que a oposição, no futuro, tenda a poupar a figura de Pedro Nuno Santos, cujas responsabilidades diretas nesta crise irão ser desvalorizadas, como forma de concentrar o “poder de fogo” político naquilo que mais afete António Costa.

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Na casa do senhor Albino


Vai ser proibido fumar no Snob, li algures. Nunca na vida fumei, mas esta é uma notícia que, por uma qualquer mas inconfessável razão, me deixa desconfortável.

Notícias do turismo

O Chiado, hoje à hora de almoço, fez-me lembrar a Piccadilly Circus dos anos 80, onde rareavam os locais e se ouviam os berros estridentes dos portugueses que, armazenados pela Abreu no Mount Royal, se afadigavam com as encomendas das primas, a aviar na Mothercare.

Busha ou Pidjiguiti?

- Não quero conhecê-la. É russa, da terra do Putin.

A conversa foi à hora do almoço, com uma amiga, em face da proposta de lhe ser apresentada uma senhora de nacionalidade russa.

- Imagina que, no tempo do Salazar, por seres portuguesa, não te queriam conhecer. Gostavas?

A tragédia da imprensa em papel

 


Lições da estatística

Se fosse reduzido o número de secretários de Estado, a hipótese de haver destas “barracas” diminuiria - deve estar a pensar António Costa.

terça-feira, dezembro 27, 2022

Obviamente, demitiu-se!

A senhora secretária de Estado saiu do governo, obviamente, tal como, há horas, por aqui achei que ia acontecer. Na realidade, a senhora não parece ter incumprido com nenhuma lei, mas acabou arrastada pelo “clamor popular”. De Murça ao Terreiro do Paço, este é o país que temos.

Um Mega discurso


Cada país com um pavilhão na Expo 98 tinha direito ao seu “dia”. Em geral, enviava um governante para chefiar a sua delegação nacional. Havia lugar à cena do hasteamento de bandeira, passava-se ao interior do Pavilhão de Portugal, Simonetta da Luz Afonso introduzia o filme que revelava a exposição e, subindo ao andar superior, avançava-se para o almoço.

Por mais de uma dúzia de vezes, representei o governo português nestas cerimónias. Acompanhava os dignitários estrangeiros e dizia umas banalidades de circunstância, com alguns apontamentos sobre as relações bilaterais. Alguém da organização da Expo dizia também alguma coisa, breve, antes do convidado encerrar e passarmos às vitualhas, porque, em geral, já se fazia tarde para todos.

Num desses dias, era a vez do Chile. Do lado chileno, estava José Manuel Insulza, ministro dos Negócios Estrangeiros. Pela parte da organização da Expo, surgiu escalado António Mega Ferreira. Quando foi a sua vez de falar, os circunstantes terão pensado que, num instante, ele iria despachar o assunto, com algumas amabilidades da praxe, em nome dos anfitriões.

Era não conhecer António Mega Ferreira! Durante vários minutos, num magnífico improviso, saudou o Chile. Com uma notável erudição, falou da História e da cultura chilena, de Gabriela Mistral e de Pablo Neruda, do Canto Nuevo, de Violeta Parra e de Victor Jara, da beleza de Atacama e do deslumbre de Valparaíso. Não foi um discurso político, minimamente militante. O nome Pinochet, então ainda vivo, não emergiu, nem sequer o de Allende, que, contudo, estava na cabeça de todos os presentes, por detrás das palavras, elegantes e certeiras, de Mega Ferreira. Ali ficou um imenso elogio à vontade democrática do povo chileno, com toda a admiração que este lhe merecia. José Manuel Insulza estava comovido, talvez por não estar à espera de ouvir, naquele contexto, uma intervenção daquela natureza. E disse-o.

Um ano mais tarde, visitei Santiago, onde fui recebido por Insulza. Ao lembrarmos a sua visita à Expo, ele próprio tomou a iniciativa de recordar o “extraordinário discurso de um grande intelectual português” que tinha estado presente no nosso almoço.

Vox populista

Em todas as crises que adubem o populismo, surgem logo a terreiro auto-proclamadas organizações, constituídas por conhecidos profissionais da indignação, que a comunicação social pressurosamente utiliza como forma de aumentar o coro.

Onde a porca torce o rabo

Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem perante os “indignados” de Murça. Postura de Estado é aquilo, aprendam!

CD quê?

Durante muitos anos, habituámo-nos tanto a ouvir a opinião do CDS, a propósito de tudo e de nada, que já não nos damos conta do escândalo que é a comunicação social estar sempre a escutar Nuno Melo, em detrimento de uma montanha de outros "partidos" também sem representação parlamentar.

Óbvio!

É mais do que evidente que a senhora já não vai sobreviver como secretária de Estado. A sua posição e autoridade estão definitivamente afetadas, seja ela culpada ou não de alguma coisa. É a sina da vida num governo.

segunda-feira, dezembro 26, 2022

António Mega Ferreira


Há semanas, acabei de ler um largo calhamaço, escrito por alguém que, num “name dropping” obsessivo, parece ter o mundo cultural português como o seu alvo crítico de estimação. A principal “bête noire” do prolífico escriba é António Mega Ferreira. Dei comigo a pensar que só o facto de alguém conseguir convocar tanta acrimónia acaba por revelar a sua real relevância e a enorme dor-de-cotovelo que a sua figura suscita. Mega Ferreira morreu hoje.

António Mega Ferreira foi uma das nossas figuras intelectuais mais brilhantes, nas últimas décadas. Com uma escrita magnífica e uma capacidade de ação notável, fez incursões por diversas áreas da cultura, sempre com extremo mérito, às vezes roçando mesmo a genialidade. As próximas horas trarão obituários e testemunhos completos sobre ele, que se esperam justos. 

Um dia, Paula Moura Pinheiro juntou-nos a ambos num programa televisivo, para falar de alguns prazeres sensuais. Foi uma hora divertidíssima, que anda pela RTP Play, em que falámos da mesa e de outras coisas, do mundo do gosto que ela nos proporciona.

Uns bons anos antes, em casa do meu amigo Fernando Neves, eu tinha revelado que acabara de ler um livro de um autor menor português, uma figura justamente depreciada pela sua mediocridade, cujo nome nem interessa lembrar. Já nem sei a razão, ou a curiosidade, pela qual eu tinha decidido essa inusitada incursão de leitura. O António Mega Ferreira, escandalizado, mostrou a sua incredulidade: “Ó Francisco! Só o simples esforço de estender o braço para a estante, para pegar num qualquer livro dessa figura, já de si é um excesso. Que diabo de autores com que você ainda perde tempo, quando há tão bela escrita que nem toda uma longa vida nos permitirá ler!”.

O António Mega Ferreira tinha toda a razão. Como homenagem, na tarde deste “boxing day”, vou reler o seu magnífico “O Heliventilador de Resende”, que acabo de descortinar numa estante aqui ao lado.

O tio de churrasco

O conceito de “tio de churrasco” é brasileiro (lá diz-se mesmo “tiozão de churrasco”). Trata-se de qualificar aquele familiar, normalmente mais idoso, que um dia cai numa reunião de família e se sente à vontade para soltar opiniões inconvenientes, sob o alibi da “autoridade” da idade ou do seu estatuto, dizendo coisas que já nem pressente como desagradáveis, mas que deixam as pessoas presentes constrangidas, ideias que confrontam “l’air du temps” ou o mínimo de bom senso.

O risco de cada um de nós se tornar num “tio de churrasco” é elevadíssimo, pelo que me policio sempre a mim próprio, antes que me “interditem”, quanto mais não seja pela criação de um embaraçante e penoso silêncio à minha volta. Mas, um dia, arrisco-me a ter esse infortúnio.

Ontem, contudo, tive imensa sorte. Numa jovial reunião de família, alguém sugeriu que duas das pessoas mais velhas, uma das quais eu, entrassem num jogo de debates: eram-nos propostas teses radicais, absurdas pelo seu caráter imperativo, cabendo a cada um dos dois, respetivamente, defender essa tese e atacá-la. Depois, essas mesmas pessoas colocavam-se exatamente na posição contrária, arrasando aquilo que tinham acabado de defender, supostamente com argumentos diferentes dos que tinham sido usados pelo interlocutor. 

O jogo foi divertido, a dialética soltou-se e cada um de nós dois teve a possibilidade de levar até ao absurdo algumas ideias que, num ambiente de conversa serena, nunca defenderíamos. A vintena de assistentes, entre as quais eu tinha uma dúzia de sobrinhos, “desculpou-nos” o extremismo das nossas doutrinas, tanto mais que, no minuto seguinte, nos ouviram dizer exatamente o contrário, com a mesma enfática “lata”.

Mas por que é que lhes estou a dizer isto, com evidente prazer? Porque, lá no fundo, de algumas das barbaridades que ontem por ali deixei ditas, transpareceu-me intimamente, sem que os auditores pudessem suspeitar, o “tio de churrasco” que já habita escondido em mim…

Conselho

E agora, estejam à vontade: o importante não é o que se come e bebe entre o Natal e o Ano Novo. Grave, grave é o que comemos e bebemos entre o dia de Ano Novo e o próximo Natal.

domingo, dezembro 25, 2022

Tanto fazia

Como era óbvio desde o primeiro momento, o assassino de Paris não pretendia matar especificamente cidadãos curdos, queria apenas mostrar o seu ódio aos imigrantes estrangeiros, em especial muçulmanos. A trágica ironia é que os mortos tanto podiam ter sido curdos como turcos.

Natal


O espírito de Natal dos pobres de espírito.

Café duplo


O senhor João trouxe as duas chávenas de café para a nossa mesa, ontem, ao almoço, na Imperial de Campo de Ourique. Quando fez menção de colocar uma das chávenas à frente da minha mulher, ela retorquiu: “Obrigado, mas eu não tomo café”. O senhor João optou então por pousar as duas chávenas à minha frente: “Eu sei que o seu marido, no fim da refeição, acaba muitas vezes por pedir dois cafés…” E ali ficaram as chávenas.

A cena seria banal, não fosse o conteúdo das chávenas não coincidir. Uma delas era café. O líquido que vinha na outra era um tanto transparente. A minha mulher não tinha notado que o senhor João tinha discretamente colocado nessa segunda chávena uma dose de Bushmills. Vende-se por aí tanto café e poucos se dão conta de que um dos melhores do mercado acaba por vir da Irlanda. 

sábado, dezembro 24, 2022

Almanaque

 


Gosto de oferecer livros no Natal. 

Na vida, quase sempre me aconteceu passar os Natais em Vila Real. (Isso só não sucedeu por três vezes: uma, em 1991, quando vivia em Londres, outra, em 2011, em Paris e, este ano, aqui em Lisboa). Por essas alturas, em Vila Real, começo por me abastecer com algumas coisas que o meu amigo Alfredo tem à venda na Livraria e Papelaria Branco. Como não encontro ali tudo o que quero, passo pela Bertrand do shopping a horas mortas (das oito às oito e um quarto, aquilo é um sossego) e compro o restante.

Gosto de oferecer livros, mas só quando isso é possível. Ontem, passei pela Ler, em Campo de Ourique, e comprei dois livros. Para evitar esperas (sou um comodista nato, intolerante com perdas de tempo, para quem ainda não tivesse suspeitado), pedi sacos e evitei o atraso dos embrulhos. Zarpei dali para as Amoreiras, para adquirir o resto que necessitava. Pois isso! Na Bertrand, estavam filas quilométricas. Na FNAC, idem. Vim-me embora. Desconfio que muita gente vai ficar sem livros oferecidos por mim neste Natal.

Há dois dias, na Férin, comprei o livro que a imagem mostra: um excelente estudo de António Araújo sobre a revista “Almanaque”. (São agora quase cinco horas da manhã de sábado e, com exceção da antologia de textos, já o li todo). Este livro é, como imaginarão, uma prenda de Natal. Para mim. Complementa três outros livros que, há dias, chegaram de França, pela Amazon. Foram também uma oferta a mim mesmo. 

Eu não lhes tinha dito que gosto de oferecer livros no Natal?

sexta-feira, dezembro 23, 2022

Evaristo Cardoso


Foram muitos os anos que levou a construir e consolidar o prestígio daquilo que hoje é o Solar dos Presuntos, um caso de sucesso na restauração de Lisboa, um lugar internacionalmente conhecido, que, há pouco tempo, recebeu o prémio Maria de Lourdes Modesto, anualmente atribuído pela Academia Portuguesa de Gastronomia a um restaurante onde se pratique e promova uma genuína cozinha tradicional portuguesa.

À frente do Solar dos Presuntos esteve, por muito tempo, o seu fundador, Evaristo Cardoso, um minhoto de Monção, que agora nos deixou. 

Fica aqui a minha sincera homenagem a alguém que recordo que sempre me recebia com o seu proverbial e amável sorriso. 

quinta-feira, dezembro 22, 2022

“A Arte da Guerra”


Esta semana, em “A Arte da Guerra”, o podcast sobre temas internacionais do “Jornal Económico”, falo com o jornalista António Freitas de Sousa sobre o que pode significar a deslocação de Vladimir Putin à Bielorrússia, o estranho “record” que constitui uma taxa de abstenção superior a 90% nas eleições legislativas na Tunísia e as tensões entre o Qatar e a União Europeia sobre fornecimento de gás.

Pode ver aqui.

Visão


Um belo número é o da “Visão” desta semana. Mas sou suspeito: meti por lá uma colherada escrita.

terça-feira, dezembro 20, 2022

Também

As pessoas que criticam António Costa pela forma menos feliz como se referiu à Iniciativa Liberal deveriam assumir idêntica exigência face ao modo incívico como esta força política agride publicamente Costa e o seu governo, através de uma propaganda visual insultuosa, rasteira e desrespeitosa, espalhada pelo país.

Portar

Muitos aceitam a imigração, “desde que eles se portem bem”. O grande teste à xenofobia é sempre este: estamos dispostos a aceitar os estrangeiros, mesmo que se “portem mal”? Tal como aceitamos os portugueses que se ”portam mal”?

Libé

Cada vez mais me convenço de que o mantra liberal tem uma imensa simplicidade: menos Estado, menor Estado e o que sobrar que fique ao nosso serviço.

“She”

Depois de ver os episódios da série de Netflix sobre os príncipes desavindos com a coroa britânica, cheguei a uma conclusão simples: a série devia chamar-se “She”. O jovem anda por ali, com ar aturdido, a fazer o papel de compère. Ela, sim, sabe o que quer.

segunda-feira, dezembro 19, 2022

Vistoria


No domingo, depois do jogo, fui fazer uma “vistoria” à minha terra. De há muito que, preferencialmente a horas mortas, faço um passeio a pé pelo centro da cidade, sempre que venho a Vila Real. Dizer que calcorreio desde o Cabo da Bila até à Câmara, passando pela Rua Central e pelas três esquinas do “slalom” intermédio (Rosas/Excelsior/Alarcão, Zézé/Santoalha/Ourives e Gomes), não deve dizer rigorosamente nada aos leitores deste espaço. Mas que se há-de fazer?! Embora seja difícil de acreditar, ainda há gente que não conhece Vila Real.

ps - o príncipe (por definição encantado) de penugem na cabeça que percorre o parapeito do castelo (na imagem), à porta de uma loja comercial da Rua Direita, há muito que perdeu o braço. A idade dos vila-realenses tem, aliás, um belo critério de medida: os que ainda se lembram do braço do príncipe e os que nunca viram tal coisa. A questão agora é outra: será que o príncipe, mesmo amputado, vai sobreviver às obras que por ali detetei, na minha “vistoria” de domingo?

domingo, dezembro 18, 2022

É isto, desculpem lá!

Não é popular dizer isto, eu sei, mas hoje é o dia em que, gostemos ou não (e eu não gosto), Leonel Messi fica consagrado, sem a menor dúvida, como o melhor jogador da atualidade e um dos três ou quatro melhores de sempre.

Pensando bem…

Sempre me escapou a racionalidade de um jogador protestar por lhe ter sido marcada uma falta. Até hoje, ainda não vi um árbitro a arrepender-se e dizer: “De facto, pensando bem, você tem razão: não havia justificação para eu ter apitado. Desculpe lá!”

sábado, dezembro 17, 2022

Casa do Baixinho



Como se lá chega não sei explicar, mas qualquer GPS ajuda a percorrer, a partir da A4 ou do centro de Paredes, uns escassos quilómetros até chegar à Casa do Baixinho, no nº 447 da rua do Paço, numa zona rural. 

Entra-se por um pátio onde, diz-me a dona Paula, a dona, no verão se come ao ar livre. Dentro, o ambiente é o que se vê e não difere muito de casas similares: pedra, madeira, lareira. Ah! E não há por ali ninguém “baixinho”. É o nome da quinta!

A lista é curta, mas as entradas são abundantes. Entre outras, somando o couvert, anotei queijo, presunto, salpicão, pataniscas, feijoada, cogumelos recheados, croquetes, entrecosto, rojões, azeitonas, moelas, pimentos, etc. Se resistir a tudo isto (resisti a menos de metade…), pode avançar para os pratos: há dois bacalhaus (escolhemos o folhado, com creme béchamel, que estava muito bom, havendo outro com broa) ou um naco com feijão preto e arroz. Às quintas, há arroz de pato. Ao domingo (só abre ao almoço), têm cabrito e vitela assada. Por encomenda (tlf. 255 785 808), há mais escolha. As sobremesas são variadas e debitadas pela dona Paula, mas podem ser vistas numa mesa no meio da sala, de onde discretamente surripiei uns figos secos.

A lista de vinhos, com o Douro naturalmente a predominar, não sendo deslumbrante, é muito aceitável. O preço final foi muito honesto, pelo que só posso recomendar uma visita. Permanece uma dúvida: quem terá sido o amigo que, há meses, me “receitou” esta Casa do Baixinho? Não é por nada, é só para lhe agradecer!

Não nos queixemos!

Devemos olhar para o lado antes de nos queixarmos. Há sempre outros, afinal, que têm menos sorte do que nós. Há dias, uma amiga, a quem eu dizia que, em 80% das vezes em que abro uma caixa de medicamentos, me sai o lado da bula, confessou, chorosa: com ela, acontece 100% das vezes. Muita sorte temos nós, afinal! 

Itamaraty

Vale uma aposta? Uma das primeiras iniciativas internacionais do governo Lula - com a China, com a Turquia ou com ambos - será uma tentativa de intermediação de um cessar-fogo, ou mesmo de uma negociação para a paz, na Ucrânia. Mesmo sabendo que isso não terá o mínimo sucesso.

Lugares da memória


Há hotéis onde se vai para passar uma noite. E há hotéis onde se volta para nos impedirmos de os esquecer.

Esplendor no verde


Se os proprietários deste café do Porto tivessem visto as tacadas de um bilharista que eu cá sei, na segunda metade dos anos 60, nas mesas do primeiro andar, não teriam fechado a casa. Ou talvez o fizessem, porque o bilharista, a bem d’zer, nunca foi grande coisa… A sério: não tenho saudades, só tenho pena.

sexta-feira, dezembro 16, 2022

Passagem à disponibilidade



Lá se foi mais um Embaixador...

País da aletria

Tive um despique, à saída de Coimbrões, com um camião de uma empresa, que teimava em não me deixar espaço na fila. Passei-o e olhei o nome: "Lingerie Ternurinha". Este país não existe!

Contradição

A grande novidade dos últimos tempos é o facto de um país como a Ucrânia estar a demonstrar algo que é quase contraditório: embora tema a Rússia, deixou de ter medo de lhe fazer frente.

Nomes…

Ninguém se surpreende que Zelenski seja a personalidade internacional do ano, na imprensa portuguesa (e não só). Que outro nome poderia ser? Mas há quem se espante com o facto de António Costa ser a personalidade portuguesa do ano. Repito a pergunta: quem poderia ser? Vá! Nomes!

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Santos


Lá vai Fernando Santos à vida! Nada que surpreenda, depois da eliminação do Mundial. É dos livros que nada fica igual após um desaire, neste caso contra muitas expetativas otimistas. Há muita gente que acha que, com o “material” que tinha à sua disposição, ele deveria ter feito muito melhor. Não sei de futebol o suficiente para me pronunciar. Apenas direi que me pareceu ser um treinador para quem a cautela estava sempre à frente da ousadia. Agora, só peço que não ponham lá o Jorge Jesus!

"A Arte da Guerra"


A corrupção no Parlamento Europeu, a estranha tentativa de golpe na Alemanha e a crise política no Perú foram os temas abordados na conversa com o jornalista António Freitas de Sousa, no podcast do Jornal Económico, “A Arte da Guerra”. Ver aqui

quarta-feira, dezembro 14, 2022

Ora bem!


Jogo, jantar e, depois, este Jacobs pós-Jacobs que me chegou pela Amazon. A dia vai acabar pela noite.

Genial

Devo dizer que, há uns anos, quando vi publicado este título, passou-me um ligeiro frio pela espinha. O jornalista que o construiu deve ter ...