sexta-feira, dezembro 16, 2022

Contradição

A grande novidade dos últimos tempos é o facto de um país como a Ucrânia estar a demonstrar algo que é quase contraditório: embora tema a Rússia, deixou de ter medo de lhe fazer frente.

9 comentários:

Flor disse...

Porque conta com os amigos europeus.

Anónimo disse...

Essa agora !!! Como é que v chegou a tão brilhante conclusão ?

MRocha

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador: Creio que não existe actualmente uma guerra entre a Ucrânia e a Rússia, mas entre a UE, os EUA, e a Rússia. Retire-se o apoio do Ocidente e veremos quanto tempo a Ucrânia vai resistir.

Os Estados Unidos e os outros países da NATO armam e financiam a Ucrânia, mesmo que os seus exércitos não intervenham oficialmente no terreno. Eles fingem ser o cavaleiro branco voando em socorro de um pequeno país atacado por um estado predatório, mas na realidade a sua intervenção nada tem a ver com os direitos dos povos, a democracia e a paz universal.

Eles defendem os interesses dos seus grupos capitalistas no cenário internacional, desafiando os povos, que vão pagar as favas, de todas as maneiras.

E vão fazê-lo na maior impunidade, porque a maioria das correntes políticas, incluindo infelizmente a esquerda, optou por ignorá-lo sob o pretexto de ajudar os ucranianos.

Para o Ocidente, a guerra na Ucrânia é uma guerra por procuração com a pele dos ucranianos: eles armam e financiam a Ucrânia, que fornece os soldados. Como disse o secretário de Defesa dos EUA, a situação deu-lhes a oportunidade de "enfraquecer permanentemente a Rússia".

Eles fornecem à Ucrânia financiamento, instrutores, campos de treino no Ocidente, armamentos e equipamentos, equipamentos de comunicação, inteligência de satélite, todas as coisas que fazem a diferença no combate.

O estado ucraniano, empobrecido e super armado, tornou-se uma espécie de protectorado dos Ocidente e, em primeiro lugar, dos Estados Unidos, que continuam sendo os donos do ritmo da escalada da guerra.

Os Estados Unidos os grandes vencedores do conflito, a União Europeia está de tanga…enfraquecida Até agora, os Estados Unidos têm interesse em manter a guerra em curso.

Eles não comprometem as suas tropas com isso, como nas guerras do Vietname, Iraque ou Afeganistão. Custa apenas dólares, não soldados. Os EUA já gastaram o dobro de toda a União Europeia na Ucrânia. Mas, em 2021 o seu orçamento militar era de longe o maior do mundo, de 800 bilhões de dólares, doze vezes mais que o da Rússia.


Mas isso não é um problema para os Estados Unidos, pelo contrário: afinal, foi no final das duas guerras mundiais, à custa dos vencidos mas também dos vencedores que foram seus aliados, que a sua supremacia se afirmou.

manuel campos disse...


Um pequeno mas necessário acrescento à frase que escrevi antes, os tempos estão perigosos e as facas afiadas.
A frase não é minha, concordo totalmente com ela apesar de não ser minha (atenção, referência a algo que aqui escrevi ontem), mas tem que ser inserida no conjunto do texto.

Apresento assim o excerto da canção "O baú de Sigmund Freud" de Sérgio Godinho:

"O cobarde é uma pessoa que foge pra trás
o herói é uma pessoa que foge prá frente
em maior ou menor grau
todos nós fugimos ao
medo que faz o cobarde
medo que faz o valente"

caramelo disse...

Os cidadãos comuns? Não sei se têm medo, se não têm. Sei que os telejornais abrem com meia hora todos os dias com relatos de coragem heróica e patriótica de ucranianos que dizem preferir morrer congelados a renderem-se aos russos. O senhor embaixador já terá idade suficiente para ser, pelo menos, um bocado cético em relação a estas coisas. Digo eu.

Erk disse...

Senhor embaixador, este post obviamente para picar os comunas de serviço aqui ao seu blogue...

A Rússia já antes invadiu a Geórgia em 2008 e lhe roubou território, perante a indiferença geral do ocidente.

Depois invadiu a Ucrânia, e lhe usurpou a Crimeia. Depois, usando mercenários Wagner que pretendeu passar por separatistas Donbass e Luhansk, trava uma guerra desde 2014. Novamente, perante a indiferença ocidental.

Apenas após esta invasão 2022, que tão mal lhes correu, é que os comunas por cá, ao abrigo da liberdade de expressão que a democracia defendida pela NATO lhes proporciona, descobriram uma causa que, por exemplo, o Irão não lhes suscita.

A valentia dos ucranianos, sim a par com treino ocidental e armamento, tem sido demasiado para o corrupto exército russo.

Alguém aqui disse que os ucranianos são empobrecidos.

Que dizer então do povo russo, que vive no limiar da pobreza, facto de que a invasão e conquistas imperialistas russas tentam desviar atenções.

No outro dia, por piada, enviei a receita de Salada Russa a uma amiga ucraniana, refugiada por cá. Ela riu-se. Um cidadão russo teria a maior dificuldade em usar a receita. Não têm dinheiro ou acesso a metade dos ingredientes e atum na Rússia é artigo de luxo.

Os nossos comunistas de trazer por casa poderiam usar da vontade de causas para libertar o povo russo, e por acrescento, também ucraniano e de outros na região.

Porque nazis, há tantos na Ucrânia, como em Portugal, etc.

Luís Lavoura disse...

Joaquim de Freitas,
não obstante aquilo que você escreve, o facto é que são os ucranianos quem lá está a rapar frio e, nalguns casos, a apanhar com obuses e mísseis em cima. Não deve ser nada agradável para eles. E poderiam tentar rejeitar tal sorte.
Da mesma forma que os vietnamitas também estiveram, há 50 anos, a lutar contra os EUA, o que foi muito penoso para eles - embora as armas com que lutavam fossem fornecidas pela Rússia.

Anónimo disse...

É realmente extraordinário e nobre a resistência daquele povo, motivada por um líder que não vacila na defesa do seu país…deve ser um orgulho, para nos inalcançável.

Joaquim de Freitas disse...

Luis Lavoura

« E poderiam tentar rejeitar tal sorte.”, escreve.

Os ucranianos tiveram a oportunidade, durante oito anos – 2014-2022-, de rejeitar tal sorte. Não a aproveitaram. E continuam ainda hoje a bombardear o Donbass, (ontem o centro de Donetz,) , onde o frio é o mesmo que em Kiev.

Na realidade, sabemos que os ucranianos não têm o poder de negociar o que quer que seja. Os mandatários, EUA e EU, que impõem a continuação da guerra,” para enfraquecer a Rússia, dixit Blinken, ainda não decidiram.

Mas poucos entre aqueles que acompanham esta triste guerra, vêm realmente “quem manda” É muito mais simples e “vende-se melhor” acusar a Rússia. É a reacção imediata. Como aquela de alguns leitores deste blogue, que vêm “comunas” infiltrados, a quem o Sr. Embaixador abriu a porta… só porque têm uma opinião diferente.

Vimos bem os mísseis ucranianos cair na Polónia, matar dois pobres agricultores e destruir o seu tractor. Para Zelensky e a media às ordens no Ocidente, foi Putine ! Visar um tractor com tanta precisão, bravo! É como ser morto por um raio ou um meteorito. Dito isso, parece difícil guiar com precisão um míssil S300 em direcção a um tractor. A verdade veio depois…

A cada dia tenho a impressão de uma degradação cada vez maior da media ocidental. E, no entanto, continuo parecendo fascinado por esse declínio.

Até agora não se via muito, e ainda assim há algum tempo, mas desde a Covid, e ainda mais desde a Ucrânia, é tão visível. No entanto, a maioria das pessoas parece não perceber ainda, e está começando a ser difícil dizer a si mesma que é outra coisa senão cegueira deliberada. É cada vez menos desculpável e me entristece.

Quanto à guerra do Vietname, que começou por uma guerra anti colonial, que a França perdeu, em Diên Biên Phu, recuperada pelos EUA, graças a um “incidente” , providencial na baia de Haiphong, que se transformou numa guerra civil entre o Norte, de Hochiminh e o Sul, de Zelensky , perdão , de Ngô Đình Diệm, que acabou muito mal…Guerra que alastrou ao Cambodia e ao Laos, e que acabou como se sabe!

Vindo de Tóquio, passei em Saigão uma semana antes da fuga desordenada dos americanos, (como em Cabul), do telhado da Embaixada americana. Da mesma maneira que vão fugir de Kiev.???

Similitudes: Ah as armas dos Vietcong? Eram russas. Pois eram. E as dos sulistas? Americanas. Claro.

No Vietname, os americanos também começaram por enviar “conselheiros”…

PS) Felizardos os portugueses, que so tiveram um conselheiro: Henry Kissinger considerou,em 1974 uma invasão apoiada pela NATO. Mas o embaixador americano tinha outra opiniao...

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