E estão lá os dois Brasis, em partes iguais. Qual delas será preponderante daqui a meia dúzia de anos é a pergunta de um milhão de reais.
Um filho meu viveu e trabalhou no Rio de Janeiro não há muitos anos. Vivia num bairro respeitável e trabalhava em casa, mas sempre dá para conhecer melhor aquele mundo do que o turista, acidental ou não. Voltou entretanto a Portugal. Para ficar cá.
A grande diferença é que na segunda fotografia há mulheres, cujos vestidos coloridos dão cor à imagem. Na primeira fotografia somente há homens de fatos pretos.
A primeira fotografia representa a “Casa-grande”, a segunda a “Senzala”, precisamente o título “Casa-Grande & Senzala” da obra de referência do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, publicado em 1933, mas que pelos vistos, passadas estas longas décadas, continua a expressar o modo de organização social e política da sociedade brasileira. Foi também Gilberto Freyre que em 1926 escreveu o poema “O outro Brasil que vem aí” (Talvez Poesia, Rio de Janeiro, José Olympio, 1962): «O outro Brasil que vem aí Eu ouço as vozes eu vejo as cores eu sinto os passos de outro Brasil que vem aí mais tropical mais fraternal mais brasileiro. O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados terá as cores das produções e dos trabalhos. Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças terão as cores das profissões e das regiões. As mulheres do Brasil em vez de cores boreais terão as cores variamente tropicais. Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil, todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco». Impressionante a semelhança entre o poema de Gilberto Freyre de 1926 e o discurso de ontem (2022) de Lula na sua tomada de posse!
8 comentários:
E estão lá os dois Brasis, em partes iguais.
Qual delas será preponderante daqui a meia dúzia de anos é a pergunta de um milhão de reais.
Um filho meu viveu e trabalhou no Rio de Janeiro não há muitos anos.
Vivia num bairro respeitável e trabalhava em casa, mas sempre dá para conhecer melhor aquele mundo do que o turista, acidental ou não.
Voltou entretanto a Portugal.
Para ficar cá.
A grande diferença é que na segunda fotografia há mulheres, cujos vestidos coloridos dão cor à imagem. Na primeira fotografia somente há homens de fatos pretos.
Realmente, para a fotografia fica lindamente. E o resto?
Se é a foto do governo de cada um, há muita diferença, principalmente na quantidade de cabeças.
Mas num país tão grande, o bolo dá para todos.
A primeira fotografia representa a “Casa-grande”, a segunda a “Senzala”, precisamente o título “Casa-Grande & Senzala” da obra de referência do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, publicado em 1933, mas que pelos vistos, passadas estas longas décadas, continua a expressar o modo de organização social e política da sociedade brasileira.
Foi também Gilberto Freyre que em 1926 escreveu o poema “O outro Brasil que vem aí” (Talvez Poesia, Rio de Janeiro, José Olympio, 1962):
«O outro Brasil que vem aí
Eu ouço as vozes
eu vejo as cores
eu sinto os passos
de outro Brasil que vem aí
mais tropical
mais fraternal
mais brasileiro.
O mapa desse Brasil em vez das cores dos Estados
terá as cores das produções e dos trabalhos.
Os homens desse Brasil em vez das cores das três raças
terão as cores das profissões e das regiões.
As mulheres do Brasil em vez de cores boreais terão as cores variamente tropicais.
Todo brasileiro poderá dizer: é assim que eu quero o Brasil,
todo brasileiro e não apenas o bacharel ou o doutor
o preto, o pardo, o roxo e não apenas o branco e o semibranco».
Impressionante a semelhança entre o poema de Gilberto Freyre de 1926 e o discurso de ontem (2022) de Lula na sua tomada de posse!
Felizmente estamos num novo Brasil, o único com futuro.
Segundo Lula, só há um Brasil, e ele tem toda a razão!
No final parece que correu relativamente bem, mas não deixo de pensar no assustador número de votos que teve o Bolsonaro.
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