sábado, dezembro 17, 2022

Casa do Baixinho



Como se lá chega não sei explicar, mas qualquer GPS ajuda a percorrer, a partir da A4 ou do centro de Paredes, uns escassos quilómetros até chegar à Casa do Baixinho, no nº 447 da rua do Paço, numa zona rural. 

Entra-se por um pátio onde, diz-me a dona Paula, a dona, no verão se come ao ar livre. Dentro, o ambiente é o que se vê e não difere muito de casas similares: pedra, madeira, lareira. Ah! E não há por ali ninguém “baixinho”. É o nome da quinta!

A lista é curta, mas as entradas são abundantes. Entre outras, somando o couvert, anotei queijo, presunto, salpicão, pataniscas, feijoada, cogumelos recheados, croquetes, entrecosto, rojões, azeitonas, moelas, pimentos, etc. Se resistir a tudo isto (resisti a menos de metade…), pode avançar para os pratos: há dois bacalhaus (escolhemos o folhado, com creme béchamel, que estava muito bom, havendo outro com broa) ou um naco com feijão preto e arroz. Às quintas, há arroz de pato. Ao domingo (só abre ao almoço), têm cabrito e vitela assada. Por encomenda (tlf. 255 785 808), há mais escolha. As sobremesas são variadas e debitadas pela dona Paula, mas podem ser vistas numa mesa no meio da sala, de onde discretamente surripiei uns figos secos.

A lista de vinhos, com o Douro naturalmente a predominar, não sendo deslumbrante, é muito aceitável. O preço final foi muito honesto, pelo que só posso recomendar uma visita. Permanece uma dúvida: quem terá sido o amigo que, há meses, me “receitou” esta Casa do Baixinho? Não é por nada, é só para lhe agradecer!

4 comentários:

manuel campos disse...


Também utilizo muito o "AJP": abre a janela e pergunta.
Admito no entanto que é falível, é preciso ter a quem e que esse quem saiba.

Há uns 20 anos, estava eu a saír de Évora por uma saída que conhecia pior, parei e perguntei a um senhor de certa idade, que estava numa paragem de autocarro, se era por ali que se ía para nem me lembro onde.
Sabia como se ía para lá, era já ali adiante, perguntou-me se lhe dava boleia pois também ía para lá, claro que acedi.
Arrependi-me logo porque o senhor tinha decerto bebido mais que a conta, havia uma certa pestilência no ar, mal imaginava o que me esperava.
Como se sabe os alentejanos dizem que "é já ali" seja perto ou longe.
Chegados lá a golpes de pormenorizadas descrições das maleitas que o atormentavam, apoiadas nos medicamentos que trazia num saco de farmácia e nas prescrições do hospital de que tinha acabado de saír, acabou por me dizer que era ali que eu queria chegar mas, dado que ele ía para uma aldeia "já ali adiante" eu poderia fazer o favor de o deixar lá.
Pessoa modesta e com um ar afável lá acedi, aqui já um pouco a contragosto, lá andei quase outro tanto do que já tinha andado.
Finalizando: viagem de regresso com os vidros todos abertos e três dias para recuperar um cheiro que não fôsse a carrascão dentro do carro.
Se o GPS nos manda às vezes por maus caminhos, o "AJP" pode ser não menos perigoso.

Flor disse...

Manuel Campos já sabe se houver uma próxima, exija que o futuro passageiro sopre com o risco de também ficar embriagado 😁🤪

Anónimo disse...

Eh,eh,eh! Deliciosa a história de Manuel Campos! Isto é Portugal longe de Lisboa e Porto, sem “rabusquices” e cheio de pessoas genuínas, tristes, sofredoras que recorrem ao “nosso vinho” para se medicarem porque por instantes necessitam de esquecer a triste realidade que vivem, vá se la saber porquê…ou porque é uma fatalidade portuguesa

José disse...

É engraçado que, numa pesquisa a este restaurante, há muitas opiniões não só tremendamente negativas como coincidentes nas críticas apesar de publicadas em alturas bem diferentes.

Deve ser por isso que os críticos gastronómicos tentam ser anónimos.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...