terça-feira, dezembro 20, 2022

Libé

Cada vez mais me convenço de que o mantra liberal tem uma imensa simplicidade: menos Estado, menor Estado e o que sobrar que fique ao nosso serviço.

5 comentários:

João Cabral disse...

Estado onde ele é útil. Acho que é mais isso.

manuel campos disse...


Sei o que é "mantra" mas não sei o que é "liberal".
"Liberal" é um conceito que varia de país para país e, mais ainda, de pessoa para pessoa, depende de onde se está a olhar e o que se está a ver.
Mas se o que está aqui em causa são os nossos autodenominados "liberais" não tenho opinião formada, não têm expressão suficiente para serem uma preocupação para mim, não percebo muito bem porque o são para tanta gente.

Quanto ao menos Estado e menor Estado não vejo onde está o problema se isso levar a melhor Estado, com a dimensão que o Estado alcançou aqui e por toda a Europa não me parece assim tão disparatado, eu trabalhei em duas empresas que tiveram que se reestruturar para sobreviver (e sobreviveram), no Estado (este e os outros) não se passa assim e portanto nunca se reestrutura verdadeiramente nada mas apenas se "rearruma".
Fiz durante muitos anos parte de um grupo de uma dúzia de amigos e conhecidos que almoçava todas as semanas, altos quadros e diretores-gerais do lado do Estado e altos quadros e diretores-gerais do lado do sector privado, garanto que aprendemos bastante uns com os outros, em especial a não acreditar em tudo aquilo de que "o outro lado" se gaba ou se queixa.
Há que saír das "bolhas" tão cómodas em que gostamos de nos instalar.

O que sobrar - e é quase todo o essencial organizado de outra forma - tem óbviamente que ficar ao serviço de quem paga impostos, portanto ao "nosso" serviço como comunidade, impostos é algo que todos sem excepção pagamos
(se o IRS tem muitas e justas excepções, o IVA não as tem apesar de ser o imposto socialmente mais "injusto" que existe, admito que não seria de todo fácil criá-las).


Anónimo disse...

E porque não menos Estado com a iniciativa privada pulsante, dinâmica e ativa. Certamente que dessa forma os muitos portugueses a quem o “Estado” investiu na sua formação com recursos públicos, foram para o estrangeiro fazer carreira e vida, estariam cá. Não seríamos este país, de alguns, triste pobre, sem esperança e desanimado…

Luís Lavoura disse...

o que sobrar que fique ao nosso serviço

Bem, mas o Estado é SEMPRE para servir a sua população. Em particular, para a servir lá onde a iniciativa privada se mostra inadequada. Por exemplo, o Estado fornece serviços de educação, de saúde e de transportes. Fornece também serviços de segurança e de seguro de último recurso (por exemplo, quando há cheias).

Toda a gente quer o Estado para, precisamente, estar ao seu serviço. Não são somente os liberais que o querem assim. Os socialistas e os conservadores querem exatamente o mesmo.

Se, por exemplo, alguns catalães querem um Estado catalão, e outros espanhóis não querem tal coisa, isso é porque ambos querem ter um Estado ao seu serviço.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Ainda há dias atrás, o “mantra liberal de menos Estado, menor Estado” foi defendido por António Horta Osório na tertúlia das comemorações do 158.º aniversário do Diário de Notícias assinalando que tal permitiria “em 10 anos dobrar o rendimento do país”.
Os caminhos para lá chegar na óptica de AHO: a tradicional receita liberal de “menos Estado, menos impostos e mais dinheiro disponível no sector privado. O ingrediente fundamental para o crescimento do país é a aposta forte na inovação com mais apoios públicos. Acredito que o sector privado ter mais dinheiro é aquilo que, a prazo, produz mais riqueza”.
Ou seja, menos Estado para a larga maioria dos portugueses – que usam o SNS, as escolas públicas e que contam com o Estado para redistribuir riqueza e fazer justiça social – ao mesmo tempo que esse “Estado menor” iria aumentar o financiamento das empresas, com os seus “AHO inovadores” para fazer o país crescer. Mas será que a grande maioria dos portugueses está contemplado na visão ideal de AHO para Portugal?
Francamente, tenho dificuldade em compreender estes ídolos da direita liberal, como AHO que do alto da sua cátedra de grande vulto da banca mundial, se julga como único detentor da visão para fazer crescer o País.
Quo usque tandem abutere AHO patientia nostra?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...