"A Autoestrada do Sul", o primeiro conto do livro de 1966 "Todos os Fogos o Fogo", serviu de inspiração para os filmes "Weekend à francesa" (1967) de Jean-Luc Godard e "O grande engarrafamento" (1979) de Luigi Comencini.
Do sítio "Plano Crítico" permito-me retirar o 1º parágrafo da crítica de Marcelo Sobrinho, que resume muito bem a história e tudo o que ela encerra.
"Em tempo de caos e de confinamento inesperado, o conto A Autoestrada do Sul, do argentino Júlio Cortázar, torna-se provavelmente uma das leituras mais interessantes para se compreender um período como o atual. Não, o conto do escritor argentino não trata de epidemias causadas por vírus letais nem nada parecido. Mas a essência contida em situações de exceção como essa está toda lá. Na obra, um enorme congestionamento em uma autoestrada que liga Fontainebleau a Paris lança o caos sobre todos aqueles motoristas. Ali eles ficarão parados não apenas por horas, mas por muitos dias, enfrentando o frio, o calor, a fome, a sede e outras privações. Cortázar constrói um microcosmo bastante rico à análise do comportamento humano em situações onde a rotina, a ordem e a segurança não se fazem mais presentes."
Vale no entanto bem a pena ler o texto todo, é só lá ír.
A literatura é fácil. Mas tirar umas férias é cada vez menos um luxo. Pelo contrário, é uma necessidade real. É uma das únicas maneiras de escapar à pressão da vida quotidiana e se livrar do estresse onipresente na nossa sociedade. A situação é tão grave que um em cada três trabalhadores sairia de férias completamente exausto.
O número de activos sobrecarregados ou vítimas de burnout segue uma curva ascendente. Hoje em dia, os empregadores estão mais exigentes do que nunca: entre emails e smartphones, por vezes é necessário trabalhar 24 horas por dia, e estar disponível a qualquer hora. Tudo começou em 1936 com as primeiras férias pagas introduzidas pela Frente Popular. Naquele verão (e especialmente em Agosto), 560.000 funcionários saíram de férias.
Este fenómeno só será reforçado com a introdução da terceira e quarta semanas de férias pagas em 1956 e 1969. O mês de Agosto é o mês preferido dos franceses em parte por razões climáticas, mas também por hábito.
Durante muito tempo, as férias escolares começaram apenas no dia 14 de Julho e duraram até 1º de Outubro; o mês de Agosto encontra-se então no centro das férias de verão.
Por experiência própria de dirigente, muitas vezes é mais fácil decidir sobre duas ou três semanas de encerramento do que arrancar os cabelos fazendo malabarismos com o calendário de férias dos diferentes funcionários.
Quanto aos engarrafamentos em direcção do Sul da França e da Europa, digam-me se o Norte da Europa é convidativo...E claro, ninguém quer perder um dia de férias …
6 comentários:
"A Autoestrada do Sul", o primeiro conto do livro de 1966 "Todos os Fogos o Fogo", serviu de inspiração para os filmes "Weekend à francesa" (1967) de Jean-Luc Godard e "O grande engarrafamento" (1979) de Luigi Comencini.
Do sítio "Plano Crítico" permito-me retirar o 1º parágrafo da crítica de Marcelo Sobrinho, que resume muito bem a história e tudo o que ela encerra.
"Em tempo de caos e de confinamento inesperado, o conto A Autoestrada do Sul, do argentino Júlio Cortázar, torna-se provavelmente uma das leituras mais interessantes para se compreender um período como o atual. Não, o conto do escritor argentino não trata de epidemias causadas por vírus letais nem nada parecido. Mas a essência contida em situações de exceção como essa está toda lá. Na obra, um enorme congestionamento em uma autoestrada que liga Fontainebleau a Paris lança o caos sobre todos aqueles motoristas. Ali eles ficarão parados não apenas por horas, mas por muitos dias, enfrentando o frio, o calor, a fome, a sede e outras privações. Cortázar constrói um microcosmo bastante rico à análise do comportamento humano em situações onde a rotina, a ordem e a segurança não se fazem mais presentes."
Vale no entanto bem a pena ler o texto todo, é só lá ír.
Boas férias!
meu querido mês de Agosto.
A literatura é fácil. Mas tirar umas férias é cada vez menos um luxo. Pelo contrário, é uma necessidade real. É uma das únicas maneiras de escapar à pressão da vida quotidiana e se livrar do estresse onipresente na nossa sociedade. A situação é tão grave que um em cada três trabalhadores sairia de férias completamente exausto.
O número de activos sobrecarregados ou vítimas de burnout segue uma curva ascendente.
Hoje em dia, os empregadores estão mais exigentes do que nunca: entre emails e smartphones, por vezes é necessário trabalhar 24 horas por dia, e estar disponível a qualquer hora.
Tudo começou em 1936 com as primeiras férias pagas introduzidas pela Frente Popular. Naquele verão (e especialmente em Agosto), 560.000 funcionários saíram de férias.
Este fenómeno só será reforçado com a introdução da terceira e quarta semanas de férias pagas em 1956 e 1969. O mês de Agosto é o mês preferido dos franceses em parte por razões climáticas, mas também por hábito.
Durante muito tempo, as férias escolares começaram apenas no dia 14 de Julho e duraram até 1º de Outubro; o mês de Agosto encontra-se então no centro das férias de verão.
Por experiência própria de dirigente, muitas vezes é mais fácil decidir sobre duas ou três semanas de encerramento do que arrancar os cabelos fazendo malabarismos com o calendário de férias dos diferentes funcionários.
Quanto aos engarrafamentos em direcção do Sul da França e da Europa, digam-me se o Norte da Europa é convidativo...E claro, ninguém quer perder um dia de férias …
O Francisco criticou aqueles que escapam de Lisboa durante a JMJ, mas é isso mesmo que ele faz...
Alors, je vous souhaite de Bonnes Vacances.
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