terça-feira, julho 11, 2023

Os erros da Rússia

Se, em fevereiro do ano passado, a Rússia tivesse conseguido colocar a Ucrânia "de joelhos", como ficou evidente ser a sua intenção no frustrado movimento de tropas para Kiev e Kharkiv, teria ficado dona do jogo e podia estar numa outra posição para negociar com os EUA. Ao ter falhado clamorosamente no plano militar, provocou exatamente o contrário: ressuscitou os seus piores demónios e está agora a pagar um elevado preço, nomeadamente no reforço conjuntural da NATO. No fim de contas, há que convir que Prigozhin tinha alguma razão: alguém levou Putin a cometer aquele imenso erro, avaliando mal a relação de forças no terreno. Terão sido Shoigu ou Gerasimov, como ele também diz? Como exercício político-militar, a Rússia é hoje um "case study" fascinante.

12 comentários:

Unknown disse...

A Rússia, com a actual liderança e com o actual regime, é um mal para a Humanidade que precisa de ser extirpado. Queira Deus que essa extirpação ocorra o mais rapidamente possível.

Anónimo disse...

Concordo inteiramente. Mas também temo que a Rússia recorrerá a todos os meios para que a Ucrânia não entrar para a NATO. O que é verdade ser um objectivo da NATO há muito tempo e me parece um erro tão estupido como a invasão.

Fernando Neves

Anónimo disse...

O movimento para Kiev tinha o objectivo de forçar as negociações de paz, o que foi conseguido.
Em desespero o Boris foi á Turquia rasgar o acordo já assinado.
Dois negociadores Ucranianos foram na sequência assassinados.

Luís Lavoura disse...

[a Rússia] está agora a pagar um elevado preço, nomeadamente no reforço conjuntural da NATO

Eu não tenho a certeza de que seja a Rússia quem está a pagar o preço mais alto.

O facto é que a Rússia me parece estar em condições financeiras e humanas de prosseguir uma guerra de baixa intensidade durante meses ou anos. O mesmo não me parece nada evidente no caso da Ucrânia e dos seus aliados.

O facto é que os EUA estão atualmente com um défice orçamental da ordem dos 8% do PIB, o que é monstruoso. A ajuda à Ucrânia está a esticá-los ao limite. Também a Europa dificilmente poderá continuar a apoiar a Ucrânia durante muito tempo - nem as suas finanças nem as suas opiniões públicas aguentarão.

Não sei durante quanto mais tempo é que os cidadãos europeus e americanos continuarão a tolerar ser esmifrados, nos seus impostos, para pagar um país semi-parado como a Ucrânia atualmente é.

Luís Lavoura disse...

Um outro post poderia ser escrito da seguinte forma:

"Se, ao longo de 2022, o Ocidente tivesse conseguido colocar a Rússia "de joelhos", como ficou evidente ser a sua intenção na imposição de sucessivos "pacotes" de sanções, teria ficado dono do jogo e podia estar numa outra posição para negociar com a Rússia. Ao ter falhado clamorosamente no plano económico e financeiro, provocou exatamente o contrário: ressuscitou os seus piores demónios e está agora a pagar um elevado preço, nomeadamente nos défices orçamentais que tem que sustentar."

Anónimo disse...

Bem, eu concordo com o Lavoura. Não me consta que a Russia esteja ou caminhe para o colapso, porque é impossivel colocar de joelhos um pais com tantos recursos naturais. Se houve um erro colossal foi o de quem fez a avaliação dos efeitos das sanções. Portanto, a Russia é capaz de manter isto mais uns anitos em fogo lento. O tempo sempre esteve a favor da Russia. Entretanto, a Europa anda a fazer promessas de reconstrução da Ucrânia, com todos os problemas orçamentais que isso traz, o alargamento à Turquia, algo que era tabu há... uma semana, etc. Eu imagino que em Moscovo olhem isto, não com preocupação, mas com espanto e divertidos. Já agora, a entrada da Suecia na NATO é completamente irrelevante para a relação de forças do terreno na Ucrania, se é a isso que se refere. Aliás, a questão da NATO é irrelevante. A Suecia não vai atacar a Russia ou vice versa e a Russia não é um adolescente que quer fazer amigos no facebook. Enfim, o senhor Embaixador é capaz de fazer um exercicio de previsão de longo prazo do que vai sair disto?

Anónimo disse...

Na "relação de forças" o que se passou em Vilnius não tem impacto nenhum na Ucrânia. Tem é um efeito curioso e perverso: tanto país a aderir e a querer aderir à NATO para se defender da Rússia, prova que, afinal, a Rússia é ainda uma grande potência. De certo modo, isto é motivo de orgulho para a Rússia, não?... É que já tinham dado a Rússia como uma pequena potência asiática, com pouca relevância e falida econômica e militarmente. Ele há coisas...

Francisco F disse...

Ó Unknown, mas quando é que a Rússia não foi um problema para a humanidade? Há quantos séculos é que aquele país só causa problemas ao mundo (desde logo aos seus vizinhos)?

Assim de repente consigo ver um contínuo de problemas desde o Séc. XVII.

O problema da Rússia não são os "regimes" e os "dirigentes" mas sim aquela cultura de onde os dirigentes saem para fundar "regimes" que o povo apoia.

Erk disse...

Esta caixa de comentários cheira a bafio de 1922.

E whishful thinking de dizer que na Rússia tudo vai bem, tem recursos, o resto do mundo... não.

Os camaradas vivem num mundo de amanhãs que se fartam de cantar, só que não.

Joaquim de Freitas disse...

Francisco F disse.."Assim de repente consigo ver um contínuo de problemas desde o Séc. XVII."

Viu com os oculos de quem, Sr. Francisco F. ? Seria capaz de me dizer quantas guerras a Russia ou a URSS declarou desde a sua fundaçao, em 1917, comparadas com as guerras e invasoes militares dos EUA desde a sua fundaçao!

E quantas vezes o Ocidente a atacou desde Napoleao?

E sobretudo porque razao os EUA invadiram, ocuparam, destruiram paises e naçoes incluindo a do seu povo autoctone...E continuam a ocupar, na Europa, na Asia, na America Latina...

Joaquim de Freitas disse...

Fernando Neves, disse tudo em poucas palavras. E de acordo com o anonimo das 19.11.

manuel campos disse...


Erk


Porquê a bafio de 1922 em particular ou é só para comemorar 100 anos?

O que é que se passava no mundo em 1922 que o Erk saiba e eu não, no que respeita às pessoas reais e não ao que delas os outros foram contando e de que nós fomos tomando o vago conhecimento de quem não quer já saber disso?

Que tal contribuir com argumentos para uma discussão construtiva e assim tentar mudar as ideias dos outros, o "toca e foge" esporádico a que assisto faz-me duvidar da existência de ideias (úteis para todos) ou só de sentimentos (úteis só para o próprio).

Ando há tempos para escrever sobre a ideia peregrina de que se mudam as mentalidades das pessoas de que discordamos com umas bocas para o ar e uma ridicularização infantil do que os outros pensam.
Ora isso nem nos pasquins funciona (não estou em nenhuma rede social mas imagino que seja bem pior que os pasquins).

Um dia destes levam comigo, a que aliás já estão habituados os que ainda o aturam.

Só para terminar relembro que, nesta matéria em concreto, até as ideias de há pouco mais de um ano estão cheias de bafio.









Isto é verdade?