quarta-feira, julho 12, 2023

Guerra no écran

No acompanhamento televisivo que tenho feito da guerra na Ucrânia, na CNN Portugal, dei-me conta que me enganei algumas vezes e admito ter medido menos bem algumas situações. Mas nunca encontrei razões para alterar a firme opinião que tenho, desde o início do conflito, sobre os principais atores e as suas motivações. Bem pelo contrário.

7 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

...firme opinião que tenho, desde o início do conflito, sobre os principais atores e as suas motivações. Bem pelo contrário.Escreve o Sr.Embaixador.

Se consegue "ver" os principais atores e as suas motivações, Senhor Embaixador, é realmente obra!Porque a neblina é espessa !

Claro, que não tenho o mesmo poder de análise do Senhor. Mas eu perco-me um pouco, nesta sociedade transformada em selva onde reina o caos e onde todos lutam contra todos numa atmosfera de extrema violência generalizada. Vemos bem que os interesses das potências colidem. Um passeio a Vilnus demonstra-o.

Tudo se pode negociar, mesmo o que parecia ontem sólido como betão. A neutralidade sueca e a intransigência de Erdogan, por exemplo...

No entanto, devemos admitir o óbvio: o perigo da transformação progressiva das nossas sociedades em "selvas onde reina o caos e onde todos lutam contra todos numa atmosfera de extrema violência generalizada" é bastante real.

E a ameaça de uma recaída das nossas sociedades, e de toda a humanidade, na - desta vez real - barbárie será inevitavelmente maior e maior e mais directa enquanto não tivermos um novo projecto e mensagem humanista e messiânica.inspirando e mobilizando as massas.

Sem esquecer os jovens dos subúrbios, em todo o mundo. Sim, porque todos esses "motins" populares que tendem a se espalhar pela Europa e pelo mundo, ‘(Iorque, Londres, etc.) se caracterizem pela sua violência - muitas vezes - cega, , levam-me a perguntar se os "adultos" que "programam" alegremente armas de urânio na Ucrânia, não são o exemplo que os jovens seguem..cegamente!

A sociedade acusa-os de... barbárie ("jovens bárbaros")! Mas o que se passa na Ucrânia será menos bárbaro?

Tal visão de nosso futuro não é inteiramente impressionista e desprovida de verdade. As nossas sociedades transformadas em selvas onde reina o caos.









Anónimo disse...

Eu, ignorante do futuro, estou convencido de que enquanto a Rússia não tiver a garantia de que a Ucrânia nunca entrará para a NATO a guerra não acaba. Vai prolongar-se e aumentar de patamar.
Não sei bem o que os suecos dão em troca do apoio da Turquia. Passam a perseguir os refugiados curdos? Se calhar cedem nos princípios democráticos para se tornarem mais parecido com o regime turco. Será? Se for é obra....
Zeca

Anónimo disse...

E acrescento: um guerra mundial., com recurso a armas nucleares, combinada com as alterações climáticas o que dará?
Zeca

Luís Lavoura disse...

Eu, ignorante do futuro, estou convencido de que enquanto a Rússia não tiver a garantia de que a Ucrânia nunca entrará para a NATO a guerra não acaba. Vai prolongar-se e aumentar de patamar.

Aumentar de patamar não creio, mas prolongar-se, sim.

Por isso mesmo a promessa da NATO, de que a Ucrânia entrará para a NATO quando a guerra acabar, é estúpida e contraproducente (do meu ponto de vista, que será em princípio oposto ao ponto de vista da NATO): só fará a guerra prolongar-se.

Parece que a NATO está interessada em ter uma guerra como a Irão-Iraque na década de 1980: a guerra dura uma década, no final dela está tudo igual ao que estava antes (exceto um milhão de pessoas que perderam a vida), e nessa altura deita-se fora, como um idiota agora inútil, o dirigente político (Saddam Hussein nesse caso, Volodymyr Zelensky no presente) que nos fez o favor de a promover.

manuel campos disse...


Só quem não tem opinião nenhuma sobre nada de nada é que não se engana algumas vezes e não admite ter medido menos bem algumas situações.
Quando se tem uma linha de pensamento que se segue com coerência, não são pequenos desvios pontuais dessa linha que quem esteja de boa fé possa alguma vez criticar.

Outra questão é contarmos com muita gente de boa fé à nossa volta.
Remeto assim para o que citei um destes dias de Jacques Prévert.

E até posso juntar um princípio "marxista":
"Esses são os meus princípios. Se não gostar, eu tenho outros" (Groucho Marx).
Destes últimos nunca faltam.





Renato disse...

Caro Manuel Campos, o Marx (o G. e não o K.) tinha sempre muita razão... Aliás o absurdo dessa frase assim o demonstra...
Quando ao embaixador eu de facto não estou sempre de acordo com as suas análises mas isso acho que é impossível. Além de que admito que me falta know how para poder exprimir o meu desacordo e é difícil justificar um simples "feeling" que não é exactamente assim. Eu acho que um dos mais sérios problemas é que os vários protagonistas vivem em mundos diferentes do que nós vivemos. O Zelensky foi extraordinário quando decidiu que não era tempo para fugir de Kiev. Pode não conseguir os objetivos que se determinou mas claramente obteve como já disse num outro post um deles. A Ucrânia como país existe realmente e não é somente uma ex província da URSS... Ora digamos que foi muito ajudado... Claramente não pelos ocidentais que estão sempre a discutir sobre a ajuda que se deve ou não dar...Se os EUA tivessem fornecido á Ucrânia o mesmo tipo de apoio que deram ao governo da Golda Meir... O Sr Zelensky foi ajudado pelo Sr Putin que decidiu uma invasão (invasão especial...)sem sentido e sem a preparação que pensava ter. Umas forças armadas com os pés de barro ou cabeças podres...
E se há um responsável por esta guerra com todos os danos que causou no seu próprio país e no mundo o seu nome é claramente o do ditador russo e de ninguém mais.
My 2 p's

manuel campos disse...


Caro Renato

Como notou referi-me a uma linha de coerência, isso é que para mim é sagrado em qualquer pessoa.
Dou-lhe o exemplo do nosso colega de escrita Sr. Joaquim de Freitas.
Não sei há quanto tempo vem aqui e há quanto tempo o lê, eu leio-o “desde sempre” porque venho aqui “desde sempre”, ainda que só tenha começado a escrever há talvez um ano, por razões que discretamente dei a entender.
As razões desapareceram (isso é outra história) mas eu tomei-lhe o hábito.

Diz muito bem quando se refere às dificuldades de não ter o “know how para poder exprimir o meu desacordo e é difícil justificar um simples "feeling" que não é exactamente assim” mas, infelizmente, nem toda a gente tem a sabedoria de admitir as suas mais que naturais limitações em relação aos que são "du métier", seja ele qual fôr.

Como costumo dizer todos somos ignorantes ainda que em assuntos diferentes.
Se há coisa irritante com que temos de conviver toda a vida é apanharmos pela frente a toda a hora gente que, apesar de saber aquilo a que dedicámos uma vida de trabalho e/ou de estudo, notoriamente não se exime a dar-nos lições na matéria, as mais das vezes achando que assim se torna interessante aos nossos olhos, quando apenas se torna sumamente ridícula e, citando outra vez Groucho, evidencia que “É melhor ficar calado e parecer tolo do que falar e acabar com qualquer dúvida”.

Mas voltando ao Sr. Joaquim de Freitas, a quem peço desculpa por mencionar.
Sempre foi raro concordar com ele ao longo destes anos todos (e são muitos e ele escreveu muitíssimo), talvez aqui ou ali no meio de um comentário encontrasse pontos de concordância e pouco mais que isso.
Mas a capacidade de escrita, o saber, o raciocínio e a coerência nunca esmoreceram e, como acima disse, para mim a coerência é sagrada, combate-se sem descanso as ideias de quem discordamos e respeita-se sem limites a sua coerência.
Se uma vez ou outra lhe “caí em cima” foi por ele me citar e depois engrenar as ideias dele, ficando no ar o que é que eu tinha a ver com aquilo, mas isso é acessório ao que está aqui em causa.

Pois o G. tinha sempre muita razão, o K. nem por isso mas, sendo o mundo um lugar estranho, o K. acabou a ser mais seguido que o G. com os resultados que se conhecem.
Como o G. disse “A política é a arte de buscar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorretamente e aplicar as piores soluções”.

Uma boa noite para si


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