Era (ainda) longilínea, embora longe do seu esplendoroso tempo "modiglianico". Não parecia tão bonita como a imagem que dela guardava. Mas seria mesmo ela? Tentei olhá-la de frente, junto a um balcão do Conran, em Londres. Abriu a boca para dizer qualquer coisa e - pronto! - lá estava o famoso espaço entre dois dentes da frente ("les dents du bonheur"), que tanto animava os seus fãs (tal como os de Vanessa Paradis ou Léa Seydoux). Era ela! Era Jane Birkin. Nunca achei que fosse grande cantora, nem grande atriz. Mas, como mulher, teve imensa graça. Bastante mais do que a filha, Charlotte, saída do casal que fez com Serge Gainsbourg, o qual, por acaso, tinha morrido pouco tempo antes desse meu "encontro" com Birkin, em South Kensigton, na cidade onde ela tinha nascido e onde deu belo sinal de si no "Blow up". Jane Birkin morreu agora. Era uma rapariga da minha idade.
17 comentários:
o gainsbourg era um génio. a birkin, longe disso.
Era uma rapariga da minha idade.
Calma. Era um ano e um mês mais velha que o Francisco.
Eu sou da idade de todas as mulheres bonitas...
Eu sou da idade de todas as mulheres bonitas..
Não sei se essa frase hoje é politicamente correcta
Ao SCP 1963. Como já deve ter percebido, o politicamente correto preocupa-me muito pouco
Andei a semana passada toda a ouvir o Serge Gainsbourg, música francesa não me falta e dele tenho muita coisa.
Ora como todos os marados da música que têm quase tudo, não resisto a tentar ter tudo, sou como todos, resisto a tudo menos às tentações.
Há tempos vi aí numa loja de 2ª mão uma caixa metálica relativamente rara que é suposto trazer as “Les 100 plus belles chansons” do senhor e que abarca o período do seu 1º álbum “Du chant á la une!...” (1958) até ao álbum “You’re under arrest” (1987), tendo ainda várias canções tiradas de EP além das dos LP.
Não são as 100 melhores, tenho 3/4 daquilo mas tem coisas que eu não tinha.
Lá no meio só vem um álbum completo de 1971, o “Histoire de Melody Nelson” que nos seus escassos 28 minutos conta os amores de um homem de meia idade com uma rapariga de 15 anos, história bem apropriada aos tempos em que vivemos.
Na altura foi aclamado universalmente (“universal acclaim” é que se lê por aí nas críticas), era assim o país desconhecido que é sempre o passado.
A famosa canção “Je t’aime… moi non plus” começou por ser gravada com Brigitte Bardot, com quem ele namoriscava (força de expressão, claro) em 1967 mas ela não gostou da ideia de publicar aquilo e ele acabou por a gravar em 1969 com a Jane Birkin com quem já vivia.
A canção foi proibida numa quantidade de países de que destaco Espanha, Brasil, Islândia, Itália, Polônia, Portugal, Reino Unido, Suécia Jugoslávia e alvo de severas criticas do Vaticano.
Quando perguntavam a Serge Gainsbourg quem era o seu melhor agente de vendas ele respondia sempre que era sem dúvida o Vaticano.
Ontem ia a passar no corredor quando ouvi a canção na TV cá de casa, era hora do noticiário e anunciavam (e estava lá escrito) que era de 1979.
Acontece que é assim que se vê o cuidado posto nas notícias, como disse é de 1969 e eu sei isso muito bem porque guardo excelentes recordações.
É que a canção era proibida na rádio mas não era proibida nas “boîtes”, hoje mais conhecidas como discotecas, que por sua vez na altura eram lojas de discos.
Quando as poupanças chegavam para o “consumo mínimo”, o sábado à noite era de “Je t’aime… moi non plus” ali por volta de 1970.
Vi-a pela primeira vez no "Kung Fu Master", de onde saí assobiando a "Gymnopédie". Já na altura tinha perdido a beleza. É um exemplo do 8 ou 80 que sucede ao físico de muita gente.
De Fevereiro passado, dá-nos uma ideia geral da situação (e de como evoluiu):
"Carros a ficar mais 'velhos' em Portugal. 1,5 milhões com mais de 20 anos"
Google então quem quiser, que é gratuito.
Na minha juventude até hoje a música francesa sempre foi a minha preferida. A ela devo a não ter tido qualquer problema com a língua francesa. Também tive na altura um correspondente francês e a minha revista de eleição era o "Salut les copains". A canção em causa não era das minhas preferidas. Já não me lembro bem mas eu sempre julguei ter ouvido a canção antes do 25 de Abril. Já passaram tantos anos...
Flor
Não me diga que íamos às mesmas "boîtes"!
Minha mulher era compradora sem falhas do "Salut les copains", ali na "Canasta" na Praça de Londres.
Tenho uma excelente colecção de DVD com os clips televisivos da época de todos os cantores franceses que contavam, tudo a preto e branco, claro.
Ver a Françoise Hardy e o Johnny Halliday "novíssimos e envergonhadíssimos" naquela pequenina entrevista que lhes foi feita antes das suas primeiras actuações de sempre na televisão francesa é quase comovente.
Claro que a história dos carros era no "Oldie" e não aqui.
As minhas desculpas.
como mulher, teve imensa graça. Bastante mais do que a filha, Charlotte
Mas repare o Francisco que a fotografia da Jane neste post, e a fotografia da sua filha Charlotte na wikipedia, exibem espantosas semelhanças entre as duas.
Estava eu aí pela uma e meia desta tarde num sítio bem simpático com 6 minutos pela frente sem nada que fazer quando se acendeu aqui um alerta.
O sítio era a estação Baixa-Chiado do Metro onde eu mudava da linha azul para a verde (ou da verde para a azul, está lá indicado, é o que nos interessa), o sítio era bem simpático porque estava fresquinho e nem quero imaginar como estaria na rua, 6 minutos era o que o painel me anunciava como sendo o que faltava para o próximo comboio, o alerta foi sobre algo que aqui pus ontem.
Entre os países que proibiram o “Je t’aime…moi non plus” está a Suécia.
A Suécia proibiu aquela canção em 1969/70!
A descomplexada Suécia e os descomplexados suecos e suecas?
Ou será que andámos a ser enganados estes anos todos?
E que raio é que me deu para lá ter estado em 1970 e não ter dado por nada, muito pelo contrário?
manuel campos
Entre os países que proibiram o “Je t’aime…moi non plus” está a Suécia. A Suécia proibiu aquela canção em 1969/70!
A Suécia não foi sempre aquilo que é hoje. Na década de 1960, veja lá, as suecas atravessavam o mar Báltico em grande número, de ferry, para irem abortar à Polónia, pois o aborto era proibido na Suécia. Atualmente passa-se exatamente o oposto, são as polacas quem toma o ferry para ir abortar à Suécia.
Não Manuel Campos não fomos às mesmas "boites" :)
Se calhar até fomos ver o 1° espectáculo em Portugal do Aznavour no cinema Monumental no Saldanha.
Flor
"Entendido!" como dizia o Vasco Santana (dizia e diz, basta ir ali pô-lo no leitor de DVD).
Devo confessar que nunca fui muito de ir a boîtes, mas ali pelos tempos da universidade entre ficar sózinho na esplanada e juntar-me a um grupo, lá ía.
Ía dizer que não sei há quantos anos não entrava num local desses mas não é verdade, entrei em 2005 várias vezes, quando trabalhei em Évora.
Como estava lá 3 noites por semana e a morar sózinho numa casa alugada e sempre consegui que as pessoas com quem trabalhava não se dessem conta que eu tinha idade para ser pai deles, rapazes e raparigas de 23/24 anos acabados de se licenciar arrastavam este jovem na altura ali pelos 60 anos atrás deles para a noite.
Ficava então por ali a beberricar um whiskyzito muito aguado (não podia ficar sem carta) até achar que me chegava de barafunda e barulho e pisgava-me discretamente, não fossem impedir-me, estavam já menos sóbrios.
Como aquilo era só gente daquelas idades e ninguém da minha, improvisei uma entrada a condizer que depois usei em toda a parte com algum êxito, ía por ali dentro atrás deles no meio da multidão a dizer "com licença, com licença, hoje trouxeram o avô".
Pois a esse espectáculo não fui mas assisti ao último que deu em Portugal, em 10 de Dezembro de 2016 no Meo Arena, nas filas da frente denominadas Plateia VIP.
Escusado será dizer que, tendo a maluquice de música francesa que tenho, só não tenho também tudo dele porque não encontrei e agora já não vou encontrar, em suporte físico esgotou e em suporte virtual já não interessa.
Manuel Campos, "entendido" ;)
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