O que deveria António Costa ter dito, depois do problema com o SE da Defesa? Simples: que lamenta o que aconteceu, que espera que a justiça faça o seu trabalho com serenidade e rapidez e que a democracia tem sempre, como se vê, mecanismos para superar acidentes de percurso.
10 comentários:
""Vamos concentrar-nos naquilo que importa à vida dos portugueses e, sem querer diminuir aquilo que preocupa muito os comentadores e o espaço político, o que sinto que preocupa as pessoas são temas bastante diferentes", refere, dando o exemplo do impacto do "impacto da inflação", da "melhoria dos rendimentos" e dos "desafios do SNS". Disse Antônio Costa."
Sempre me cheirou a anedota mas contava-se há muitíssimos anos que um determinado senhor tinha sido nomeado embaixador de Espanha em Portugal e que, quando disseram ao PM da altura que o apelido dele era "Porras y Porras", ele teria dito que não era o "porras" que o chateava, era a insistência.
A mim também é a insistência que me chateia.
Não é a insistência no surgir destas situações, isso faz parte da vida e ninguém está livre de surpresas, é a insistência em nomear pessoas para determinados lugares aparentemente sem qualquer escrutínio prévio mínimo, que em figuras bem conhecidas dentro dos aparelhos partidários nem é difícil de fazer.
Demiti-me de um CA porque me quiseram obrigar a aceitar como colega um "amigo" de alguém que me levantava algumas dúvidas depois de falar com meia dúzia de conhecidos.
Como não fui "corrido" voltei a um mais mais modesto lugar, que era o meu de recuo na empresa-mãe, vagamente "emprateleirado" por não ter feito a vontade a quem mandava e que me substituiu por um rapaz mais "compreensivo".
Não me deu particular gozo porque essas coisas não me dão gozo quando me dão chatices grandes (tinha filhos para criar e um futuro que se tornou incerto), mas o "amigo" nomeado meteu-se logo em alhadas e o "amigo" que o tinha proposto foi "arrastado" pelas alhadas.
Eu não voltei onde estava, entretanto tinha percebido que o melhor era sair dali, das vantagens do sector privado em matéria de emprego é não estarmos agarrados à ideia do "emprego para a vida".
"que o apelido dele era "Porras y Porras", "
Esta fez-me lembrar quando o General Buceta Martins estava pensado para ir na comitiva de Américo Tomás numa visita ao Brasil.
Zeca
CV do Prof. Doutor Marco Capitão Ferreira ex-Secretário de Estado da Defesa
Professor Assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, desde 2000, e membro eleito do Conselho Académico desta faculdade. Licenciado, Mestre e Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pós-graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Por várias vezes foi conferencista convidado: entre 2012-2014, no curso pós graduado em Políticas Públicas de Segurança e Defesa, do IDN, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL; entre 2011-2014, em matérias de Defesa e Economia, no Instituto de Estudos Superiores Militares; entre 2013- 2014, cocoordenador do seminário sobre Defesa e Economia do curso pós graduado do ISCTE-UL e, também, orador no programa de mestrado em Economia, Política da Concorrência e Regulação Económica.
Diante do CV de um Professor da mais antiga e prestigiada Faculdade de Direito, António Costa quando o convidou para membro do Governo, tinha que adivinhar que futuramente Marco Capitão Ferreira, aproveitando-se dessa qualidade, se envolveria em negócios obscuros ao ponto de vir a ser constituído arguido por suspeitas de corrupção.
Ou seja, além de dirigir a política geral do Governo, coordenando e orientando a acção de todos os Ministros, assim como dirigir o funcionamento do Governo, estabelecendo as relações de carácter geral entre este e os outros órgãos do Estado, exige-se a AC que este tenha igualmente dotes de prestigiador e adivinhador do futuro!
Enfim, não há pachorra para os falsos moralismos de alguns comentadores políticos!
Hoje, em viagem, ouvi uma conversa na TSF. Foram analistas políticos, professores universitários, presidentes de associações cívicas, pessoas que ligaram para opinar. O tema em questão era sobre essas declarações de António Costa e como as mesmas desvalorizavam o problema da corrupção.
Todos, mas todos, que sim; que o primeiro ministro foi muito infeliz; que não leva a sério a corrupção, e por aí adiante.
Em dado momento o problema já não era bem a corrupção real, por ser muito pequena (3%), mas a percepção que os portugueses têm da corrupção (+-90%).
As intervenções eram mais ou menos assim: a corrupção real nem é significativa mas a percepção da corrupção é que é insustentável e deveria preocupar o primeiro ministro porque é esta percepção que está alimentar os partidos da extrema direita, concluindo que António Costa ao dizer o que disse está a contribuir para alimentar o discurso dos partidos extremistas de direita.
Até pode ser que todas as pessoas que intervieram tenham razão. Contudo, depois de ter ouvido intervenções tão doutas e qualificadas, acredito que se no final de programa se fizesse uma sondagem, com grande segurança que concluiria pelo aumento da percepção da corrupção, se não pelos portugueses, certamente pelos ouvintes do programa. Ou seja, a percepção da corrupção só pode ter aumentado, sem que os intervenientes disso tivessem tomado consciência.
Deve ser assim que se dá, e (também) alimenta, a percepção que os portugueses têm da corrupção.
P.S.
O S.E. já se deveria ter demitido há muito tempo e António Costa deve ser mais proactivo nestas situações.
O problema é já são demasiados "acidentes de percurso". 13, se não erro. Em ano e meio. É obra!
Carlos Antunes,
Inteiramente de acordo no que refere. Mas digo, com sentimento, que o António Costa, sem ter culpa nenhuma, tem tido pouca sorte.
O Carlos Antunes é um comentador assertivo e conhecedor que gosto de ler mesmo quando não concordo com uma única linha do que escreve, na minha cabeça as coisas não se confundem (mas eu sou de "ciências", não sou de "letras").
Mas com esta do "exige-se a AC que este tenha igualmente dotes de prestigiador e adivinhador do futuro!" é que me lixou.
Prestidigitador não sei mas adivinhador de que futuro quando o convidou para o governo?
"Futuramente" e "aproveitando-se dessa qualidade, se envolveria em negócios obscuros" (*) uma pessoa que tomou posse como membro do governo em 30.03.2022 e, que eu saiba, ninguém lhe aponta nada desde essa data.
Como já falámos aqui das nossas actividades respectivas em tempos, limito-me a dizer que em qualquer organização (quanto mais nas maiores e mais complexas como é um governo), o vértice da pirâmide hierárquica é a pessoa mais solitária de todas quando tem que tomar a decisão final, mas que algo de muito errado existe se não ouve os que o rodeiam e se os que o rodeiam não se fazem ouvir.
(*) Eu não sei se eram obscuros, estou como AC, a ver vamos.
Este governo e esta Maioria só se aguentam por duas ou três razões:
1. Porque não há realisticamente nenhuma alternativa capaz, credível, a António Costa;
2. Porque o PR não quer criar uma crise política que lhe faça ricochete político;
3. E porque, havendo uma maioria, há que respeitar o eleitorado (maioritário) que a elegeu e esperar pelas próximas eleições legislativas para correr com o Costa. O que duvido, face ao panorama fraquíssimo da Oposição.
4. A concluir, habituemo-nos ao Costa e ao governo arrogante da maioria do Costa e trabalhemos para se encontrar um líder à altura capaz de o derrotar, que só pode vir, goste-se ou não, da área do PSD. Mas, quem?
Enfim, triste, mas é o que nos está destinado...
Prefiro um bom tinto!
Caro Manuel Campos
Gostei da sua afirmação de "que gosta de me ler mesmo quando não concorda com uma única linha do que escreve". É forte!
Mas não comento, para que concordem e/ou discordem de mim. Limito-me a dar a minha opinião.
Já eu não digo o mesmo do que opina, aprecio e em geral concordo com os seus comentários.
Cordiais saudações
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