terça-feira, julho 04, 2023

SNS (3)

E se nos deixássemos de ilusões e aceitássemos que, face aos constrangimentos financeiros, à incapacidade de atração de recursos humanos e à pressão dos números, um SNS, num país com a riqueza de Portugal, pode sofrer melhorias mas nunca deixará de ter grandes deficiências?

10 comentários:

Luís Lavoura disse...

Nem precisa de ser num país com a (alegadamente pequena) riqueza de Portugal. Mesmo países muito mais ricos, como o Reino Unido (não sei qual a situação no Canadá) estão-se a ver à nora para aguentar os seus SNSs.

Anónimo disse...

Mas a gente aceita. Não somos franceses. Ontem estive numas urgências de um hospital central durante seis horas. Havia apenas um médico. Ora, vendo que uma senhora com 94 anos anos estava há 10 horas à espera e ainda não tinha sido atendida, fui para casa, calmamente. Agora estou outra vez cá, melancólico. Não somos franceses, graças a Deus, ora essa. A gente só pede que não façam hinos ao SNS, só isso.

Anónimo disse...

"nunca deixará de ter grandes deficiências?" Porquê?
Por que não no futebol, por exemplo? Ora, apesar dos parcos recursos, o campeonato nunca falha.
Podia ser ao contrário, ou não?
Zeca

afcm disse...

E continuar a lutar por um SNS de excelência que tenha apenas "algumas poucas deficiências" ?
Os pobres e mais frágeis merecem que se lute até ao fim - é a única via de acesso aos cuidados de saúde.

Carlos Antunes disse...

A minha falta de compreensão não são tanto para “as grandes deficiências do SNS” que, como bem afirma o Senhor Embaixador, este sempre terá, mas sim para os sistemáticos ataques ao SNS.
Ainda recentemente li que as estimativas apontam para 70 mil novos casos de cancro por ano em Portugal já em 2024, com custos anuais de tratamento que podem chegar aos 90 mil €uros por paciente, e terapias inovadoras que custam 300 mil €uros por dose que se encontram já à disposição dos utentes em unidades de saúde do SNS.
A falta de compreensão é para com aqueles (políticos, economistas de saúde, mas não só) que perante esta realidade e sabendo bem que o sector privado nunca poderá dar resposta a este tipo de terapias (basta lembrar o facto de deixarem de tratar os doentes oncológicos quando estes atingem o “plafond” estabelecido nos seguros de saúde, remetendo-os para o SNS), persistem em atacar o SNS.
Enfim, é lastimável que as TV´s (inclusive a RTP pública) nos “emprenhem diariamente os ouvidos” com as falhas do SNS e o slogan “do privado é que bom” omitindo o que de bom se faz no SNS, a única estrutura que com todas as suas deficiências, está em condições de assegurar cuidados de saúde, independentemente da sua condição económica ou social, à generalidade dos portugueses.

J Carvalho disse...

"Constrangimentos financeiros"? Mas o Montenegro mais o da IL nao andam a propagar que há uma folga orçamental? Que o Governo deve baixar o IRS, e o IRC? E que o deve fazer já.

Tony disse...

O SNS está pelas costuras. Caiem nas Urgências aos magotes, de todas as nacionalidades: Portugueses, Africanos, Ucranianos, Italianos, etc. É só entrar! Mas fazem todos os exames de diagnóstico necessários, grátis, claro!. Já, por duas vezes, em Abril,p.p., estive com a minha Sogra de 104 anos feitos. Entramos às 4 da tarde e saímos às 10 da manhã, do outro dia (18 horas); 2a vez, 16 horas. Como é que se remenda o assunto? O cansaço é para os doentes e para o pessoal clínico. A partir de certa hora, não há pessoal auxiliar, para levar as macas aos vários pisos dos exames. Têm que ser os próprios familiares, quem os tem, outros, são chamados, mas ficam no mesmo sítio e levam alta por abandono. Assisti a tudo isso. Até uma italiana a refilar, porque queria uma maca para o marido, pois estava em cadeira de rodas e não podia dormir. As macas estavam todas ocupadas e por todo o lado, onde havia paredes. Não há Ministro, nem o tal CEO que resista.

manuel campos disse...


Este é um tema que me é particularmente difícil abordar "cá por coisas", as pessoas que escrevem sobre o SNS nunca o "sofreram", as que o "sofreram" preferem não falar disso pois arriscam-se a ouvir ou ler os maiores e mais chocantes disparates, fruto da indiferença total com que os que se queixam de uma vaga dor que só existe na cabeça deles encaram os que viram alguém morrer ali ao lado deles (não estou a "inventar").

Mas o que o Tony conta passou-se duas vezes (repito 2 vezes) com a minha sogra nos últimos 6 meses (95 anos e um problema oncológico complexo).

Vale o pessoal clínico do SNS, sem almoçar como tantas e tantas vezes vi, como ele diz e bem.

Falar do SNS quando se vai ao privado é fácil.
Eu nos últimos 10 anos passei a vida como acompanhante semanal ou num ou no outro, mas nem me atrevo a falar ou escrever sobre o assunto, toda a gente conhece a prima de um tio da vizinha da sogra que teve um problema muito maior, ainda que não saibam explicar de todo o que foi.


Carlos Antunes disse...

Volto aos cuidados de saúde oferecidos pelo SNS e que não são notícia de abertura nos telejornais!
O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho acaba de realizar (4/07/2023) pela primeira vez, em Portugal, uma técnica cirúrgica, designada de “Cardioband”, para tratar a “insuficiência tricúspide” que devolveu Angelina Oliveira, costureira de Cinfães, de 68 anos de idade, à sua vida normal.
Além de exigir equipas altamente treinadas, com muitos anos de formação e de experiência, também é um procedimento caro em que só o material aplicado custa 30 mil €uros, esperando o CHVNGE que até ao final deste ano, haja mais 10 doentes a beneficiar deste tratamento cirúrgico.
A pergunta que coloco é que se não existisse o SNS, de acesso universal, alguma vez uma costureira de Cinfães poderia beneficiar desta cirurgia que lhe restituiu a qualidade de vida?
Continuem, pois, a denegrir o SNS!!!

Nuno Figueiredo disse...

mas...se o que não falta é dinheiro?

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