Ao ouvir o chefe do serviço britânico de espionagem a fazer um apelo público a que cidadãos russos se voluntariem para ser seus informadores contra o regime do Kremlin, não pude deixar de lembrar-me de Kim Philby (e também de Burgess, Maclean, Blunt e Craincross...).
Tendo o MI6 sido o involuntário fornecedor da maior fornada de espiões soviéticos de qualidade de que a história da "intelligence" tem memória, este apelo parece acarretar um curioso sentido de vingança.
A ver vamos se o "appeal" que o comunismo tinha naquele tempo do pós-segunda guerra conseguirá ser emulado pela sedução que a filosofia do mundo capitalista hoje pode exercer sobre as gentes lá por Moscovo.
Josef Stalin vs Boris Johnson?
14 comentários:
Voluntariem!
Que palavra horrível. Não sei se vem nalgum dicionário. Dantes dizia-se "cidadãos russos se ofereçam para..." Acho mais bonita, mais curta e mais fácil de pronunciar. E facilmente entendida por quem não saiba uma palavra de inglês.
Mas hoje, em certos meios, utilizam-se muito as palavras parecidas com palavras inglesas (mesmo nos caso de o significado não ser exactamente o mesmo).
Enriquece a língua? Talvez.
Zeca
A língua portuguesa está em declinio. O próprio governo (Central e local) dá um forte contributo ao optar pelo inglês para designar programas, eventos e até serviços públicos. Os anglofonos ganharam, sem grande resistência, como se vê.
Atendendo à substância dos dois comentários anteriores, não perdi a esperança de, neste post, alguém vir falar do próximo Odivelas-Sacavenense em bilhar às três tabelas...
Gostei sobretudo da menção que ele fez da fiabilidade dos serviços secretos ingleses.
Le Carré deu uma volta na cova, George Smiley aproveitou para limpar os óculos na gravata e Karla acendeu mais um cigarro com o isqueiro de Anne.
Para dizer a verdade até fiquei chateado com o seu exemplo porque eu até tenho algo a dizer sobre o próximo Odivelas-Sacavenense em bilhar às três tabelas e eu não costumo brincar.
Vou evitar entrar em muitos pormenores técnicos, só o básico.
No respeita ao que se vai passar nesse duelo e que antecipo histórico, é bom que fique claro que tudo depende de serem usadas as tradicionais red, yellow and white balls ou que a yellow seja substituída pela white com um black dot.
Isto porque alguns jogadores do Odivelas têm tendência a baralharem-se e a apontar o cue (com um “e” no fim, atenção) às bolas white de forma indiscriminada, sem lhes darem pelo black dot e aquilo acaba com os contendores a darem com o cue na cabeça uns dos outros e a darem cabo dos cues.
Uma coisa é clara e indiscutível: cada um só usa o seu cue (relembro, com um “e” no fim).
Aqui a experiência ensina-nos que todos os cuidados são poucos, pois os jogadores do Sacavenense sempre tiveram tendência a não pôr a red ball bem centrada no billiard spot, vá-se lá saber porquê porque raramente lhe acertam, o que sempre confundiu os adversários.
Ter muito cuidado com o chalk nunca é demais, há sempre uns brincalhões que nos querem convencer que o green é melhor que o blue mas é precisamente o contrário.
A partir daí o referee que se amanhe e tente sobreviver à batalha de cues e balls.
Oh Senhor Embaixador : O Senhor propõe um tema desses, quando a espionagem passou a ser uma actividade oficial dos estados “ditos” democráticos! E a grande escala! Para a NSA, a Europa “é open bar”! Até ao nível dos chefes de estado!
Quando os Estados Unidos espionaram políticos na Europa, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel, de 2012 a 2014 com a ajuda dos serviços de inteligência dinamarqueses …
A NSA interceptou tudo: mensagens de texto (SMS), chamadas telefónicas e tráfego de internet, incluindo buscas, chats e serviços de mensagens. Se os funcionários do Estado até já não podem “aceder” às suas amantes em segredo! Onde vamos?
E tudo isto ocorreu quando sabemos que Edward Snowden, funcionário da NSA que se tornou denunciante, revelou a existência de um sistema global de comunicações e vigilância na Internet visando em particular os alemães e o celular do chanceler em particular.
Manuel Campos, obrigado por me ter feito sorrir!
Carlos Cardoso
Carlos Cardoso
Obrigado pelo cuidado, era essa a ideia.
Não resisti a brincar com o que só merece que se brinque, o que é levado muito a sério.
O mundo está demasiado sério, demasiado compenetrado, demasiado certo das suas certezas.
Sinto-me bastante à vontade para escrever textos esgrouviados a partir do momento que já não sinto que tenha que andar aqui a fingir que sou ajuizado.
“Voluntariar” é um verbo pronominal.
Conjuga-se nos tempos todos dos outros verbos todos, só que é pronominal.
"Conjuga-se nos tempos todos"
Conjuga-se como cada um quiser, concordo. Quantos dicionários o registam? Poucos? Isso não impede que quem quiser o use. Ouço cada coisa na Televisão e leio nos jornais que nada me admira. Até já ouvi conjugar o verbo precaver de modo muito original. Do que vejo com o verbo haver nem lhe digo. E ouço com prazer o "todes" que, está mesmo a ver-se, vai vingar!
É com a asneira que se enriquece a língua. Mas nem todas as inovações vencem...algumas estiolam por demasiado feias. É o que vai acontecer, penso eu, com voluntariar. E, suponho eu, com o Acordo Ortográfico.
Cada um tem as suas manias: eu tenho as minhas, o Senhor Embaixador as dele. A resultante de todas as manias é que comanda a evolução da língua.
Zeca
Zeca
Eu sei que isto pode ser uma desilusão para muita gente mas não se conjuga como cada um quiser.
Como não ponho aqui links por acordo mais que tácito com o nosso anfitrião, aqui vai ainda que eu já saiba à partida que uns não prestam por uma razão, outros não prestam por outra razão mas eu acabe por nunca saber qual é que presta, porque não sei que dicionários cada um usa.
Poderá assim pôr “verbo voluntariar” na pesquisa do Google e tem logo ali o “Portal da Língua Portuguesa”, apoiado por aquela gente suspeita ali à esquerda onde poderá confirmar que não se conjuga como cada um quiser.
Depois verá por ali abaixo dicionários e páginas variadas que se voluntariam para nos educar, incluindo um simpático “Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa” num sítio da CPLP (tem lá as bandeiras), o que aumenta muito o número de pessoas que estão impedidas de o conjugar como lhes apetece.
Nas “Ciberdúvidas da Língua Portuguesa” admite-se que o verbo é novo mas que sendo “conhecida e usada pelos falantes e dicionarizada, então faz parte da língua”, isto porque alguém põe a questão por não o ter encontrado em muitos dicionários (de que altura?) mas aparecer numa edição de 2003 do Dicionário da Porto Editora.
A questão aqui não é o verbo “voluntariar”, de que também não gosto, é saber se o verbo existe ou não existe, como existe foi isso que eu ali pus, não discuto com a gramática, duvido que ela aceda aos meus gostos particulares.
Voluntariar talvez não estiole, as novas gerações o dirão.
O AO também eu gostaria que estiolasse mas isso não vai acontecer porque é tarde demais, os alunos que o apanharam no início já acabaram o liceu, as gerações dos 30, dos 40 e até dos 50 adaptaram-se por imposições de trabalho ou comodismo.
Voltar atrás é impossível porque é perfeitamente inútil e só íria aumentar ainda mais a iliteracia colectiva, digo eu que como pode verificar aqui NÃO escrevo nem nunca irei escrever segundo o AO (agora já ninguém me obriga).
Para finalizar não foi uma mania do embaixador Seixas da Costa, o verbo “voluntariar” existe e aparenta boa saúde, ninguém é obrigado a usá-lo e ninguém está proíbido de o usar.
PS- Que se escreve cada vez mais barbaridades não é novidade, colecciono até as mais chocantes, das quais destaco que 90% dos portugueses (pelo menos) deixaram de dizer e escrever "esteve" do verbo "estar" por troca com "teve" do verbo "ter".
"NÃO escrevo nem nunca irei escrever segundo o AO " Pois, cada um escreve como lhe apetece.
Zeca
Zeca
De toda a minha conversa só aproveitou uma frase sem grande importância, tirada do contexto e que não está isolada no texto, vem numa sequência de raciocínio.
E nem se voluntariou para uma única palavra sobre o tema.
Pois não é verdade que cada um escreve como lhe apetece.
Os reformados talvez, por isso disse que já ninguém me obriga, mas os reformados não são própriamente o futuro, com AO ou sem AO.
Quem ainda estuda ou já trabalha não escreve como lhe apetece porque "...os alunos que o apanharam no início já acabaram o liceu, as gerações dos 30, dos 40 e até dos 50 adaptaram-se por imposições de trabalho ou comodismo.".
PS- Como vê pus "..." para indicar que a frase vem numa sequencia de raciocínio.
O AO podia ter seguido outros caminhos mais divertidos.
Um exemplo em que, chegados à 3ª linha, não vão querer outra coisa:
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 MOSTR4R COMO NO554 C4B3C4 CONS3GU3 F4Z3R C01545 1MPR35510N4ANT35 !! R3P4R3 N1550 !! NO COM3CO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FRANDO O COD1GO QU453 4UTOM4T1CA4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO?
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