Não tenho a menor intimidade com Rui Rio, mas ando na vida há tempo suficiente para, há muito, ter concluído que é uma pessoa a quem a palavra honestidade se cola à pele.
Às vezes a honestidade não impede o envolvimento, mesmo que involuntário, em actividades menos lícitas. E outras vezes confunde-se frontalidade com honestidade. Nem sempre as pessoas frontais são honestas, no sentido de que respeitam a lei. Aliás, que eu saiba, não seria a primeira vez que Rui Rio teria problemas com a justiça.
Acusações de peculato dão para muita coisa, há que aguardar pelo fim.
Então ao nível das autarquias, em especial as mais carenciadas, a resolução de problemas bem reais e urgentes passa muitas vezes por decisões que poderiam cair nesse âmbito, o que impede que se resolvam em tempo útil para as populações. Conheci os casos suficientes para perceber porque é que muitas vezes os autarcas "se cortam" e as coisas não andam, ninguém quer ver o seu nome nos jornais quando estava a fazer o que era preciso. Mas a confusão permanente mantida por alguns meios que confundem quase sempre "ilegalidades" com "irregularidades" não ajuda, há por aí muita gente para quem todos são corruptos menos eles próprios, uns santos.
Na prática não deve quase ninguém por aí e nos mais variados e diversos níveis que, de uma forma ou de outra, não pudesse cair sob a alçada da lei por algo acontecido algures no tempo.
Depois acabamos sempre numa versão modificada do que venho citando, se fôr um "dos nossos" era uma boa causa e estava de boa fé, se fôr um "dos deles" não era uma boa causa e não estava de boa fé.
não deve [haver] quase ninguém por aí e nos mais variados e diversos níveis que, de uma forma ou de outra, não pudesse cair sob a alçada da lei por algo acontecido algures no tempo
Exatamente.
Há umas dezenas de anos era costume assistentes universitários, a ser pagos em regime de dedicação exclusiva, irem doutorar-se em universidades estrangeiras, de quem recebiam bolsas. Essas pessoas viviam no estrangeiro a expensas das bolsas, ao mesmo tempo que continuavam a receber os seus salários em Portugal, que podiam poupar integralmente. Quando regressavam a Portugal tinham amealhado dinheiro suficiente para comprar uma coisa boa (um carro, uma casa). A situação era, numa interpretação estrita da lei, ilegal, mas, numa interpretação lata, talvez não o fosse, porque a bolsa era recebida de uma instituição estrangeira. Toda a gente cometia esta ilegalidade e toda a gente fechava os olhos a ela.
É sabido que Rui Rio nunca teve uma boa imprensa e que também não morria de amores pela Justiça (Ministério Público). Depois, adentro do PSD nem todos morriam de amores por Rui Rio. Tudo junto e com tanto desamor misturado, era só esperar...
Faltou ali o “haver”, agradeço a emenda ao Luis Lavoura.
Uma situação mais comum do que se julga é quando uma autarquia tem que acorrer a uma situação de emergência numa área privada. Acompanhei um caso desses quando, perante enormes dificuldades financeiras de uma empresa, até para pagar vencimentos, a autarquia local “se substituiu” à empresa na pavimentação de uma pequena rua que estava em terrenos da empresa mas era utilizada por dezenas de pessoas das redondezas no dia-a-dia. Ora esse dispêndio público em área privada, mesmo que muito bem justificado e do conhecimento geral, era motivo de fortes dores de cabeça para os autarcas há uns 30 anos. Confesso que não sei se ainda é assim mas, pelo que vou lendo, suspeito que sim.
8 comentários:
Concordo!
Às vezes a honestidade não impede o envolvimento, mesmo que involuntário, em actividades menos lícitas. E outras vezes confunde-se frontalidade com honestidade. Nem sempre as pessoas frontais são honestas, no sentido de que respeitam a lei. Aliás, que eu saiba, não seria a primeira vez que Rui Rio teria problemas com a justiça.
Acusações de peculato dão para muita coisa, há que aguardar pelo fim.
Então ao nível das autarquias, em especial as mais carenciadas, a resolução de problemas bem reais e urgentes passa muitas vezes por decisões que poderiam cair nesse âmbito, o que impede que se resolvam em tempo útil para as populações.
Conheci os casos suficientes para perceber porque é que muitas vezes os autarcas "se cortam" e as coisas não andam, ninguém quer ver o seu nome nos jornais quando estava a fazer o que era preciso.
Mas a confusão permanente mantida por alguns meios que confundem quase sempre "ilegalidades" com "irregularidades" não ajuda, há por aí muita gente para quem todos são corruptos menos eles próprios, uns santos.
Na prática não deve quase ninguém por aí e nos mais variados e diversos níveis que, de uma forma ou de outra, não pudesse cair sob a alçada da lei por algo acontecido algures no tempo.
Depois acabamos sempre numa versão modificada do que venho citando, se fôr um "dos nossos" era uma boa causa e estava de boa fé, se fôr um "dos deles" não era uma boa causa e não estava de boa fé.
não deve [haver] quase ninguém por aí e nos mais variados e diversos níveis que, de uma forma ou de outra, não pudesse cair sob a alçada da lei por algo acontecido algures no tempo
Exatamente.
Há umas dezenas de anos era costume assistentes universitários, a ser pagos em regime de dedicação exclusiva, irem doutorar-se em universidades estrangeiras, de quem recebiam bolsas. Essas pessoas viviam no estrangeiro a expensas das bolsas, ao mesmo tempo que continuavam a receber os seus salários em Portugal, que podiam poupar integralmente. Quando regressavam a Portugal tinham amealhado dinheiro suficiente para comprar uma coisa boa (um carro, uma casa). A situação era, numa interpretação estrita da lei, ilegal, mas, numa interpretação lata, talvez não o fosse, porque a bolsa era recebida de uma instituição estrangeira. Toda a gente cometia esta ilegalidade e toda a gente fechava os olhos a ela.
É sabido que Rui Rio nunca teve uma boa imprensa e que também não morria de amores pela Justiça (Ministério Público). Depois, adentro do PSD nem todos morriam de amores por Rui Rio. Tudo junto e com tanto desamor misturado, era só esperar...
Faltou ali o “haver”, agradeço a emenda ao Luis Lavoura.
Uma situação mais comum do que se julga é quando uma autarquia tem que acorrer a uma situação de emergência numa área privada.
Acompanhei um caso desses quando, perante enormes dificuldades financeiras de uma empresa, até para pagar vencimentos, a autarquia local “se substituiu” à empresa na pavimentação de uma pequena rua que estava em terrenos da empresa mas era utilizada por dezenas de pessoas das redondezas no dia-a-dia.
Ora esse dispêndio público em área privada, mesmo que muito bem justificado e do conhecimento geral, era motivo de fortes dores de cabeça para os autarcas há uns 30 anos.
Confesso que não sei se ainda é assim mas, pelo que vou lendo, suspeito que sim.
Acrescente-se, J. Carvalho, as críticas que fez à Judiciária e ao seu diretor
well said.
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