segunda-feira, julho 24, 2023

Democracia

A democracia espanhola revelou, ao longo de décadas, uma capacidade notável de enfrentar crises graves, desde atos de terrorismo a um golpe de estado e a uma tentativa secessionista. É ridículo dizer-se que pode estar em risco só porque há a hipótese de um novo modelo de governo.

2 comentários:

Joaquim de Freitas disse...


A Democracia, só existiu sempre à margem da história, mas a falsa ideia que dela faz o discurso dominante serve de critério para separar o joio do trigo: de um lado os bons regimes, do outro os maus.

É risível que os Estados contemporâneos se atribuam essa qualidade, tão vertiginosa é a distância entre o ideal proclamado e a realidade concreta.

Ainda que os espaços de deliberação sejam concedidos, nunca são o local de exercício do poder político: nem a votação das leis, nem a sua aplicação são matéria de procedimentos democráticos.

Na verdade, o que chamamos de democracia consiste sobretudo em convocar os eleitores para pedir-lhes que indiquem representantes ou dirigentes, a todos os níveis.

Também é verdade que quando vivia no meu pais de origem, nunca fui convocado para escolher! Mas era uma ditadura!

E o resultado está à vista nas instâncias europeias: das manobras que presidiram à decisão da compra da vacina anti-Covid, às sanções contra a Rússia, e à terapia violenta do financiamento da guerra da Ucrânia, que põe a economia da EU nas ruas da amargura.

Nada é mais antidemocrático do que o liberalismo político clássico. A sua horrorizada rejeição da democracia equivale a uma rejeição da soberania popular: não só o povo é incapaz de governar, como também está fora de questão fazer ou ratificar as leis.

O regime representativo estabelecido pela burguesia é uma oligarquia e não uma democracia. Só o governo de poucos, dessa elite esclarecida cara a Montesquieu, é o garante da ordem social: tal é a doutrina.

O liberalismo europeu é tão antidemocrático que andou de mãos dadas com a escravidão em massa, especialmente nos Estados Unidos.

Ídolo dos liberais, “Tocqueville celebrou como lugar de liberdade um dos raros países do Novo Mundo onde reina e prospera a escravidão mercantil racializada e cujo presidente, à época da viagem do liberal francês, é Jackson, dono de escravos e protagonista de uma política de deportação e dizimação dos peles-vermelhas”.

Unknown disse...

O sistema político espanhol é aterrador! Não deve ser fácil fazer lá uma geringonça.

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