segunda-feira, abril 17, 2023

Lula, a Ucrânia e o resto


Disse ontem na CNN Portugal o que penso sobre as consequências das tomadas de posição de Lula a propósito da guerra da Ucrânia e da China.

Pode ver aqui.

12 comentários:

Paulo Guerra disse...

As economias dos BRICS já concentram hoje mais valor que os G7. A razão porque também não houve uma declaração final conjuntal na ultima reunião dos G20 ainda no mês passado. Quando até já devíamos estar a falar da realidade BRICS + ou dos novos integrantes do Banco de Desenvolvimento dos BRICS, onde Dilma também acabou de ser empossada Presidente! Substituindo outro brasileiro no cargo, o diplomata Marcos Troyjo. E tão ou mais importante que o alinhamento das maiores economias num mundo já claramente bipolarizado é vermos os maiores produtores de petróleo, de que o mundo ainda vai precisar para funcionar durante muito tempo, quase todos do mesmo lado. Excepto os EUA.

Sérgio Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manuel campos disse...


Lula da Silva tirou muitos milhões de pessoas da miséria durante os seus anteriores mandatos mas é um pouco exagerado achar que o mérito foi todo dele, ainda que tenha feito, a meu ver, a opção correcta no curto prazo, que era o dele.
Uma muito feliz conjuntura de preços altos das "commodities" (valorizadas em dólares) com cotações porreirinhas do dito dólar ajudaram muito.

Lula preferiu ajudar o povo brasileiro no imediato, poderia ter optado por aumentar a capacidade industrial do país com vista ao fomento de indústrias de base que trouxessem um significativo valor acrescentado às exportações.

Mas a realidade é que as pessoas têm fome hoje, esta conversa de o que é preciso é "fazer e acontecer" é conversa de quem come todos os dias, quando estiver "feito e acontecido" já morreram mais não sei quantos milhões.

Cada vez é mais claro que todos (repito: todos) vão ter que tomar posição na guerra económico-financeira "norte-sul" que aí está (e que foi só económica até há pouco tempo, o pior é que agora também é financeira e isso muda quase todos os raciocínios).

Não gosto de Lula da Silva como pessoa, nunca o achei um grande presidente, mas ele apenas está a ser pragmático e nisso compreendo-o perfeitamente.
Que ele diz coisas que por cá não são consideradas saídas felizes no actual contexto e podem ser alcunhadas de várias formas pouco abonatórias da personalidade do senhor é um facto.
Mas que logo saltem de onde menos se espera comentários de um "paternalismo colonialista" serôdio, do tipo de "aqueles terceiro-mundistas que não ouvem as gentes civilizadas que nós somos", essa não.

Paulo Guerra disse...

Quanto à ONU transferida para a sede da NATO em Bruxelas não serve rigorosamente para nada além dos programas de apoio humanitário. E até aí é claramente manipulada como aconteceu na Siria! E o mesmo para a sede da OSCE na Ucrania como armazem de armas da Ucrania. E não vamos agora fingir que quem matou a ONU vai resuscitá-la! Tudo dificuldades da velha Ordem mundial colonizadora em aceitar uma Nova Ordem Mundial com muito mais representatividade de 80% da população mundial! Mas até ao nível da ONU já é irreversível e só lamento que não tenha acontecido logo na fundação, a tempo de evitar muitas guerras depois da WW2. Ou se renova ou morre definitivamente. O que era uma grande perda para o Mundo e uma grande chatice para os EUA, deixarem de poder escutar o Secretário-Geral da ONU. Ainda tinham que fechar alguma agência de inteligência!

manuel campos disse...


Já agora.
Nunca ter gostado de alguém como pessoa nem como politico traz-nos grandes vantagens nestas alturas em que tentamos perceber o que se poderá estar a passar na cabeça dele e dos que o aconselham e apoiam.
Não se fazem as figuras tristes dos que os defendem com os argumentos mais estapafúrdios porque se sentem obrigados nem as figuras tristes dos que os atacam com argumentos não menos estapafúrdios porque se sentem enganados.
Os sentimentos toldam os raciocínios, se o meu não presta não é porque me sinta me sinta obrigado a nada nem enganado por ninguém.

Nota-Escrevi isto antes do meu comentário anterior estar visível, mão constitui assim eventual resposta a ninguém.

Francisco Seixas da Costa disse...

Paulo Guerra. Convém informar-se melhor, devendo evitar trazer para aqui números não exatos. A economia conjugada dos BRICS é um décimo da economia do G7. A soma do PIB dos países do Brics representa 25,6% do PIB mundial, 24,7 mil biliões de dólares. A soma do produto dos países do G7 representa mais de 64% da riqueza líquida global do mundo, isto é, 263 mil biliões de dólares.

Paulo Guerra disse...

Sr. Embaixador,

Eu evito trazer para aqui o que Sr. Embaixador quiser. O blogue é do Sr. Embaixador. Acontece que pelos vistos devemos pensar mais ou menos o mesmo dos números que cada um publicou. Ou melhor, no meu caso nem publiquei números mas considero que os números do Embaixador não servem para qualquer comparação porque também não comparamos alhos com bugalhos em Portugal. Não passa de uma técnica de marketing como outra qualquer, para não lhe chamar outra coisa. E não sei se já disse aqui mas sou economista! Mas não sou economista do PIB! Porque nunca vi grande interesse em debater vendas per si, inclusive de produtos que não produzimos para comparar o que produzimos. Muito menos sem taxas de conversão monetária que igualem o poder de compra das diferentes moedas e levem em conta as diferenças de preços nos diferentes países. Se não nunca saberemos na realidade a riqueza que cada país cria e com que contribui para a riqueza global. Um bocado a história da bomba de gasolina.

E já abordei aqui o tema com exemplos como se todos os portugueses vendessem as casas e os carros uns aos outros davam uma grande ajuda ao PIB sem termos produzido nada além dos contratos e dos recibos. Por isso é que uma grande fatia do PIB dos EUA são facturas de saúde. Como as análises do Sr Embaixador que podem produzir um valor completamente distinto consoante o laboratório ou o país onde forem realizadas. E já agora parabéns pelos resultados. Portanto se vamos discutir PIBs levemos ao menos em conta a paridade do poder de compra das diferentes moedas. PPCs são a relação de preços em moedas nacionais do mesmo bem/serviço em diferentes países. Com que as economias dos BRICS já ultrapassaram a barreira dos 30% do PIB global dos G7. Aliás, a não ser assim o mundo não vivia o momento conturbado que vive. Ou quando é que foi a ultima vez que um bloco económico tão pobrezinho - 10% - desafiou a Ordem Mundial estabelecida?

Fonte FMI:

https://www.imf.org/en/Publications/WEO/weo-database/2022/April/download-entire-database

Grafico sem necessitar de download: https://i0.wp.com/engenharia360.com/wp-content/uploads/2022/10/EcoDebate.jpg?w=663&ssl=1

P.S. E há indicadores compostos muito melhores para comparar economias ou blocos de economias. Além de que todas as economias ocidentais deficitárias estão sobre valorizadas. No caso mais flagrante dos EUA hoje vale metade dos 20-25 triliões que anuncia. O que todos os americanos sentem! A inflação nem sempre é má. Uma opinião partilhada por muita gente na comunidade económica.



Paulo Guerra disse...

Só acrescentar que não referi o gigante lapso da percepção do Sr. Embaixador propositadamente porque mesmo sem levar em conta as taxas de conversão monetárias e as diferenças de preços nos diferentes países, a diferença do PIB é pequena. Basta pensar que as duas maiores economias são os EUA e a China na casa dos 20 T e depois só a Alemanha e o Japão se aproximam dos 5 T. Mas não deixamos de estar a tentar comparar economias maioritariamente de serviços com economias maioritariamente industriais. Como é o caso da Russia com o record mundial de sanções económicas há 1 ano em guerra com todo o Ocidente Colectivo e não me parece que seja a Russia que já está com os bofes de fora. Menos para as análises hilariantes do Mi6!

The $100 trillion world economy

https://pbs.twimg.com/media/Ft4YsvHWwAIV4Qk?format=jpg&name=large

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Vai para aqui uma confusão com números grandes - em Portugal vigora a Escala Longa, assim temos (entre parênteses o equivalente na Escala Curta):

10^9 - Milhar de milhão (bilião);
10^12 - Bilião (trilião);
10^15 - Milhar de bilião (quatrilião).

Por exemplo, o PIB dos EUA na nossa nomenclatura estima-se em cerca de 26 biliões de Dólares (2022).

Paulo Guerra disse...

Caro Francisco,

Apesar de agradecer a colaboração julgo que não vai para aqui confusão nenhuma dessa natureza que nunca foi o ponto. Todos conhecemos os nossos Triliões e os "deles". Mas nós também falamos inglês não falamos? E quando falamos de economia à escala global é normal que usemos a escala dos US porque foi a que prevaleceu na actual ordem neoliberal. Confusão era misturarmos as duas escalas mas o Embaixador até teeve o cuidado de escrever mil biliões por extenso pelo que o lapso foi de outra natureza. Acontece a todos.

A natureza do debate era sobre ordens de grandeza e não sobre escalas. E sobre factos ainda mais importantes que nunca vêem à baila como a Europa ainda ter um PIB, mesmo medido em dolares, superior aos EUA aquando do fim da URSS! O que deixou de ser verdade logo na mudança do século e também explica bem quem tramou a Europa. Com Tratados e até uma moeda só para conter as economias europeias e beneficiar os EUA. E aquilo a que assistimos hoje em termos economicos na Europa é só o golpe final! Independentemente da escala.

Da mesma forma que a tão famosa recuperação/crescimento da China não se deve a nenhum novo ovo de Colombo. A China limita-se a fazer o que nós também já fizemos bem nas décadas a seguir à WW2. Quando a regulação e o investimento público ainda não eram pecados e ainda não tínhamos alienado por completo os principais activos e até o próprio conceito de estado nação para o bolso de algum oligarca! Ou quando alienamos até a infraestrutura mais básica, o que é que sobra de uma nação?

A bandeira como fiel depositária da dívida? E todos sabíamos disto há 30 anos! E para ser franco é a minha única guerra! E até vou confessar que a minha aposta foi logo no histórico dos franceses. Não no petit roi a quem não comprava um carro usado. Batalha que mais do que mortos devia ter politicos a responder num Tribunal Europeu pelo que estão a fazer outra vez à Europa! O que eu até detesto escrever porque soa muito ao populismo da corrupção da extrema-direita. Mas é um facto tão evidente hoje outra vez que é impossível contorná-lo.

De qualquer forma grato pela atenção

Paulo Guerra disse...

E só acrescentar, não que os EUA estejam muito melhor hoje. Mas como se costuma dizer na nossa escala, com o mal e com as opções dos outros, devíamos poder nós bem.

Paulo Guerra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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