A Avenida da Liberdade vai mudar o sentido do trânsito. É pena que o especialista que decidiu a medida no passado não faça uma auto-crítica ou, em alternativa, nos não explique, com os seus argumentos, a irracionalidade da nova decisão. O contraditório enriquece sempre.
14 comentários:
Sobre o assunto:
https://amensagem.pt/2023/04/10/avenida-da-liberdade-laterais-transito-poluicao/
Contraditório:
https://www.publico.pt/autor/fernando-nunes-da-silva
O especialista que o decidiu e o presidente da CML que o autorizou.
Pelos sítios por onde andei sempre assumi a responsabilidade final pelas decisões patetas dos colaboradores, até respondi eu em tribunal por uma decisão puramente "ingénua" de um colega, de que só tive conhecimento uma semana depois, quando já ninguém a podia esconder de mim.
Ainda andei a dormir mal uns bons tempos porque sempre considerei que o primeiro responsável numa instituição é o que está no topo da pirâmide.
Claro que sei que isto é um hábito antiquado mas eu sou um bocado antiquado.
Como há 11 anos que a atravesso 2 ou 3 vezes por semana a olhar para os dois lados, vou assim continuar a atravessar ali 2 ou 3 vezes por semana a olhar para os dois lados, se baralhado já aquilo era, baralhado vai continuar a ser.
Li que o trânsito vai mudar nas laterais da Avenida da Liberdade.
Lembrei-me hoje de uma cena patusca passada no final do PREC, veio a propósito do “não conhecia mas se tivesse conhecido”.
Trabalhava eu então numa empresa da cintura industrial de Lisboa, onde esquerdistas variados e vagamente folclóricos recém chegados da Mocidade Portuguesa (não estou a inventar) se esforçavam por me sanear como perigoso fascista, no que encontravam algumas dificuldades advindas do facto de haver uns rapazes militares que os contrariavam a meu pedido.
A certa altura, numa Assembleia Geral de trabalhadores, daquelas em que se votava de braço no ar moções únicas apresentadas pelos do costume, um grupo de que eu fazia parte apresentou, para surpresa geral, uma moção alternativa, nem sequer oposta, era mesmo alternativa, mas mesmo assim um mau precedente para aquela gente.
O presidente da mesa teve um ataque de fúria, logo ali que as coisas lhe corriam sempre tão a seu contento e exclamou “nem a li e, se a tivesse lido, tinha-a
rasgado antes de a ler”.
Ficou famosa, passados os ardores próprios da época, até ele se ria daquilo.
Há uns 5 ou 6 anos encontrei-o na Baixa, só dizia “naqueles tempos dissemos e fizemos muita palermice”.
E lixaram muito boa gente, acrescento eu.
Com os dados que se recolhem do trânsito é impossível haver decisões erradas.
Há é escolhas que desconhecemos e que talvez devessem ser discutidas a nível de Assembleia Municipal.
A alteração anunciada significa uma mudança de política e concordo que era de interesse público ser bem explicada.
Um tema a ter em conta pelo jornalismo.
Nenhuma avenida ou rua deveria ter sentido de tráfego contrário ou usual, ou seja, carros a circular pela direita. Ponto final parágrafo.
Pôr o tráfego a circular pela esquerda é perigoso para os peões, e à segurança - e conforto - dos peões deve ser atribuída primordial importância.
Outra coisa que deveria ser eliminada nas cidades são os cortes à esquerda - as situações em que é permitido um automobilista cortar para uma transversal à sua esquerda.
Só deveria ser permitido, em todas as circunstâncias, virar à direita. Nunca à esquerda.
Os cortes à esquerda são um perigo mortal para os peões.
" só dizia “naqueles tempos dissemos e fizemos muita palermice”."
Sim, mas isso acontece em todos os tempos, Inclusivamente agora.
"E lixaram muito boa gente, acrescento eu."
A mesma coisa.
Há é uma grande tendência para se pensar "agora é que acertámos, no passado não víamos bem". Mas de facto, mesmo no presente, dizemos muitas palermices e lixamos muita gente.
Zeca
Quem decidiu (o então vereador Fernando Nunes da Silva) escreveu, há poucos dias, um artigo no Público, "defendendo a sua dama". E a "Mensagem de Lisboa" tem um extenso e interessante artigo sobre o tema. Como sou um andarilho e não uso carro, não tenho opinião sobre o assunto, apenas sei que as alterações antes feitas se destinaram, parece com algum sucesso, a aliviar a Avenida da Liberdade da terrível poluição que a tornavam uma das artérias mais poluídas da Europa.
Hoje ao meio-dia.
Vou virar da Pinheiro Chagas para a Dr. António Cândido, como esta só tem um sentido em toda a sua extensão olho para a esquerda, apesar de ter toda a prioridade nunca me fio que os outros sejam da mesma opinião.
Em vez de avançar logo nem que fôssem 10 cms olhei também para a direita, duas trotinetas a boa velocidade, no sentido proibido e do lado esquerdo da rua, portanto encostadas aos carros estacionados que me tapavam parte da visão.
Apesar de eu nem me ter mexido os tais 10 cms passaram a razar.
Momentos antes, na Luis Bivar, que tem faixa ascendente e faixa descendente separadas por um estacionamento na placa central, lá vinha uma bicicleta de encontro a mim em contramão quando a mão dela estava ali a 5 metros.
Mas pronto, sou eu que sou complicado e isto é tudo normalíssimo.
Na Avenida da Liberdade, onde nas faixas laterais trotinetes e bicicletas andam na mão e na contramão há anos, pois vão continuar a andar na contramão e na mão, por isso ainda aqui ontem disse que a mudança das regras ali me deixa como estava, isto é, a continuar a olhar sempre para todos os lados.
Zeca
Dizermos muitas palermices e lixarmos muita gente começou com a Eva e o Adão e vai terminar no dia do Juízo Final, toda a população do mundo se dedica alegremente a isso de manhã à noite em regime non-stop.
O que eu contei foi um mero facto da vida real, nada mais.
E enquadrei a história, não estava a fazer filosofia barata.
O Sr. David Caldeira terá razão quando diz que as alterações se destinavam a aliviar os aspectos de poluição da Av. da Liberdade e talvez os tenham aliviado na altura, mas o facto é que eles estarão lá todos de volta, em parte porque a falta das laterais como escoamento do transito recolocou o peso todo na via central.
Basta para isso ser-se andarilho (eu também sou, amanhã até vou para aquele lado nessa qualidade) mas também ser-se condutor de vez em quando e perceber como se (não) circula e o que aquilo é a determinadas horas, em especial ali à volta do cruzamento da Alexandre Herculano, que é muito condicionado pelo que existe e acaba portanto a condicionar grande parte do resto.
Enviar um comentário