Ontem, em Ovar, onde passei a buscar pão-de-ló para esta Páscoa, deparei-me com uma rua chamada "Dr. João Semana". É de imenso bom gosto um município ter decidido dar o nome de uma artéria da cidade a uma simpática figura de ficção criada pelo romancista Júlio Dinis, o qual, embora portuense, ficou fortemente ligado à terra. Deixo um imaginado retrato da personagem da autoria de Roque Gameiro.
7 comentários:
“Este cavalheiro era João Semana” de Alfredo Roque Gameiro, 1904, uma aguarela sobre papel, da Coleção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em depósito no Museu de Aguarela Roque Gameiro.
O Museu de Aguarela Roque Gameiro fica em Minde (de onde ele era natural) e é o único museu do país totalmente dedicado à aguarela e muito em especial à obra de Roque Gameiro.
Estive lá há uns 10 anos.
Em "Dicionario de Personagens da Ficção Portuguesa", é só googlar "dp.uc.pt/conteudos/entradas-do-dicionario" e temos muita e boa informação sobre muita e boa gente da nossa ficção.
Sai história.
Durante muitos anos tivemos um médico assistente para “as pequenas maleitas” a que apelidávamos carinhosamente de “João Semana”.
Era um senhor da nossa idade, talvez com uns 50 anos ele e nós quando o conhecemos, era quem acompanhava minha Mãe, meus sogros e os sogros de um dos meus irmãos, mais geriatra que outra coisa.
Mas para as tais maleitas era estupendo, atendia logo, vinha logo se necessário, desenrascou inúmeras situações que de outra forma seriam mais morosas de resolver.
A alcunha vinha também do aspecto geral, ainda que num jeito mais urbano, sempre de fato completo (com colete), gravata e a inevitável malinha de que nunca vi sair mais nada para além do esfigmomanómetro (com esta é que tramei aqui uns quantos!).
E não tinha um burro, acho que era um SEAT.
Para confirmar as características do senhor, começou a afastar-se quando se começou a falar da obrigatoriedade das PEM, as Prescrições Eletrónicas de Medicamentos, ainda andou por aí uns anos a passar receitas â mão, mas parece-me que se não fosse isso seria outra coisa, estava notoriamente cansado e desejoso de reforma, este já não era o mundo dele como acontece a muito boa gente.
Este tipo de médicos que nos tratam sem nos obrigar a fazer montanhas de exames, alguns de duvidosa importância para o diagnostico, acabaram de vez.
Costumo aliàs compará-los aos mecânicos de automóveis, que iam à descoberta da avaria e a resolviam, agora ligam “à máquina”, a “máquina” diz o que é, venham peças novas.
De vez em quando fica tudo na mesma ou pior porque a “máquina” também se engana, para desgosto e prejuízo dos que acham que isso não é possível (era altura de meter aqui a minha “brincadeira” de há dias mas não o vou fazer).
Nem sempre a “máquina” lá chega, nem tudo ela alcança, alguma e se possível muita experiencia é bem-vinda, tal qual como com os médicos e os exames que nos prescrevem.
Manuel Campos
esfi...gmo manó... metro... Desisto! Vou ao Google!
Flor
Boa tarde e boa Páscoa para si!
Manuel Campos
Tinha-me esquecido de agradecer o link do dicionário. Muito bom.
Uma boa Páscoa para si também. Muito obrigada!
P.s.: Tenho lido com agrado os seus comentários.
Flor
Muito obrigado pelas suas palavras.
PS- Dei-me conta que o dicionário tem uma falha grave: nem uma única palavra sobre essa grande personagem que foi Augusto Maria de Saa.
Manuel Campos
É muito complicado! Aquele 1°de Abril "tira-me do sério" :(
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