Foi na passada quinta-feira. Um recém-chegado embaixador estrangeiro em Lisboa quis ouvir-me sobre a política doméstica. Bem cedo, por mais de uma hora, pequenalmoçámos com calma, na conversa. Saí dali para fazer o podcast em vídeo "A Arte da Guerra", mais de meia hora de conversa sobre temas internacionais, com o jornalista António Freitas de Sousa, um exercício semanal para o site do "Jornal Económico", que agora entrou no seu quarto ano de edição. Passei depois a um divertido almoço de amigos no Pátio Bagatela: conversa solta, sem agenda, num grupo de onde já se foram o José Carlos Serras Gago, o António Dias, o António Silva e o José Manuel Galvão Teles. Parti dali para um mano-a-mano com três outros antigos Secretários de Estado dos Assuntos Europeus, no Instituto Universitário Militar, onde revisitámos as quatro presidências portuguesas das instituições comunitárias, no lançamento de um livro em que colaborámos. Depois, foi tempo de ir prestar homenagem, na gare marítima de Alcântara, ao António-Pedro Vasconcelos, que agora se nos foi desta vida. A partir das vinte, na Gulbenkian, durante duas horas, deliciei-me com 1ª de Mahler, entre outras peças. Com a chuva pesada, foi difícil chegar a tempo à CNN, lá para Queluz, para meia hora de debate animado sobre a Ucrânia. Acabei arriscando: encontrei estacionamento para conseguir ainda ir cear um bife ao Snob. Não há muitos dias assim ocupados, mas ainda há alguns.
sexta-feira, março 08, 2024
Memórias da minha quinta
Foi na passada quinta-feira. Um recém-chegado embaixador estrangeiro em Lisboa quis ouvir-me sobre a política doméstica. Bem cedo, por mais de uma hora, pequenalmoçámos com calma, na conversa. Saí dali para fazer o podcast em vídeo "A Arte da Guerra", mais de meia hora de conversa sobre temas internacionais, com o jornalista António Freitas de Sousa, um exercício semanal para o site do "Jornal Económico", que agora entrou no seu quarto ano de edição. Passei depois a um divertido almoço de amigos no Pátio Bagatela: conversa solta, sem agenda, num grupo de onde já se foram o José Carlos Serras Gago, o António Dias, o António Silva e o José Manuel Galvão Teles. Parti dali para um mano-a-mano com três outros antigos Secretários de Estado dos Assuntos Europeus, no Instituto Universitário Militar, onde revisitámos as quatro presidências portuguesas das instituições comunitárias, no lançamento de um livro em que colaborámos. Depois, foi tempo de ir prestar homenagem, na gare marítima de Alcântara, ao António-Pedro Vasconcelos, que agora se nos foi desta vida. A partir das vinte, na Gulbenkian, durante duas horas, deliciei-me com 1ª de Mahler, entre outras peças. Com a chuva pesada, foi difícil chegar a tempo à CNN, lá para Queluz, para meia hora de debate animado sobre a Ucrânia. Acabei arriscando: encontrei estacionamento para conseguir ainda ir cear um bife ao Snob. Não há muitos dias assim ocupados, mas ainda há alguns.
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Entrevista à revista "Must"
Aque horas se costuma levantar? Em regra, tarde. Desde que saí da função pública, recusei todos os convites para atividades “from-nine-to-f...
4 comentários:
Atenção! Quem corre por gosto não cansa mas, querer estar em todo o lado a comentar de tudo numa corrida de um dia corre o risco de pensar-se e exercer-se omnisciente ou Marcelo.
josé neves
Quinta-feira também tive um dia ocupado.
Na véspera tínhamos vindo de onde estivemos duas semanas (com o salto a Lisboa de que já falei), uma viagem para compensar a anterior, nenhum trânsito de todo, na área de serviço onde parei estavam 4 (quatro) carros, autocarros a arder nem um (felizmente).
Estivemos assim logo de manhã numa instituição perto da Torre de Belém.
Como havia mais outras actividades marcadas para a parte da tarde, saímos às onze para ir a Campo de Ourique buscar um tecido para forrar um sofá e levá-lo ao estofador.
E como havia que tratar de um assunto na Avenida de Roma, fomos até lá.
A ideia original era almoçar por ali mas, como era cedo, resolvemos voltar para Belém e tivemos a sorte de apanhar ali um "buraco", adiantar uma das actividades da tarde e almoçar na cafetaria da instituição, que funciona também como cantina de quem por lá trabalha e investiga ou estuda.
Come-se razoavelmente bem e em generosas quantidades por um preço simbólico, sendo ainda habitual sentarmo-nos com profissionais lá da casa que conhecemos bem, como “veteranos” que somos (excelentes pessoas, ao fim destes anos todos alguns hoje já amigos, mas que dispensávamos ter conhecido nestas circunstâncias).
A cafetaria estava cheia, era a hora de o estar, é bom lembrar que, para além de toda a gente que se ocupa de nós, por ali há também muitíssimos estudantes e cientistas nacionais e estrangeiros, é um local de referência no mundo.
Às cinco da tarde ainda demos uma saltada ao supermercado do CI para renovar alguns “stocks” que 15 dias de ausência não tinham permitido.
Oito horas depois de saír de casa estávamos de volta, quando desliguei o carro, marcava lá que tinha estado 2 horas e 56 minutos a trabalhar, isto para fazer uns quilómetros dentro de Lisboa.
Para mais, como evito andar com o carro de estimação dentro da cidade e que é automático (está tudo cada vez mais desvairado, ainda me dão cabo dele), acabei no carro manual por dar à embraiagem em grande com algum prejuízo da musculatura da respectiva perna, 2 semanas de chuva e frio aí algures no país não me deram para grandes passeios.
“Não há muitos dias assim ocupados, mas ainda há alguns.”
E é aqui que eu queria chegar, cada um de nós e à sua maneira, temos dias que damos por muito bem empregues, por estarmos com os nossos e aqueles de quem gostamos, a partilhar ideias ou preocupações, mas no fundo a sermos úteis uns aos outros, nem que seja só porque “estamos ali”.
E isso faz uma diferença dos diabos em relação aos muitos da nossa idade que encontro por aí ou com quem falo, que se queixam de não saberem o que hão de fazer ao tempo que lhes sobra, com dias tristes que os vão tornando cada vez mais amargos.
Ainda ontem falei uma hora com um amigo meu que se queixava de já não aguentar a televisão, lá lhe perguntei se a dele não era como a minha, que se consegue desligar (ou nem sequer ligar, como eu faço).
"Acho que a televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro." (Groucho Marx)
Eu continuo a deitar-me às 3 da manhã, incomodado por não ter feito tudo o que me tinha proposto fazer e tenho que deixar para o dia seguinte.
Pode ser um vago e banal jogo de palavras mas nunca parar é a melhor maneira de continuar sempre bem vivo.
Quanto ao concerto.
Giancarlo Guerrero é o director musical da Nashville Symphony (Tennessee).
Foi maestro convidado da Orquestra Gulbenkian há meia dúzia de anos, orquestra a que ele já estava ligado “sentimentalmente” porque foi a primeira orquestra que ele tinha conduzido na Europa.
Ganhou seis Grammy Awards, dos quais três com o primeiro disco que gravou com a Nashville Symphony (para a editora Naxos), as obras de Michael Daugherty “Metropolis Symphony” e “Deus Ex Machina”, o único CD que tenho dele.
Ainda que as minhas "balizas genéricas" estejam ali entre o Bach pai e o Strawinsky, faço excepções pontuais, já andava eu a meio da escola primária quando Daugherty nasceu.
A violinista Karen Gomyo está muito ligada ao denominado “Novo Tango” na linha de Astor Piazzolla, uma das minhas “paixões não clássicas”, ainda que cada vez mais a considere de facto “clássica”.
A apresentação conjunta do Concerto para violino e orquestra nº 1 de Max Bruch e da Sinfonia nº 1 de Gustav Mahler é uma escolha que não é invulgar.
A transmissão completa deste concerto está aqui:
youtube.com/watch?v=6Ek5Izv-dBA
Como se trata de um “directo” está lá tudo, incluindo assim os preliminares e o intervalo, o Concerto para violino começa ali pelos 8 minutos e, chegados ao intervalo, a Sinfonia começa pelos 63 minutos.
Dizem-me que a interpretação da Sinfonia foi soberba (uma das obras favoritas deste maestro).
Por aqui ansiamos que se consigam ultrapassar as limitações existentes para podermos voltar a "frequentar" ares condicionados e recuperar as assinaturas da FCG.
A ver vamos quando.
Uma vez disse a alguém que tinha inveja por algo que eu não tinha conseguido na minha situação de reformada. Pouco tempo depois corrigi e o termo adequado era admiração. Como não ser trucidado e ultrapassar a situação própria do envelhecimento e condicionamento social. Os meus cumprimentos
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