1. E então ninguém diz nada sobre o lindo serviço das empresas de sondagens que, dia após dia, deram aquelas diferenças esmagadoras entre a AD e o PS?
2. Posso dizer uma coisa impopular? Se o Chega é constitucionalmente um partido legal, tem o pleno direito democrático a querer ser governo, em aliança ou acordo com outros. Com quem? Com quem não tiver um pingo de vergonha ou de decência.
3. Como serão os sorrisos, na manhã de hoje, nos corredores da PGR?
4. As televisões que, dia após dia, se comprazem em instilar a ideia de que "está tudo mal!", "este país é um caos!", "isto é só corrupção!", "os índices económicos e sociais positivos são apenas fogo de vista" foram os grandes vencedores desta eleição: aí está o resultado do Chega.
5. Querem uma razão para ficar preocupados? Observem o extraordinário recuo dos votos somados do PSD e do PS.
6. Coragem, coragem, era um qualquer canal de televisão (até pode ser o Panda) entrevistar agora Gonçalo da Câmara Pereira. Por exemplo, no "Isto é gozar..." Agora já não prejudicará o voto na AD, não é?
7. Não há sintoma mais revelador (estou a falar a sério, acreditem!) da integração de uma comunidade estrangeira do que ver um cidadão brasileiro, negro, eleito nas listas de um partido com pulsões racistas e discurso xenófobo? Mas isto não é contraditório? Nada mais português.
8. Ainda tenho alguma esperança em que, no outono, não surja uma voz, através do hebdomadário de Laveiras, a apelar a que os socialistas deixem passar o orçamento. Já só faltava essa!
9. Agora é que se vai provar como era fácil ter soluções para o SNS, para os polícias, para os professores, etc... Sem passarem o ónus para o passado, porque, com certeza, não vão querer dizer, como afirmavam que os socialistas diziam, que "a culpa é do Passos"...
29 comentários:
Agora a direita já tem o seu 25 de Abril. Podem propor o dia 7 de Novembro a feriado nacional, data em que fizeram um golpe de estado!
Então é para o prof celinho, não há takeaway ?!
O complot deu o resultado esperado ainda que só por algumas décimas de diferença, quem ficou tramado foi o PR o grande perdedor da noite; o final de mandato vai ser tramado e marcado pelo recordista das dissoluções, ah! grande constitucionalista! Prova o que vales! Albertino Ferreira
Parece-me que há várias declarações de vitória e derrota um tanto precipitadas. Os Deputados a eleger pelo estrangeiro podem inverter tudo. Além disso o grupo parlamentar do PSD vai ter 77 deputados pois 2 são do grupo do CDS. Ou seja o numero de deputados do PSD
é igual ao do PS.
Parece-me que a Pedro Nuno Santos não interessa ser Primeiro Ministro nestas condições. Por isso declarou a derrota antes de ser derrotado. O Governo vai ser muito frágil e provavelmente não chegará ao fim a legislatura. Depois de novas eleições talvez lhe convenha mais ser Primeiro Ministro.
Zeca
Subscrevo ponto por ponto.
Anoto, melhor, espero que os comentadores/jornalistas e os jornalistas/comentadores mais os pseudo-humoristas não se esqueçam de Marcelo, o criador de factos (fontes de Belém) e de instabilidade (começou no dia da posse do Governo ainda em funções).
É certo que o resultado parece estar longe do que MRS maquinou e desejou. Ainda assim o Presidente bem pode orgulhar-se de, 50 anos depois da conquista da liberdade, deixar como legado um Parlamento à mercê de quem se propõe fazer “ajuste de contas com a história” (Ventura, in discurso de vitória) 50 anos depois.
E ninguém diz nada sobre um partido ter desbaratado uma maioria absoluta em apenas dois anos, com António Costa à cabeça? Ora, ora.
Escrevi aqui há não muito tempo que o brinquedo Chega iria rebentar nas mãos do PS, de tanto brincarem com ele. Não foi o que aconteceu em França também, senhor embaixador? Quem não aprende com a história...
Sobre o tal partido ter mobilizado gente que não votava há anos, bem como ter trazido jovens para a política, também nada a dizer. Ainda que isso possa beneficiar todos os partidos, e a curto prazo, arrisco-me a dizer.
Ponto 9: está enganado. Agora é que é gastar, governar para a próxima campanha eleitoral. Mais uns anos e o FMI está de volta. Mas isso é para quem cá estiver.
Takeaways acertados!
Independentemente da vergonha e da decência, há uma questão de democracia. O povo votou em quem votou, e os políticos têm que agir em conformidade.
O país precisa de um governo estável. Só há duas possibilidades para isso: uma aliança PSD-CHEGA, e uma aliança PSD-PS. O Francisco diz que a vergonha e a decência impedem a primeira. Então, acha o Francisco que o PS se deve chegar à frente e aceitar a segunda?
João Cabral
Sobre o tal partido ter mobilizado gente que não votava há anos, bem como ter trazido jovens para a política
Exatamente, muito bem escrito. A abstenção desceu substancialmente nestas eleições. Há boas razões para supor que boa parte dos ex-abstencionistas votou no CHEGA.
O CHEGA é um produto político que responde a uma procura pré-existente. Havia pessoas desejosas de votar num partido assim. Finalmente, alguns políticos conseguiram criar um partido que responde a esse desejo.
Agora, cabe-nos a todos ser democratas e aceitar o veredicto do povo. Isto é, fazer um governo de acordo com a vontade desse povo. Esse governo só pode ser, ou uma aliança PSD-PS, ou uma aliança PSD-CHEGA. Quem não é a favor da segunda deve, se fôr democrata, bater-se pela primeira.
1. É o costume.
2. Que eu saiba, ninguém se quer aliar ao Chega.
3. Os do costume. A PGR não se escandaliza com os resultados do Chega.
4. Não, o resultado do Chega é o resultado das políticas do governo do PS, completamente ineficientes. A maioria dos comentadores da TV foi desta vez inclemente com essa ineficiência e os comentadores afectos à esquerda em geral clamorosamente derrotados.
5. Não estou preocupado. O Chega é um fenómeno passageiro.
6. As Tvs não têm vergonha.
7. Essa das " pulsões racistas e discurso xenófobo" já deu o que tinha a dar. Vale agora 48 deputados.
8. O Chega vai deixar passar este orçamento.
9. A avaliar pelas promessas do PS vai ser fácil de resolver.
A instabilidade foi criada por Marcelo
Chegamos a esta situação de instabilidade governativa pela simples razão de o PR-Marcelo não ter aceite a posição de António Costa, de não demitir o ministro Galamba, pondo fim à sistemática interferência do PR na acção governativa (que AC a meu ver mal, aceitou compartilhar com Marcelo no 1.º mandato deste) pela simples razão de que no nosso sistema parlamentar, a legitimidade política do Governo não deriva do Presidente, mas sim das eleições parlamentares, e de que o PR não governa nem participa no governo, que é reserva do 1.º Ministro.
A partir daí, com o maquiavelismo, cinismo e hipocrisia marcelista, a certidão de óbito ao Governo de AC estava traçada (a ocasião chegou com o célebre parágrafo do comunicado da PGR revelando a investigação que esteve na origem da demissão de AC, parágrafo urdido a duas mãos (PR-Marcelo e PGR-Lucília) quando os dois estiveram reunidos no Palácio de Belém, naquele extenso intervalo de mais de uma hora entre a 1.ª e a 2.ª idas de AC a Belém).
Com a sua eterna vocação de comentador e a suprema tentação de protagonismo de actor principal, mesmo contra a opinião contrária dos conselheiros de Estado, resolveu convocar eleições antecipadas, marimbando-se para a estabilidade governativa. Estamos nesta situação em que a ameaça o bom funcionamento das instituições democráticas provém precisamente daquele (PR) que é constitucionalmente o garante máximo da estabilidade democrática.
Eis ao que os cenários e desejos do PR-Marcelo nos fizeram chegar, prestes a comemorar os 50 anos do 25 de Abril – um partido de extrema-direita como terceira força política!
Estou com Rui Calafate (CNN/Portugal): “Marcelo é o pior Presidente da República do regime democrático”.
Era uma vez uma cigarra, que com raiva da formiga, votou no insecticida.
a) P.Rufino
A vontade do ‘Chega’ ser um partido do regime, somado ao horror do PSD perder outra vez o Poder, farão o milagre de um entendimento que constituirá a base para a futura renovação (‘renascimento’) do ‘velho PSD’.
Melhor é difícil! Cheio de garantas de desgoverno quer á direita quer á canhota. A conta vai prá Europa. Até pode ser que abonem uns euros poios o pessoal está sempre pronto para umas cervejas e bifanas.
Acrescentava mais um, que me parece o mais importante: Marcelo. Que mereceria uma lista à parte, com gravíssimos e significativos atropelos à Constituição.
... E Navalny é um democrata, um novo Nelson Mandela, Sr. embaixador?!
Eu cá estou completamente azamboada - só penso nos 48 ...
Como é possível !!!???
Senhor embaixador! Parece-me que isto é a democracia a funcionar ou estarei equivocada? Pluralidade, combate ao pensamento único, fim da retórica do tudo e afinal o resultado é nada….o país ficou cansado,desgastado, já tudo é muito melhor do que o vazio em que o país se encontra. É muito bom e estimulante o exercício da democracia em nome dos portugueses e não de figuras ou partidos.sejamos um Portugal feliz!
O Presidente teve o que mereceu. Quis safar os dele, e que até, na sexta-feira, (ante véspera, das eleições) respondera a Jornalista de forma velada, mas tendenciosa, quanto à vitória da direita vs esquerda. Saiu-lhe o tiro pela culatra. Mas agora é que virá a verdadeira vida boa (do leite e do mel). Para todos: Professores, Médicos, Polícias GNR. Etc. Mas se calhar, iremos ter, novas eleições, antes do final do ano.
Três comentários:
1. O voto dos emigrantes é visto, como de costume, como se não fizesse diferença. Teoricamente, come diz Zeca, ainda pode mudar o resultado final. Na prática é previsível que reforce a situação actual. Independentemente disso, deveria haver algum respeito pelos resultados que ainda não são conhecidos.
2. Em relação ao ponto 9, como diz o anónimo das 15:01, o PRR traz uma conjuntura financeira muito favorável, a juntar a uma boa gestão das finanças do Estado e a uma boa conjuntura externa. Existe mais dinheiro para investir - ou gastar.
3. Não posso deixar de pensar no que aconteceu a 7 de Novembro à luz do que, de acordo com João Pedro Henriques no seu livro “Revolução Inacabada, o que não mudou com o 25 de Abril”, é uma continuidade sinistra do Estado Novo - a permanência de muitas das estruturas, alicerces, e práticas do sistema judiciário. Isto, a propósito de golpes de estado. Ilação minha, não da do autor do livro.
"é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma" (Tomaso di Lampedusa).
Carlos Antunes
A instabilidade foi criada por Marcelo
Muito bem escrito. O Presidente da República transformou-se, com Marcelo Rebelo de Sousa (que é um traste, e ademais não tem habilidade política nenhuma, como mostrou quando foi presidente do PSD), num fautor de instabilidade política no país (e também, como se verá em breve, na Região Autónoma da Madeira). Toda a crise política em que estamos mergulhados se deve, em boa parte, à atuação errada de Marcelo. É preciso não esquecer nem perdoar isto.
Montenegro tem que resistir ao Ventura.
Este é politicamente inconveniente, totalmente inconveniente, apesar de certas verdades que proclama e toda a gente reconhece.
Outras verdades são apenas dele, tais como "Lula não entra em Portugal", mas há outras piores.
Viva o Brasil, viva o Abel Ferreira,´viva Portugal
Luis Lavoura disse : « Só há duas possibilidades para isso: uma aliança PSD-CHEGA, e uma aliança PSD-PS. O Francisco diz que a vergonha e a decência impedem a primeira. Então, acha o Francisco que o PS se deve chegar à frente e aceitar a segunda?
Pois, Luís Lavoura: o “espírito” da “aliança PSD-PS já existia, e mesmo pior, no governo precedente, quando um PM socialista foi abraçar um nazi em Kiev, com um saco de dinheiro. Um nazi que suprimiu todos os partidos de oposição, além do partido comunista.
Em França foi Mitterrand que abriu a porta ao FN de Le Pen. Não foi Chirac. Finalmente, o partido vive bem e à larga, hoje, (terceiro partido de França) e o PS desapareceu. A tentação social-democrata perdeu-o.
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