Segundo alguns "especialistas", os bons resultados que a economia apresenta pouco têm a ver com a ação do governo, mas exclusivamente com o bom comportamento das empresas, que têm sabido "fazer pela vida". Diriam o mesmo se os resultados fossem diferentes?
4 comentários:
Pois desta vez não lhe dou razão.
Mas eu sempre trabalhei em grandes empresas.
Os meus irmãos e os meus filhos têm empresas.
E não, desta vez não há mérito do governo.
Não sei o que é que os "especialistas" diriam ou não porque não os ouço.
Como já disse aqui tenho "a formação académica e a experiência profissional" mais que adequadas para tirar conclusões sózinho só de "olhar à minha volta".
E claro, tenho os meus irmãos e os meus filhos "no barulho", não conheço o que se passa por ter ouvido dizer.
A invocação do mérito próprio para fundamentar uma opinião não parece pertencer à classe da argumentação racional.
O autor do blog coloca uma questão cuja resposta será sempre elucidativa quanto às nossas convicções mas também é susceptível de uma abordagem mais analítica.
Tanto quanto a entendo, a questão não trata de valorizar versus desvalorizar a actividade empresarial mas de se saber se o comportamento global de uma economia é sempre explicado pela ação das empresas ou se essa explicação apenas é efectiva quando os resultados são bons, ficando para os governos em funções o ónus dos maus resultados da economia.
O exercício do comentário (informado, argumentativo e independente) tende a confundir-se, cada vez mais, com doutrinação amparada no preconceito e no “achismo”.
João Batista
Senhor Embaixador
Tem toda a razão, quando os resultados da economia portuguesa forem maus, a culpa será do governo de António Costa.
Entre 2016 (1.º ano do governo de António Costa) e 2022 a economia portuguesa (taxa de crescimento do PIB a preços reais) cresceu 10 vezes mais que nos 15 anos anteriores (reportados a 2002, o ano de adesão à moeda única). Fontes: INE, PORDATA
Portanto, segundo a maioria dos comentadores/economistas, os Governos de António Costa em nada contribuíram com as suas políticas para este resultado, que se deveu apenas à economia real (empresas, etc. etc.)
Mas, depois quando passam à análise em termos do PIB per capita (em paridades de poder de compra) e ao facto da maioria dos países de leste terem ultrapassado Portugal neste indicador, os economistas/comentadores já consideram que a culpa é dos governos de António Costa «os anos de governação de António Costa correspondem ao período de maior queda na classificação europeia de riqueza (PIB per capita) gerada nas últimas décadas».
Portanto, aqui a culpa é das políticas dos governos de AC, e não já da economia real!
Felizmente, que não sou economista, mas já Benjamim Disraeli (1804-1881) dizia: "Há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras descaradas e estatísticas".
Diria, com os meus parcos conhecimentos de economia, que a riqueza de um país medida unicamente pelo PIB per capita é uma “mentira descarada” apregoada pelos comentadores/economistas, quando estes em grandes parangonas noticiam que a economia portuguesa foi ultrapassada pela maioria dos países da Europa de Leste e vai mesmo, segundo as previsões, ser ultrapassada pela da Roménia em 2024 (“A única função das previsões económicas é fazer a astrologia parecer respeitável” - John Kenneth Galbraith).
Enfim, quanto ao PIB per capita, também o ilustre economista americano Paul Samuelson explicava as limitações do PIB per capita enquanto medida do rendimento (ou produção) de um país, ridicularizando com “o exemplo do homem que casa com a sua empregada doméstica e que, por essa razão, se torna doméstica. O mesmo trabalho, continua a ser feita pela mesma mulher, mas como deixa de haver um salário: o trabalho de arrumar, cozinhar e limpar a casa deixa de ser medido contabilisticamente como um serviço e, automaticamente, o PIB per capita cai”.
Na situação actual a generalidade dos meios de comunicação social está contra o governo pelo que qualquer indicador positivo da economia do país deve-se ao mérito das empresas. Mesmo assim vão avisando que este ano a economia vai bem mas para o ano o crescimento será anémico. Se continuarem a sua luta contra o governo dirão então que bem tinham avisado, que o governo não fez as reformas estruturais necessárias há tanto tempo e que não fora o dinamismo dos privados, esmagados pelos impostos ainda estaríamos pior.
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