sábado, maio 20, 2023

Confissões de viajante


A compulsão é imensa e creio que eterna. Perante as estantes cheias de livros, deixados pelos hóspedes nos hotéis em que me alojo, a minha vontade de surripiar um ou dois é constante. Uma vez mais, contive-me, o que também foi ajudado pelo facto de o que estava impresso em línguas de gente ser inaproveitável. Para o futuro, descobri uma solução: vou passar a trazer de casa uns monos, fazendo as trocas com a consciência mais tranquila.

10 comentários:

Luís Lavoura disse...

Nunca em nenhum hotel onde tenha estado encontrei (pelo menos no meu quarto) uma estante com livros.
O mais que encontrei, num hotel junto do aeroporto em Milão, foi uma revista Economist do próprio dia (era sábado), que bem útil me foi para ter leitura durante todo o dia seguinte (que foi passado no aeroporto). Creio que a revista era cortesia do hotel.

manuel campos disse...


Os monos de uns não sendo os monos de outros, é mais que provável que vindo de onde vem, o que para si é um mono seja uma preciosidade para outro e a estante do hotel só ganhe com isso.

Grande coleccionador de CD e LP que sempre fui, muita vez me pediram amigos e conhecidos menos conhecedores das lides melómanas que lhes oferecesse os meus monos, pois um mono meu pelos vistos lhes assegurava uma qualidade que uma escolha deles não lhes garantia.
Nalguns casos tornou-se um hábito mesmo em alturas festivas (aniversários, Natal) o que era bom para ambas as partes, eu poupava na prenda como amortização do investimento anterior e eles ficavam com mais meia dúzia de discos em vez de um só porque eu, dando muitos monos, ficava assim "com a consciência mais tranquila" de não ter dado uma prenda "como deve ser".

Este mecanismo é o que se chama "uma prenda sustentável".

manuel campos disse...


Abri a foto num novo separador e aumentei a imagem.
Poucos livros interessantes, como é habitual nestas circunstâncias, com um ar de muito viajados por salas de aeroporto, calças de jeans a puxar malas de rodinhas e colos de leitores adormecidos contra a parede em posições estranhas e incómodas.
Destaco no entanto como em estado razoável “A insustentável leveza do ser” e The David Beckham joke book” e, já agora, o “Entre chiens et loups” do Gilbert Cesbron (O Jack Higgins e a Ruth Rendell ainda aguentam até ao próximo hotel e à próxima troca).

Claro que não resisti a ír ver que raio era o “joke book” e a Amazon inglesa conta-nos que “David Beckham is by far the nation's hero. In Britain and across the world he is adored by millions of people for many reasons, but every fan has one thing in common - a David Beckham joke. This volume collates them all”.
A obra é de Outubro de 2003 e consegue-se um exemplar por 0.31 libras (sem portes): a não perder!


Flor disse...

Uma ideia que eu tive sr. Embaixador foi que poderá copiar o título do livro, procurá-lo na NET e comprá-lo on Line. Até poderá ter a sorte de conseguir o link para fazer o download grátis e começar a ler de seguida. Eu tenho lido alguns livros assim.

Flor disse...

Para quem viaja bastante poderá desfazer-se dos "monos" ir deixando-os nos quartos dos hotéis para serem lidos ou levados pelos próximos hóspedes. Outra ideia simpática é ir deixando os monos nas mesas dos cafés com uma dedicatória a quem os leve.

carlos cardoso disse...

De todos esses livros aconselho o ‘Tis de Frank McCourt.

manuel campos disse...


o "'Tis" é de facto uma excelente escolha (e o livro tem um ar aceitável).

Foi publicado cá pela "Presença" em 2000 com o titulo "Esta é a minha terra" e é uma sequência de "As cinzas de Angela" (publicado cá em 1999) e que lhe valeu o Pulitzer Prize para biografias (e autobiografias) em 1996.
Em 2009 foi publicado cá "O Professor", que continua a linha de autobiografia
que vinha dos outros dois.

Anónimo disse...

Bom dia porco da NATO. Vai-te preparando, porque nós vamos partir os cornos e os dentes aos teus amigos nazis na Ucrânia e quando acabarmos o trabalho na Ucrânia, vai ser a vez de ajustar contas com quem andou a fornecer armamento e dinheiro aos nazis ucranianos. Não perdem pela demora seus animais...

Nuno Figueiredo disse...

wishful thinking...

manuel campos disse...


Foi reeditado este mês entre nós pela Qetzal "A saga/fuga de J.B." de Gonzalo Torrente Ballester, livro de 1972 editado pela 1ª vez por cá pela Dom Quixote em 1992 e que comprei e li nessa altura (e reli anos mais tarde e planeio ainda reler um dia).

Sou suspeito neste caso concreto pois devo ter lido (e tenho) tudo de Ballester que apanhei alguma vez à mão.
Mas este é um dos grandes romances de sempre, José Saramago disse um dia que havia um lugar vago ao lado de Cervantes e que Ballester o tinha ocupado.

Agora meti-me aí a ler o "2666" de Roberto Bolaño no original, quase 1200 páginas de uma escrita notávelmente simples e esplêndida, agora percebo o choque que provocou quando saíu.

Estou a meter pelo meio o "Capital e ideologia" do Thomas Piketty, um pouco mais de 1200 páginas em que já sei à partida que ele me tenta convencer de evoluções da economia e das sociedades nas quais eu não acredito nada.
Mas é a informação histórica que eu quero retirar da obra.

Entrevista à revista "Must"

Aque horas se costuma levantar?  Em regra, tarde. Desde que saí da função pública, recusei todos os convites para atividades “from-nine-to-f...