domingo, maio 21, 2023

A Oeste algo de novo

Aqui deixo quatro brevíssimas notas sobre outras tantas incursões restaurativas no Oeste, no fim de semana que agora termina.


ADEGA DO ALBERTINO (Caldas da Rainha). Nos arredores da cidade, uma casa de sólida cozinha tradicional portuguesa, que ali está há mais de 30 anos de bons serviços. Lista muito completa, pelas mãos da dona Fátima e pela direção de sala de Albertino Catarino. Serviço atento e profissional, cozinha de qualidade. Estacionamento fácil.


CAIS DO PARQUE (Caldas da Rainha). No Parque Dom Carlos (os caldenses acrescentam "primeiro", como se tivesse havido ou venha a haver um outro...), num pavilhão que é quase idêntico ao do Límia Parque, em Viana do Castelo, nasceu há, não muito tempo, um restaurante que começou por comida asiática e hoje tem outras boas opções, em que a carne, em doses dimensionadas, é uma oferta pouco comum. Sente-se por ali, na qualidade e apresentação, uma mão hábil de chefe, que nos fez apreciar bastante esta primeira experiência. Lista de vinhos com preços muito honestos, o que começa a ser raro. O serviço ganhava em ser um pouco menos "casual arrogant". Estacionamento difícil; use o parque do centro comercial por detrás do hotel.


TRIBECA (Serra d'El Rei). Os leitores já devem estar cansados de me ler a dizer bem desta "brasserie", onde aporto muitas vezes, por ficar a dois passos da A8. Imagino que alguns devam mesmo pensar que recebo uma comissão! Mas o que hei-de fazer? Ontem, uma vez mais, comi lá muito bem. Eu e uma montanha de estrangeiros que já sabe da poda e enche a casa! Estacionamento fácil.


TASCA DO JOEL (Peniche). Fica na costa sul da cidade, que é preciso atravessar para lá chegar. O peixe é ali rei, mas não reina sozinho. Hoje, por exemplo, era dia de cozido à portuguesa. Umas ameijoas com que se abriram as hostilidades, que a casa qualifica de XL, estavam excelentes. Como esteve tudo o resto que se comeu. Preços razoáveis para a boa qualidade. Serviço conhecedor e atento. Estacionamento fácil.

O Oeste recomenda-se!

14 comentários:

manuel campos disse...


Como já disse aqui tenho o hábito de almoçar todos os dias da semana fora, umas vezes só, outras com minha mulher ou com amigos e conhecidos.

Por melhor que seja a cozinha e o ambiente, apanhar um serviço "casual arrogant" arruma o assunto à segunda vez, não lhes dou terceira hipótese.

É como os casamentos de amigos e conhecidos, só vou ao 1º e ao 2º.
E já exigi a devolução de uma prenda carota que dei a um deles cujo casamento não chegou a durar um ano, que é o "prazo de garantia" para mim.
Claro que não a devolveu, quando se casar segunda vez não leva prenda.

Flor disse...

Manuel Campos, exactamente o que considera como o "casual arrogant" neste contexto da restauração? Será que o restaurante é tipo tasca e os empregados andam de nariz empinado? :)

manuel campos disse...


Flor

Não é isso, é mais o contrário, é o restaurante que é para o empinado e os empregados andam tipo tasca, com "familiaridades" que eu até percebo e aceito de bom grado num local onde vá com frequência ou há muitos anos, onde tanto eu como eles sabemos os limites de cada um de nós em relação ao outro nessas "familiaridades", mas que não fazem o meu estilo num local onde se vai pela primeira vez e sentimos o risco de algo descambar e surgirem situações inconvenientes e mesmo desagradáveis.
Ora chatices na vida já eu tenho (como todos nós) e às vezes nem é preciso muito para nos chatearmos.

Fui um dos melhores clientes de um excelente (e caro) restaurante na zona onde tenho a casa, durante 22 anos, comendo lá uma das refeições do dia, muitas vezes mesas grandes com filhos e netos.
A certa altura houve lá umas mudanças, a nova gerência sabendo que eu era fiel desde sempre deve ter achado que "este gajo está garantido haja o que houver", surgiram duas situações num mês que nunca por nunca podem surgir com ninguém, bom cliente ou cliente pontual, acabou-se há 6 anos o ír lá.
Já por mais de uma vez vieram ter comigo mas as desculpas não se dão, evitam-se.
Assim há 6 anos que me mudei para outro, são 15 kms de auto-estrada e pouco mais de 10 minutos para cada lado, impecáveis, quase "família" hoje em dia.
Como sabemos de problemas de saúde "bien malgré nous" lá os vamos aconselhando nas mazelas, em troca desenrascam-nos com todo o tipo de problemas que surgem lá em nossa casa, todos os canalizadores, marceneiros e pedreiros das redondezas devem ser primos deles pelo que parece.

Como tenho contado, almoço fora todos os dias da semana há 52 anos, enquanto trabalhei com "horários" por razões óbvias e desde que me reformei porque vou dar as minhas voltas e não poderia ser de outra maneira.
Mais ainda, durante 14 anos também jantei fora durante 3 dias da semana, por me encontrar a umas centenas de quilómetros de casa (*).
Portanto experiências boas e más não me faltam, mas as realmente más foram uma minoria muito minorca mas difíceis de esquecer, daí não correr riscos quando me dou conta que não há algumas noções básicas de convivência em sociedade.

Ora o texto diz "casual arrogant" e o dicionário de Cambridge conta que "casual" é "not showing much care or thought; seeming not to be worried; not wanting to show that something is important to you" enquanto que para "arrogant" conta que "proud in an unpleasant way and behaving as if you are better or more important than other people".
Portanto em qualquer relacionamento "cliente-fornecedor" isto pode ser complicado se surgirem as circunstâncias erradas.

(*) Na realidade descontei para seis distritos ao longo da vida, na hora do calculo da reforma o "sistema" teve que dar a volta ao país quase todo a recolher informação.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manuel campos disse...


Não saíu ainda o meu comentário das 3 da manhã mas espero que saia.
Faltou-me acresecentar que esta história do "casual arrogant" é óbvio que para mim funciona para os dois lados, nem podia ser de outra maneira.

Há uns anos conhecemos aqui na zona um casal com quem nos começámos a dar.
Habitualmente passávamos umas tardes de fim-de-semana em casa deles na conversa, ele é homem culto e interessante, ela é simpática.
A certa altura passou-se a ír jantar fora num conhecido restaurante da zona.

E aí é que tudo se complicou porque qualquer deles, mas ele muito mais que ela, são do estilo "casual arrogant" a tratar com os funcionários, o que se tornava bastante penoso de presenciar dada a situação de "cliente" a quem não é suposto "chamar a atenção" nem deixar de atender ou receber no estabelecimento (ao contrário do "cliente", que simplesmente não volta lá).
Portanto tivemos que, com o argumento aliàs válido de que um de nós não podia estar em determinado tipo de espaços "com pouco ar", pôr um ponto final nessas situações bastante constrangedoras do nosso ponto de vista.



Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Conheço os dois primeiros e sintonizo com as notas do Sr. Embaixador.

Bem me lembro de, em 1999, a Adega do Albertino ter sido o restaurante onde se pagou uma das contas mais generosas - uns 15 contos para 6 pessoas, das quais três crianças. À época eram muito frequentes os jantares "fora" em lugares variados (o nosso saudoso amigo namoradeiro, que já por aqui referi, era o mecenas de tais refeições), assim o termo de comparação era grande.

Já fico a saber onde comer em Peniche, pois já lá apanhei alguns barretes.

manuel campos disse...


Francisco de Sousa Rodrigues

Vejo que, em matéria de restaurantes, já teve problemas com "amigos de Peniche".

PS1- Tenho andado aqui às voltas na net com uma curiosidade minha com mais de 60 anos (coisas de velho), o funcionamento das "caixas de mudanças" COTAL que equipavam os autocarros da Carris do fim dos anos 50 (podia-me dar para pior, há que admitir, mas isto já parece bastante grave).
Creio que eram os Leyland, os AEC são posteriores, talvez tenha ideia.
Pelo meio fui ter às "caixas" Wilson mas essas eram outro princípio.

PS2- Não, não tenho insónias, é mesmo assim.

Flor disse...

Manuel Campos entendi!
"Não é isso, é mais o contrário, é o restaurante que é para o empinado e os empregados andam tipo tasca" ;) Obrigada.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos,

Por acaso, sim.

Quanto aos carros da Carris, no final dos anos 50, a frota compunha-se globalmente de AEC Regal III e Regent III, Leyland Tiger OPS1, Albion Valkyrie CX13, Maudsley Marathon Mk III e Isotta-Fraschini. Uma variante do Regent III, a RT, vinha equipada com caixas de pré-seletor, mas possivelmente seria Wilson.

manuel campos disse...


Francisco Sousa Rodrigues

"Por acaso, sim" não me parece ser o caso no seu caso, nestas matérias no que a si respeita é claro que nada é "por acaso"!
Eu estava quase certo que era sim a partir do momento em que, quando há tempos falámos do gosto por carros, o meu amigo confirmou o que eu disse incluindo que até de autocarros gostava.

Googlando "List of Leyland buses" ou "List of Leyland buses" aparecem as ditas listas que, pelo menos a partir de 1945, dá para abrir um a um os modelos com informação bastante razoável sobre cada um, ainda que o pormenor da "gearbox" já seria pedir muito.
Mas é uma base de pesquisa e, como princípio meu na vida, mesmo que não encontre o que quero hei-de encontrar outras coisas que passo a querer.

Sempre considerei muito interessante o princípio das caixas de pré-selector em que o condutor "metia" a mudança mas a transmissão mantinha-se na mesma mudança até que fôsse pressionado o pedal de mudança na altura escolhida.

Um sistema que, vindo dos carros de competição e de carros da gama alta, me pareceu sempre extremamente adequado para os autocarros da época (*).

(*)Em que eu viajava sempre que possível junto à cabine do condutor, por vezes em pé a espreitar lá para dentro, já tive 10, 11, 12 anos...

Hoje por acaso andei de autocarro e, não havendo nada hoje para espreitar, comecei logo por me "pegar" com uma velha mais nova que eu, bem arranjada e com ar altaneiro.
Como não me desviei do caminho dela quando ela achava que o devia ter feito começou com "fitas" que era muito doente (ninguém diria), um pouco mais de "conversa" e ainda me dizia que ia hoje de autocarro porque era a folga do motorista.
Vá que saiu logo a seguir, o que lamento, estávamos a começar a criar uns fortes laços.

manuel campos disse...


Ali no 3º parágrafo um deles é "List of AEC buses", of course.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Manuel Campos, a do "por acaso, sim", tinha a ver com a dos restaurantes em Peniche.

Os Leyland desse tipo ao que consta tinham caixas "constant mesh" de 4 velocidades.

manuel campos disse...


Francisco de Sousa Rodrigues

Pois então para além dos restaurantes também dá para os autocarros.

O Regent III tinha a caixa Wilson epiciclica.
Como não sou de especialidade "mecânica" consigo perceber o que é mas não consigo explicar em poucas palavras e, como se sabe, quando não se consegue explicar algo de forma simples é porque se não percebeu o que era.

Este é aliàs o mal de muita gente e em muitos campos da vida e do conhecimento.

manuel campos disse...


Francisco Sousa Rodrigues

De facto encontrei referências ao uso das "constant mesh" nesses Leyland.
Confesso que desconhecia estas caixas que, pelo que percebi (se percebi alguma coisa, claro) poupa o sistema mas as avarias são chatas.

No "ebay" há à venda um certo número de "promotional sheets" de vários modelos destas caixas pelo que, se algum dos leitores que aqui vem tiver na garagem um veículo pesado Leyland do princípio dos anos 50, o que me parece bastante plausível, talvez esteja interessado no folheto.


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