A maioria dos meus amigos regozija-se com a aprovação da autorização da eutanásia. Percebo perfeitamente as suas razões e só espero que haja totais garantias de que o sistema está "blindado" a "abus de faiblesse" (não conheço a expressão equivalente em português).
6 comentários:
Em inglês temos "abuse of a vulnerable person", seja a vulnerabilidade física ou mental, se formos por aí chegamos lá.
O sistema nunca estará verdadeiramente blindado de forma continuada, mesmo que nasça blindado irá perdendo a blindagem à medida que situações particulares se tornem a pouco e pouco cada vez mais gerais, melhor aceites pela sociedade que cada vez as encarará com mais naturalidade e indiferença.
Como sempre e em tudo, não vivemos num mundo particularmente solidário.
Infelizmente, vai haver abusos... muitos deles por ignorância inultrapassável (técnicamente falando) e outros por facilitismo e amiguismo...
É um ónus do ser humano ou do humano ser.
Agora com a promulgação da Eutanásia o assunto passará para a Ordem dos Medicos. É urgente saber o número de médicos objectores de consciência que já eram muitos e agora serão muitos mais. O mesmo se passa com os enfermeiros.
Era bom que agilizassem e melhorarassem a oferta de cuidados paliativos.
Lenah
O problema não serão os abusos. O problema será que a lei não terá, praticamente, aplicação. Ela é tão restritiva, exige tantos pedidos e tantas confirmações, e com procedimentos tão complicados, que na prática as pessoas morrerão antes de a conseguirem por em prática.
Não existem sistemas completamente blindados. Se querem um sistema absolutamente blindado, é melhor enterrar já o assunto e ficamos todos de consciência também absolutamente tranquila. Mas não se preocupem que a lei já é tão restritiva e as objeções de consciência de médicos e enfermeiros serão tantas, que isto muito poucos efeitos práticos terá. Eu, que infelizmente conheço unidades de cuidados paliativos, já me zanguei uma vez com alguém que me dizia, de modo sério e paternal, que os cuidados paliativos servem de facto para dar qualidade de vida, psicológica e física, aos doentes e que a eutanásia não é solução. Perguntem a médicos. Em privado.
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