Ver aqui.
O que é que isto interessa? Nada, mas a vida é feita de pequenos nadas, como diria o Sérgio Godinho.
Que diabo de mania deu na imprensa económica para estar sempre a falar da "dona da" quando querem referir-se a uma empresa que é detentora maioritária de outra! Vou sempre ao engano: acho que se trata de uma senhora rica...
Depois da declaração inequívoca do governo de Israel, recusando liminarmente a solução dos dois Estados, estou curioso em perceber se a União Europeia, como um todo e por parte de cada país, mantem a sua determinação, sem mas nem meio mas, na obtençâo desse objetivo.
O que é que pode ser considerada uma vitória num debate televisivo eleitoral? Dado o objetivo do exercício, parece-me óbvio que, de entre os dois políticos, sai vitorioso aquele que, com a sua prestação, possa ter grangeado mais apoios do que os que tinha no início do debate.
Um teste caricatural, mas que nunca falha, sobre se um determinado regime é democrático, é quem quer que seja ter o direito a se manifestar pacificamente, a propósito do que muito bem lhe apetecer, dizendo ou berrando tudo o que quiser, em frente à sede do poder político do país, sem correr o menor risco de ser preso ou incomodado.
Em Moscovo, pode-se?
Quem for votar Chega sabe que irá votar num partido de extrema-direita. E, diga-se desde já, está no seu pleno direito. Votar na extrema-direita - mesmo que racista, xenófoba e demagogicamente populista, como é o Chega - é um direito que assiste aos cidadãos que fazem parte integrante da democracia em que vivemos. Algumas das pessoas que vão votar Chega não se consideram a si próprias de extrema-direita. Mas essas pessoas não podem querer fazer passar os outros por parvos: elas sabem muito bem que irão votar num partido de extrema-direita. Ponto.
Putin é responsável pela morte de Navalny, mesmo que possa não ter ordenado a sua liquidação. A pena absurda que cumpria, pela tentativa de um mero exercício de direitos democráticos, conduziu-o a condições excecionais de prisão, lugar em que estas coisas se tornam possíveis.
É uma ilusão (ocidental) pensar que a morte de Navalny vai reforçar a oposição interna a Putin. Navalny era contra a invasão da Ucrânia, o que o colocava em conflito com uma opinião pública onde a guerra é (ainda) bastante popular, porque Putin a "vende" como existencial.
Não vejo debates televisivos, mas gostava imenso de ler por aqui pessoas cuja "lateralização" ideológica é conhecida surpreenderem-nos, assumindo que o seu candidato esteve mal e que, embora isso não lhes tivesse agradado, o adversário esteve melhor. Alguém?
Foi há cerca de 15 anos, em Paris.
Uma colaboradora minha disse-me ter sido aproximada por um jovem francês, de origem portuguesa, que lhe vinha sugerir que a nossa embaixada pudesse dar o apoio institucional a uma estrutura ainda a ser criada, destinada a promover iniciativas luso-francesas em diversos domínios. Já não recordo pormenores do projeto, que, à partida, oferecia perspetivas interessantes.
Acompanhado da minha colaboradora, tive um almoço com esse jovem, creio que na casa dos 30 anos. Era de terceira geração e, ao que recordo, já não falava português. Estava profundamente ligado ao então RPR, o partido de Nicolas Sarkozy. Era inteligente e muito bem falante. Transpirava ambição. Ao longo da conversa, que decorreu num ambiente simpático, ia deixando "cair" nomes de personalidades francesas importantes, de quem se dizia íntimo, manifestamente para se credibilizar.
A certo passo, aproveitando aquele momento que os franceses designam por "entre la poire et le fromage", perguntei-lhe o que me parecia essencial: como pretendia financiar a ideia. Pareceu-me ter ficado surpreendido: estava à espera de que essa fosse a nossa "parte" na concretização do seu projeto. E foi claro: contava com apoios oficiais portugueses e com a nossa influência junto de empresas, portuguesas ou luso-francesas, para levantar os fundos necessários ao seu projeto. Ele faria "o resto". Perguntei-lhe se, pela parte dele, e dados os elevados conhecimentos que tinha, também tencionava procurar mobilizar financiamentos, nomeadamente oficiais. Deixou claro que não tinha minimamente essa intenção. Concluí que, na sua família de ascendência portuguesa, nunca ninguém lhe tinha contado a história da "sopa da pedra".
Fiquei com um mau pressentimento daquela conversa. O meu "flair" dizia-me para não ir por ali. E não fui. O assunto não andou para a frente.
Passaram dois anos. Vi o nome do jovem luso-descendente envolvido num famoso escândalo de faturas falsas, ligado a campanhas políticas, que tinha como principal acusado o próprio presidente Nicolas Sarkozy.
Hoje, saiu a sentença, ainda sujeita a recurso: Sarkozy é condenado a prisão efetiva e o nosso (então) jovem a 18 meses de pena suspensa.
Lembrei-me daquele almoço na bela esplanada do "La Gare", em Paris. Restaurante que, ao que me dizem, já não tem esse nome. Tudo muda, não é?
Fiz um esforço: tentar ver, pelo menos, um debate. Achei que o Mortágua-Ventura podia ser interessante. Aguentei quatro minutos. Passei ao Mezzo.
Estão a aquecer os motores para a operação de diabolização do 25 de Abril que, quem detesta a data, vai desencadear, nos meses que aí vêm. O 25 de Novembro é, naturalmente, a "bala de prata" da operação, mas o 11 de Março, as FP-25 e as "maldades" do PREC estarão também no palco.
Não sei se Pedro Nuno Ssntos se apercebeu já da importância de estar a ser tratado, na comunicação e redes sociais, com subliminar familiaridade, por "Pedro Nuno". Se não se apercebeu da importância disso, pergunte ao Alberto João.
Pedro Nuno Santos deve continuar a afirmar a sua indisponibilidade para resolver os problemas de governabilidade que surgem na direita portuguesa. Era só o que faltava que coubesse à esquerda ajudar a pôr ordem numa casa alheia em convulsão!
Para a credibilidade do sistema político, perante os seus eleitores, o pior que poderia acontecer era estes poderem começar a pensar que PS ou PSD eram rótulos e caras diferentes para uma mesma "receita" de políticas. O populismo anti-sistema ficaria encantado se isso acontecesse.
Enquanto a juventude excessiva é um "defeito" que se cura com o tempo, é mais do que óbvio - e só não vê quem não quer ou a quem não der jeito ver - que a idade excessiva é um problema sem cura. É claro que é desagradável dizer ou ouvir dizer que Joe Biden está velho. Parece mesmo cruel e ofensivo, e releva de "idadismo", estar a atirar isto à cara do senhor. Mas quando alguém dirige o maior poder mundial e, com impressionante regularidade, mostra um comportamento físico errático e comete clamorosos lapsos, como confundir Macron com Mitterrand ou Scholz com Khol, é óbvio que isso legitima interrogações sobre a sua capacidade, não apenas para continuar a exercer o cargo mas, no caso vertente, de o poder renovar em bom estado físico e psíquico para os próximos quatro anos. Aí, surge de imediato o "whataboutism": mas, então, Trump não tem uma idade que se aproxima da de Biden? É verdade mas, ao dizer-se que Biden está velho e perigosamente decadente, isso não significa estar-se a optar por Trump. Os realistas clamarão logo: mas, se perdermos Biden, é Trump quem nos surge na soleira do poder em Washington! Então, pergunto eu, a opção é apenas entre ter um Biden caquético e "frail", a cair da tripeça, e, do outro lado do espelho, um Trump, quase tão idoso como ele e com ideias perigosas e mostras claras de insanidade política? Se assim tiver de ser, como parece que assim vai ser, só posso desejar a melhor sorte aos americanos e, de caminho, aos que deles dependem, isto é, a todos nós, pelo mundo. É que nem por ser uma inevitabilidade deixa de ser um facto irrecusável que Biden está perigosamente velho, fisicamente (pelo menos) decadente e, na minha opinião (que vale o que vale, até porque a minha idade já não anda muito longe da desses cavalheiros), obviamente sem a capacidade para ser, por muito tempo, um presidente minimamente eficaz dos EUA. Neste ponto desta discussão, aqui há uns tempos, surgiria uma voz sossegante a dizer: espera aí! nos EUA, há um, agora uma, vice-presidente. Ele ou ela podem sempre substituir o presidente. Eu pergunto: então por que é que, neste caso, ninguém fala nisso? Porque, mesmo que isso só seja dito a boca pequena, ninguém confia hoje minimamente nas capacidades de Kamala Harris para ocupar a Casa Branca. Poucos o dizem alto. Porquê? Pelo politicamente correto: porque é uma mulher e porque é de cor. Deixemo-nos de rodeios: é exclusivamente por isto que esta verdade não emerge. Kamala Harris concretizou o sonho "teórico" das feministas. Durante anos, estas diziam que, para haver uma igualdade entre homens e mulheres no acesso a lugares de topo, era preciso que houvesse mulheres incompetentes a chegarem a esses lugares. Porquê? Porque os lugares de topo, como é uma evidência, já estão cheios de homens incompetentes! Ora bem! Com Kamala Harris em vice-presidente, esse "sonho" foi cumprido. Já há uma mulher incompetente num lugar de topo. Mas, espera aí!, estás a dizer assim, com todas as letras, que a senhora é incompetente? Estou, claro. Se ela não fosse incompetente, e vista como tal, por que diabo de razão estariam as hostes democráticas tão empanicadas com a possibilidade de, no caso de Biden ter de se afastar, a senhora vir assumir a função presidencial? O mundo está perigoso, é o que é. Bom fim de semana.
Lá estive, por mais de duas horas, a ouvir a entrevista de Tucker Carlson a Putin. Sou um masoquista. A meio, confesso, adormeci por uns minutos. Voltei um pouco atrás e ouvi até ao fim. O que achei? Sem trazer nada de substancialmente novo, acho que é uma peça necessária. E confirmei que Carlson é um primário.
Agora que o novo presidente argentino avança com uma proposta legislativa para proibir o aborto no país, é uma bela ocasião para os liberais da paróquia reiterarem o seu habitual aplauso às medidas de Milei.
Quando os portugueses decidiram prescindir dos trajes - que eram bem "cobertos" - dos seus históricos Carnavais, poupando no tecido, como se faz no outro lado do Atlântico, deveriam ter-se lembrado que o clima da Sapucaí é diferente do de Torres ou de Ovar.
... e então é assim: há aquela altura da (nossa) vida em que damos conta que o tipo que, desde há anos, em todas as reuniões, se costuma sentar do lado contrário ao nosso, está a falar num tom cada vez mais baixo e menos percetível. E não é que, por coincidência, se dá também o caso de ser progressivamente difícil ouvir o que diz um outro fulano, que se senta a seu lado? É nesta altura que nos vem à ideia a velha anedota da mãe e do passo trocado do soldado.
Às pessoas que, em Portugal, se mostram tão preocupadas com os abusos aos Direitos Humanos em várias partes do mundo apetece-me perguntar por que não se dispõem a lançar uma campanha pelo estrito cumprimento dos prazos das prisões preventivas e das diversas fases dos processos judiciais, aqui na terrinha.
Uma operação policial foi hoje desencadeada contra Jair Bolsonaro, inculpando-o nos atos sediciosos ocorridos no início do ano passado. É de desejar que uma ação que tem por alvo um antigo presidente da República esteja a ser levada a cabo com base em sólidas provas, para que não venha futuramente a deixar margem a quaisquer dúvidas de que possa ter tido na sua origem uma qualquer "vendetta", cavalgando a mudança do ciclo político. Por um legítimo e quiçá compreensível preconceito, podemos ser tentados a pensar que Bolsonaro não merece o benefício da dúvida. Mas a democracia tem regras. É essa, aliás, a sua imensa superioridade.
Alguns comentadores devem ter mães que, chegados eles lá a casa, lhes devem dizer, orgulhosas: "Ó filho! Mas se tu, afinal, sabes mais do que aqueles senhores sobre o que é que se devia fazer e o que é bom para o país, não devias ser tu a mandar?" E dão-lhes pão com marmelada.
Rui Patrício fez, naquele país, uma destacada carreira de advocacia e na área empresarial, tendo-se igualmente mantido ligado a instituições da comunidade portuguesa.
Desde o tempo em que fui embaixador no Brasil, construí com Rui Patrício uma relação de grande simpatia, que se converteu em amizade. Chegámos a planear escrever um livro juntos, o que, por várias razões, acabou por não se concretizar. Encontrámo-nos bastante no Brasil, mas também em Paris e em Lisboa. Criei por ele um grande respeito e consideração, não obstante o fosso ideológico que nos separava, que nunca afetou o nosso convívio.
Recentemente tive o gosto de dedicar-lhe um livro que publiquei e em que ele é referido. Partilho uma imagem dele a lê-lo.
À família de Rui Patrício, em especial ao seu filho Miguel, deixo as minhas sentidas condolências.
Ao observarem o comportamento recente dos agentes da PSP, os socialistas portugueses terão confirmado a imensa sabedoria da decisão que foi tomada, aquando da fundação do partido, de, ao contrário de todos os seus homólogos pelo mundo, não incluírem a nacionalidade no nome.
Por estes dias, a hierarquia da Polícia de Segurança Pública deveria lembrar-se do esforço que a corporação tinha vindo a fazer para se credibilizar perante os portugueses, como instituição integrante e protetora da ordem democrática, apagando a imagem que tinha de força repressiva ao serviço da ditadura. E o mesmo vale para a GNR.
Não estraguem tudo!
Telefonema de um amigo, ao fim da manhã: "Hoje é o primeiro dia do resto da vida do teu blogue. Tens de comemorar com um post brilhante, que fique memorável. O que é que vais publicar?". Eu, ensonado (deitei-me tarde p'ra burro!): "Sei lá! Acho mesmo que hoje não vou publicar nada!". Resposta do meu amigo: "Não podes fazer isso! Tens uma responsabilidade para com o blogue!". Dei comigo a pensar: "O que é que me acontece se eu não publicar nada? Vou preso? Não me parece! Logo hoje! Deixa-me aproveitar, os polícias estão de baixa psicológica! Hoje ninguém me prende!". E fui jantar com amigos, que é o que se leva desta vida, não é?
Turner foi, a grande distância, o pintor referido como mais provável, pelos muitos comentadores, em diversas redes sociais. Outros nomes foram ainda sugeridos: Kroeger, Carlos Araújo, Beckman, Vieira da Silva, Susana Ayres, Mário Botas, Rothko, Domingos Sequeira, Constable, Goya, Victor Hugo, Noronha da Costa, Leonardo da Vinci, Tanya Hayes Lee.
Posso agora revelar esta coisa muito simples: trata-se das traseiras, bem sujas, de um autocarro da Carris, à descida da Calçada da Estrela, que ontem fotografei.
Não fiquem zangados! Ah! O prémio, que ninguém ganhou, era um passe da Carris...
Depois do ataque terrorista do Hamas, passou a estar na moda dizer que havia uma guerra entre Israel e o Hamas. Isso acabou. O modo como Israel se comporta em Gaza e na Cisjordânia mostra, à evidência, que a guerra é entre Israel e os palestinos. Aliás, foi sempre assim.
No primeiro dia em que se sentiu o tal cheiro pelas ruas, eu disse à minha mulher: "Não é o cheiro soviético"? Ela concordou.
Mas o que é o "cheiro soviético"? Trata-se de um cheiro que ambos detetámos em vários locais da então União Soviética, quando visitámos o país em 1980. Era um odor que surgia em diversos espaços públicos, que em tudo se assemelha ao que agora anda por Lisboa.
Com isto, não pretendo dizer que "os russos já andam por aí". Mas lá que o cheiro é o mesmo, lá isso é!
Um dia, se e quando viermos a ser uma sociedade decente, todos acabaremos por compreender que ser anti-semita, isto é, detestar os judeus, configura uma atitude criminosa perfeitamente equivalente a ser anti-árabe ou anti-islâmico. Até lá, somos o que somos. Os que o são, claro.
Fico imensamente reconhecido por este gesto, que se cumula à atribuição da medalha de ouro do município de Elvas, em 2013, juntamente com o professor Domingos Bucho, académico e historiador responsável pela preparação do dossiê de candidatura, com quem tive o privilégio de trabalhar na reunião do Comité do Património Mundial, em São Petersburgo, na Rússia, em 30 de junho de 2012. Para quem estiver interessado, deixo o relato dessa aventura negocial. Basta clicar aqui .
Já assumindo a minha qualidade de elvense honorário, convido-os a visitar aquela que é uma das mais belas e monumentais cidades de Portugal. Se não conhecem, não sabem o que perdem!
O diplomata e escritor Marcello Duarte Mathias escreve hoje, no JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, um artigo sobre o meu livro "Antes que me esqueça".