sexta-feira, fevereiro 02, 2024

O meu fado


A rádio estava a dar o Francisco José no "Nem às paredes confesso". O taxista ia baixar o som mas eu disse que podia deixar. Perguntou-me se gostava de fado e eu disse que sim. Concordou comigo em que o Francisco José não era um verdadeiro fadista. Mas foi de opinião de que o Max talvez pudesse ser (interessante!). Qual a voz masculina de que eu gostava mais, perguntou. Fernando Maurício, claro, disse eu. Aleluia! Era o fadista preferido do taxista, "a Amália dos homens", como o qualificou. Voltei a estar de acordo. Vieram à baila Manuel de Almeida e Fernanda Maria. E a Beatriz da Conceição e o Carlos Ramos, com o imenso "Não venhas tarde!" E nós sempre de acordo, com uma pequena reticência minha à Ada de Castro, que ele apreciava muito. A rádio trazia, entretanto, o vozeirão da Lenita Gentil, no "Fado Malhoa". "É mais cançonetista", concordámos. E falou-se do "Faia", onde ela canta. E da falta que agora ali faz a alegria da Anita Guerreiro, que ele me disse estar a viver na Casa do Artista. E, falando do "Faia", reverenciámos a memória da grande Lucília do Carmo. Eu disse que a tinha visto, há dias, na RTP Memória, ao lado do Fernando Farinha, o "menino da Bica", que, ao contrário do Manuel de Almeida, afinal não tinha nascido na Bica, explicou-me o taxista. Acabámos a concordar em não gostar do Marceneiro, coisa que sei que poria o meu amigo Rui Vieira Nery furioso. A corrida, entre a Buchholz e a minha casa custou menos de seis euros. E valeu a pena.

Não disse ao taxista que, hoje à noite, vou apreciar Cristina Branco no CCB. E que, até ao dia 10 de março, ainda tenho esperança de conseguir ouvir esse tenor da nova AD que se chama Gonçalo da Câmara Pereira. Se, entretanto, vier a ser "libertado". Gostaria de ouvi-lo falar, não cantar. Livra!

2 comentários:

David Caldeira disse...

Espanta-me não ter surgido ainda um movimento nas redes sociais, daqueles virais, com qualquer coisas como #freegonçalo. Pergunto-me o que terão feito ao senhor. A indiferença como este desaparecimento tem sido tratado pela CMTV, deixa-me preocupado.

manuel campos disse...


Francisco José não era de facto um verdadeiro fadista.

A viver no Rio de Janeiro, veio a Portugal em 1964 e protagonizou uma situação complicada (para ele) pois, num programa em directo na RTP, acusou-a de esquecer os cantores portugueses em favor dos estrangeiros, tendo sido processado judicialmente e proíbido de actuar cá durante muitos anos.
Não sei bem como nem porquê, pois nessa altura não apreciava o fado, estava a ver esse programa em casa e deixou-me "marca" pelo insólito da situação à época (hoje não seria muito diferente, não estou a ver ninguém a fazer
aquilo hoje em dia, ainda que com outro tipo de receios).

De seu nome completo Francisco José Galopim de Carvalho, era irmão do Professor Galopim de Carvalho, o conhecido geólogo que não ficou conhecido "através das pedras mas sim dos dinossauros".

Dele tenho aí o CD “Álbum de recordações”.

Tarde do dia de Consoada