Pedro Nuno Santos deve continuar a afirmar a sua indisponibilidade para resolver os problemas de governabilidade que surgem na direita portuguesa. Era só o que faltava que coubesse à esquerda ajudar a pôr ordem numa casa alheia em convulsão!
Para a credibilidade do sistema político, perante os seus eleitores, o pior que poderia acontecer era estes poderem começar a pensar que PS ou PSD eram rótulos e caras diferentes para uma mesma "receita" de políticas. O populismo anti-sistema ficaria encantado se isso acontecesse.
11 comentários:
Mas é evidente ( para mim) que a substância dos rótulos é, hoje em dia, absolutamente equivalente. E quem fez a aproximação ( à social democracia ) foi o PS.
È isto, a meu ver, que tem alcandorado o partido populista do Dr. André Ventura.
anti-sistema?
Nuno Figueiredo. A extrema-direita é um populismo anti-sistema.
Acho muito bem. Como também acho que o PSD não deve contribuir para um governo de maioria relativa do PS se a esquerda não tiver maioria absoluta. Era só o que faltava que o PSD viablizasse um tal governo. Aliás, quem com ferros matou com ferros deve morrer...
extrema direita? por cá não é. concedo comentários curtos, mas não gratuitos.
Uma aproximação do PS à social-democracia não implica qualquer aproximação a um PSD que nada tem que ver com ela. Sobretudo desde que este último deu uma forte guinada à direita.
Alguém que afirma que quem fez a aproximação (à social democracia) foi o PS, não sabe verdadeiramente o que está a dizer.
Realmente, em Portugal continua a afirmar-se como social-democrata um partido (PPD) que é de centro-direita, integrado no Partido Popular Europeu (PPE), e que no Parlamento Europeu agrupa os partidos conservadores, democratas-cristãos e do centro-direita.
Tanto quanto sei, a social-democracia encontra-se representada a nível do Parlamento Europeu pelos Socialistas e Democratas, S&D – integrado por membros do Partido Socialista Europeu (PSE) e outros membros pertencentes a partidos políticos fora do âmbito europeu mas programaticamente alinhados com a social-democracia – composto por partidos socialistas, sociais-democratas e trabalhistas.
A “social-democracia” é uma ideologia política de centro-esquerda surgida no final do século XX, por oposição à ortodoxia marxista, que não pondo em causa a economia de mercado (capitalista), apoia intervenções económicas e sociais do Estado, através de uma regulação económica tendente a corrigir as assimetrias do mercado e a promover uma distribuição de rendimentos mais igualitária, e uma justiça social envolvendo a construção de um Estado de bem-estar social.
Conhecendo o seu ideário conservador e de centro-direita, rotular o PPD de partido social-democrata (por mais que lhe tenham, mais tarde, acrescentado a sigla PSD) trata-se de uma profunda heresia à ideologia da social-democracia!
Que eu saiba, os últimos dirigentes sociais-democratas do PPD saíram com a ASDI de Sousa Franco e outros (Sérvulo Correia, Jorge Miranda, Cunha Leal, Olívio França, Guilherme d’Oliveira Martins, António Rebelo de Sousa, então líder da JSD, alguns dos quais viriam a integrar posteriormente o PS ou a fazer parte de governos socialistas) desiludidos com a viragem à direita de Sá Carneiro.
Mas enfim, Portugal sempre foi conhecido como um país excêntrico e repleto de originalidades, não só, mas também na política.
Gostava de saber o que é que distingue o ideário social-democrata do PS do ideário conservador do PSD, assim concretamente, sem ser no plano retórico.
Mas o que eu gostava mesmo de saber é se os simpatizantes do PS acham que o PSD deve viabiizar um governo PS com maioria relativa (supondo que não faz maioria co o BE e com o PCP). É que ainda não percebi.
Unknown
Não querendo polemizar … quando convoca para sem ser no plano retórico (julgo que se está a referir ao plano ideológico … na realidade, nos tempos que correm, defender uma ideologia, na dimensão de como a sociedade deve ser organizada, parece ser um crime de lesa-majestade!) distinguir o ideário social-democrata do PS do ideário conservador do PSD, recordo-lhe apenas as políticas do governo do PSD de Passos Coelho e as dos governos socialistas de António Costa.
Se não consegue encontrar diferenças entre a governação destes, nesse caso nada me resta dizer!
Há uns tempos atrás, li “Repensar o Estado - Por uma social-democracia de inovação” de Alexandra Roulet e Philippe Aghion, e está lá tudo bem explicado, desde a crise financeira e do poder supremo dos mercados à máxima neoliberal «menos Estado», para a necessidade de «mais Estado de outra forma», um Estado que investe no crescimento e na inovação, um Estado garante de um novo contrato social, um Estado protector num Mundo mais incerto, no fundo um novo pacto social-democrata.
Diante dos meus parcos conhecimentos do que é a social-democracia, continuar a considerar o PPD um partido social-democrata, um dia destes ainda acabo de reconhecer de que padeço de um grave défice cognitivo!!!
Post scriptum: No meu comentário anterior referi que os sociais-democratas do PPD tinham saído todos com a ASDI de Sousa Franco. Não é verdade, há um que ainda por lá anda, Pacheco Pereira, que afirma “ o partido quer que eu me demita, mas se me querem fora do partido, expulsem-me”!
Cordiais saudações
Carlos Antunes
Comparar o Passos Coelho com o António Costa não serve para ilustrar a dita social-democracia do PS e a falta dela no PSD. Por duas razões: Passos Coelho governou condcionado pelas medidas drásticas e radicais da TroiKa; e António Costa não fez uma reforma digna desse nome e o reformismo é, como sabe, uma das características mais importantes da social-democracia. Exemplo de um verdadeiro social-democrata, por muito que lhe custe: Cavaco Silva, que, por sinal, governou pelo PSD.
Unknown
Com todo o respeito, não pude deixar de sorrir com a sua afirmação de considerar Cavaco Silva como social-democrata!
Já li muito sobre a social-democracia, Rosa Luxemburg “A crise da social-democracia XX”, Avelãs Nunes “Os Caminhos da Social-Democracia Europeia”, David Castano “Socialismo democrático e social-democracia: entre o discurso e a prática de Mário Soares-1964/1979, etc. etc., diante dos quais, confesso a minha incapacidade de enquadrar Cavaco na corrente social-democrata de matriz europeia!!!
PS: Quanto ao condicionamento do governo de Passos Coelho pelas medidas da troika, relembro a entrevista à Reuters (6/06/2011) depois de ter ganho as eleições: “Eu acho que podemos surpreender pela positiva e ir além das metas comprometidas com a UE e o FMI no resgate de Portugal”.
Ao que parece não existiu condicionamento, mas sim vontade política para ir além da troika!
Cordiais saudações
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