sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Rússia

Putin é responsável pela morte de Navalny, mesmo que possa não ter ordenado a sua liquidação. A pena absurda que cumpria, pela tentativa de um mero exercício de direitos democráticos, conduziu-o a condições excecionais de prisão, lugar em que estas coisas se tornam possíveis.

É uma ilusão (ocidental) pensar que a morte de Navalny vai reforçar a oposição interna a Putin. Navalny era contra a invasão da Ucrânia, o que o colocava em conflito com uma opinião pública onde a guerra é (ainda) bastante popular, porque Putin a "vende" como existencial.

12 comentários:

Unknown disse...

Não tenho dúvidas de que Navalny foi assassinado pela polícia política da Rússia, a mando directo de Putin ou com a sua cumplicidade e tácito consentimento. Fico agoniado e revoltado com estes crimes. Tem de se fazer muito mais pela defesa da Ucrânia. O nosso pobre país é tão pobre que nem um F-16 consegue doar. Tem de dar mais do que um milhãozito de euros em munições. É também com o apoio à Ucrânia que podemos combater eficazmente Putin e julgá-lo um dia pelos seus crimes. Quero e preciso de acreditar nisso.

afcm disse...

Um Homem que morreu a combater pelos seus ideais, sem violência e sem se servir de outrem Ou de outros para "dar o peito às balas" (tão, mas tão parecido com aqueloutro, o Catalão independentista que resolveu ficar na Suiça...)

Erk disse...

Qual será a opinião dos comunas que você tem por aqui acerca deste opositor?

Veremos marchas da esquerda em memória deste opositor a um ditador?

Todos sabemos a resposta.

Anónimo disse...

E what about jassange ? Se um destes dias o gajo não acorda, quem será o responsável?

MR

Anónimo disse...

Lamento dizer isto, mas a menos que o senhor o possa demonstrar, a afirmação que faz e inaceitável. Pressupõe que Putin manda em tudo na FRussa, polícias e justiça incluídas, que não há outros poderes. Se um dos que esteve preso 21 dias na Madeira se tivesse apagado por qq razao, iria afirmar que a responsabilidade tinha sido de Marcelo?

MR

Joaquim de Freitas disse...

Alexeï Navalny é apresentado pelos nossos meios de comunicação franceses e ocidentais como um herói da liberdade. Conta com o apoio dos governos alemão, francês, britânico, americano e da União Europeia. As rádios e os jornais dizem-nos que ele é o “principal adversário de Putin”.

Pena que seja falso. Nas eleições presidenciais Putin obteve 76%, o candidato comunista 12% e o democrata liberal 5%. Nas eleições legislativas, o Rússia Unida alcançou 54%, o PC 13%, os Liberais Democratas 12% e outro partido Putiniano 6%. O que significa que o Partido Comunista é “o principal adversário de Putin”. Mais qu’importe les faits pourvu qu’on ait l’ivresse...

Nacionalista convicto que foi expulso de um dos partidos políticos mais direitistas da Rússia, o Iabloko, por causa das suas opiniões de extrema direita.

Advogado especializado em finanças, estudou na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Onde beneficiou do programa de bolsas internacionais Yale World Fellows para “líderes globais em crescimento”… seleccionados através de um processo de inscrição muito competitivo.

Foi uma alta funcionária da Casa Branca, Brooke Scherer, funcionária do Departamento do Interior e assistente de Hillary Clinton, que foi nomeada sua directora fundadora. Muitos colegas de "turma" conhecidos: Machado (líder da oposição de direita a Maduro) e Carlos Vecchio (embaixador de Guaidó junto a Mike Pompeo), a chilena Paula Escobar Chavarría, editora-chefe do El Mercurio, jornal pinochetista ontem e de extrema direita hoje, o Os ucranianos M. Shevchenko e S. Vakarchuk, dois pilares do golpe de Maidan ou J. Sullivan, alto funcionário americano, conselheiro de segurança nacional de Jo Biden e o cubano anti-Castro T. Bruguera. Pessoas bonitas…

Com tais "companhias" foi infectado ? Talvez !

Navalny contra a invasão da Crimeia, escreve: Mas Navalny pronunciou-se a favor da anexação da Crimeia em 2014. Surpreendente, não?

Navalny é um ultranacionalista corrupto financiado pelas autoridades americanas”. O que também é público, uma vez que o NED (National Endowment for Democracy) financia as suas actividades.

Se a extrema direita quer ser uma oposição séria a Putin , seria outra oposição popular e progressista.

Navalny, manipulado tanto pelo poder russo, que assim desacredita a oposição aos olhos dos russos, como pelos países capitalistas ocidentais, dos quais ele é o fantoche, Navalny deve ser desmascarado deste papel obscuro que é o seu. Um Guaido, em suma, como tantos outros.





Joaquim de Freitas disse...


Senhor Embaixador: Desculpe por favor, mais este comentário.

Quando afirma que o culpado é Putin, é óbvio para qualquer pessoa de bom senso, que Putin tem todo o interesse em garantir que o adversário favorito dos ocidentais, que é um ramo podre, continue a ser usado pelos seus serviços contra as verdadeiras oposições de esquerda.

Dadas todas as trapalhadas em que Navalny está envolvido, o golpe pode vir de qualquer bandido que ele conheça.

A demonização de Vladimir, o Terrível, pelos meios de comunicação e pelos pseudo-especialistas, frisa o ridículo: não estamos longe do “Nasser, novo Hitler” de 1956 (Anthony Eden e Guy Mollet*). Na época, o New York Times descreveu Nasser como um “nazista-comunista”. Foi acusado de fascismo porque nacionalizou o Canal de Suez...

Hoje Putin é criminalizado. E porque ? Porque recuperou a Crimeia (com um referendo!) que era russa desde o século XVIII (a cidade de Sebastopol foi fundada pela czarina Catarina II) e que tinha sido cedida à República Socialista Soviética Ucraniana em 1954.

Porque respondeu ao de pela ajuda da Síria (cuja independência foi ameaçada por terroristas pagos pelos Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia).

Porque enfrenta o hegemonismo agressivo dos Estados Unidos e dos seus aliados, incluindo a França, porque representa um formidável concorrente capitalista .

Não são os russos de Putin que posicionam o seu exército nas fronteiras dos Estados Unidos, mas a NATO que posiciona o seu exército nas fronteiras da Rússia. Mas o mesmo acontece com a nossa mídia, que transforma ouro em chumbo.

A UE é generosa...Tanta generosidade conforta aqueles que ainda duvidam que a Europa seja um lugar acolhedor para os migrantes… Os espíritos malignos terão sem dúvida notado um surpreendente "duplo padrão": Julian Assange viu o seu pedido de asilo rejeitado quando o seu único crime foi transmitir informações verdadeiras sobre as torpezas dos governos e, em particular, dos Estados Unidos.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi proibido de sobrevoar o nosso espaço aéreo porque a França suspeitou (erroneamente) que Edward Snowden, outro denunciante americano, estava a bordo do avião presidencial…

E o pico da generosidade foi o de Macron ontem, assinando um "acordo de assistência económica e militar " a Zelenski, no caso em que a Russia ouse…

Mas acrescentou que a França nao declarou a guerra à Russia... Pobre Macron !


manuel campos disse...


Em Portugal os “Lockheed Martin F-16 AM” estão divididos pela Esquadra 201 “Falcões” e pela Esquadra 301 “Jaguares”, como se pode consultar aqui
https://www.emfa.pt/esquadras
no fim de cada página referente ao modelo de cada avião está lá à esquerda um bonequinho do dito, aí podemos ver especificações técnicas ao alcance de qualquer leigo ou simples curioso.

Temos 28 destes aviões (17/05/2023), são poucos mas temos, por exemplo Espanha já disse que não pode ajudar porque não tem nenhum.
““We offer absolute and full support within our capabilities to Ukraine. Regarding fighter aircraft, we stand in solidarity with other nations, but specifically, Spain does not possess F-16s,” stated Robles.
Temos por aí um artigo interessante sobre o assunto a nível mundial:
“The Countries That Use F-16 Fighter Jets”

A questão que se põe é que os programas comuns indicavam em 2000 que havia que manter estes modelos operacionais por 20 anos, o que faz com que alguns países (a Holanda é o melhor exemplo) estejam já no “phasing out” (eliminação gradual) e portanto mais propensas a ceder alguns dos seus do que outros países.
E trocá-los não é barato e entre orçamentos nacionais de Defesa e opiniões públicas que acham bem que se ajude a Ucrânia mas preferem que sejam os outros a fazê-lo quando olham para a conta, os governos têm que ir “navegando”, quando se resolver o problema lá estará a defesa europeia bastante “descalça”.

“Top 10 most expensive fighter jets in 2024”.
Tenho falado aqui várias vezes sobre as opções que têm que ser feitas no que respeita ao futuro da Defesa Militar da Europa, independentemente de quem estiver na Casa Branca em Washington .
Entre a opinião pública americana cada vez menos feliz com uma Europa que os acha isto ou aquilo porque eles não actuam segundo os nossos sábios conselhos e uma política cada vez mais virada para o Pacífico (que vem do 1º mandato de Barack Obama, é bom não esquecer) o apoio daquele lado também irá ter o seu “phasing out”, nunca será total mas será cada vez menos entusiástico (já o está a ser).

Com mais frequência do que devia ser, lá vou relembrando alguns temas, nestes tempos nunca é demais, dada a velocidade a que frequentemente são esquecidos.

Joaquim de Freitas disse...

O Senhor Embaixador escreve: "uma opinião pública onde a guerra é (ainda) bastante popular, porque Putin a "vende" como existencial."

A vende como existencial? E nao é, Senhor Embaixador?

.30 anos de sucessivos alargamentos da NATO "às portas da Russia "nao contam?
. o apoio dos ocidentais às forças ucranianas que, desde 2014, têm enfrentado separatistas pró-Russia no Donbass, conflito que deixou mais de 13 mil mortos, nao conta?

.a intervenção militar decidida pelo Ocidente no Kosovo em 1999, nao merece reflexão? .Para os russos, foi uma grande ruptura estratégica. Os Sérvios e os Russos têm uma relação especial.

Sim a guerra é mais existencial para os Russos que para os americanos. No dia em que o México abrigar bases russas, veremos ...Como em Cuba !

Anónimo disse...

Li com interesse o comentário do Leitor Joaquim de Freitas.
É curioso ver o cinismo Ocidental a verter lágrimas por Navalny (por razões exclusivamente políticas, nada tem de humanidade, sejamos honestos), um tipo que se prestou a ser um instrumento dos EUA na política interna russa (com o apoio dos seus vassalos europeus).
Mas, entretanto, o mesmo Ocidente é complacente com os crimes de guerra, genocídios, appartheid, etc, praticados por Israel.
Isto não invalida que as circunstâncias da morte de Navalny possam vir a ser devidamente esclarecidas.
Curiosamente, recuando um pouco, a morte daquele cidadão saudita, aqui há uns tempos, jornalista e opositor do regime abjecto de Riad, grande aliado dos EUA (e dos seus serventes europeus), cujo corpo foi cortado às postas e colocado em duas malas, não suscitou um burburinho assim tão grande - com petições à mistura (que já se iniciaram, com uma rapidez surpreendente, no caso de Navalny. Já recebi uma).
Enfim...
a) P.Rufino

João Pedro disse...

Joaquim Freitas, se Navany voltou à Rússia sabendo o perigo que corria como é que podia ser um agente dos EUA"?
E já que acusa-o de tudo e mais alguma coisa, quem é que lhe encomendou essas patranhas todas que escreveu, a dar crédito Às fraudulentas eleições russas e a defender carniceiros como Assad, a quem os russos ajudaram, isso sim, a matar milhares de sírios? Pelo seu ódio ao Ocidente suponho que viverá na Rússia, na Síria, no Irão ou em qualquer desses regimes opressivos de que pelos vistos o sr. Freitas gosta.

Joaquim de Freitas disse...


Informe-se, Senhor João Pedro ! Informe-se !

Um ano depois da rebelião síria, os Estados Unidos e os seus aliados não só apoiaram e armaram uma oposição que sabiam ser dominada por grupos sectários extremistas; estavam mesmo preparados para aprovar a criação de uma espécie de "Estado Islâmico" - apesar do "grave perigo" que representava para a unidade do Iraque - como uma protecção sunita destinada a enfraquecer a Síria.

Isto emergiu de um relatório secreto recentemente desclassificado da inteligência dos EUA, escrito em Agosto de 2012, que previu assustadoramente - e até elogiou - a perspectiva de um "principado salafista" no leste da Síria e de um estado islâmico controlado pela Al-Qaeda na Síria e no Iraque.

Em total contraste com as afirmações ocidentais da época, o documento da Agência de Inteligência de Defesa identifica a Al-Qaeda no Iraque (agora ISIS) e outros salafistas como os "principais impulsionadores da insurgência na Síria" - e afirma que "os países ocidentais, os estados do Golfo e Turquia” apoiou os esforços da oposição para conquistar o leste da Síria.

Aliàs, os americanos ainda lá estão, na Síria, roubando o petróleo sírio.

Quanto aO seu ultimo paragrafo, ouvi este argumento hà 60 anos quando vivia em Portugal...Nao evoluiu! Como Portugal.

Tarde do dia de Consoada