sexta-feira, julho 11, 2025

Denunciar

Há por aí quem procure aterrorizar os incautos, espalhando a ideia de que criticar as ações de Israel e defender abertamente os direitos dos palestinos equivale a ser anti-semita e até pró-terrorista. É preciso denunciar abertamente esta miserável falcatrua argumentativa. 

6 comentários:

João Cabral disse...

É a mesma "lata" dos que bradam com a islamofobia quando se criticam determinadas práticas ou países muçulmanos.

Carlos Antunes disse...

Senhor Embaixador
Inteiramente de acordo.
A questão é que todos aqueles que estão contra a guerra em Gaza, são intitulados por parte de Israel de antissemitismo (preconceito contra o povo judeu) que nada tem a ver com o antisionismo, ou seja, a oposição à política sionista-colonial de Israel.
Pela parte que me cabe, não tenho dúvidas de que a causa do prolongamento da guerra em Gaza (e também dos colonatos judeus edificados por grupos de bandidos tomando conta de casas e terras palestinas na Cisjordânia) é o projecto sionista de Netanyahu e dos seus parceiros de governo da extrema-direita religiosa, da política de ocupação e anexação do território palestino por parte do Estado de Israel, que já demonstrou cabalmente não estar interessado na solução de dois Estados preconizada pela "comunidade internacional".
Enquanto essa causa não for ultrapassada, a paz não terá a menor chance. A não ser, talvez, quando se consumar o desaparecimento da Palestina e o regime sionista de Telavive aplicar ao povo palestino a "solução final" que Hitler apregoava contra os judeus.
Mas pior do que isso é assistir a todo o mundo (EUA, alguns países europeus, mas não só …) a consenti-lo, que hipocritamente se focam apenas nas acções do Hamas, com o argumento simplório "Os palestinianos têm direito à resistência, mas os actos do Hamas são terrorismo" ou de "nós defendemos a Palestina, mas o Hamas não é a Palestina".
Como bem acentuou Terry Eagleton, filósofo, professor e crítico literário inglês (Publico, 17/10/2023) “O que o Hamas fez (Outubro de 2023) foi uma obscenidade moral. Mas não foi nada que Israel não tivesse feito aos palestinianos vezes sem conta ao longo destas décadas. Dizer uma coisa e não dizer a outra é profundamente desonesto. E é claro que os meios de comunicação social em geral estão a dizer uma coisa, e não a outra”.
Segundo o evangelista Mateus (2;16), “Jesus nasceu em Belém de onde saiu com idade inferior a dois anos levado pelos seus pais para o Egipto, na tentativa, conseguida, de fugir à ira do furibundo Herodes que mandou massacrar todos os bebés no intuito de garantir que acertava no menino que, segundo os seus magos, acabara de nascer e haveria de o contrariar em adulto ameaçando o seu poder”.
No mesmo espaço geográfico, 2000 anos depois de Jesus, o esquema da morte “de toda a gente para acertarmos em quem queremos matar” usa-a também Netanyahu, o actual chefe tribal dos israelitas!… Bombardeia a faixa de Gaza indiscriminadamente, destruindo zonas residenciais, equipamentos sociais, escolas e hospitais, arrasando cidades e até campos de refugiados, matando muitos milhares de gente indefesa, incluindo velhos e crianças, para tentar eliminar os elementos do grupo religioso-terrorista Hamas (tão religioso e tão terrorista como demonstra ser Netanyahu).
Humanamente Netanyahu está ao mesmo nível do outro chefe tribal que o antecedeu na História há 3000 anos: o criminoso Herodes!

josé ricardo disse...

Eu também sou, nesta lógica tubular, pró-Putin, pois não alinho nas teses "mainstreams" que há três anos para cá têm abundado nas nossas televisões. Vale a pena ver, a título de exemplo, esta pérola jornalística:
https://youtu.be/JCJJaFWTCPg?si=BPPHXi0WY4PhYa4W

sts disse...

Israel não é uma religião, o judaísmo não é uma nacionalidade, o anti-sionismo não é anti-semitismo e todas as pessoas decentes desprezam o Estado de Israel.

João Cabral disse...

Mais um "erro", Francisco: "anti-semita". Venham mais destes, se é que me faço entender.

Joaquim de Freitas disse...


Segundo a teoria política, a legitimidade de um Estado baseia-se em critérios que podem ser combinados, mas nunca são equivalentes: legalidade, eficácia, consentimento, reconhecimento e simbolismo. Acham que, aplicada ao Estado de Israel, esta noção nao suscita a questao:: será o Estado legítimo segundo estes critérios fundamentais?

E, em caso afirmativo, a quem e à custa de que direitos negados? Uma avaliação crítica da legitimidade de Israel ( e que me importa de ser acusado de anti semitismo !,) à luz dos principais princípios da filosofia política e do direito internacional, convocando também vozes críticas dos mundos israelita, palestiniano e académico – e questionando os usos contemporâneos da narrativa bíblica como fonte de legitimidade política.

Nao esquecer que O Estado de Israel foi criado em 1948, seguindo o Plano de Partilha da ONU (Resolução 181), mas este plano não foi aceite pela maioria indígena — os árabes palestinianos, que representavam então mais de 65% da população. Embora a ONU reconheça Israel, esta legalidade é parcial:

A Declaração de Balfour (1917), frequentemente apresentada como base preliminar, estipulava explicitamente que nada deveria ser feito para infringir os direitos das «comunidades não judaicas» na Palestina — uma cláusula hoje ignorada.

Nos territórios ocupados desde 1967 (Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Gaza), o direito internacional é continuamente desrespeitado: colonatos ilegais, detenções administrativas, segregação legal (ver Human Rights Watch, 2021).

Israel depende, portanto, de um reconhecimento jurídico internacional parcial, mas as suas práticas fundamentais contrariam os princípios jurídicos que invoca.

A expulsão de mais de 700.000 palestinianos em 1948 (a Nakba) foi acompanhada por violações maciças do direito internacional humanitário (ver Ilan Pappé, 2023).


A legitimidade israelita continua a ser parcial, contestada e assimétrica: exerce-se excluindo ou dominando outro povo, sem oferecer uma estrutura igualitária ou democrática a todos os habitantes dos territórios que controla.

Na realidade, sabemos hoje que o verdadeiro objectivo de Israel é "limpeza étnica", pura e simples do povo palestiniano. E somos todo cumplices deste criem.

Já tinha dado conta ...

... mas acanhei-me em notar. Faço palavras cruzadas quando o tédio se transforma em quase desespero. Gosto delas difíceis, das que têm vária...